terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

REFLEXÃO MATINAL CLVIII: AS PAIXÕES E A PERFECTIBILIDADE (II)

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Por ser de muita importância nas reflexões aqui, mais uma vez, revisito velho e recorrente tema: “As paixões”. Tenho escrito aqui vários pequenos textos sobre autores que, em grande medida, tomam uma postura dos que acreditam que as paixões, são bem próximas do que se denomina doença e propõem a “cura das paixões”, outros propondo uma “moderação das paixões”, como os estoicos e outros citados abaixo. Mas, aqui não se trata mais de suprimi-las, nem mesmo de contê-las, moderando-as. “Para Hume, a contraparte da dessacralização do mundo é, justamente, aquele “culto das paixões” que ensina a conviver em sociedade e a usufruir do prazer a que a natureza humana está predisposta.”  

Para mim:

“O virtuoso, [ao invés de refrear as paixões], age corretamente, mas em harmonia com suas paixões, porque ele as dominou de uma vez por todas. Não só aprendeu a agir de modo conveniente, mas a sentir o páthos adequado” (LEBRUN, 1987, p. 20).

Ademais,

“As paixões são como um corcel, que só tem utilidade quando governado, e que se torna perigoso quando passa a governar. Uma paixão se torna perigosa a partir do momento em que deixais de poder governá-la, e que dá em resultado um prejuízo qualquer para vós mesmos ou para outrem. LE, Q. 908”

_______.

ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012).

CUNHA, Bruno. A gênese da ética em Kant. São Paulo: Editora LiberArs, 2017.

______. Lições sobre a doutrina filosófica da religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.

EPICTÉTE. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue).

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

______. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments: Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

GALENO. Aforismos. São Paulo: E. Unifesp, 2010.

______. On the passions and errors of the soul. Translated by Paul W . Harkins with an introduction and interpretation by Walter Riese. Ohio State University Press, 1963.

GAZOLLA, Rachel.  O ofício do filósofo estóico: o duplo registro do discurso da Stoa, Loyola, São Paulo, 1999.

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

HANH, Thich Nhat. Meditação andando: guia para a paz interior. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Guido A. de Almeida. São Paulo: Discurso editoria: Barcarola, 2009.

______. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

______. O único argumento possível para uma demonstração da existência de Deus. Lisboa: INCM, 2004.

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). (O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro, ______. O livro dos Espíritos. 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica). Brasília, DF: Feb, 2013. (“As virtudes e os vícios” - Q. 893-912)

KING, C. Musonius Rufus: Lectures and Sayings. CreateSpace Independent Publishing Platform, 2011.

LONG, A. A. Epictetus: a stoic and socratic guide to life. New York: Oxford University Press. 2007.

LUTZ, C. Musonius Rufus: the Roman Socrates. Yale Classical Studies 10 3-147, 1947.

ROBERTSON, Donald. The Philosophy of Cognitive Behavioural Therapy (CBT): stoic philosophy as rational and Cognitive Psychotherapy. Londres  : Karnac Books, 2010.

______. Pense como um imperador. Trad. Maya Guimarães. Porto Alegre: Citadel Editora, 2020.

______. How to think Like a roman emperor: the stoic philosophy of Marcus Aurelius. New York: St. Martin's Press, 2019.

RUSSEL, Bertrand. A conquista da felicidade. Rio de Jamneiro, RJ: Nova Fornteira, 2015.

SELLARS, J. The Art of Living: The Stoics on the Nature and Function of philosophy. Burlington: Ashgate, 2003.

SCHLEIERMACHER, F. D. E. Introdução aos Diálogos de Platão. Belo Horizonte, MG: Ed. UFMG, 2018.

SCHELLE, Karl Gottlob. A arte de passear. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

SOLNIT, Rebecca. Wanderlust: a history of walking. Penguim books, 2001.

SCHNEEWIND, Jeromé. Obligation and virtue: an overwien of Kant's moral philosophy. The Cambridge Companio to Kant. United Kingdom. Cambridge University Press, 1992.

______. Aristotle, Kant and the stoics: rethinnking happiness and duty. Cambridge University Press; Edição: Reprint, 1998.

______. A invenção da autonomia: uma história da filosofia moral moderna. São Leopoldo: Unisinos, 2001. 

THOUREAU, Henry David. Andar a pé: um ritual interior de sabedoria e liberdade. Loures: Editora Alma dos livros, 2021.

