quinta-feira, 31 de outubro de 2019

REFLEXÃO MATINAL LIX: BUSCA POR ATARAXIA E APATHEIA


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Mantém livre o seu princípio diretor!
"Apaga a imaginação; acalma o impulso; extingue o desejo: domina a tua alma." (MARCO AURÉLIO. Meditações. IX,7)

Prosseguindo com as reflexões, estabelecidas já há algum tempo, como projeto na reforma da conduta pessoal para melhor compreensão do que seja desenvolver e aplicar a virtude, decidi investir em aprimorar as emoções nesse sentido, exatamente por pressupor que tais podem ser revertidas, ao contrário de concepções mirabolantes que dominam o "mercado", em força interior, para resistir aos assaques ou provocações externas. 
E, para uma consideração desse elemento na constituição da imperturbável tranquilidade da alma, vale considerar, antes, de anotar o que escolhi dos estoicos para o dia que começava, hoje, um trecho da uma obra de Descartes.

Diz Descartes, em sua obra sobre “As paixões da alma”, ponto de partida da reflexão da manhã:

"Ora, visto que essas emoções interiores nos tocam mais de perto e têm, por conseguinte, muito mais poder sobre nós do que as paixões que se encontram com elas, e das quais diferem, é certo que, contanto que a alma tenha sempre do que se contentar em seu íntimo, todas as perturbações que vêm de outras partes não dispõem de poder algum para prejudicá-la. Servem, antes, para lhe aumentar a alegria, pelo fato de, vendo que não pode ser por elas ofendido, conhecer com isso a sua própria perfeição. E, para que a nossa alma tenha assim do que estar contente, precisa apenas seguir estritamente a virtude. Pois quem quer que haja vivido de tal maneira que sua consciência não possa censurá-lo de alguma vez ter deixado de fazer todas as coisas que julgou serem as melhores (que é o que chamo aqui seguir a virtude), recebe daí uma satisfação tão poderosa para torná-lo feliz que os mais violentos esforços da paixão nunca têm poder suficiente para perturbar a tranqüilidade de sua alma".

Ora,

A imperturbável paz de espírito (ataraxía - ἀταραξία):

Um dos pontos centrais da filosofia estoica: a conquista da felicidade por meio da ataraxia, um ideal de imperturbável tranquilidade em que seria possível viver de forma serena e com absoluta paz de espírito. E, o estoicos, defendiam e ensinavam que o homem só pode alcançar plena felicidade mediante aquisição de virtudes e aperfeiçoamento dos conhecimentos.

A tranquilidade (apátheia - ἀπάθεια):

Na busca pela vida tranquila e feliz, a proposta da filosofia estoica era de que os fatores externos que comprometessem a perfeição moral e intelectual devem ser ignorados, superados, tratados com apátheia. Mesmo nas dificuldades, a reação indicada ao ser humanos, era sempre agir com muita calma e tranquilidade, sem que fatores externos perturbem nossa capacidade de julgar ou reagir.

Portanto, nesta caminhada, como também já citado aqui, de Séneca (2014):

"Sempre que queiras saber qual a atitude a evitar ou a assumir, regula-te pelo bem supremo, pelo objetivo de toda a tua vida. Todas as nossas ações devem conformar-se com o bem supremo: somente é capaz de determinar as ações individuais o homem que possui a noção do objetivo supremo da vida". 
____.

ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion de Epicteto. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012).


DESCARTES, René.  As paixões da alma. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

EPICTETO. Entretiens. Livre I. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by ArrianFragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001. 

(SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian. Livro VIII - "Carta 71", 2014).

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

MEDITAÇÃO RETROSPECTIVA NOTURNA XXI: PENSAMENTO SERENO


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(IMAGEM: στοά Stoa de Átalo)

Nas poucas vezes em que paro para conversar e aprender a ouvir, ocorrem-me experiências como as que anoto aqui. Numa dessas recentes conversas, inspirei-me a retornar a estrada há pouco percorrida, numa fase de bastante entusiasmo sobre o tema.

