segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

REFLEXÃO VESPERTINA IV: O DIA DE HOJE E AS PERSPECTIVAS

(IMAGEM: "Pinterest") 

Agora, claramente, em oposição frontal a E. Cioran que desafiava:

"Se existem pessoas felizes neste mundo, por que eles não aparecem e gritam com entusiasmo, proclamando sua felicidade pelas ruas? Por que tanta discrição e reserva?"

Ora, apesar de, e por isso mesmo, "O ponto de vista - ESE", sugere a necessidade de nos atentarmos ao "presente" como oportunidade repararmos o "passado" e prepararmos o "futuro", acho válida a mensagem da "charge".

Valida, em grande medida, a transposição para reflexão ...

Os que alardeiam a felicidade, revelam a artificial; pois a autêntica, concordo, é mesmo silenciosa. Os que assim procedem, no mais das vezes, omitem seus desesperos existenciais mais íntimos. Por isso sempre me direciono, quanto a esse tema, à questão (920 do LE... e também ao texto "O homem no mundo", no ESE.

Disso, comecei a pensar no que propõem os estoicos.

Rejeitar a influência de sentimentos externos, que os estoicos, consideravam como sentimentos nocivos ao pleno exercício racional, por exemplo: paixão, luxúria, etc. Tidos como vícios causadores de males que dificultam o homem na tomada de decisões de forma lógica racional.

“Em A conquista da felicidade, o filósofo Bertrand Russell buscou diagnosticar as inúmeras causas da infelicidade na vida moderna, traçando um caminho para escapar do mal-estar aparentemente inevitável que predomina mesmo em sociedades prósperas. Que o leitor não espere, como o autor adverte no prefácio, erudições profundas: o que move esta obra é a convicção de que, com um pouco de esforço bem-orientado, é possível chegar à felicidade. Escrito originalmente em 1930, este pequeno livro permanece atual — e muito necessário.” (RUSSEL, A conquista da felicidade, 2015)

Assim, “[...] Grande é a luta, divina é a tarefa; o prêmio é um reino, liberdade [eleuterias - ἐλευθερίας], serenidade [euróia - εὐροίας], paz (tranquilidade da alma [ataraxia - ἀταραξία].” :

"[1.1] Τῶν ὄντων τὰ μέν ἐστιν ἐφ' ἡμῖν, τὰ δὲ οὐκ ἐφ'  ἡμῖν. ἐφ' ἡμῖν μὲν ὑπόληψις, ὁρμή, ὄρεξις, ἔκκλισις καὶ ἑνὶ λόγῳ ὅσα ἡμέτερα ἔργα· οὐκ ἐφ' ἡμῖν δὲ τὸ σῶμα, ἡ κτῆσις, δόξαι, ἀρχαὶ καὶ ἑνὶ λόγῳ ὅσα οὐχ ἡμέτερα ἔργα. [1.2] καὶ  τὰ μὲν ἐφ' ἡμῖν ἐστι φύσει ἐλεύθερα, ἀκώλυτα, παραπόδιστα,  τὰ δὲ οὐκ ἐφ' ἡμῖν ἀσθενῆ, δοῦλα, κωλυτά, ἀλλότρια."

"[1.1] Das coisas existentes, algumas são encargos nossos; outras não. São encargos nossos o juízo, o impulso, o desejo, a repulsa – em suma: tudo quanto seja ação nossa. Não são encargos nossos o corpo, as posses, a reputação, os cargos públicos – em suma: tudo quanto não seja ação nossa.  [1.2] Por natureza, as coisas que são encargos nossos são livres, desobstruídas, sem entraves. As que não são encargos nossos são débeis, escravas, obstruídas, de outrem. (EPICTETO. Encheirídion. I, 1-2, 2012)"

É,portanto, tarefa principal de quem pretenda reformular os hábitos, por exemplo: reeducar-se na busca do Bem (vida boa) que está ao alcance de cada um, para que, daí descubra que tudo o que lhe sucede durante a vida não é necessariamente um mal a paralisá-lo.

 

______.

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