REFFLEXÃO MATINAL CLVII: SOBRE "DILEMAS", LEIS NATURAIS E A VERDADEIRA FELICIDADE

Terminadas as tarefas na oficina, com o "criticismo", fui reler algumas páginas "existencialistas" do Rollo May; os caps. XII-XV de "Leis naturais ... "

Desafios decorrem dessas leituras sempre que as retomo. Mas, recomenda Sanson, perante as Leis:

"Paciência! Tornai-vos bons, e chegareis lá [...]. A curiosidade, que é o estimulante do homem pensante, vos conduz tranquilamente até a morte, reservando-vos a satisfação de todas as vossas curiosidades passadas, presentes e futuras. Tentai, então, morrer bem para saber muito(Sanson. C. I. Cap. II, 2ª Parte, item 13)

Ademais,

“De todas as coisas que podemos conceber neste mundo ou mesmo, de uma maneira geral, fora dele, não há nenhuma que possa ser considerada como boa sem restrição, salvo uma boa vontade. O entendimento, o espírito, o juízo e os outros talentos do espírito, seja qual for o nome que lhes dermos, a coragem, a decisão, a perseverança nos propósitos, como qualidades do temperamento, são, indubitavelmente, sob muitos aspectos, coisas boas e desejáveis; contudo, também podem chegar a ser extrordinriamente más e daninhas se a vontade que há-de usar destes bens naturais, e cuja constituição se chama por isso carácter, não é uma boa vontade. O mesmo se pode dizer dos dons da fortuna. O poder, a riqueza, a consideração, a própria saúde e tudo o que constitui o bem-estar e contentamento com a própria sorte, numa palavra, tudo o que se denomina felicidade, geram uma confiança que muitas vezes se torna arrogância, se não existir uma boa vontade que modere a influência que a felicidade pode exercer sobre a sensibilidade e que corrija o princípio da nossa atividade, tornando-o útil ao bem geral; acrescentemos que num espectador imparcial e dotado de razão, testemunha da felicidade ininterrupta de uma pessoa que não ostente o menor traço de uma vontade pura e boa, nunca encontrará nesse espetáculo uma satisfação verdadeira, de tal modo a boa vontade parece ser a condição indispensável sem a qual não somos dignos de ser felizes. 

(...) A boa vontade não é boa pelo que produz e realiza, nem por facilitar o alcance de um fim que nos proponhamos, mas apenas pelo querer mesmo; isto quer dizer que ela é boa em si e que, considerada em si mesma, deve ser tida em preço infinitamente mais elevado que tudo quanto possa realizar-se por seu intermédio em proveito de alguma inclinação, ou mesmo, se se quiser, do conjunto de todas as inclinações (Fundamentação da metafísica dos costumes)."

______.

BAUMGATEN, Alexander Gottlieb; KANT Immanuel. Baumgarten's elements of first practical philosophy: a critical translation with Kant's reflections on moral philosophy. Bloomsbury Academic; Reprint edição, 2021.

COELHO, Humberto Schubert. O pensamento crítico: história e método. Juiz de Fora, MG: Editora UFJF, 2022.

CUNHA, Bruno. A Gênese da Ética de Kant: o desenvolvimento moral pré-crítico em sua relação com a teodiceia. São Paulo: LiberArs, 2017.

______; FELDHAUS, Charles. Estudo IntrodutórioIn: KANT, Immanuel. Lições de Ética. São Paulo: Unesp, 2018.

______. Estudo Introdutório. In: KANT, Immanuel. Lições sobre a Doutrina Filosófica da Religião. Petrópolis: Vozes/São Fransciso, 2019.

______. Estudo Introdutório. In: KANT, Immanuel. Lições de Metafísica. Petrópolis: Vozes/São Francisco, 2021.

DESCARTES, René.  As paixões da alma. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

______. Epictetus Discourses. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

______. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments: Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

EPICURO. Carta sobre a felicidade: a Meneceu. São Paulo: Ed. Unesp, 1999.

FERRY, Luc. La vie heureuse: sagesses anciennes et spiritualité laïque. Paris: Editions L’Observatoire, 2022

______. A vida feliz: sabedorias antigas e espiritualidade laica. Petrópolis, RJ: Vozes Nobilis, 2023.

GALENO. Aforismos. São Paulo: E. Unifesp, 2010.

______. On the passions and errors of the soul. Translated by Paul W . Harkins with an introduction and interpretation by Walter Riese. Ohio State University Press, 1963.

GAZOLLA, Rachel.  O ofício do filósofo estóico: o duplo registro do discurso da Stoa, Loyola, São Paulo, 1999.

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

______. A filosofia como maneira de viver: entrevistas de Jeannie Carlier e Arnold I. Davidson. (Trad. Lara Christina de Malimpensa). São Paulo: É Realizações, 2016.

______. Exercícios espirituais e filosofia antiga. Trad. Flávio Fontenelle Loque, Loraine Oliveira. São Paulo: É Realizações, Coleção Filosofia Atual, 2014.

HANH, Thich Nhat. Meditação andando: guia para a paz interior. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

KANT, Immanuel. Gesammelte Schriften. Vol. I-XXIX. Berlim: Reimer (DeGruyter) 1910-1983.

______. Lições de Ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Feldhaus. São Paulo: Unesp, 2018.

______. Lições sobre a Doutrina Filosófica da Religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis: Vozes/ São Francisco, 2019.

______.Lições de Metafísica. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis: Vozes/São Francisco, 2021.

______. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? traduzido por Saulo de Freitas Araujo. In: Estudos Kantianos, Marília, v. 8, n. 2, p. 179-189, Jul./Dez., 2020.

______. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Guido A. de. São Paulo: Discurso editoria: Barcarola, 2009.

______. Textos pré-críticos. São Paulo: Editora Unesp, 2005.

______. Textos seletos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

______. Investigação sobre a clareza dos princípios da teologia e da moral. Lisboa: Imprensa Casa da Moeda, 2007.

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). O livro dos Espíritos. 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica) Trad. Guillon Ribeiro. Brasília, DF: Feb, 2013. (Q. 907-912: "paixões"; 893-906: “virtudes . “vícios” e 920-933: "felicidade").

KIEKEGAARD, S. A. O desespero humano: doença até a morte. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

______. O desespero humano: São Paulo: Ed. UNESP, 2010.

______. Do desespero silencioso ao elogio do amor desinteressado. (Org. Alvaro Valls). Escritos, 2004.

______. As obras do amor. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

______. O conceito de angústia. 3. ed. Trad. Alvaro Valls. Petrópolis, RJ, Vozes, 2015.

LEBRUN, Gérard. O conceito de paixão. In: NOVAES, Adauto (org.). Os sentidos da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 1987.

LESSING, Gotthold Ephraim. Educação do gênero humano. Bragança Paulista, SP: Ed. Comenius, 2019.

MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

MAY, Rollo. O homem à procura de si mesmo. São Paulo: Ed. Círculo do livro, 1992.

______. (Org.). Psicologia existencial. Rio de Janeiro: Globo, 1980.

______. A descoberta do ser. São Paulo: Rocco, 1988.

______. O homem à procura de si mesmo. São Paulo: Ed. Círculo do livro, 1992.

______. Psicologia do dilema humano. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

MASSI, C. D. As leis naturais e a verdadeira felicidade. Curitiba: Kardec Books, 2020.

OLIVEIRA, Roni Ederson Krause de. O dever de amar segundo Kant e Kierkegaard. In: Controvérsia, São Leopoldo, v. 14, n. 2, p. 25-39, mai.-ago. 2018.

PONTE, Carlos Roger Sales da; SOUSA, Hudsson Lima de. Reflexões críticas acerca da psicologia existencial de Rollo May. Rev. abordagem gestalt.,  Goiânia ,  v. 17, n. 1, p. 47-58, jun.  2011 .   Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672011000100008&lng=pt&nrm=iso>.acessos em  17  ago.  2019. Último acesso: 26 de janeiro de 2022.

PRICE, A. W. Conflito mental. Campinas, SP: Ed. Papirus, 1998.

______. Mental conflict. London: Ed. Routledge, 1995.

RANGÉ, Bernard. Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais: Um Diálogo com a Psiquiatria. 2. ed. Porto Alegre: Grupo A - Selo: Artmed, RS, 2011.

ROBERTSON, Donald. The Philosophy of Cognitive Behavioural Therapy (CBT): stoic philosophy as rational and Cognitive Psychotherapy. Londres  :Karnac Books, 2010.

______. Pense como um imperador. Trad. Maya Guimarães. Porto Alegre: Citadel Editora, 2020.

______. How to think Like a roman emperor: the stoic philosophy of Marcus Aurelius. New York: St. Martin's Press, 2019.

SELLARS, J. The Art of Living: The Stoics on the Nature and Function of philosophy. Burlington: Ashgate, 2003.

SÊNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

______. Edificar-se para a morte: das cartas morais a Lucílio. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.

____. Sobre a clemência. Introdução, tradução e notas de Ingeborg Braren. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

______. Lucio Aneu. Vida Feliz. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

TEMPOS DE ESTUDOS E PESQUISA: "KANT´S REFORM OF METAPHYSICS: THE CRITIQUE OF PURE REASON RECONSIDERED" (II)

Numa segunda-feira, 2 de novembro de 2020, antes de uma breve e forçada interrupção na intensidade dos estudos essa obra “Kant´s reform of metaphysics: the Critique of pure reason reconsidered” era só um projeto de leitura. Agora, já inseri nos estudos, inclusive há algum tempo, um vídeo e um podcast de uma entrevista, com transcrição, com a própria autora Karin de Boer

Em certa medida, uma discussão com muitos pontos em comum com a minha pesquisa atual. Daí, inseri-lo, desde já, na lista de leituras futuras. Enquanto isso, vou revendo o "Seminário Leuven", Bélgica para o lançamento da obra. Link abaixo, no final.

“Os debates acadêmicos sobre a Crítica da razão pura foram amplamente moldados por questões epistemológicas. Desafiando essa tendência prevalecente, a Reforma da Metafísica de Kant é o primeiro estudo do tamanho de um livro a interpretar a Crítica de Kant em vista de seus esforços para transformar a metafísica altamente influente de Christian Wolff em uma ciência. Karin de Boer situa a obra central de Kant no contexto da filosofia alemã do século XVIII, traça o desenvolvimento da concepção de crítica de Kant e oferece análises novas e aprofundadas das partes principais da Crítica da Razão Pura, incluindo a Dedução Transcendental, a Capítulo do Esquematismo, o Apêndice para a Analítica Transcendental e a Arquitetônica. O livro não apenas traz a coerência do projeto de Kant, mas também reconstrói o esboço do "sistema da razão pura" para o qual a Crítica deveria abrir o caminho, mas que nunca viu a luz.”

