sexta-feira, 26 de julho de 2024

BREVÍSSIMA REFLEXÃO A PARTIR DE SCHOPENHAUER EM "SOBRE A FILOSOFIA UNIVERSITÁRIA"

Li, reli e gostei muito à época de graduação!
Não resisti, reli mais uma vez!

Evidente que estava relendo a crítica que Arthur Schopenhauer faz à Filosofia de Kant em “Crítica da filosofia kantiana” (apêndice da obra Mundo como vontade de representação), mas não resisti essa crítica que ele faz à alienante "vida universitária".

Isso posto, importante lembrar que faz antes e é muito conhecido pela crítica que faz ao idealismo hegeliano. Para mim, quase um libertário ao destacar a importância da liberdade de pensamento que o filósofo deve perseverar em presevar . Reli exatamente por isso mesmo, só por isso!

Mas, antes e voltar a Kant, destaco:

"Ressaltando a importância da reflexão individual, crítica e livre dos vícios escolares, este ensaio torna patente quão equivocado é esse tipo de comparação que, ao privilegiar nomes consagrados, enfraquece a força de um pensamento ainda hoje tão instigante e não enxerga a originalidade de uma filosofia tão antidogmática quanto a de Arthur Schopenhauer, marcada pela recusa de todo sistema fechado."

Link e o primeiro parágrafo do livro: Sobre a filosofia universitária - Arthur Schopenhauer.

“Os fins estatais da filosofia universitária foram, porém, os que propiciaram à Hegelharia um favor ministerial tão impar. Pois, para ela, o Estado era o “organismo ético absolutamente perfeito”, e ela fazia com que todo o fim da existência humana se absorvesse no Estado. Poderia haver uma melhor orientação para os futuros referendários e, em breve, funcionários do Estado do que aquela segundo a qual toda a sua essência e ser, como corpo e alma, pertencera completamente ao Estado, como a abelha à colmeia, e do que aquela, segundo a qual eles não teriam de buscar outra coisa, nem neste nem num outro mundo, a não ser cooperar como engrenagens úteis para manter em funcionamento a grande máquina do Estado, este ultimus finis bonorum [1]? Portanto, o referendário e o homem eram um e o mesmo. Essa era uma autêntica apoteose do filisteísmo”.

https://philosophiaediscipulus.wordpress.com/wp-content/uploads/2016/05/pdf-arthur-schopenhauer-sobre-a-filosofia-universitc3a1ria2.pdf

______.

AMERIKS, Karl; BOYLE, Nicolas; DISLEY, Liz; The impact of idealism (4 volumes). Philosophy and natural sciences: the legacy of post-kantian german thought. Cambridge University Press, 2013. (Vol. I)

_______. WALKER, John.The impact of idealism (4 volumes). Historical, Social and Political Thought: the Legacy of Post-Kantian German Thought. Cambridge University Press, 2013. (Vol.II)

_______. Ian COOPER, Christoph Jamme. The impact of idealism. Aesthetics and literature: the legacy of Post-Kantian German Thought. Cambridge University Press, 2013. (Vol. III).

BAVARESCO, Agemir Bavaresco; TAUCHEN, Jair Tauchen; PONTEL, Evandro Pontel (Orgs.). De Kant a Hegel: Leituras e atualizações. - Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2019.

BECKENKAMP, Joãosinho. Entre Kant e Hegel. Porto Alegre: Edipucrs, 2004, 288 p.

FERREIRO, Héctor; HOFFMANN, Thomas Sören; BAVARESCO, Agemir (Orgs.). Los aportes del itinerario intelectual de Kant a Hegel. Porto Alegre, RS, Editora Fi: EDIPUCRS, 2014. (Comunicaciones del I Congreso GermanoLatinoamericano sobre la Filosofía de Hegel. Português./Espanhol)

FERRY, Luc. Kant: uma leitura das três "Críticas". 3. ed. Rio de Janeiro: Difel, 2009.

GUYER, PAUL. The Cambridge companion to Kant. Cambrridge University Press, UK, 1992.

