Como sói acontecer nos
últimos quatro ou cinco anos, seguem-se os trabalhos, desde lá estabelecidos
para reflexão dessa temática, que antes era só reflexão “cínica” e avançou para uma busca mais voltada aos textos estoicos.
Algo de muito importante logo
pela manhã...
Desde o surgimento da
Filosofia, o que se tornou, em grande medida, a tradição filosófica do ocidente
na Grécia Antiga, um grupo de pensadores, os “pré-socráticos”, são
fundamentais. A esses, uma certa
divisão: por exemplo, os primeiros cosmólogos jônios como Pitágoras, Xenófanes,
Heráclito, os eleatas (Parmênides, Melisso, Zenão), Empédocles e Anaxágoras.
Outros ainda como os atomistas e os sofistas. Aqui, faço alguns apontamentos,
já há algum tempo, sobre uma tradição que remonta a Zenão de Cítio: o estoicismo,
destacando autores como o próprio Zenão, Musônius Rufus, Epictetus, Sêneca e
Marcus Aurelius. Todos fundamentais na formulação das reflexões estoicas.
Neste sentido é que a reflexão de
hoje tem como ponto de partida uma afirmação de Epictetus, sobre o pensador Diógenes
Laércio
"Se quiseres que eu
te mostre um homem que seja verdadeiramente livre, apresentar-te-ei Diógenes
Laércio. Como ele chegou a ser livre? Destruindo em si mesmo tudo quanto o
pudesse prender à escravidão; dessa forma, desligado de tudo e, completamente
isolado, nada possuindo. Doava tudo o que lhe pedissem, mas estava fortemente
unido aos 'deuses' e a ninguém era inferior em obediência, respeito e submissão
para com a tal soberania. Eis, nesse aspecto, a sua liberdade".
De minha parte, a partir
da referência a Diógenes, quero reforçar aqui, com vistas a levar adiante o
aprofundamento da via em direção a uma aplicação diária de elementos estoicos;
sempre associando essas reflexões às leituras constantes e mais próximas, lidas
e sempre retomadas. Já está bastante claro a mim, a exigência de que destas
reflexões sempre resulte em esforço de aplicação na vida diária, como sempre
orientavam os estoicos.
Ao tratar de temas mais
hodiernos, a partir da leitura destes textos, posso inferir que não se deve desejar,
nas lides da vida, ser unicamente detentor de diplomas, de títulos, insígnias
ou patentes que nos elevem nesse mundo, dado que são “valores” que desaparecerão ao
serem tratados numa perspectiva mais ampla. Dispensável a luta na qual, para superar-se,
exija a humilhação dos seus iguais em espécie.
Enfim, são textos de
pensadores que recomendam sempre o emprego dos esforços na transformação em
homens que verdadeiramente justifiquem essa qualificação: de ser humano! Que se
lute por unificar pensamento e ação no caminho da Verdade, da infinita Sabedoria
e Bondade. Tudo isso para que
possamos dar realidade a uma verdadeira reviravolta nas atitudes e vivências
pessoais, abandonando posturas meramente abstratas e impregnadas de desejos vãos, de baixeza moral, que sempre resultam em atitudes hipócritas e descabidas. Nisso consistiria a verdadeira liberdade. Sempre
embasadas na Serenidade que devemos
buscar constantemente.
Pois, como afirma A. A.
Long:
“Freedom has nothing to do with liberty in a social or
political sense. The freedom that interests Epictetus is entirely psychological
and attitudinal. It is freedom from being constrained or impeded by any
external circumstance or emotional reaction." (2007)
"A
liberdade não tem nada a ver com a liberdade em um sentido social ou político,
a liberdade que interessa a Epictetus é inteiramente psicológica e atitudinal,
é a liberdade de ser restringido ou impedido por qualquer circunstância externa
ou reação emocional".
Vejamos ainda o
que Sêneca escreveu no seu "De tranquillitate
animi" (14.2), já postado aqui num dia como esse:
"Vtique
animus ab omnibus externis in se reuocandus est: sibi confidat, se gaudeat, sua
suspiciat, recedat quantum potest ab alienis et se sibi adplicet, damna non
sentiat, etiam aduersa benigne interpretetur".
"Seja
como for, a alma deve recolher‐se em si mesma, deixando todas as coisas
externas: que ela confie em si, se alegre consigo, estime o que é seu, se
aparte o quanto pode do que é alheio, e se dedique a si mesma; que
ela não sinta as perdas e interprete com benevolência até mesmo as coisas
adversas".
Daí a imperativa necessidade de
voltar-se para si e ser livre...
........
(Fonte da imagem: 1ZOOM.Me)
______.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien.
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