...

Scholarly debates on the Critique of Pure Reason have largely been shaped by epistemological questions. Challenging this prevailing trend, Kant's Reform of Metaphysics is the first book-length study to interpret Kant's Critique in view of his efforts to turn Christian Wolff's highly influential metaphysics into a science. Karin de Boer situates Kant's pivotal work in the context of eighteenth-century German philosophy, traces the development of Kant's conception of critique, and offers fresh and in-depth analyses of key parts of the Critique of Pure Reason, including the Transcendental Deduction, the Schematism Chapter, the Appendix to the Transcendental Analytic, and the Architectonic. The book not only brings out the coherence of Kant's project, but also reconstructs the outline of the 'system of pure reason' for which the Critique was to pave the way, but that never saw the light.

(somente os Grifos e destaques são meus)

Link de um seminário para lançamento da obra da Profa. Karin de Boer:

https://www.youtube.com/watch?v=1-eTH_ZHOzE&feature=share&fbclid=IwAR0S1JO8WP0f2VqGcnr_lqcjudpQdQzWHcej9wXm5EEOiJ9XqpEYPKE80H4

Acresentando hoje, 25.12.2023 a Resenha crítica de Corey W. Dyck:

https://www.academia.edu/67610970/Review_of_Karin_de_Boer_Kant_s_Reform_of_Metaphysics_Cambridge_Cambridge_University_Press_2020

Link para a gravação e transcrição da Entrevista de 02de janeiro 2023, da profa. Karin de Boer sobre o seu livro "Kant's reform of Metaphysics: the Critique of pure reason reconsidered"https://philosophypodcasts.org/karin-de-boer-kants-reform-of-metaphysics?fbclid=IwAR2uMlRixjW_YXghNFyj0a5e-Z253FEoXRXkf7obXIC37ByxSxWw8R0qIL8

______.

AMERIKS, Karl. The Cambridge Companion to German Idealism. Cambridge University Press; 2. ed., 2017.

CUNHA, Bruno. A gênese da ética em Kant. São Paulo: Editora LiberArs, 2017.

DE BOER, Karin. Kant's reform of metaphysics: the Critique of pure reason Reconsidered. Cambridge University Press, 2020.

DICK, Corey. Early Modern German Philosophy (1690-1750). OUP. Oxford University Press, 2010.

KANT, Immanuel. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

______. Lições sobre a doutrina filosófica da religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.

______. A religião nos limites da simples razão. Edições 70, Lisboa, 1992.

KANTERIAN. Edward. Kant, God and Metaphysics: the secret thorn. Routledge, 2017.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

ALGUNS ESBOÇOS, TEMAS E AUTORES

(IMAGEM: "Pinterest")

Há aqui, mesmo com tanta diversidade teórica e diferentes cosmovisões. alguns temas sobre os quais sempre me debrucei, estudando alguns mais de perto e alguns de maneira geral, os princípios básicos.

Os temas e autores a que tenho me dedicado são, basicamente: 
  1. Filosofia, Ética e Bioética (Relações entre ciência, tecnologia e os impactos éticos), Deontologia (Immanuel Kant), Filosofia clássica alemã. Herança Kantiana: https://www.sociedadekant.org/membros/
  2. Ciência X Religião (Espiritualidade e saúde). Subjetividade X Natureza. O "problema mente-corpo" (Frontiers of the mind-brain). Memória. Psicopatologia (Jaspers). 
  3. Tanatologia, Postulado da imortalidade da alma (Kant), Cuidados paliativos e Filosofia (nas obras de Koenig, Kardec, Estoicismo)
  4. Ênfase no estudo das obras de Immanuel Kant, Dieter Henrich, J. Habermas, Hans Jonas, F. D. Schleiermacher.
  5. E, também, sempre em relação aos interesses principais, enumerados acima: G. W. F. Hegel, M. Heidegger, Carl Gustav Jung; Viktor E. Frankl; S. A. Kierkegaard; Karl Jaspers; William James.
  6. Estoicismo: membro do GT Epicteto e Marginália filosófica - Anpof - https://www.anpof.org.br/gt/gt-epicteto-e-marginalia-filosofica), Sêneca, Marco Aurélio).
  7. Machado de Assis. Literatura.
  8. História e Filosofia da Biologia (H. Bergson).
  9. História e Filosofia da Psicologia; PBE História e filosofia das ciências; História e Existencialismo (Kierkegaard; Jaspers; Rollo May) e Fenomenologia (Husserl).