HÖFFE, Otfriede. Immanuel Kant. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

______. Immanuel Kant. München: C. H. Beck, 2004.

______. Kant: crítica da razão pura: os fundamentos da filosofia moderna. São Paulo: Edições Loyola, 2013.

SCHOPENHAUER, Arthur. 3. ed. Sobre a filosofia universitária. Tradução, apresentação e notas de Maria Lúcia Mello Oliveira Cacciola e Márcio Suzuki. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2023.

______.  Mundo como vontade de representação; Crítica da Filosofia Kantiana/ Parerga e Paralipomena... 5. ed. Nova Cultural, 1991. (col. Os Pensadores*)

* “A coleção Os Pensadores reúne as maiores obras dos mais significativos ícones do pensamento humano. Neste volume, estão reunidas as obras "Crítica da Filosofia Kantiana", "Parerga e Paralipomena (Capítulos V, VIII, XII e XIV)" e "O Mundo Como Vontade e Representação (III Parte)". Bela oportunidade para conhecer ou iniciar a leitura da obra do filósofo Schopenhauer.”

quinta-feira, 25 de julho de 2024

REFLEXÃO MATINAL CLXXXVII: O ENSINO DA ÉTICA E O ANEL DE GIGES (II)

(IMAGEM: "Pinterest")

Revisitando um tema; acrescentando alugumas anotações utilizando novas referências!

1. A partir de releitura da Crítica da razão prática e da Metafísica dos costumes, principalmente a Parte segunda que trata da Doutrina da virtude. Estudando atentamente o capítulo mas, para esse texto, vou focar na Doutrina do métodos da ética, com especial atenção nos itens: “O ensino ético” e a “Ascese ética”

Ponto de partida:

Que a virtude tenha de ser adquirida (que não seja inata) é algo dado já em seu próprio conceito, sem que seja necessário referir-se a conhecimentos antropológicos provenientes da experiência. Pois a faculdade moral do homem não seria virtude se não fosse produzida por meio da firmeza de propósito na luta contra tão poderosas inclinações conflituosas. A virtude é o produto da razão prática pura, na medida em que esta, na consciência de sua superioridade (pela liberdade), adquire supremacia sobre aquelas.

Que a virtude possa e tenha de ser ensinada decorre de ela não ser inata, assim, a doutrina da virtude [Tugendlehre] é objeto de ensinamento. Entretanto, como a força para praticar as regras não é adquirida por meio do mero ensino sobre como devemos nos comportar para nos adequarmos ao conceito da virtude, os estoicos pensavam que a virtude não pode ser ensinada por meio de meras representações do dever, por meio de exortações (por paranese), mas tem de ser cultivada por meio da tentativa de combater o inimigo interior do homem (asceticamente), tem de ser exercitada; porque não se pode de imediato tudo o que se quer se antes não se tiver exercitado e praticado as próprias forças, mas para isso, certamente, tem-se de tomar a decisão completamente e de uma vez por todas, pois, do contrário, a intenção [Gesinnung] (animus), com uma capitulação com o vício para dele se afastar gradualmente, seria em si impura e mesmo viciosa, portanto, tampouco produziria virtude alguma (enquanto aquela que assenta em um princípio único).”

2. A reflexão aqui proposta é uma continuação de uma outra, iniciada em salas de aula, durante alguns anos, com o texto, também de Platão, o "Ménon" (70a - 74b), sobre o que é virtude (areté) e se esta pode ser "ensinada" ou é "inata". Sócrates e Ménon discutem sobre esta questão. 

A tentativa de aproximação entre dois textos de Platão, o "Ménon" e este, apresentado abaixo; "O anel de Giges", retirado da "República", (livros II e III) visa uma  reflexão, mais especificamente, sobre a prática da "Virtude".

Diferente de se pensar se é inata ou adquirida, a questão agora, no "Anel de Giges", é pensar se, sob certas condições, os homens agem em oposição ao que se espera de cada um.

Trata-se de Platão, na sua obra "A República" (Livro II e III, principalmente em 359b - 360a): "O mito do Anel de Giges" - em que se discute se "os homens só são justos porque temem o castigo. A conduta ética depende apenas do medo da punição?"