Hoje, como em tudo, o exercício por moderação cresce, se intensifica e fazço esforços para que sejam rotineiros.

Um jeito mais sereno de encarar a vida, influenciado pela leitura e releitura de clássicos que antes lia sem uma atenção mais sistemática; sem desviar o foco, claro. Uma rejeição a um otimismo ou pessimismo ingênuos é necessária aqui. Por meio termo.

No entanto, o que se pretende é evitar os “novos métodos ‘vale-tudo’” de reflexão tomada como avanço. Não são! 

São mesmo proliferação de simplificações e relativismos! 

Sempre, mantidas as leituras fundamentais, os grandes textos clássicos sobre Ética, Física e Lógica, e aqui, revisitando um texto de Fernando pessoa bem interessante, uma referência à filosofia estoica.

“NO JARDIM DE EPÍCTETO

O aprazível de ver estes frutos, e a frescura que sai d'estas árvores frondosas, são — disse o Mestre, — outras tantas solicitações da natureza para que nos entreguemos às melhores delícias de um pensamento sereno. Não há melhor hora para a meditação da vida, ainda que seja inútil, do que esta em que, sem que o sol esteja no ocaso, já a tarde perde o calor do dia e parece que sobe vento do arrefecimento dos campos.

São muitas as questões em que nos ocupamos, e grande é o tempo que perdemos em descobrir que nada podemos nelas. Pô-las de parte, como quem passa sem querer ver, fora muito para homem e pouco para deus; entregarmo-nos a elas, como a um senhor, fora vender o que não temos.

Sossegai comigo à sombra das árvores verdes, em que não pesa mais pensamento que o secarem-lhes as folhas quando vem o outono, ou esticarem múltiplos dedos hirtos para o céu frio do inverno passageiro. Sossegai comigo e meditai quanto o esforço é inútil, a vontade estranha; e a própria meditação, que fazemos, nem mais útil que o esforço, nem mais nossa que a vontade. Meditai também que uma vida que não quer nada não pode pesar no decurso das coisas, mas uma vida que quer tudo também não pode pesar no decurso das coisas, porque não pode obter tudo. E o obter menos que tudo não é digno das almas que solicitam a verdade.

Mais vale, filhos, a sombra de uma árvore do que o conhecimento da verdade, porque a sombra da árvore é verdadeira enquanto dura, e o conhecimento da verdade é falso no próprio conhecimento. 

Mais vale, para um justo entendimento, o verdor das folhas que um grande pensamento, pois o verdor das folhas, podeis mostrá-lo aos outros, e nunca podereis mostrar aos outros um grande pensamento. 

Nascemos sem saber falar e morremos sem ter sabido dizer. Passa-se nossa vida entre o silêncio de quem está calado e o silêncio de quem não foi entendido, e em torno d'isto, como uma abelha em torno de onde não há flores, paira incógnito um inútil destino."
(s.d.)

De constância, vida se faz!
______.
ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion de Epicteto. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012).
DESCARTES, René.  As paixões da alma. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.
EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.
______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.
______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS,
2008.
EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; Fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.
HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001. 
PESSOA, Fernando. Poema Inédito. - Orientação, coordenação e prefácio de Teresa Rita Lopes -. Lisboa: Livros Horizonte, 1993.
SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

KARL POPPER: O MUNDO DE PARMÊNIDES


Livro

E, por falar em "filosofia antiga"; numa manhã dedicada aos estudos e trabalho, surge uma nova obra (lançamento em segunda edição revista), que há muito desejava ler. Karl Popper, desde a graduação, quando li "Conjecturas e refutações" e "Lógica da pesquisa científica", obras marcantes para mim, à época e um autor da "filosofia da ciência" que ainda me interessa bastante; para continuar a leitura nos feriados, que vem por aí, nos intervalos da leitura obrigatória. Não tinha conseguido ler, ainda, no entanto: 