O que também, na maioria das vezes me chamou à atenção nestes anos, sempre em relação ao que está anotado acima:

  1. A obra de Karl Jaspers (Psicopatologia e Existencialismo).
  2. A obra de Viktor Frankl.
  3. A obra de William James.
  4. A obra Aaron Beck. (BCT-TCC)
  5. A obra de Rollo May.
  6. A obra de Richard Feynmann.
  7. A Filosofia Clássica Alemã entre Kant e Hegel.
  8. O Idealismo alemão 
  9. O Romantismo alemão.
  10. A História e Filosofia das ciências.
  11. O tema "Memória".
  12. A relação mente-corpo. Filosofia e Psicologia.
  13. A Saúde e a "espiritualidade".
  14. Tanatologia, Cuidados paliativos ("Hospice") nas obras de (H. Koenig; W. James; Epicteto; A. Kardec; Jankélévitch; Kierkegaard)
  15. Estoicismo de Epicteto, Marco Aurélio e Sêneca. 
  16. A Ética e a Bioética.

portanto, as obras aqui elencadas me trouxeram questões muito relevantes, donde sempre dou início a reflexões e alguns são esboços que passam a ser pretensões de publicações futuras. Alguns já bem adiantados e com bom formato para tal empreendimento.

 ______.

domingo, 19 de fevereiro de 2023

TEMPO DE ESTUDOS: "LIÇÕES SOBRE A DOUTRINA FILOSÓFICA DA RELIGIÃO"

Como tem sido uma constante, mantendo o foco das leituras atuais, a que tenho me dedicado, aqui acrescento outra obra que acabei de reler.

"[...] longe da posição de Kant está a visão secularista que trata a religião com desprezo, considerando-a como nada mais que uma relíquia do passado ou um deplorável refúgio para os ignorantes e supersticiosos" (A. W., 2009)

Prosseguindo os trabalhos com mais uma releitura,  na "tônica dominante" das leituras de hoje.

Encerrando a segunda leitura atenta das “Lições sobre a doutrina filosófica da religião”, outra obra fundamental para o trabalho em andamento. 

O manuscrito estudantil das Lições sobre a doutrina filosófica da religião, ministradas muito provavelmente no semestre de inverno de 1783/1784, foi publicado pela primeira vez em 1817 por Karl Heinrich Ludwig Pölitz. Kant ministrou essas Lições tendo como base escritos metafísicos e teológicos que tinham sido publicados por influentes filósofos alemães de sua época. Mas, em suas Lições, Kant não apenas faz referência à posição desses filósofos. Ao contrário, ele também os comenta e os critica, fornecendo importantes indicações de sua perspectiva filosófica sobre problemas que estão localizados na interface entre teologia, religião, metafísica e filosofia moral. O leitor desses manuscritos adquire uma impressão bastante favorável do alto nível em que Kant e seus contemporâneos refletiram, por exemplo, sobre as, segundo ele, três possíveis provas especulativas da existência de Deus. As Lições sobre a doutrina filosófica da religião são indubitavelmente uma importante fonte para a nossa compreensão da filosofia crítica de Kant.

______.

CUNHA, Bruno. A gênese da ética em Kant. São Paulo: Editora LiberArs, 2017.

DICK, Corey. Early Modern German Philosophy (1690-1750). OUP. Oxford University Press, 2010.

KANT, Immanuel. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

______. Lições sobre a doutrina filosófica da religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.

______. Die Religion Innerhalb Der Grenzen Der Bloße Vernunft. Walter de Gruyter, 2010. (Editado por Ottfried Höffe)

______. Die Religion innerhalb der Grenzen der bloßen Vernunft. W. de Gruyter, 1968.

______. A religião nos limites da simples razão. Edições 70, Lisboa, 1992. 

______. Vorlesung über die philosophische Encyclopädie. In: Kant gesalmmelte Schriften, XXIX, Berlin, Akademie, 1980, pp. 8 e 12).

______. Observações sobre o sentimento do belo e do sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. Tradução e estudo de Vinicius de Figueiredo. São Paulo: Editora Clandestina, 2018.

______. Observações sobre o sentimento do Belo e do Sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. (Trad. Vinícius Figueiredo). Campinas, SP: Ed. Papirus, 1993.

______. Observações sobre o sentimento do Belo e do Sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. Lisboa: Edições 70, 2012.

KANTERIAN. Edward. Kant, God and Metaphysics: the secret thorn. Routledge, 2017.

WOOD, Allen.  Kant’s Moral Religion. Ithaca/London: Cornell University Press, 1970.

SOBRE CORPO E ALMA: REFLEXÕES SOBRE ANTIGO PROBLEMA DA FILOSOFIA

 


Mais uma vez, como sempre, meu interesse em ler obras como essa, em certa medida, está relacionada à questão da relação mente-corpo, maior motivo por inclui-lo entre as leituras, claro, nos intervalos da pesquisa. Interessa-me essa temática e esse autor. Pela maneira peculiar com que Viktor E. Frankl (1905 – 1997), investigou a questão do "sentido", em outras obras dele que já li, ultrapassando em grande medida, uma mera especulação, já vale a inserção desta para leitura. 