Ao texto, reflitamos: 

"(359b-360a) Glauco: Vamos provar que a justiça só é praticada contra a própria vontade dos indivíduos e devido à incapacidade de se fazer a injustiça, imaginando o que se segue. Vamos supor que se dê ao homem de bem e ao injusto igual poder de fazer o que quiserem, seguindo-os para ver até onde os leva a paixão. Veremos com surpresa o homem de bem tomar o mesmo caminho que o injusto, este impulsionado a querer sempre mais, impulso que se encontra em toda natureza, mas ao qual a força da lei impõe limites. O melhor meio de testá-los da maneira como digo seria dar-lhes o mesmo poder que, segundo dizem, teve Giges, o antepassado do rei da Lídia. Giges era um pastor a serviço do então soberano da Lídia. 

Devido a uma terrível tempestade e a um terremoto, abriu-se uma fenda no chão no local onde pastoreava o seu rebanho. Movido pela curiosidade, desceu pela fenda e viu, admirado, um cavalo de bronze, oco, com aberturas. E ao olhar através de uma das aberturas viu um homem de estatura gigantesca que parecia estar morto. O homem estava nu e tinha apenas um anel de ouro na mão. Giges o pegou e foi embora. Mais tarde, tendo os pastores se reunido, como de hábito, para fazer um relatório sobre os rebanhos ao rei, Giges compareceu à reunião usando o anel. Sentado entre os pastores, girou por acaso o anel, virando a pedra para o lado de dentro de sua mão, e imediatamente tornou-se invisível para os outros, que falavam dele como se não estivesse ali, o que o deixou muito espantado. Girou de novo o anel, rodando a pedra para fora, e tornou-se novamente visível. Perplexo, repetiu o feito para certificar-se de que o anel tinha esse poder e concluiu que ao virar a pedra para dentro tornava-se invisível e ao girá-la para fora voltava a ser visível. Tendo certeza disso, juntou-se aos pastores que iriam até o rei como representantes do grupo. Chegando ao palácio, seduziu a rainha e com a ajuda dela atacou e matou o soberano, apoderando-se do trono. Vamos supor agora que existam dois anéis como este e que seja dado um ao justo e outro ao injusto. Ao que parece não encontraremos ninguém suficientemente dotado de força de vontade para permanecer justo e resistir à tentação de tomar o que pertence a outro, já que poderia impunemente tomar o que quisesse no mercado, invadir as casas e ter relações sexuais com quem quisesse, matar e quebrar as armas dos outros. Em suma, agir como se fosse um deus. Nada o distinguiria do injusto, ambos tenderiam a fazer o mesmo e veríamos nisso a prova de que ninguém é justo porque deseja, mas por imposição. A justiça não é, portanto, uma qualidade individual, pois sempre que acreditarmos que podemos praticar atos injustos não deixaremos de fazê-lo.

De fato, todos os homens creem que a injustiça lhes traz individualmente mais vantagens do que a justiça, e têm razão, se levarmos em conta os adeptos dessa doutrina. Se um homem que tivesse tal poder não consentisse nunca em cometer um ato injusto e tomar o que quisesse de outro, acabaria por ser considerado, por aqueles que conhecessem o seu segredo, como o mais infeliz e tolo dos homens. Não deixariam de elogiar publicamente a sua virtude, mas para disfarçarem, por receio de sofrerem eles próprios alguma injustiça. Era isso o que tinha a dizer.”

...

Acrescento ainda, um livro de Eduardo Gianetti que li recentemente: 

Uma reflexão a um só tempo acessível e erudita sobre a diferença entre ser e parecer.

A fábula de Giges, presente no segundo livro da República de Platão, na qual um camponês encontra um anel capaz de lhe conceder o poder da invisibilidade, é o tema do mais novo livro de Eduardo Giannetti.

Em uma análise do experimento mental de se viver sem impedimentos ou censura social, O anel de Giges nos convida a pensar a natureza de nosso comportamento para além de leis e amarras morais. Para tal, Giannetti examina os ideais de plenitude e felicidade das tradições filosóficas ocidentais e como as diferentes escolas de pensamento ético ― de Platão ao cristianismo, de Kant ao utilitarismo ― reagiriam diante do desafio do anel.
Neste livro, o autor de Autoengano volta a encorajar o leitor a desconfiar de si mesmo e se questionar sobre suas atitudes enquanto espectador de sua própria vida em circunstâncias inusuais: o que você faria se o anel chegasse às suas mãos?

3. Eis, portanto, bons textos sugeridos para reflexão sobre nossas atitudes.

A principal questão: o que nós faríamos se tivessemos um tal anel? 

