Recentemente (2020), tive
acesso ao livro “Kant e o poder de julgar”, de Béatrice
Longuenesse, em inglês, já tinha anotado na "wishlist"
para que, no futuro pudesse ler. Com grande surpresa, assim que saiu uma
tradução, pela Editora da Unicamp; ficou mais curto o meu
caminho até esta próxima leitura. Agora, relendo a KUK, voltei a este também.
Tudo, partindo de Kant e o fim da metafísica.
Hoje, acrescento um livro que estou lendo, também de Béatrice Longuenesse: ‘I, Me, Mine. Back to Kant, and Back Again”. Uma "Defesa de uma interpretação normativa da síntese em Kant" - Beatrice Longuenesse. (2017).
Junto a este, um outro estudo que recentemente, num dia como hoje, durante os estudos, tive acesso; o livro escrito por Katharina Kraus. Uma autora que estuda a obra de Immanuel Kant, que à ´poca não conhecia e produziu essa obra focada numa abordagem da história da filosofia moderna, especialmente, na filosofia da mente e psicologia.
As duas pesquisadoras, em grande medida, tratam da concepção de autoconhecimento empírico de Kant, bem como à perspectiva da primeira pessoa, incluindo questões como seu status epistêmico especial, sua relação com a racionalidade e sua relevância para a psicologia científica. Além disso, Kraus, por exemplo, também está interessada em filosofia da ciência, epistemologia e psicologia moral. Isso me fez ter interesse em acompanhar mais de perto essas produções.
Aos estudos!
“Béatrice Longuenesse apresenta uma exploração original de nossa compreensão
de nós mesmos e da maneira como falamos sobre nós mesmos. Na primeira parte do
livro, ela discute análises contemporâneas de nosso uso de 'eu' na linguagem e
no pensamento, e as compara com o relato de Kant sobre autoconsciência,
especialmente o tipo de autoconsciência expresso na proposição 'eu penso'. De
acordo com muitos filósofos contemporâneos, necessariamente, qualquer instância
de nosso uso de 'eu' é apoiada por nossa consciência de nosso próprio corpo.
Para Kant, em contraste, 'eu penso' apenas expressa nossa consciência de
estarmos empenhados em trazer unidade racional aos conteúdos de nossos estados
mentais. Na segunda parte do livro, Longuenesse analisa os detalhes da visão de
Kant e argumenta que as discussões contemporâneas em filosofia e psicologia se
beneficiam dos insights de Kant sobre a autoconsciência e a unidade da
consciência. A terceira e última parte do livro esboça semelhanças entre a
visão de Kant da
estrutura da vida mental fundamentando nossos
usos de 'eu' em 'eu penso' e no moral 'eu deveria', por um lado; e a análise de
Freud das organizações de processos mentais que ele chama de "ego" e
"superego", por outro lado. Ele oferece um relato de desenvolvimento
das capacidades normativas que fundamentam nossos usos de 'eu', que Kant pensou
que não poderia ser explicado sem apelar para um mundo de inteligências puras,
distinto do mundo empírico e natural das entidades físicas.
______.
“Béatrice Longuenesse
presents an original exploration of our understanding of ourselves and the way
we talk about ourselves. In the first part of the book she discusses
contemporary analyses of our use of 'I' in language and thought, and compares
them to Kant's account of self-consciousness, especially the type of
self-consciousness expressed in the proposition 'I think.' According to many
contemporary philosophers, necessarily, any instance of our use of 'I' is
backed by our consciousness of our own body. For Kant, in contrast, 'I think'
just expresses our consciousness of being engaged in bringing rational unity
into the contents of our mental states. In the second part of the book,
Longuenesse analyzes the details of Kant's view and argues that contemporary
discussions in philosophy and psychology stand to benefit from Kant's insights
into self-consciousness and the unity of consciousness. The third and final
part of the book outlines similarities between Kant's view of the
structure of mental life grounding our uses of 'I' in 'I think' and in the
moral 'I ought to, ' on the one hand; and Freud's analysis of the organizations
of mental processes he calls 'ego' and 'superego' on the other hand.
Longuenesse argues that Freudian metapsychology offers a path to a
naturalization of Kant's transcendental view of the mind. It offers a
developmental account of the normative capacities that ground our uses of 'I, '
which Kant thought could not be accounted for without appealing to a world of
pure intelligences, distinct from the empirical, natural world of physical
entities.”
______.
BECKENKAMP, Joãosinho. Introdução à filosofia crítica de Kant. Editora UFMG, 2017.
FERRY, Luc. Kant: uma leitura das três "Críticas". 3. ed. Rio de Janeiro: Difel, 2009.
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______. Crítica da razão prática. Edição bilíngüe.Tradução Valerio Rohden. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
____. Crítica da faculdade do juízo. Trad.Valerio Rohden e António Marques. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1993.
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LEBRUN, G. Kant e o fim da metafísica. Martins Fontes, São Paulo, 1993.
__________. Sobre Kant. Iluminuras, São Paulo, 2001.
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