Ademais, é possível extrair de sua posição uma boa reflexão filosófica. Parte do problema expresso pelo “sentimento de vazio de sentido” que leva as pessoas a procurar o psicólogo e o psiquiatra; um “vazio existencial” e a “depressão”, há muito discutidas nas áreas de saúde, apresentam-se cada vez mais como “doenças do século XXI”; ponto alto da investigação de Frankl em seus livros. O fato de o homem, na maioria das vezes, não saber o que quer deveria, segundo ele, servir para que tal ignorância a respeito de tal "sentido" fosse substituída por uma profunda reflexão sobre a Vida.

Ou seja, a discussão “terapêutica” de Frankl coloca o problema da “busca de sentido” como um tema de fundamental interesse humano, não somente como reflexão que aumente o sentido da existência mas como algo segundo o qual seria impossível viver sem. Buscar sentido em Viver constitui, portanto, para Frankl, a questão existencial primeira.

_______.

FRANKL, Viktor. Psicoterapia e sentido da vida. 7. ed. São Paulo: Quadrante Editora, 2019.

______. O Sofrimento Humano: Fundamentos antropológicos da psicoterapia. Trad. Bocarro, Karleno e Bittencourt, Renato. Prefácio, Marino, Heloísa Reis. São Paulo: É Realizações, 2019.

______. Yes to Life: in spite of everything. Beacon Press, 2020.

______. Um sentido para a vida: psicoterapia e humanismo. Aparecida, SP: Ideias e letras, 2005.

______. The doctor and the soul: from psycotherapy to logotherapy. New york: Bantam Books, 1955.

______. Psycotherapy and existencialism: selected papers on logotherapy. New York: Simon and Schuster, 1970

______. Angst und Zwang. Acta  Psychotherapeutica, I, 1953, pp. 111-120.

______. Der Psichotherapie in der Praxis. Vienna: Deuticke, 1947.

 

______.

BIBLIOGRAFIA E SUGESTÕES DE LEITURA

 

BECK, Aaron T; Alford, Brad A. O poder integrador da terapia cognitiva. Porto Alegra, RS: Artmed, 2000.

BECK, Judith S. Terapia cognitiva: teoria e prática. Porto Alegre, RS, 2997.

CALVINO, Italo. Por que ler os clássicos. Trad. Milton Moulin. São Paulo: Companhia de bolso, 2007.

COELHO, Humberto Schubert. O pensamento crítico: história e método. Juiz de Fora, MG: Editora UFJF, 2022.

DESCARTES, René.  As paixões da alma. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

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GALENO. Aforismos. São Paulo: E. Unifesp, 2010.

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GAZOLLA, Rachel.  O ofício do filósofo estóico: o duplo registro do discurso da Stoa, Loyola, São Paulo, 1999.

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

______. A filosofia como maneira de viver: entrevistas de Jeannie Carlier e Arnold I. Davidson. (Trad. Lara Christina de Malimpensa). São Paulo: É Realizações, 2016.

______. Exercícios espirituais e filosofia antiga. Trad. Flávio Fontenelle Loque, Loraine Oliveira. São Paulo: É Realizações, Coleção Filosofia Atual, 2014.

HANH, Thich Nhat. Meditação andando: guia para a paz interior. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

______. Silêncio: o poder da quietude em um mundo barulhento. Rio de Janeiro, RJ: Harper Collins, 2018.

HUIZINGA, Johan. Nas sombras do amanhã: um diagnóstico da enfermidade espiritual de nosso tempo . - Trad. Sérgio Marinho, Goiânia-GO: Editora Caminhos, 2017.

INWOOD, Brad. Reading Seneca: stoic philosophy at Rome. Oxford, Reino Unido: Clarendon Press, 2005.

IRVINE, William B. A Guide to the Good Life: the ancient art of Stoic joy. New York: Oxford University Press, 2009.

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). O livro dos Espíritos. 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica) Trad. Guillon Ribeiro. Brasília, DF: Feb, 2013. (Q. 907-912: "paixões"; 893-906: “virtudes . “vícios” e 920-933: "felicidade").

KING, C. Musonius Rufus: Lectures and Sayings. CreateSpace Independent Publishing Platform, 2011.

LEBRUN, Gérard. O conceito de paixãoIn: NOVAES, Adauto (org.). Os sentidos da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 1987.

LUTZ, C. Musonius Rufus: the Roman Socrates. Yale Classical Studies 10 3-147, 194

MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

MASSI, C. D. As leis naturais e a verdadeira felicidade. Curitiba: Kardec Books, 2020.

RANGÉ, Bernard. Psicoterapias Cognitivo-Comportamentais: Um Diálogo com a Psiquiatria. 2. ed. Porto Alegre: Grupo A - Selo: Artmed, RS, 2011.

ROBERTSON, Donald. The Philosophy of Cognitive Behavioural Therapy (CBT): stoic philosophy as rational and Cognitive Psychotherapy. Londres  :Karnac Books, 2010.