A nossa resposta nos colocaria em cheque sobre como agiríamos ou devessemos agir?

Ora, Giges se apossa de algo que não lhe pertence, em seguida, percebendo o repentino poder, se corrompe. Seu lado "ruim" vem à tona. Nas mesmas condições, faríamos diferente?

Com a "história" de Giges, refletiríamos sobre o que criticamos nos outros. Se já percebessemos tal "inclinação"; tentaríamos corrigir em nós?

No fim da obra, Platão diz que devemos ser justos, "com anel ou sem anel", que as nossas escolhas revelam o que há de obscuro no que somos (ou parecemos ser). Bom refletirmos sobre isso!

E é por isso, prosseguindo e aproximando da nossa pesquisa mais diretamente, anoto a partir da Crítica da razão prática e da Religião nos limites da simples razão:

A doutrina da Religião nos limites da simples razão.

A Dialética da razão prática pura em geral. O Sumo Bem.

Supressão crítica da antinomia da razão prática.

Os postulados da razão prática pura em geral.

 “O ensino ético” e a “Ascese ética”

______.

GIANETTI, Eduardo. O anel de Giges. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.

KANT, Immanuel. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

______. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Guido A. de. São Paulo: Discurso editoria: Barcarola, 2009.

______. A metafísica dos costumes. Trad. Clélia Aparecida Martins. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

______. A religião nos limites da simples razão. Edições 70, Lisboa, 1992.

______. A religião nos limites da razão pura. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2024.

______.Vorlesung über die philosophische EncyclopädieIn: Kant gesalmmelte Schriften, XXIX, Berlin, Akademie, 1980, pp. 8 e 12).

MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética. Rio Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007. p. 30-32).

PLATÃO. Ménon. 8. ed. São Paulo: Loyola, 2001.

______. República. 12. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2001.

______. República. 3. ed. Belém, PA: EDUFPA. Trad. Carlos Alberto Nunes, 2000.

Vídeo "Anel de Giges": https://www.youtube.com/watch?v=QqB-s0nvdUs

terça-feira, 23 de julho de 2024

SOBRE O CONCEITO DE INCOMENSURABILIDADE NA CIÊNCIA

 

Livro novo, começando a ler!

Pensando!

Aproveitando a leitura desse livro para pensar sobre o contexto de formação dos princípios e tentando aproximar Immanuel Kant e Thomas S. Kuhn. Considero acompanhar a evolução do problema da racionalidade científica segundo Kant, passando por Carnap e outros e chegando a Thomas S. Kuhn. Como a concepção kantiana original dos princípios científicos a priori e também podem se desenvolver em meio às “revoluções (crises) dos paradigmas”. Nisso, compreender o conceito de incomensurabilidade teria um papel importante.

Entre outros dele, agora, lendo estes que são "os últimos escritos de Thomas Kuhn".

E, quanto a esse conceito de "incomensurabilidade" recordo-me, com saudades, do último ano de graduação.

"Os objetivos de Kuhn em seus últimos escritos são audaciosos. Ele se propõe a desenvolver uma teoria empiricamente fundamentada de significado que permita dar sentido tanto à possibilidade de compreensão histórica quanto à inevitabilidade da incomensurabilidade entre a ciência passada e a ciência do presente."

...

Sobre o autor: "Thomas S. Kuhn (1922-1996) foi um dos mais importantes filósofos da ciência do século XX. Natural de Cincinnati, Ohio, nos Estados Unidos, formou-se em física, em 1943, pela Universidade de Harvard, onde também se titulou mestre, em 1946, e doutor, em 1949, nessa mesma disciplina. Em 1957 publicou seu primeiro livro, The Copernican Revolution [A revolução copernicana], mas foi com a publicação de A estrutura das revoluções científicas (1962) que Kuhn obteve notoriedade no campo da epistemologia. Dele, a Editora Unesp publicou também A tensão essencial (2011) e O caminho desde a estrutura (2.ed.: 2017)'

______.

CHALMERS, A. (2013). The limitations of falsificationism. In: A. Chalmers (Ed.), What is this thing called science? (4th ed., pp. 81–96). essay, University of Queensland Press.

