quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

AINDA SOBRE OS ESCRITOS PRÉ-CRÍTICOS KANTIANOS (VI)

Ainda devagar, tentando escrever, prosseguindo os estudos, com novos inícios e reinícios, superações. 

Ainda relendo e estudando hoje Das Ende aller Dinge (1793)Acrescento novamente uma obra que ainda sigo aprendendo a ler em alemão, obra editada por Paul Menzer em 1911: Kants Populäre Schriften, com textos de Immanue Kant publicados entre 1755 e 1798.

Na tradução desse mesmo texto feita por Artur Morão, lemos que:

"O opúsculo de Kant, O fim de todas as coisas, é apenas, de certo modo, uma espécie de corolário à sua obra capital A religião nos limites da simples razão (1793). Nesta, a redução da religião à moral leva o filósofo a expor de modo simbólico os princípios da religião cristã, a propor a distinção entre fé histórica (fé eclesial, que é desvalorizada porque de índole feiticista) e a fé da razão (fé moral), a encarar as verdades reveladas como simples auxiliares da religião enquanto sentimento moral. [...] Esta tendência para reconduzir a religião à moralidade, a teologia à antropologia, desnudando-a de todo o elemento místico, de toda a prática litúrgica e cultual, faz-se igualmente sentir no presente ensaio, que foi escrito na mesma altura e deriva claramente do mesmo fluxo de ideias e de inspiração. Difere simplesmente o objecto: não se fala da religião em geral, aborda-se tão-só a doutrina que, tradicionalmente, se refere aos Novíssimos (morte, juízo, inferno e paraíso). Respeitoso para com o cristianismo (que, no entanto, empobrece e desfigura), coerente consigo mesmo, Kant expurga o tema do Juízo de todos os resquícios míticos e reduz a sua substância à exigência e ao veredicto da razão moral.

Esta tendência para reconduzir a religião à moralidade, a teologia à antropologia, desnudando-a de todo o elemento místico, de toda a prática litúrgica e cultual, faz-se igualmente sentir no presente ensaio, que foi escrito na mesma altura e deriva claramente do mesmo fluxo de ideias e de inspiração. Difere simplesmente o objecto: não se fala da religião em geral, aborda-se tão-só a doutrina que, tradicionalmente, se refere aos Novíssimos (morte, juízo, inferno e paraíso). Respeitoso para com o cristianismo (que, no entanto, empobrece e desfigura), coerente consigo mesmo, Kant expurga o tema do Juízo de todos os resquícios míticos e reduz a sua substância à exigência e ao veredicto da razão moral.” (Artur Morão, na Apresentação da sua tradução)

Acrescentando e estudando o assunto, um volume da “série”: “(Kant Studies Supplementary Booklets, 122).

“A série publica excelentes estudos monográficos e antologias sobre todos os aspectos da filosofia de Kant, bem como sobre a relação sistemática de sua filosofia com outras abordagens filosóficas do passado e do presente. São publicados estudos que têm caráter inovador e atendem a requisitos explícitos de pesquisa. As publicações representam, portanto, o estado mais recente da pesquisa."

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E, hoje 27 de fevereiro de 2025, acrescentando também: "New essays on the precritical Kant"

Embora Kant seja conhecido pelo desenvolvimento da filosofia crítica, esta antologia procura demonstrar a importância de examinar obras desde a sua fase pré-crítica como forma de traçar a evolução do seu pensamento. Apesar dos conceitos indubitavelmente novos na filosofia crítica madura de Kant, existem certos temas contínuos que ligam as suas obras pré-críticas juvenis às suas obras posteriores e mais famosas. Os ensaios desta coleção, cada um sob uma perspectiva diferente, concordam neste ponto essencial. Entre as questões consideradas está a ideia de negação nos primeiros trabalhos de Kant, suas noções de belo e sublime em conexão com a moralidade, a relação entre JG Herder e Kant, a relação de sua Dissertação Inaugural com sua filosofia crítica posterior e a interpretação das obras de Kant como uma revolução copernicana na filosofia.”

Os colaboradores são Karl Ameriks, Alfred Denker, Marion Heinz, Pierre Kerszberg, Rudolf Makkreel, Joseph Margolis, Andrew Norris, Angelica Nuzzo, Peter Reill, Tom Rockmore, Susan Shell e John Zammito.