O mundo de Parmênides é uma exploração brilhante da complexidade do pensamento grego antigo por um dos principais filósofos do século XX. Evidenciam-se aí a grandeza da filosofia pré-socrática e a substantiva dívida de Popper para com a leitura de Parmênides, Xenófanes e Heráclito.”
(grifos meus)

Sobre o autor:
Karl Popper (1902-1994), austríaco radicado no Reino Unido, foi um dos principais filósofos do século XX, tendo se destacado sobretudo no estudo da filosofia da ciência. É autor de A lógica da pesquisa científica (1934) e A miséria do historicismo (1936), entre outras obras. Seu livro Os dois problemas fundamentais da teoria do conhecimento foi publicado pela Editora Unesp em 2013.
______.
POPPER, Karl. O mundo de Parmênides: ensaios sobre o iluminismo pré-socrático. 2. ed. revista. São Paulo: Unesp, 2019.




REFLEXÃO MATINAL LVIII: DE SI PARA SI


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"Não queiras que os acontecimentos aconteçam como queres, mas quere que os acontecimentos aconteçam como acontecem, e terás vida plena" (Musônio Rufus)

Meditava, há pouco sobre se o Estoicismo não é mera "autoajuda". Percebi, interessado na temática, embora já tenha adotado um referencial principal há muito tempo, que se analisamos as referências todas tidas como autoajuda teremos um certo “padrão”.
Há entre essas obras as que ensinam que a todos, tudo é possível de se realizar, basta que empreenda. E, numa outra direção: as que recomendam resignação perante os insucessos e desditas. 

No entanto, vivemos numa sociedade imediatista que defende, valoriza e divulga os que “fazem sucesso”. Há até administradores para contas de redes sociais para mediar o alcance dessa influência ou tornar um determinado sujeito ou instituição aceito e popular: os "influencer".
Uma guinada, do ponto de vista pessoal, na compreensão da vida dever ser operada, no entanto. É o que tenho estudado e escrito por aqui: “de mim para mim”
Primeiro, um distanciamento das propostas mercadológicas de sucesso rápido é o passo inicial. A dedicação e atenção (prosoché προσοχῆςao tempo e disposição para uma reviravolta e olharmos para dentro, para um autoconhecimento. Já houve um tempo em que se entendia a obra dos estoicos como autoajuda; ora, se for, temos uma autoajuda de uma qualidade imprescindível. Exatamente por apresentar uma proposta de olhar para dentro. Diz Musônio Rufo a alguém que se sentia cansado e derrotado:

“Por que estás parado? Pelo que esperas? Que o próprio Deus, estando ao teu lado, dirija-te a palavra? Corta a parte morta da tua alma, e conhecerás Deus”.  

A consequência desse "despertar", lido em Epicteto é aquele primeiro passo dito acima. Portanto:

Ser estoico, afinal, o que é?  Do mesmo modo que chamamos “fidíaca” a estátua modelada segundo a arte de Fídias, mostrai-me igualmente um ser humano enfermo e feliz, em perigo e feliz, desprestigiado e feliz. Mostrai-me. Pelos deuses! Desejo ver um estoico. (EPICTETO. D. 2.19.23-27). 

Talvez, não ser um estoico mas revisitar as obras clássicas: desafio posto e mantido.



ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012.

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

______. P. O que é filosofia antiga? Trad. Dion Davi Macedo. 6 ed. São Paulo:  Edições Loyola, 2014

MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Livro II. 1)

SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

CONCEITO E INTUIÇÃO EM KANT E HEGEL

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domingo, 27 de outubro de 2019

O PROBLEMA DO MAL

Li, agora mesmo, num bom artigo sobre "Leibniz e o problema do mal", o seguinte:

"Quer Deus impedir o mal, mas não pode? Então é impotente. Pode, mas não quer? Então é malévolo. Quer e pode? De onde vem então o mal?
(Hume, David. Diálogos sobre a Religião Natural, X, § 25)"
...
De minha parte, estou bem convencido, amparando-me em  diversas outras referências, de que o "mal" vem do Homem, Sr. David Hume; se me fosse possível responder pessoalmente!