______. Pense como um imperador. Trad. Maya Guimarães. Porto Alegre: Citadel Editora, 2020.

______. How to think Like a roman emperor: the stoic philosophy of Marcus Aurelius. New York: St. Martin's Press, 2019.

SELLARS, J. The Art of Living: The Stoics on the Nature and Function of philosophy. Burlington: Ashgate, 2003.

SÊNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

______. Edificar-se para a morte: das cartas morais a Lucílio. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.

____. Sobre a clemência. Introdução, tradução e notas de Ingeborg Braren. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

____. Sobre a ira. Sobre a tranquilidade da alma. Tradução, introdução e notas de José Eduardo S. Lohner. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras, 2014.

____. Tragedies I: Hercules, Trojan women, Phoeniciam women, Medea, Phaedra. Tradução de J. G. Fitch. Cambridge, EUA: Harvard University Press, 2002.  https://www.loebclassics.com/.

____. Tragedies II: Oedipus, Agamemnon, Thyestes, Hercules on Oeta, Octavia. Tradução de J. G. Fitch. Cambridge, EUA: Harvard University Press, 2004.  https://www.loebclassics.com/.

____. Moral Essays. Tradução de John W. Basore. Cambridge, EUA: Harvard University Press, 1985.  https://www.loebclassics.com/.

______. Sobre a brevidade da vida. Porto Alegre, RS: L&PM, 2007.

VEILLARD, Christelle. Le souffle de la raison: le défi des stoïciens. Plon, 2023.

 

sábado, 11 de fevereiro de 2023

REFLEXÃO MATINAL CLV: "SOMOS NOSSA PÓPRIA SOLUÇÃO". ESTÁ EM NÓS

 

“Viver de acordo com a natureza corresponde a viver de acordo com o melhor de nossa natureza humana, que é o divino dentro de nós que nos inspira a viver vidas excelentes (virtuosas)”. (RUFUS)

Nessa manhã como tem sido e sempre será assim, por um bom tempo, estudando Immanuel Kant e sobre Pseudociência, faço as breves pausas para escrever e anotar algumas reflexões para retomada e prosseguimento de temas relacionados à Virtude, Estoicismo e a obra de Kardec (sob um ponto de vista puramente filosófico) e, tendo lido recentemente “As Diatribes de Epicteto - Livro I”, recém traduzida pelo prof. Aldo Dinucci que antes só tinha lido a versão bilingue em grego e francês.

A isso, aproveito sempre as pausas, relendo alguns trechos da obra de John Sellars sobre o Estoicismo como este deve ser e que, como ele mesmo diz, põe “[...]em xeque tal visão ou, quando menos, pôr-lhe ressalvas. O estoicismo não o fará feliz — ao menos não no sentido que a palavra “felicidade” costuma ter quando usada na cultura da autoajuda moderna.  está bibliografia.

Quando li pela primeira vez a obra de Sellars, vi que a partir de Epictetus, por exemplo, descreve a filosofia da seguinte maneira: 

A filosofia não promete obter qualquer coisa exterior para o homem, pois se o fizesse ela estaria admitindo algo que se encontra fora de seu material apropriado (hules). Pois assim como a madeira é o material (hule) do carpinteiro, e o bronze o do estatuário, também a própria vida de cada indivíduo (ho bios autou hekastou) é o material da arte de viver (tes peri bion technes). (EPICTETUS, Discursos 1.15.2, apud SELLARS, 2003, p. 56)

Então, essas leituras e releituras, cotejando, e em meio a tanta confusão, momentos de profunda tristeza, donde sempre nos recuperamos e nos colocamos a pensar no hábito a que tantos se deixam seduzir (eu mesmo me deixei levar noutro tempo): do pessimismo, por um lado e do extremo esforço em "mudar o mundo" por outro lado.

Ora, sendo totalmente outra a empreitada a qual me dedico há algum tempo, é fundamental esquecer pessimismos e o desejo de mudar o que nos é externo, que está fora do nosso alcance. Como tenho postado aqui, e prático: "medito andando" e decidi, há alguns anos, aprofundar sistematicamente uma intensa busca por "eustatheia" (tranquilidade) e "euthymia" (crença em si).

É projeto em andamento, portanto, “há séculos” que às vezes por descuido, tem sido interrompido. Mas, retomando sigo o conselho sugerido pelos estoicos; mais especificamente SênecaEpictetus e Marco Aurélio; entre os que vou acrescentando à medida que sigo nos estudos sobre o tema! Acrescentados, na verdade a uma filosofia de vida (Weltanscauung) já adotada adolescência e desenvolvida dia a dia.

E, como sempre, enquanto faço mais uma dessas necessárias pausas no texto principal, vou terminando a releitura de alguns capítulos desse excelente livro de John Sellaers: “The art of living: the stoics on the nature and function of philosophy”. 

