quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

MELANCOLIA: O “PROBLEMA XXX” E A RELAÇÃO MENTE-CORPO

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A partir da leitura do “Problema XXX” em Aristóteles, estou estudando a tradição filosófica do problema, na tentativa de apreender a própria visão da época sobre o conceito de μέλαινα χολὴ e após exposição desse, qual seria a resposta de Aristóteles, a evolução do conceito após suas reflexões. 
É conhecida a pergunta de Aristóteles (ou, segundo alguns: Pseudo-Aristóteles) apresentada no Problema XXX: "por que afinal todos os que foram homens de exceção, figuras excepcionais, seja em filosofia, artes, poesia ou política, foram também manifestamente melancólicos?" E, Aristóteles aponta vários exemplos: Heráclito, Lisandro, Ajax, Belerofonte, Empédocles, Platão e Sócrates “e muitos outros entre as pessoas ilustres”. Posteriormente são encontradas menções à Aristóteles que o incluiriam naquela definição de melancólico.
Enfim, como eram tratadas as questões sobre o elemento orgânico e o mental naquele tempo e sua posterior discussão passando pela medicina medieval, os anos renascentistas, até chegar às várias formulações do DSM, (atualmente o DSM V) caracterizam meu enorme interesse pelo tema, mais especificamente, como parte de uma leitura que procura identificar ao longo da história, uma distinção entre “mente” e “corpo” ou uma relação entre os dois. Se há tal relação, e como se daria essa relação fez com que muito do que se escreveu na área médica desde a antiguidade estivesse sempre embasada na ideia de Ψυχή, ou de que haveria num determinado órgão do corpo, um lugar de acontecimento dos processos físicos que formariam a base das funções perceptivas e cognitivas
O que se pode perceber até aqui, com as leituras é que, o problema ainda está em aberto. As soluções que se tem apresentado ainda não resolveram uma série de questões. 
Meu interesse, naturalmente, é filosófico mas tenho acompanhado atentamente as discussões do ponto de vista dos avanços atuais, tanto na pesquisa médica, da Psiquiatria, sobre esta questão como nos avanços na área da Psicologia e na própria Filosofia. Algumas das leituras resultam breves apontamentos que anoto aqui. 
______.
ARISTÓTELES. Obras Completas. - Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa. Lisboa: INCM - Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Lisboa:  2005.
CHALMERS, David. Philosophy of mind: classical and contemporary readings. Oxford: OUP, 2002.
______. The councious mind: the Conscious Mind in Search of a Fundamental Theory. Oxford: OUP, 1997. (432p.)
DESCARTES, René. Discursos do MétodoMeditaçõesObjeções e RespostasAs Paixões da AlmaCartas. (Introdução de Gilles-Gaston Granger; prefácio e notas de Gerard Lebrun; Trad. de J. Guinsberg, Bento Prado J. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (Os Pensadores).
FREUD, Sigmund [1856-1939] Luto e melancolia. (tradução, introdução e notas: Marilene Carone). São Paulo: Cosac Naify, 2013.
HADOT, Pierre. A filosofia como maneira de viver: entrevistas de Jeannie Carlier e Arnold I. Davidson. (Trad. Lara Christina de Malimpensa). São Paulo: É Realizações, 2016.
______. Exercícios espirituais e filosofia antiga. Trad. Flavio Fontenelle Loque e Loraine Oliveira. Prefácio de Davidson, Arnold. São Paulo: É Realizações, 2014.
______. The inner citadel.  (translated by Michael Chase). Cambridge, Massachusetts, EUA, 2001. 
JUNG, C.G. Fundamentos de Psicologia Analítica. Petrópolis: Vozes, 2001, volume XVIII/1).

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