HANSSON, Sven Ove. Belief Change: introduction and overview. Springer,  2018.

______. Vetenskap och ovetenskap. Stockholm: Tiden, 1983.

______. Defining Pseudoscience In: Philosophia Naturalis, 33: 169–176. 1996.

______. Falsificationism Falsified. In: Foundations of Science, 11: 275–286, 2006.

______. Values in Pure and Applied Science. In: Foundations of Science, 12: 257–268, 2007.

_____. Philosophy in the Defence of Science. In: Theoria, 77(1): 101–103, 2011., Theoria, 77(1): 101–103, 2011.

______. Defining pseudoscience and science.  In: Pigliucci and Boudry (eds.), pp. 61–77, 2013.

______. Philosophy of pseudoscience: reconsidering the demarcation problem. University of Chicago Press; Illustrated edição, 2013.

KUHN, T. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 2009.

______. 1974. “Logic of Discovery or Psychology of Research?”, pp. 798–819 In: P.A. Schilpp, The Philosophy of Karl Popper. The Library of Living Philosophers, vol xiv, book ii. La Salle: Open Court.

______. A incomensurabilidade na ciência: os últimos escritos. São Paulo: Ed. Unesp, 2024.

______. O caminho desde a estrutura: ensaios filosóficos. 2. ed., 1970-1993, com uma entrevista autobiográfica. São Paulo: Ed. Unesp, 2024.

LAKATOS, Imre. O falseamento e a metodologia dos programas de pesquisa científica. In: LAKATOS, I. e MUSGRAVE, A. (org.) A crítica e o desenvolvimento do conhecimento. São Paulo: Cultrix, 1979.

_____. History of science and its rational reconstructions. In: HACKING, I. (org.) Scientific revolutions. Hong-Kong: Oxford University, 1983.

______. Matemática, ciencia y epistemología. Madrid: Alianza, 1987.

______. La metodología de los programas de investigación científica. Madrid: Alianza, 1989.

______. “Popper on Demarcation and Induction”, pp. 241–273 In: P.A. Schilpp, The Philosophy of Karl Popper. The Library of Living Philosophers, vol xiv, book i. La Salle: Open Court, 1974a.

_____. “Science and pseudoscience”, pp. 114–121 In: S Brown et al. (eds.) Conceptions of Inquiry: A Reader London: Methuen, 1981.


domingo, 21 de julho de 2024

REFLEXÃO MATINAL CLXXXVI: A VIDA FELIZ E UMA ESPIRITUALIDADE LAICA (IV)



 
(IMAGEM: "Pinterest")

Primeiro cafezinho do dia!

Antes de iniciar os trabalhos na Oficina, uma reflexão sobre "Espíritos muito livres":

"Sehr Geisterfrei" que nada! São medrosos, fanfarrões!

Cada vez que os ouço, embora eu fuja sempre; eles reaparecem; pululam na sociedade, em todo lugar, com suas ideias abjetas, referendadas por títulos absurdos, estapafúrdios nos quais se apoiam. Mas, "[...] o nada os amedronta mais do que eles quereriam que parecesse, e os espíritos fortes, quase sempre, são antes fanfarrões do que bravos. Na sua maioria, só são materialistas porque não têm com que encher o vazio do abismo que diante deles se abre. Mostrai-lhes uma âncora de salvação e a ela se agarrarão pressurosamente."

São até aplaudidos! Assim, vou ainda mais, para longe da turba!

Até retornei a uma publicação que fiz aqui, em 02 de agosto de 2017, na série de reflexões matinais, vespertinas e noturnas que tenho feito à maneira Estoica (em certa medida) e do L.E. (em grande medida) por isso, estou citando abaixo, com total isenção de ânimo:

"O homem carnal, mais preso à vida corpórea do que à vida espiritual, tem, na Terra, penas e gozos materiais. Sua felicidade consiste na satisfação fugaz de todos os seus desejos. Sua alma, constantemente preocupada e angustiada pelas vicissitudes da vida, se conserva numa ansiedade e numa tortura perpétuas. A morte o assusta, porque ele duvida do futuro e porque tem de deixar no mundo todas as suas afeições e esperanças.

