De mais uma "
'lembrança' de facebook" (2017). A pensar-se por aqui, a partir do debate Kant/Schiller, discutido num texto do prof. Luciano
Carlos Utteich que li em 2013 e estou relendo:
"Na tarefa de
adequar a faculdade estética aplicada a apurar a transformação do homem no
reconhecimento de haver nele a índole de afetos desinteressados, vinculados à
sua destinação (alcançar o ideal da humanidade), Schiller propôs menos o
descrédito na faculdade da razão prática que a transformação harmônica dos
afetos e da sensibilidade. Menos que promover uma atração entre os elementos
morais e os elementos estéticos, como associação entre o fundamento da lei
moral (dignidade), conservada de modo intransigente pela razão pura, e o
fundamento estético (graça) da faculdade de julgar, cuja atividade reflexiva é
transitiva entre as faculdades teórica e prática da razão, Schiller reitera que
os elementos morais e os estéticos, no fundo, não se rejeitam mutuamente. Assim
como se pressupõe o sentimento de respeito à lei como móbil da ação moral,
também se tem de pressupor um afeto desinteressado como móbil da reflexão
estética, que atua em conjunto com a perspectiva moral, mas sem ofuscá-la nem
substituir a sua perspectiva necessariamente intransigente."
E, como tive essa “lembrança”,
e estou relendo algumas “Cartas” da conversa entre Schiller e Körner sobre a obra de Kant, enquanto
estudo e escrevo Deste livro, relendo portanto, um presente de fim de ano (2002), da amiga Dora
Incontri. Uma discussão instigante. Nele pude ler que "As
advertências de Kant sobre os limites da razão pura não nos devem deter" (de
Körner para Schiller. Dresden, 15 fevereiro 1793. In: Kallias...).
Por ser um assunto com o
qual estou envolvido há alguns anos, sempre releio. E, já se passaram quase 6
anos desde que publiquei no “Facebook” este mesmo texto (abaixo). Trecho
que usei numa palestra no dia 27.09.2015, em São Paulo.
Para relembrar e continuar, ressaltando que o que publico nas redes sociais, em certa medida, se inserem em minhas leituras e pesquisas. Só como forma de aprendizagem e fixação das ideias.
Às “Cartas sobre a educação estética do homem”, portanto, também tenho adicionado minhas reflexões
sobre a correspondência entre Schiller e Körner Tudo, sempre, em
relação aos escritos kantianos como pano de fundo:
...
Schiller diz na Carta IX (1995, pp. 55-66):
"Dá ao mundo em que
ages a direção do bem, e o ritmo calmo do tempo trará a evolução. Tu lhe terás
dado esta direção quando, ensinando, tiveres elevado seus pensamentos até o
necessário e eterno; quando, agindo ou formando, tiveres transformado o
necessário e eterno em objeto de seus impulsos.
O edifício da ilusão e do
arbítrio cairá, terá de cair, já terá caído, tão logo tiveres a certeza de
que ele se inclina; é preciso, contudo, que se incline no homem interior e não
apenas no exterior.
[...]
E, para que não te
aconteça receber da realidade o modelo que deves oferecer-lhe, não te atrevas à
sua duvidosa companhia antes de estares seguro de um cortejo ideal em teu
coração. Vive com teu século, mas não sejas sua criatura; serve teus
contemporâneos, mas naquilo de que carecem, não no que louvam."
Seguem-se os trabalhos!
(Grifos e Destaques meus)
______.
ALLISON, H. F. El idealismo transcendental de Kant:
una interpretación y defensa. Trad. por Dulce M. G. Castro. Barcelona:
Anthropos, 1992.
AZIZI, Diego dos Anjos; MOREIRA, Camila Bozzo; PRADO, Lúcio Lourenço Prado (Orgs.). O mundo e suas representações: estudos sobre o idealismo. Guarapuava, PR: Apolodoro Virtual Edições, 2021.
HABERMAS, Jürgen. O discurso filosófico da
modernidade. Trad. por Luiz S. Répa; Rodnei Nascimento. São Paulo: Martins
Fontes, 2000.
KANT, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo.
Trad. Valério Rohden e Antonio Marques. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2012.
______. WOOD
Allen (editor); DI GIOVANNI (editor). Religion and rational
theology. (The cambridge edition of the works of immanuel Kant), 2006.
______. AMERIKS,
Karl; (tradutor); NARAGON, Steve. (tradutor). Lectures on
Metaphysics. (The cambridge edition of the works of immanuel Kant),
2001.
______. Werkausgabe. Werke in zwölf Bänden.
Hrsg. von Wilhelm Weischedel. Frankfurt a. M.: Suhrkamp, 1968.
____. Crítica da razão pura. Trad. por Manoela
P. dos Santos; Alexandre F. Morujão. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1997.
____. Fundamentação da metafísica dos costumes.
Trad. por Paulo Quintela. Lisboa: Edições 70, 1997.
____. A religião nos limites da simples razão
(1793). Trad. por Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1992.
LEIBNIZ, G. Novos ensaios sobre o entendimento
humano. Trad. por Adelino Cardoso. 2. ed. Lisboa: Colibri, 2004.
LOCKE, John. Ensaio sobre o entendimento
humano. Trad. Pedro Paulo Pimenta. São Paulo: Martins Fontes, 2012.
______. An essay concerning human understanding. Edited with
an Introduction, Critical Apparatusand Glossary by PeterH.Nidditch. Oxford,
Clarendon Press, 1975.
SCHILLER, J. C. Friedrich. Cartas sobre a
educação estética do homem. São Paulo: Iluminuras, 1995.
______. Kallias ou sobre a beleza: a
correspondência entre Schiller e Körner (jan-fev. 1793. Trad. Ricardo Barbosa.
Rio de Janeiro: J. Zahar Editores, 2002.
______. Kallias oder über die Schönheit. Herausg.
Klaus L. Berghahn. Stuttgart: Reclam, 2010.
UTTEICH, Luciano Carlos. Entre moral e religião:
destinação e afeto desinteressado no debate Kant-Schiller. In: Studia Kantiana.
n. 15, (2013). Disponível em: http://www.sociedadekant.org/studiakantiana/index.php/sk/article/view/147/143. Acesso em: 18 jan. 2022.
WATKINS, Eric (Editor). Kant on persons and agency.
San Diego: University of California, 2019.
Nenhum comentário:
Postar um comentário