...
Link para o artigo:
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"FAKTUM DER VERNUNFT": O CÉU ESTRELADO ACIMA DE MIM E A LEI MORAL EM MIM

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(IMAGEM: As primeiras linhas da frase, em alemão e russo)

Aqui, na hora do cafezinho, estudando um texto de Paul Guyer sobre o tema para elaboração de um texto para participação num evento, com uma "comunicação", ocorreu-me publicar, mais uma vez, esta passagem da Crítica da razão prática (KpV) que estou relendo agora:

"Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre nova e crescente, quanto mais freqüente e persistentemente a reflexão ocupa-se com elas; o céu estrelado acima de mim e a lei moral em mim. Não me cabe procurar e simplesmente presumir ambas como envoltas em obscuridade, ou no transcendente além de meu horizonte; vejo-as ante mim e conecto-as imediatamente com a consciência de minha existência. A primeira começa no lugar que ocupo no mundo sensorial externo e estende a conexão, em que me encontro, ao imensamente grande com mundos sobre mundos e sistemas de sistemas e, alem disso, ainda a tempos ilimitados de seu movimento periódico, seu início e duração. A segunda começa em meu si-mesmo [Selbst] invisível, em minha personalidade, e expõe-se em um mundo que tem verdadeira infinitude, mas que é acessível somente ao entendimento e com o qual (mas deste modo também ao mesmo tempo com todos aqueles mundos visíveis) reconheço-me, não como lá, em ligação meramente contingente mas em conexão universal e necessária. O primeiro espetáculo de uma inumerável quantidade de mundos como que aniquila minha importância enquanto criatura animal, que tem de devolver novamente ao planeta (um simples ponto no universo a matéria da qual ela se formara, depois que fora por um curto espaço de tempo (não se sabe como) dotada de força vital. O segundo espetáculo, ao contrário, eleva infinitamente meu valor enquanto inteligência, mediante minha personalidade, na qual a lei moral revela-me uma vida independente da animalidade e mesmo de todo o mundo sensorial, pelo menos o quanto se deixa depreender da determinação conforme a fins de minha existência por essa lei, que não está circunscrita a condições e limites dessa vida mas penetra o infinito.”

____.
KANT, Immanuel. Crítica da razão prática. Tradução Valerio Rohden. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2002. (pp. 255-256)


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Sobre a obra (em edição bilíngue):

"Nesta obra-prima da filosofia moral moderna, Kant estabelece, com vistas ao conceito de autonomia, os princípios da ação humana e critica as tentativas de fundamentação heterônima da moral. Comprova a existência da liberdade mediante o que chama de factum da razão, convertendo-a, a partir dele, em parâmetro crítico de todo o uso prático e mesmo teórico da razão.

A presente edição bilíngue (Português-Alemão) da Crítica da razão prática, diversamente da sua versão monolíngue publicada por esta editora em 2002, destaca-se pela vantagem, sem equivalente em qualquer outra língua, de fornecer o texto da primeira edição original alemã de 1788 ao lado da tradução, feita aqui diretamente sobre ela. Este auspicioso fato editorial propicia a todo leitor e estudioso o contato direto com o texto original, bem como o cotejo da tradução com uma fonte que é a principal e obrigatória referência de todas as demais edições, sobretudo alemãs, dessa segunda Crítica de Kant. Pois, como se pode verificar a partir da opinião dos especialistas, mas, sobretudo do exame de sua correspondência e inclusive de seu Handexemplar (exemplar de usos pessoal de Kant) da Crítica da razão prática, consultado pelo tradutor, Kant deteve-se na releitura e correção apenas de sua primeira edição. Ante a iminência da 4ª edição, de 1797, e instado por seu editor, propôs-lhe que reproduzisse nesta somente aquela edição original.

