“Wieviel ist aufzuleidenn” (RILKE)
“O homem procura sempre um significado para a sua vida. Ele está
sempre movendo-se em busca de sentido de seu viver; em outras palavras, devemos
considerar aquilo que chamo de ‘vontade de sentido’ como um interesse primário
do homem [...]” (2005, p. 29)
“A liberdade do ser humano, a qual não se lhe pode tirar, permite-lhe, até o último suspiro, configurar a sua vida de modo que tenha sentido [...] Se é que a vida tem sentido, também o sofrimento necessariamente o terá”
Mais de uma vez escrevi aqui, destacando para minha aprendizagem, a
maneira peculiar com que Viktor E. Frankl (1905 – 1997), investigou a questão
do "sentido" ultrapassando em grande medida, uma
mera especulação. Pelo contrário: é possível extrair de sua posição uma boa
reflexão filosófica.
É sabido que parte do problema expresso pelo “sentimento de
vazio de sentido” que leva as pessoas a procurar o psicólogo e
o psiquiatra; um “vazio existencial” e
a “depressão”, há muito discutidas nas áreas de saúde,
apresentam-se cada vez mais como “doenças do século XXI”; ponto
alto da investigação de Frankl em seu livro. O fato de o homem, na maioria das vezes, não saber o que quer
deveria, segundo ele, servir para que tal ignorância a respeito de tal "sentido" fosse
substituída por uma profunda reflexão
sobre a Vida.
“Da confusão nascia o sentimento de falta de sentido da vida. A compensação financeira ou, dentro de certos limites, a segurança social não bastam. O homem não vive apenas de bem-estar material” (FRANKL, 2005, p. 23)
Ou seja, a discussão “terapêutica” de Frankl coloca o problema da “busca de sentido” como um tema de fundamental interesse humano, não somente como reflexão que aumente o sentido da existência mas como algo segundo o qual seria impossível viver sem. Buscar sentido em Viver constitui, portanto, para Frankl, a questão existencial primeira. Dado que é um sobrevivente de “campos de concentração” torna-se mais intenso o que ele pretende com a sua proposta: quase que num sentido kantiano de que viver é um dever. A busca pelo sentido, portanto, é imprescindível: viver bem.
Em ‘Um sentido para a vida’, Viktor Frankl retorna ao humanismo que fez de Man’s Search for Ultimate Meaning um bestseller no mundo todo. Em nossa época de falta de sentido para a vida e de despersonalização, o Dr. Frankl levantou uma voz solitária e forte contra a falta de dimensão humana na psicoterapia. Neste livro, ele refuta o ‘pseudohumanismo’ que invadiu a psicologia popular e a psicanálise. E, pela explicitação das mais significativas características humanas, ele revigora a área com muito humanismo, ao mesmo tempo que preserva as tradições inestimáveis tanto da análise freudiana como do comportamento.”
(Grifos e destaques são meus)
______.
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