Retomando, porque reapareceu nas
"lembranças" aqui; de uma reflexão que fiz em 2015 e decidi
acrescentar, hoje, alguns elementos para novas reflexões. O livro que li,
recentemente, mantendo as leituras e releituras costumeiras, foi lançado em 2020: "Yes to Life: in spite of everything",e, aliás, coloquei
como título desse texto. Uma visão pessoal, somente.
“Por mais que se
justifique que o escritor possa partilhar com o leitor seu senso de
futilidade, é um cinismo irresponsável proclamar o absurdo da
existência. Se o escritor não for capaz de imunizar o leitor contra o
desespero, deveria ao menos abster-se de inoculá-lo.” (FRANKL, 2005,
p. 94)
Especialistas em críticas (de
preferência as que só denigrem, sem nem saber o que se passa); mestres em
apontar defeitos alheios... tremem quando o assunto é cuidarem de si
mesmos.
Por isso, já há algum tempo, cuido do verbo!
Primeiro, reaprendendo a escrever; depois, se a isso me atrevo, opto sempre por
ser aprendiz de uma postura de buscador da serenidade. De nada
valeria acrescentar inúmeros volumes em estudos se não fosse para destes
extrair novas formas de pensar, de viver; e, no fundo, alçar a novas formas de
agir.
É nesse sentido, da autorreflexão, o
ocupar-me com os exercícios (aplicação dos princípios) na
prática do que aprendo.
Recentemente, por exemplo:
Reli, um texto de Epicteto,
sobre o fato de colocarmos em prática o que aprendemos sobre nossos juízos de
bem e mal. Diz ele, no cap. XVI, do seu "Entretiens". Livre
II, (2002): “Que nous ne nous exerçons a faire l'appication de nos jugements
concernant les biens et les maux. (p. 62-68)
Destaquei do capítulo, os elementos abaixo:
1. "Procurar as nossas falhas"
2. "Buscar em nós os remédios para as nossas inquietudes"
3. "Retificar nossos juízos"
A isso tudo tenho juntado reflexões,
sobre como superar velhas concepções sobre o amor, a felicidade e verdade.
Tenho aprendido, que o amor existe,
a felicidade é possível e, como dizia o Platão,
no Górgias (473b): "a Verdade jamais
é refutada".
Depois, ainda aprendendo, acrescentei
aqui, nessa reflexão, o fato de que a "Vida tem um
Sentido (Frankl, 2005)."
E, não me restam dúvidas de que se
empreendendo esforços nessas buscas, serei melhor sucedido do que ocupar-me com
“defeitos alheios”.
Ataco os meus!
.'.
Ademais, na base de certas concepções
que adotamos apressadamente está uma visão unilateral da vida, materialista,
calcada em “presentismos” sem uma transcendência elementar,
apesar de alguns dos autores (escolhidos, exatamente, por não defenderem
uma “auto-ajuda” simplória) - são indicados aqui, mesmo não
defendendo algo de “transcendente”. E, todos reconhecem a dificuldade da
realização do que propõem como “cuidar de si”. Vale, no entanto, acima de tudo,
o que há de boa filosofia!
E, "é realmente curioso ver o
materialismo falar incessantemente da necessidade de elevar a dignidade do
homem, quando se esforça para reduzi-lo a um pedaço de carne que apodrece e
desaparece sem deixar qualquer vestígio; de reivindicar para si a liberdade
como um direito natural, quando o transforma num mecanismo, marchando como um
boneco, sem responsabilidade por seus atos. (REVUE. março de 1869)”
Portanto:
Que eu esteja atento à necessidade de que a antiga recomendação socrática ainda tem importância fundamental; a este acrescentados os demais autores aqui indicados. Só uma tentativa de trilhar o bom-senso e vigiarmos a nós mesmos! “Uma vida não examinada não vale a pena ser vivida pelo homem (ὁ ... ἀνεξέταστος βίος οὐ βιωτὸς ἀνθρώπῳ)". De Sócrates, na Apologia de Platão
Uma vida não examinada
Mas, enfim: "Incorre em culpa o
homem por estudar os defeitos alheios?"
“Incorrerá em grande culpa, se o fizer
para os criticar e divulgar, porque será faltar com a caridade. Se o fizer para
sua instrução pessoal e para evitá-los em si próprio, tal estudo poderá algumas
vezes ser-lhe útil. Importa, porém, não esquecer que a indulgência para com os
defeitos de outrem é uma das virtudes contidas na caridade. Antes de
censurardes as imperfeições dos outros, vede se de vós não poderão dizer o
mesmo. Tratai, pois, de possuir as qualidades opostas aos defeitos que
criticais no vosso semelhante. Esse o meio de vos tornardes superiores a ele.
Se lhe censurais o ser avaro, sede generosos; se o ser orgulhoso, sede humildes
e modestos; se o ser áspero, sede brandos; se o proceder com pequenez, sede
grandes em todas as vossas ações." (
A se buscar ...
(grifos e destaques meus)
...
EPICTÈTE. Entretiens. Trad. Joseph Souilhé. Livre
II. Paris: Les Belles Lettres, 2002. - (cap. XVI. "Que nous
ne nous exerçons a faire l'appication de nos jugements concernant les biens et
les maux." (p. 62-68)).
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