O texto alemão da Crítica da razão prática, aqui editado e gentilmente fornecido em microfilme pela Biblioteca da Universidade de Münster, conta ainda com a peculiaridade de ter pertencido à princesa Amalia Fürstin Von Gallitzin, ligada ao círculo de Kant. Ela possui em sua biblioteca as obras completas originais de Kant, mas apenas esse exemplar da Crítica da razão prática, que aqui se republica, teve boa sorte de sobreviver e de, através da presente edição, perpetuar-se em nosso meio."

(Só os grifos e destaques são meus)

terça-feira, 22 de outubro de 2019

HÖFFE E A "ARTE DO ENVELHECIMENTO": UMA PEQUENA FILOSOFIA DA "VIDA BOA"

Em "trânsito", achei um tempinho para driblar a "dor". Só mais uma reflexão:

Conheço parte da obra do filósofo Otfried Höffe e, principalmente a partir de seus textos sobre a Ética de Kant e Aristóteles.

Aqui, nessa obra que estou lendo, e o vídeo com uma entrevista que adicionei no final deste texto breve, ao discutir o tema “envelhecimento”, o filósofo Otfried Höffe apresenta de maneira bem abrangente vários aspectos da questão:

  • aspectos econômicos, médicos.
  • aspecto legais e sociais sobre o tema.
  • pergunta-se, muito concretamente sobre os pré-requisitos para um envelhecimento feliz e com dignidade.

O livro, surpreendente para mim, que não imaginava que Otfried Höffe tivesse tratado tal questão;  é direcionado às pessoas afetadas e lida com os temas como a "morte", a "doença", e como as pesquisas atuais tem revelado ou auxiliado nessas áreas. A ciência tem contribuído para melhora significativa da qualidade vida de todos?


«Was du als Kind nicht willst, das man dir tu, das füg auch keinem Älteren zu!» Mit dieser Goldenen Regel formuliert Otfried Höffe eine ebenso einfache wie überzeugende Sozialethik des Alters. Er wendet sich gegen die Übermacht der Ökonomie und die Dominanz negativer Altersbilder. Auf die Drohkulisse der «alternden Gesellschaft» antwortet er mit der Perspektive der «gewonnenen Jahre» und gibt auch praktische Ratschläge: Die «vier L» Laufen, Lernen, Lieben und Lachen arbeiten der Altersschwäche entgegen und verhelfen nicht nur zu Wohlbefinden, sondern auch zu einem beträchtlichen körperlichen, geistigen, sozialen und emotionalen Kapital. Denn was die Erfahrung lehrt, das hat die Forschung längst bestätigt: dass man die dem Alter entgegenwirkenden Kräfte zu einem erheblichen Teil bei sich und in sich selbst findet.”

...

Otfried Höffe formula uma ética social simples e convincente para a velhice. Ele se opõe à superioridade da economia e à predominância de imagens negativas do envelhecimento. Ele responde à ameaça do "envelhecimento da sociedade" com a perspectiva dos "anos vencidos" e também dá conselhos práticos: correr, aprenderamar e rir trabalham contra a velhice e ajudam ao bem-estar.


Pois o que a experiência ensina há muito é confirmado pelas pesquisas: que se encontra as forças que combatem os "males" da idade em extensão considerável de nós em nós mesmos.

 

Link do Vídeo/Entrevista sobre o tema: 

“Die hohe Kunst des Alterns mit Otfried Höffe und Norbert Joa”:

https://www.youtube.com/watch?v=qYJaEHlAOBI


Salon Luitpold c/o C.H. Beck.