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Although Kant is known for his development of critical philosophy, this anthology seeks to demonstrate the importance of examining works from his early precritical phase as a means of tracing the evolution of his thought. Despite undoubtedly novel concepts in Kant's mature critical philosophy, there are certain continuous themes that link his youthful precritical works with his later, more famous works. The essays in this collection, each from a different perspective, agree on this essential point. Among the issues considered is the idea of negation in Kant's early work, his notions of the beautiful and sublime in connection with morality, the relationship between J. G. Herder and Kant, the relation of his Inaugural Dissertation to his later critical philosophy, and the interpretation of Kant's works as a Copernican revolution in philosophy.

The contributors are Karl Ameriks, Alfred Denker, Marion Heinz, Pierre Kerszberg, Rudolf Makkreel, Joseph Margolis, Andrew Norris, Angelica Nuzzo, Peter Reill, Tom Rockmore, Susan Shell, and John Zammito.

(Grifos Destaques meus)

______.

FUNKE, Gerhard (ed.) et al.; SALA, Giovanni B; MALTER, Rudolf. Kant und die Frage nach Gott: Gottesbeweise und Gottesbeweiskritik in den Schriften Kants. Berlim: Walter de Gruyrer, 2010.

KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Guido A. de. São Paulo: Discurso editoria: Barcarola, 2009.

______. Crítica da razão prática. Tradução de Valério Rohden. São Paulo, Martins Fontes, 2002.

______. Crítica da razão prática. Trad. Monique Hulshof. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.

______. Crítica da razão pura. 3. ed. "Do ideal do Bem Supremo como um fundamento de  determinação do fim último da razão pura. Segunda seção". (A805, 806 - B833, 834). Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1994.

______. Crítica da razão pura. "Segunda seção: Do ideal de Sumo Bem como um fundamento determinante do fim último da razão pura".  (A805, 806 - B833, 834. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP: Editora Unuversitária São Francisco, 2013.

______. Sobre a Pedagogia. Tradução de Francisco Cock Fontenella. Piracicaba, SP: Editora Unimep, 1996.

______. Sobre a Pedagogia. Petrópolis, RJ, Editora Vozes, 2021.

______. Gesammelte Schriften. Vol. I-XXIX. Berlim: Reimer (De Gruyter) 1910-1983.

______. Textos pré-críticos. São Paulo: Editora Unesp, 2005.

______. Textos seletos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

______. Investigação sobre a clareza dos princípios da teologia e da moral. Lisboa: Imprensa Casa da Moeda, 2007.

______. Kants Populäre Schriften. Edição de Paul Menzer (1911). Berlim: Walter de Grutter; Reprint, 2018.

______. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

______. A religião nos limites da simples razão. Edições 70, Lisboa, 1992.

______. A religião nos limites da simples razão. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2024.

______.Vorlesung über die philosophische EncyclopädieInKant gesalmmelte Schriften, XXIX, Berlin, Akademie, 1980, pp. 8 e 12).

______. Observações sobre o sentimento do belo e do sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. Tradução e estudo de Vinicius de Figueiredo. São Paulo: Editora Clandestina, 2018.

______. Observações sobre o sentimento do Belo e do Sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. (Trad. Vinícius Figueiredo). Campinas, SP: Ed. Papirus, 1993.

______. Observações sobre o sentimento do Belo e do Sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. Lisboa: Edições 70, 2012.

______. Die Religion innerhalb der Grenzen der bloßen Vernunft. W. de Gruyter, 1968.

______. A metafísica dos costumes. Trad. Clélia Aparecida Martins. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

______. Antropologia de um ponto de vista pragmático. Tradução Clélia Aparecida Martins. São Paulo: Iluminuras, 2006.

______. Cursos de Antropologia: a faculdade de conhecer (Excertos). Seleção, tradução e notas de Márcio Suzuki. São Paulo: Editora Clandestina, 2017.

______. Resposta à pergunta: o que é “esclarecimento”?. In: Immanuel Kant textos seletos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1985.

ROCKMORE, Tom (Ed.). New essays on the precritical Kant. Humanity Books, 2001.

SCHMUCKER. Josef. Die Ursprünge der Ethik Kants in seinen vorkritischen Schriften und Reflektionen. Meisenheim: A. Hain, 1961.

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