sábado, 17 de fevereiro de 2018

RELENDO "PILARES DO TEMPO": SOBRE CIÊNCIA E RELIGIÃO



Atualizando Bibliografia em 22 de outubro de 2021.

Stephen Jay Gould defende em seu livro “Pilares do tempo: ciência e religião na plenitude da vida” a ideia de que ciência religião pertencem a diferentes enfoques de verdade, os MNI: magistérios não-interferentes. 

Li, em 2002, reli nos últimos dias.

Segundo Gould, a mera observação do que se dá com eventos naturais é insuficiente para uma moral, uma ética, observando os fenômenos por eles mesmos. Mas entrariam numa outra área, outro MNI: magistério não interferente.

Um magistério que se ocupasse dessas questões já existiria antes da ciência, e trataria das questões sobre moral, valor e sentido da vida

Caberia portanto, na compreensão de Gould à áreas como a filosofia, a história, a literatura, entre outras, essa tarefa. E, à estas acrescentou a religião, presente nas sociedades humanas desde tempos imemoriais.

Nesse sentido, a obra de Gould reflete, basicamente sobre a tendência em se discutir esse tema a partir de uma dicotomia “ou isto/ou aquilo”, e adota-se os extremos, quase nunca o "meio termo" aristotélico.

Ora: com tão complexas questões em jogo, ele admite que ciência e religião oferecem respostas diversas.

Enfim, Gould, de família judia, recorre às histórias de vida de Charles Darwin e Thomas H. Huxley para, coerentemente, defender o princípio de não-interferência. Mostra que, em momento algum, apesar de intensa dor, confundira ciência e religião.

Esse o ponto fundamental no seu livro: a questão da pertinências das duas áreas no debate científico. 

Lembro-me ainda das manhãs de domingo, onde da banca de jornais trazia o jornal e num caderno especial (mais!), podia-se ler o debate entre Dawkins e Gould (bons tempos).

E, com esse livro Gould, logo na abertura também trouxe a história do cético São Tomé, apresentou-me a obra de Thomas Burnet que, à época, eu não conhecia; fala de Galileu Galilei x Maffeo Barberini (papa Urbano VIII), apontando para a própria questão da encíclica papal Fides et Ratio, publicada por João Paulo II. Uma obra que me agradou tanto à época que precisei revisitá-la agora, visto que os meus interesses não mudaram. 

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