O homem moral, que se colocou acima das necessidades factícias criadas pelas paixões, já neste mundo experimenta gozos que o homem material desconhece. A moderação de seus desejos lhe dá ao Espírito calma e serenidade. Ditoso pelo bem que faz, não há para ele decepções, e as contrariedades lhe deslizam por sobre a alma sem nenhuma impressão dolorosa deixarem."

. ' .

"[...] desvia do mal, pratica o Bem, busca a Paz e segue seu caminho." (Tehilim 34:15)

(Grifos e Destaques meus)

______.

CÍCERO, M.T. 1988. De finibus bonorum et malorum / Über die Ziele des menschlichen Handelns. Edição e tradução: Olof Gigon. München/Zürich: Ártemis.

COMTE-SPONVILLE, André. Pequeno tratado das grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 2009. 

______. A felicidade, desesperadamente. São Paulo: Martins Fontes 2001. 

CUNHA, Bruno. A gênese da ética em Kant. São Paulo: Editora LiberArs, 2017

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; Fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.

______. As diatribes de Epicteto. livro I. Tradução do grego, introdução e comentários Aldo Dinucci. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2020.

FERRY, Luc. La vie heureuse: sagesses anciennes et spiritualité laïque. Paris: Editions L’Observatoire, 2022.

______. A vida feliz: sabedorias antigas e espiritualidade laica. Petrópolis, RJ: Vozes Nobilis, 2023.

FRANKL, Viktor. O sofrimento humano: Fundamentos antropológicos da psicoterapia. Trad. Bocarro, Karleno e Bittencourt, Renato. Prefácio, Marino, Heloísa Reis. São Paulo: É Realizações, 2019.

______. Em busca de sentido. 25. ed. - São Leopoldo, RS: Sinodal; Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

______. Yes to Life: In spite of everything. Beacon Press, 2020.

______. Um sentido para a vida: psicoterapia e humanismo. Aparecida, SP: Ideias e letras, 2005.

GIKOVATE, Flávio. Vício dos vícios: um estudo sobre a vaidade humana. São Paulo: MG Editores associados, 1987.

______. O mal, o bem e mais além: egoístas, generosos e justos. São Paulo: MG Editores associados, 2005.

______. Mudar: caminhos para a transformação verdadeira. São Paulo: MG Editores associados, 2014.

_____. Os sentidos da vida. São Paulo: Editora Moderna, 2009.

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

______. A filosofia como maneira de viver: entrevistas de Jeannie Carlier e Arnold I. Davidson. (Trad. Lara Christina de Malimpensa). São Paulo: É Realizações, 2016.

______. Exercícios espirituais e filosofia antiga. Trad. Flávio Fontenelle Loque, Loraine Oliveira. São Paulo: É Realizações, Coleção Filosofia Atual, 2014.

KANT, Immanuel. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

______. A religião nos limites da simples razão. Edições 70, Lisboa, 1992.

______. A religião nos limites da razão pura. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2024.

______. Lições sobre a Doutrina Filosófica da Religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis: Vozes/ São Francisco, 2019.

______. Lições de Metafísica. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis: Vozes/São Francisco, 2021.

______. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? InEstudos Kantianos, Marília, v. 8, n. 2, p. 179-189, Jul./Dez., 2020.

______. Crítica da razão prática. Tradução de Valério Rohden. São Paulo, Martins Fontes, 2002.

______. Sobre a Pedagogia. Tradução de Francisco Cock Fontenella. Piracicaba, SP: Editora Unimep, 1996.

______. Antropologia de um ponto de vista pragmático. Tradução Clélia Aparecida Martins. São Paulo: Iluminuras, 2006.

______. Sobre a Pedagogia. Petrópolis, RJ, Editora Vozes, 2021.

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). (O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro, ______. 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica). Brasília, DF: Feb, 2013. (Q. 148) também LE. Q. 625; 907-912; 919-921; 941). E, ainda Parte quarta (Das esperanças e consolações - Cap. I. Das penas e gozos terrestres. Temor da morte).

MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

______. Meditações. São Paulo: Penguim/Companhia das Letras, 2023.

MAY, Rollo. O homem à procura de si mesmo. São Paulo: Ed. Círculo do livro, 1992.

SCHOPENHAUER, Arthur. Metafísica dos costumes. São Paulo: Editora Unesp, 2024.

