Sempre o dia, sempre a Vida!
"A 'morte' não é o apagamento da luz; é o ato de dispensar a lâmpada porque o dia já raiou"(Rabindranath Tagore)
...
"A vitória do Espírito origina-se da compreensão de que a vida não é o corpo, da mesma forma que a água não é o copo que a contém." (Provérbio Indiano)
"O que Boécio nos ensina, com tanta autoridade hoje como no século VI, é que a única cultura fértil, oral ou escrita, é a que trazemos intimamente em nós, são os textos clássicos inesgotáveis inseminados na memória e cujas palavras tornam-se fontes vivas, à prova da tristeza, do sofrimento, da morte. O resto, de fato, é 'literatura'” (p. 17.)
E prosseguindo:
1. Leituras da manhã. De cunho estoico, para nova reflexão matinal:
“Quem se concentra na busca das coisas exteriores mostra que as valoriza mais que os bens interiores (que são adquiridos através de reflexão e uma prática que esteja em conformidade com essa reflexão). Sendo assim, necessariamente deixará em segundo plano a busca pelos bens interiores.” (EPICTETO. trad. Aldo Dinucci)
.'.
Mais uma vez relendo alguns capítulos destas obras sobre Estoicismo.
E, recordando um livro que teria influenciado, como se sabe, grandes pensadores, Michel de Montaigne (1533-1592), nos Ensaios reuniu uma grande quantidade de textos independentes entre si e com diversos temas. Falando da natureza, da capacidade humana em refletir e até sobre a tristeza, a vaidade dos homens. Montaigne: um “humanista radical”?, um “precursor do Iluminismo”?. Aqui, destaco um de seus textos dos Ensaios, no Livro I da obra do autor, em que afirma "Que filosofar é aprender a morrer", refletindo sobre a vida e a morte. Assim, enquanto lembro este texto dos Ensaios, proponho, na verdade, uma leitura de uma coletânea de Cartas de Sêneca, selecionadas pela professora Renata Cazarini de Freitas (UFF), sobre “Edificar-se para a morte”. São dois autores, Sêneca e Montaigne, que viveram em épocas distantes; nem sempre a mesma reflexão ou conclusões sobre os temas, mas a tentativa é de refletir sobre um tema que não deve ser “tabu” para alguém que pretenda "filosofar".
Segue, portanto, a sugestão da obra (uma coletânea sobre o tema nas Cartas de Sêneca) que acabei de ler, agora pela manhã: “Edificar-se para a morte: das cartas morais a Lucílio”.
2. A isso acrescento outra obra que li hoje pela manhã: Consolações de um Estoico.
“Consolações de um Estoico é composto pelas três cartas de consolação escritas por Sêneca, bem como por uma seleção de três cartas morais direcionadas a Lucílio, pertinentes ao tema. Uma verdadeira medicina da alma para a superação racional das paixões e dores espirituais.
•Consolação a Márcia é endereçada a filha do proeminente historiador Aulo Cordo. Sêneca lhe escreve porque seu luto pela morte de seu filho Metílio parecia ter se tornado crônico, continuando três anos após a tragédia.
•Consolação a Minha Mãe Hélvia é o texto escrito do exílio para sua mãe, inconsolada com a sorte do filho e outras desgraças que recentemente sofrera.
•Consolação a Políbio é a terceira carta de consolação de Sêneca, escrita no ano 44. A obra dirige-se a Políbio, secretário particular do Imperador Cláudio, para consolá-lo sobre a morte de seu irmão.
•Carta 63: Sobre sofrimento por amigos perdido.
•Carta 93: Sobre a Qualidade da Vida quando contrastada com seu Comprimento.
•Carta 107: Sobre a Obediência à Vontade Universal.
O conjunto constrói uma coesa peça de consolação usando a filosofia estoica e sua visão de mundo a fim de ajudar os enlutados a considerar outros aspectos da perda e também reconhecer a inevitabilidade da morte. Leitura fundamental para quem passa por luto ou deseja auxiliar quem sofre com a perda de amados.”
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BIBLIOGRAFIA E SUGESTÕES DE LEITURA
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