“Faça
uma prática dizer a todas as impressões fortes: ‘Uma impressão é tudo o que
você é’. Em seguida, teste e avalie com seus critérios, mas um principalmente:
pergunte: ‘Isso é algo que está ou não está sob meu controle?’ E se não é uma
das coisas que você controla, diga: ‘Então não é minha preocupação’. (EPICTETO. D. II, 18)
A recomendação é excelente! Portanto, cabe-nos concentrar a atenção no que está sob nosso controle, a Natureza cuida do que está longe do nosso poder.
Assim, pela vontade, podemos dedicar bom tempo exercitando o domínio
das nossas opiniões, das paixões; como li, recentemente, sobre a piedade
Epicteteana. Uma tonalidade de alta confiança é percebida também nesse texto do
imperador-filósofo:
"Toma
conta de mim e atira-me para onde quiseres — porque, seja onde for, conservarei
a minha consciência tranquila, isto é, satisfeita, contanto que eu proceda em
conformidade com a minha natureza de homem. Valeria a pena que, por tão pouco,
a minha alma se considerasse infeliz, se tornasse inferior a si mesma, se
rebaixasse, se apaixonasse, se deixasse abater, se inquietasse? E que
encontrarás na vida a que mereça tanto?"
"[...]
Portanto, se coisa alguma sucede a cada ser senão o que é ordinário e natural,
por que motivo hás de indignar-te? Pois a natureza nada te deu que fosse
insuportável."
APARANDO AS ARESTAS
E, enquanto faço uma
pausa, preparo um cafezinho indispensável, reflito sobre esta passagem do
grande Plotino:
"Recolhe-te
em ti mesmo e observa. E se achas que ainda não és belo, faze o que faz o
criador de uma estátua que deve ser bela. Ele corta aqui e ali, alisa acolá,
torna uma linha mais leve, uma outra mais pura, até que na estátua surge um
belo rosto. Faze o mesmo: corta o excesso, endireita o que está torto, leva luz
ao que está sombrio, trabalha para fazer com que tudo resplandeça em beleza, e
não cesses de cinzelar a tua estátua até que ela desprenda sobre ti o divino
esplendor da virtude, até que vejas a bondade final estabelecida com firmeza no
santuário sem mácula."
Por certo, se assim fosse, estaríamos mais ligados ao “estar no mundo sem ser do mundo”; num constante olhar para “dentro de si”.
Que sejam dias de muito
trabalho e estudos, mesmo com dificuldades; em Paz!
______.
SUGESTÃO DE LEITURAS
DINUCCI, A.; JULIEN, A. O
Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.
EPICTETO. Entretiens. Livre
I. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.
______. Epictetus Discourses. Book
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______. O Encheirídion de
Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS,
2012. (Edição Bilíngue)
______. Testemunhos e
Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS,
2008.
EPICTETUS. The Discourses of
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duplo registro do discurso da Stoa, Loyola, São Paulo, 1999.
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Ribeiro, ______. O livro dos Espíritos. 93. ed. - 1. reimpressão
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KING, C. Musonius Rufus: Lectures
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Epictetus, with Encheiridion and fragments. Londres: Georg Bell and
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Roman Socrates. Yale Classical Studies 10 3-147, 1947.
MARCO AURÉLIO. Meditações.
São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Livro VIII: 45, 46)
SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a
Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.
XENOFONTE. Apologia de Sócrates. 5. ed. Trad. Líbero Rangel de Andrade. São Paulo: Nova Cultural, 1991. (p. 164-165). (Col. Os Pensadores)
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