______. Os dois problemas fundamentais da ética. Petrópolis, RJ: Vozes, 2024.

SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

______. Da tranquilidade da alma. (precedido de "Da vida retirada", seguido de "Da felicidade". Porto Alegre, RS: L&PM, 2009.

______. Vida Feliz. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.

VUJOŠEVIĆ, Marijana. Kant on Self-Control. Cambridge University Press; 2024.

sexta-feira, 19 de julho de 2024

REFLEXÃO MATINAL CLXXXV: A VIDA FELIZ E UMA ESPIRITUALIDADE LAICA (III)


______.

Assim, diz Musônio Rufo a alguém que se sentia cansado e derrotado: 

Por que estás parado? Pelo que esperas? Que o próprio Deus, estando ao teu lado, dirija-te a palavra? Corta a parte morta da tua alma, e conhecerás Deus”.  Trecho de uma comunicação preparada (enviada e foi aceita) para apresentação num evento sobre "estoicismo"!

Talvez, não seja um estoico, sabido que já tenho uma “filosofia de vida” bem definida a orientar-me, como sempre destaco aqui, mas revisitar as obras clássicas, é o desafio posto e mantido. Não dá para aceitar nem cogitar minimamente, as estapafúrdias propostas hodiernas.

Portanto, 

"Nada desejo do passado. Já não conto com o futuro. O presente me basta. Sou um homem feliz porque renunciei à felicidade”.
(COMTE-SPONVILLE, André. In: "A felicidade desesperadamente.")

Uma pequena reflexão sobre o que se denomina "a busca da felicidade"; por aquilo que ainda não possuímos. Diz o autor que , geralmente, perdemos a oportunidade de sermos felizes no presente, sem nos atentarmos às coisas simples da vida, o que já está em nossas mãos. E, que a tão propalada "felicidade" não consiste em apenas amar e desejar o que está distante de nós. Que busquemos a "sabedoria" para interpretar o mundo em torno de nós e, se possível, refazer os caminhos.

Ressalte-se, em tempo, para que não se identifique pessimismo ou ceticismo "radicais" (postura de outrora; hoje superada), que hoje estou entre os que tem "fé no futuro".

______.

COMTE-SPONVILLE, André. Pequeno tratado das grandes virtudes. São Paulo: Martins Fontes, 2009. 

______. A felicidade, desesperadamente. São Paulo: Martins Fontes 2001. 

FERRY, Luc. La vie heureuse: sagesses anciennes et spiritualité laïque. Paris: Editions L’Observatoire, 2022.

______. A vida feliz: sabedorias antigas e espiritualidade laica. Petrópolis, RJ: Vozes Nobilis, 2023.

Para saber mais sobre o tema:

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; Fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.

______. As diatribes de Epicteto, livro I. Tradução do grego, introdução e comentários Aldo Dinucci. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2020.

EPICURO. Carta sobre a felicidade: a Meneceu. São Paulo: Ed. Unesp, 1999.

ESPINOSA, Maria José Hernández. Epicuro e Séneca: leyendo Carta a Meneceo y La vida feliz. Publicacions de la Universitat de València, 2009.

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

HANH, Thich Nhat. Meditação andando: guia para a paz interior. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

MAY, Rollo. O homem à procura de si mesmo. São Paulo: Ed. Círculo do livro, 1992.

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). (O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro, ______. O livro dos Espíritos. 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica). Brasília, DF: Feb, 2013. (Q. 625; 907-912; 919-921 ).

LEBRUN, Gérard. O conceito de paixão. In: NOVAES, Adauto (org.). Os sentidos da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 1987.

MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

______. Meditações. São Paulo: Penguim/Companhia das Letras, 2023.

SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

______. Da tranquilidade da alma. (precedido de "Da vida retirada", seguido de "Da felicidade". Porto Alegre, RS: L&PM, 2009.

______. Vida Feliz. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009.

REFLEXÃO MATINAL CLXXXIV: ÀS COISAS SIMPLES DA VIDA



Pausa na oficina!

Por quê postar as coisas que lemos e relemos?

Talvez, só por nos mantermos firmes e convictos de que há coisas boas a se fazer ainda. Não é de todo ruim o mundo (conquanto seja de "provas e expiações"). A considerarmos, antes e acima de tudo um certo grau de "Praemeditatio Mallorum", podemos sim almejar coisas verdadeiramente nobres. Isso nos imuniza, em grande medida, de culpar os outros ou o Mundo por qualquer coisa que não fazemos melhor.

