"Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer." (CALVINO, 2007, p. 11)
.'.
Prosseguindo com as atividades normais, intenso trabalho e releitura de sempre. Enquanto isso, retomei nos últimos dias
leitura que desde a graduação, sempre revisito. É um grande clássico, e ler e
reler os clássicos tenho tornado norma por aqui. Nenhum dos meus interesses
excluem os clássicos, indispensáveis
Como é o caso desses dois: "Regras Para a Direção do Espírito" e "As paixões da alma", de René Descartes, um dos grandes autores, de quem sempre extraio excertos para reflexões no blog:
Link do Blog pessoal:
https://marcosfilosofiamoderna.blogspot.com/
Basicamente, resumindo as doze Regras temos o seguinte:
1. "O objetivo dos nossos estudos deve ser a direção da
nossa mente para que ela possa formar julgamentos sólidos e verdadeiros sobre
quaisquer assuntos que surjam.
2. Devemos nos ocupar apenas com aqueles objetos que
nossos poderes intelectuais parecem competentes para conhecer de forma segura e
indubitável.
3. No que diz respeito a qualquer assunto que nos
propomos investigar, devemos investigar não o que outras pessoas pensaram, ou o
que nós mesmos conjecturamos, mas o que podemos perceber clara e manifestamente
por intuição ou deduzir com certeza. Pois não há outra maneira de adquirir
conhecimento.
4. É necessário um método para descobrir a verdade.
5. O método consiste inteiramente na ordem e
disposição dos objetos para os quais nossa visão mental deve ser dirigida se
quisermos descobrir alguma verdade. Cumpriremos isso exatamente se reduzirmos
passo a passo as proposições complicadas e obscuras àquelas que são mais
simples e, então, começando pela apreensão intuitiva de todas aquelas que são
absolutamente simples, tentarmos ascender ao conhecimento de todas as outras
por passos precisamente semelhantes.
6. Para separar o que é bastante simples do que é
complexo, e para organizar estas questões metodicamente, devemos, no caso de
cada série em que deduzimos certos factos uns dos outros, notar qual dos factos
é simples, e para marcar o intervalo, maior, menor ou igual, que separa todos
os outros deste.
7. Se quisermos que a nossa ciência seja completa,
todas as questões que promovem o fim que temos em vista devem ser examinadas
por um movimento de pensamento que seja contínuo e em nenhum lugar
interrompido; devem também ser incluídos numa enumeração que seja ao mesmo
tempo adequada e metódica.
8. Se, nas questões a serem examinadas, chegarmos a um
passo na série cuja compreensão não é suficientemente capaz de ter uma cognição
intuitiva, devemos parar brevemente aí. Não devemos fazer nenhuma tentativa de
examinar o que se segue; Assim nos pouparemos de trabalho supérfluo.
9. Deveríamos dar toda a nossa atenção aos fatos mais
insignificantes e mais facilmente dominados, e permanecer muito tempo
contemplando-os até que estejamos acostumados a contemplar a verdade clara e
distintamente.
10. Para que possa adquirir sagacidade, a mente deve
ser exercitada em prosseguir apenas aquelas questões cuja solução já foi
encontrada por outros; e deveria percorrer de maneira sistemática até mesmo as
invenções humanas mais insignificantes, embora devam ser preferidas aquelas em
que a ordem é explicada ou implícita.
11. Se, depois de termos reconhecido intuitivamente uma
série de verdades simples, desejarmos extrair delas alguma inferência, será
útil examiná-las num ato de pensamento contínuo e ininterrupto, para refletir
sobre suas relações mútuas e compreender reunir distintamente um número dessas
proposições, tanto quanto possível, ao mesmo tempo. Pois esta é uma forma de
tornar o nosso conhecimento muito mais certo e de aumentar enormemente o poder
da mente.
12. Finalmente, devemos empregar todos os recursos da
compreensão, da imaginação, dos sentidos e da memória, primeiro com o propósito
de ter uma intuição distinta de proposições simples; em parte também para
comparar as proposições."
Os Grifos e Destaques são meus.
______.
ARRIANO
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