“A série publica excelentes estudos monográficos e antologias sobre todos os aspectos da filosofia de Kant, bem como sobre a relação sistemática de sua filosofia com outras abordagens filosóficas do passado e do presente. São publicados estudos que têm caráter inovador e atendem a requisitos explícitos de pesquisa. As publicações representam, portanto, o estado mais recente da pesquisa."
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E, ainda com destaques especiais, claro, inclusive em relação à Psicologia racional, o período pré-crítico e, dado o percurso que iniciei há algum tempo (desde a graduação), as obras de Immanuel Kant passaram a fazer parte das minhas leituras. De grande utilidade para a minha pesquisa, em andamento; são leituras que tem trazido uma série de apontamentos fundamentais além de importante bibliografia, algumas já acrescentadas às minhas leituras e outras a serem lidas o mais breve possível.
Recentemente, o professor Bruno Cunha (UFSJ) traduziu as Lições de ética. “Trata-se das notas que foram tomadas pelos alunos a partir dos ensinamentos do professor em sala de aula.
Apesar desse atraso na edição e na publicação das Lições de Ética, é perceptível que houve um reconhecimento progressivo da importância desses manuscritos no século XX, o que é atestado, sobretudo, nos estudos e comentários que foram desenvolvidos, a partir de então, utilizando esse material como um suplemento para a reconstrução e a compreensão do desenvolvimento do pensamento moral de Kant.”
Publicou seu livro “A gênese da ética kantiana” que, como diz o professor, Vinícius Figueiredo: “Bruno Cunha começa a examinar a articulação entre moralidade e o problema do mal desde o de sua aparição primeira na obra de Kant, quando, ainda na década de 1750, ele se deparou com a teodiceia leibniziana. A originalidade de sua reconstrução reside na hipótese de que a cogitação de Kant sobre esse problema foi determinante na orientação de sua inteira filosofia prática. A ruptura com a tradição leibniziano-wolffiana, entre os anos 50 e 60, a aproximação de Kant em relação aos britânicos e especialmente, a Rousseau, são rediscutidos através desse problema, em uma investigação que combina a análise dos textos publicados com a interpretação das Reflexionen e das anotações ao compêndio de filosofia prática de Baumgarten. Ao fim e ao cabo, o leitor se dá conta que a articulação entre a fundamentação da obrigação, de um lado, e a aferição de um sentido para a ação moral, de outro, foi sendo gestada logo que a solução de matiz intelectualista e teológica oferecida pelo wolffianismo se revelou insustentável. A análise aqui efetuada das Reflexionen kantianas da segunda metade dos anos 60 é decisiva para reaver todo interessante e alcance das respostas ulteriores. Bruno Cunha é especialmente feliz em assinalar a lenta conversão de uma teodiceia objetiva – ponto de vista de Leibniz e Wolff – para o que será, com a consolidação do criticismo, uma filosofia da história. É impossível não recordar aqui um célebre artigo de G. Lebrun, no qual ele chamava a atenção para o fato de que a filosofia da história opera no kantismo como uma escatologia para o homem moral*”.
* “ ‘Uma Escatologia para a Moral” escrito por Gérard Lebrun e publicado em 1986 (reeditada pela WMF Martins Fontes) na obra Ideia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita, em que aborda a ideia de que o homem tem o dever de realizar fins para a humanidade, mas que a efetivação desses fins não depende apenas do esforço individual. A ideia de progresso aparece no texto como fundamental para a humanidade, e o desenvolvimento deve ter como fim a humanidade, que é o meio para a realização plena do homem.”
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A esses acrescentei Lições sobre a doutrina filosófica da religião, outra obra fundamental para o trabalho em andamento.
E, hoje, acabo de saber que o professor Bruno Cunha traduziu outra importantíssima obra, para as minhas pesquisa sobre a Metafísica e, particularmente as discussões sobre este tema nas obras de Immanuel Kant, tanto no período pré-crítico como em toda “herança kantians”. A obra é Liçõe de metafísica. Conforme sinopse:
“Que há, portanto, realmente conhecimentos a priori já é algo comprovado. Por certo, há toda uma ciência de meros conceitos puros do entendimento. Mas se levanta a pergunta: como os conhecimentos a priori são possíveis? A ciência que responde essa questão se chama Crítica da razão pura. A filosofia transcendental é a ciência de todos os nossos conhecimentos puros a priori. Normalmente é denominada ontologia. [...] As principais ciências que pertencem à metafísica são a ontologia, a cosmologia e a teologia. [...] A ontologia é uma doutrina elementar pura de todos os nossos conhecimentos a priori. Em outras palavras, ela contém a soma total de todos os conceitos puros que podemos ter a priori de coisas. A cosmologia é a consideração do mundo por meio da razão pura. O mundo consiste no mundo corpóreo ou no mundo da alma. Portanto, a cosmologia contém duas partes. A primeira poderia ser denominada a ciência da natureza corpórea e a segunda parte a ciência da natureza pensante. Há, por essa razão, uma doutrina do corpo e uma doutrina da alma. A física racional [physica rationalis] e a psicologia racional [psychologie rationalis] são ambas partes principais que pertencem à cosmologia metafísica geral. – A última ciência metafísica principal é a teologia racional.” AA XXVIII: 541- 542
Com isso, prosseguindo com os trabalhos...
E, hoje 12.10.2022:
Acrescento aqui um texto em que o professor Bruno Cunha fala sobre o processo de edição e tradução do livro mais recente deste filósofo vertido por ele ao português.
Link para a página com o texto, da Editora:
Acrescentei recentemente também a tradução do prof. Bruno Cunha da Religião nos limites da simples razão.
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CUNHA, Bruno. A gênese da ética em Kant. São Paulo: Editora LiberArs, 2017.
KANT, Immanuel. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.
______. Lições sobre a doutrina filosófica da religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.
______. Lições de metafísica. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes, 2021.
______. Religião nos limites da simples razão. Petrópolis, RJ: Vozes, 2024.
Mais Bibliografia sobre o tema
ANTOGNAZZA, Maria Rosa. The Oxford Handbook of Leibniz. Oxford University Press, 2018.
BUTLER, J; CLARKE, S; HUTCHESON, F; MANDEVILLE, B; SHAFTESBURY, L; WOLLASTON, W. Filosofia moral britânica: Textos do Século XVIII. Campinas, SP: Ed. Unicamp, 2014.
KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Guido A. de. São Paulo: Discurso editoria: Barcarola, 2009.
______. Textos pré-críticos. São Paulo: Editora Unesp, 2005.
______. Textos seletos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.
______. Investigação sobre a clareza dos princípios da teologia e da moral. Lisboa: Imprensa Casa da Moeda, 2007.
LÉBRUN, Gerard. Ideia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita. 3. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
LEIBNIZ. G. W. Novos ensaios sobre o entendimento humano. Lisboa: Edições Colibri, 1993.
______. Ensaios de teodicéia. São Paulo: Estação Liberdade, 2013.
______; WOLFF, C; EULER, L.P; BUFFON, G.-L; LAMBERT, J. H; KANT, I. Espaço e pensamento: textos escolhidos. Organização de Márcio Suzuki (Org.). Tradução de Márcio Suzuki e Outros. São Paulo: Editora Clandestina, 2019. 286.
LOCKE, John. Ensaio sobre o entendimento humano. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
PHILONENKO, Alexis. L'Oeuvre de Kant: la philosophie critique. Tome I. J. Vrin, 1996. (col. Bibliothèque d'histoire de la philosophie)
RATEAU, Paul. Leibniz on the Problem of Evil. Oxford University Press, 2019.
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