"Memento Vivere"

Sempre lendo e relendo, portanto!

Aqui, "A ilha do tesouro" e, do mesmo autor (romântico inglês), o "Dr. Jekyll and Mr. Hyde". Estão entre os primeiros que li no início da adolescência! Junto com as releituras anuais de Machado de Assis. O "Darwin" que aparece ali, é coisa da referência obrigatória somada às leituras que têm conotação mais científica, às obras frequentemente lidas e relidas, sempre com pequenas resenhas que anoto no Blog:

https://marcosfilosofiamoderna.blogspot.com/

...

Os livros:

  1. First published in book form in 1883, Treasure Island remains one of the best-loved children's stories of all time. It recounts the thrilling adventures of Jim Hawkins, a young boy who finds a mysterious map in the sea trunk of an old sailor who has died in his parent's inn. The map is of an island, and marked on it is the location of a hoard of money, hidden there by the chief of a notorious band of pirates. The local Doctor and Squire decide to set off to find the island, taking Jim with them as the cabin-boy, but they soon discover that the surviving pirates are also keen to locate the treasure. Among the colorful characters is Long John Silver, who with his missing leg and his talking parrot, has entered into popular folklore. Although written for children, this is a wonderful adventure story that can be enjoyed at any age. The world's greatest works of literature are now avaialble in these beautiful keepsake volumes. Bound in real cloth, and featuring gilt edges and ribbon markers, these beautifully produced books are a wonderful way to build a handsome library of classic literature. These are the essential novels that belong in every home. They'll transport readers to imaginary worlds and provide excitement, entertainment, and enlightenment for years to come. All of these novels feature attractive illustrations and have an unequalled period feel that will grace the library, the bedside table or bureau.
  2. "The Origin of Species attracted widespread interest upon its publication. As Darwin was an eminent scientist, his findings were taken seriously and the evidence he presented generated scientific, philosophical, and religious discussion. Within two decades there was widespread scientific agreement that evolution, with a branching pattern of common descent, had occurred. In the 1930s and 1940s, Darwin's concept of natural selection became central to modern evolutionary theory, and it has now become the unifying concept of the life sciences.
  3. O "Enterrem meu coração na curva do rio", (de maior valor sentimental incomensurável, faz-me lembrar-te), tem uma dedicatória primorosa e inesquecível: “[...] é o relato da destruição sistemática dos índios da América do Norte. Lançando mão de várias fontes, como registros oficiais, autobiografias, depoimentos e descrições de primeira mão, Dee Brown faz grandes chefes e guerreiros das tribos Dakota, Ute, Soiux, Cheyenne e outras contarem com suas próprias palavras sobre as batalhas contra os brancos, os massacres e rompimentos de acordos. Todo o processo que, na segunda metade do século XIX, terminou por desmoralizá-los, derrotá-los e praticamente extingui-los. Publicado originalmente em 1970, este livro foi traduzido para diversas línguas. Com esta obra , Dee Brown, especialista em história norte-americana, buscou mudar o modo do mundo ver a conquista do Velho Oeste e a história do extermínio dos peles-vermelhas.

 ______.

ASSIS, Machado. The Collected Stories of Machado de Assis. Translated Margareth Jull Costa and Robin Patterson.  New York: Liveright, 2018.

______. Todos os romances e contos consagrados de Machado de Assis. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira, 2016. ("Box" em três volumes)

______. Memorial de Aires. Porto Alegre, RS: L&PM, 2009.

BROWN, Dee. Enterrem meu coração na curva do rio. Porto Alegre, RS: L&PM, 2006.

DARWIN, Charles. The origin of species. Londres: Collector's Library, 2004.

STEVENSON, Robert Louis. Treasure island. Londres: Collector's Library, 2004.

______. Dr. Jekyll an Mr Hyde. Londres: Collector's Library, 2004.

REFLEXÃO VESPERTINA CLVIII: ESTOICISMO

Foi essa a Reflexão Vespertina de hoje, terminada há pouco, ler ainda é possível! " O objetivo da filosofia consiste em dar forma e est...