No que acrescento aqui, hoje, como “reflexão matinal”, à maneira dos estoicos, tomo como ponto de partida, um trecho de outro texto de John Sellars  (SELLARS, 2016). A este, acrescento um comentário feito há algum tempo e uma série de sugestões de leituras das que tenho feito e indicado aqui[1]

"Muitos dos que estão interessados ou se têm envolvido no renascimento do estoicismo dirão que ele pode ajudar-nos a ter uma vida melhor e mais feliz. À primeira vista, é possível que isso nos leve a considerar a ressurgência do interesse pelo estoicismo como parte da “indústria da felicidade”. Aos insatisfeitos, desiludidos e deprimidos que procuraram em vão algo para alegrá-los, talvez o estoicismo seja a próxima coisa a ser tentada para ajudá-los a superar a tristeza e a recuperar a joie de vivre. Se falarmos do estoicismo como forma de terapia ou como dotado de elementos terapêuticos, decerto tal impressão pode ser transmitida: o estoicismo oferece uma terapia, mas uma terapia para tratar o quê? Parece natural supor que a resposta seja: “uma terapia para tratar a infelicidade”. Com efeito, os estoicos antigos visavam à eudaimonía, o que normalmente se traduz por “felicidade”.

O que desejo é pôr em xeque tal visão ou, quando menos, pôr-lhe ressalvas. O estoicismo não o fará feliz — ao menos não no sentido que a palavra “felicidade” costuma ter quando usada na cultura da autoajuda moderna. Não se trata de pensar de uma dada maneira a fim de garantir dentro de si um sentimento cálido, vago.”

A isso acrescento, um outro texto que reli, mais uma vez ontem à noite e está disponível em: 

https://www.google.com/url?q=https://stoagallica.fr/lascese-des-stoiciens-un-mode-de-vie-austere/&source=gmail&ust=1658658830031000&usg=AOvVaw3ZS1VvMSQ0TZxsC3cf7Eqo

Acrescento também o novo para leitura em breve, pela temática que apresenta:        

VEILLARD, Christelle. Le souffle de la raison: le défi des stoïciens. Plon, 2023.

Hoje acrescento essa obra, apresentando uma discussão bem interessante, comum a todos mas aqui, na perspectiva estoica segundo Christelle Velllard, como segue abaixo sobre a obra:

“Somos a nossa própria solução. Aqui está a lição aparentemente simples, mas complexa de implementar, que os filósofos estóicos nos oferecem.

Entre pandemia e escassez, guerras e crises de todo tipo, nunca deixamos de buscar um objetivo em nossas vidas, e de tentar encontrar as condições e os meios para alcançá-lo. O estoicismo, uma tradição filosófica que nasceu no século III aC e sobreviveu aos séculos, fala ao nosso tempo.

Os pensadores que a personificam, de Zénon a Marc Aurèle, defendem uma filosofia de existência eficaz mas muito exigente, incitando-nos à ação. A pena atenta e bem-humorada de Christelle Veillard revela-nos um modelo de grandeza inigualável, longe dos clichês da passividade e do egoísmo, tantas vezes atribuídos aos estóicos. O estoicismo pode nos despertar, nos conscientizar das coisas e adotar diferentes atitudes.

Como viver verdadeiramente, sem "fazer mal" ou "não fazer nada"? Como evitar as armadilhas do arrependimento, preguiça ou distração? Como apreender o tempo e a morte? Como fazer de si mesmo uma "cidadela inexpugnável" permanecendo aberto aos outros? Como reorientar a si mesmo, ao mesmo tempo em que se envolve no palco do mundo? Como cuidar da alma, vivendo entre os outros, na cidade, mas também na natureza? O que significa bem e virtude?

Tantas questões existenciais para as quais os filósofos estóicos deram respostas. O autor no-las revela e decifra, permitindo-nos ver com um pouco mais de clareza a verdade do mundo."

Sobre o autor:

Christelle Veillard, agrégée em filosofia, é professora de filosofia antiga na Universidade de Paris Ouest Nanterre La Défense (Paris X) desde 2009. Ela publicou várias obras de referência sobre filósofos estóicos, bem como vários artigos sobre as virtudes e política.

______.

ARRIANO FLÁVIO. As Diatribes de Epicteto. Livro I. Tradução, introdução e comentário Aldo Dinucci. Universidade Federal de Sergipe. Série Autores Gregos e Latinos Coimbra, Imprensa da universidade de Coimbra, 2020.

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

DINUCCI, A. Fragmentos menores de Caio Musônio Rufo; Gaius Musonius Rufus Fragmenta MinoraIn: Trans/Form/Ação. vol.35 n.3 Marília, 2012.

______. Introdução ao Manual de Epicteto. 3. ed. São Cristóvão: EdiUFS, 2012.

______. Epictetus Discourses. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

______. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments: Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

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VEILLARD, Christelle. Le souffle de la raison: le défi des stoïciens. Plon, 2023.

I CICLO DE CONFERÊNCIAS: O LUGAR DE DEUS NA FILOSOFIA ALEMÃ

  No  " Canal Filosofia de Combate" Convidamos todos a participar do "I ciclo de palestras: o lugar de Deus na filosofia alem...