sexta-feira, 16 de novembro de 2018

REFLEXÃO XII - EXERCÍCIOS

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(AN JUNG-HWAN – “No cocho” - Óleo sobre tela - 116,7 x 91 - 2009)

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Uma brevíssima reflexão sobre exercícios estoicos. É certo que, a pensar-se estoicamente exige-se ter firme compreensão de que:

“Das coisas existentes, algumas são encargos nossos; outras não. São encargos nossos o juízo, o impulso, o desejo, a repulsa ― em suma: tudo quanto seja ação nossa. Não são encargos nossos o corpo, as posses, a reputação, os cargos públicos ― em suma: tudo quanto não seja ação nossa. Por natureza, as coisas que são encargos nossos são livres, desobstruídas, sem entraves. As que não são encargos nossos são débeis, escravas, obstruídas, de outrem. (Manual, 1: 1-2; trad. Aldo Dinucci e Alfredo Julien)”.

A característica mais notória na filosofia antiga, no caso do estoicismo mais evidente, é a ênfase na prática. A criação dos exercícios para essa prática é bem discutida no livro:“Exercícios espirituais”, escrito por Pierre Hadot, de onde retiro algumas citações e anoto aqui. Um exercício, por exemplo, proposto por Marco Aurélio, entre tantos outros:

“Você pode eliminar muitas das coisas supérfluas que o incomodam, as quais residem unicamente em seu julgamento. E imediatamente abrirá para si um espaço grande e vasto, abarcando com o pensamento o universo inteiro, contemplando a eternidade do tempo e refletindo sobre a mudança rápida das coisas enquanto partes: quão breve o lapso do nascimento à dissolução, quão vasto o abismo do tempo antes do seu nascimento, quão igualmente infinito é o que há depois da sua dissolução. (Meditações, IX, 32)”.

Por fim, tendo iniciado com a leitura e releitura de Hadot, focado nos textos que ele reúne apresentando os “exercícios espirituais”, encerro essa breve reflexão com uma “Diatribe” de Musônius Rufus:

“Pois a filosofia será proveitosa para alguém somente assim: se ele, ao ensinamento sensato, acrescentar uma conduta que com este esteja em harmonia. [Diatribes, I]”. 

Como, de minha parte, desde que li um outro livro que Pierre Hadot escreveu: “The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius” (2001), um dos melhores sobre a temática estoica, a ponto de acrescentá-lo às leituras cotidianas. Em cada ponto da leitura; cada instante na leitura; tenho aprendido mais e mais e me dedico a seguir com esses estudos, juntando a esses autores, além da obra de Hadot, outros que estão dedicados à reflexão estoica nos dias atuais. Já apontei aqui, este tema, intimamente relacionado, aos estudos que geralmente insiro nessa página, com objetivo de registrar as leituras, releituras; aproveitando tais registros para eventuais escritos futuros. Aqui, portanto, fiz esse destaque após releitura específica do capítulo: “The inner citadel or discipline of assent” (2001, p. 101-127), tratando da “disciplina do desejo”.


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BIBLIOGRAFIA SEMPRE CONSULTADA

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.
EPICTETO. Entretiens. Livre I. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.
______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.
______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)
______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.
EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; Fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.
HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001. 
LONG, Georg. Discourses of Epictetus, with Encheiridion and fragments. Londres: Georg Bell and sons, 1890.
SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

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