 

"Altern will gelernt sein, sagt der Tübinger Philosoph Otfried Höffe. Umfassend behandelt er auch die ökonomischen, medizinischen, juristischen und sozialen Aspekte des Themas und fragt sehr konkret nach den Voraussetzungen, um in Würde glücklich altern zu können. Das Buch richtet sich unmittelbar an die Betroffenen und behandelt auch die Themen Sterben und Tod. Denn was die Erfahrung lehrt, das hat die Forschung längst bestätigt: dass man die dem Alter entgegenwirkenden Kräfte zu einem erheblichen Teil bei sich und in sich selbst findet. Prof. Otfried Höffe lehrte u. a. in Freiburg/Schweiz, Zürich, Sankt Gallen und Tübingen, wo er die Forschungsstelle Politische Philosophie leitet. Bei C.H.Beck erschienen zuletzt: „Geschichte des politischen Denkens. Zwölf Porträts und acht Miniaturen“ (2016) und „Kritik der Freiheit. Das Grundproblem der Moderne“ (2015).”

______.

HÖFFE, Otfried. Die hohe Kunst des Alterns: Kleine Philosophie des guten Lebens. 4. Ed. C. H. Beck, 2019.

Leseprobe: (na página da editora):

https://beckassets.blob.core.windows.net/product/readingsample/26854242/26854242_inh_hoeffediehohekunstdesalte_978-3-406-72747-4_2a_leseprobe.pdf

domingo, 20 de outubro de 2019

BIOÉTICA: VIDA, VALOR E VERDADE

Bioética

Sem sair da temática básica, uma reflexão que farei em breve; assim que estiver com a obra em mãos, num outro flanco de abordagem:


"Nos textos reunidos neste volume, o Dr. Hélio Angotti Neto consegue um grande feito: de um lado, se dirige a seus pares, médicos e profissionais da saúde, a fim de incitá-los à atividade filosófica; de outro, talvez por acidente, consegue dirigir-se também ao público geral, tornando-o consciente dos problemas, dilemas e hesitações que permeiam as decisões médicas. Com isso, ele nos faz enxergar a dimensão humana da relação médico-paciente. Ambos são humanos e, portanto, cheios de contradições e inconsistências que só a verdadeira reflexão filosófica é capaz de resolver.
Como se depreende facilmente da vasta bibliografia mencionada, o que se vê aqui é o exemplo de um homem que levou a vida de estudos a sério, dedicando-se a temas que aparentemente (mas só aparentemente) não têm nenhuma relação com sua atividade profissional. E há mais do que isso: há também um verdadeiro esforço didático, de orientação aos não iniciados. Se, nos primeiros capítulos, temos um desafio à “busca de uma verdade maior”, nos capítulos finais, o autor propõe caminhos, de maneira que aqueles aceitarem o desafio terão um norte, uma diretriz para os passos seguintes.
Outra característica que salta aos olhos do leitor deste livro é a coragem do autor para enfrentar temas complexos, denunciar vícios e vieses que contaminam o debate público, e para afirmar a necessidade de extrapolar a discussão do campo limitado e limitante da ciência ou, melhor, do cientificismo, e lançar-se em discussões de ética e filosofia moral, e também de epistemologia, ontologia e metafísica.
Aqueles que concordarem em linhas gerais com o que diz Bioética: vida, valor e verdade terão muito que fazer para aprofundar a visão e aplicá-la a temas não abordados aqui; aqueles que discordarem, da mesma forma, também terão trabalho para responder às ideias expostas. Seja como for, uma obra como essa só enriquece a discussão bioética no Brasil."


(Só os grifos são meus)
_____
ANGOTTI NETO, Hélio. Bioética. Brasília - DF: Ed. Monergismo, 2019.



REFLEXÃO MATINAL LVI: "PROHAÍRESIS"


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Exercitamos, insistimos, pois queremos prosseguir...

Ademais, mesmo em meio às ditas intempéries, o ser humano é dotado de força suficiente para manter uma vida com coesão e serenidade, em qualquer situação com que se depare na vida; se, é certo, souber perseverar no exercício da atenção [prosokhe] e, acima de tudo, dedicar-se às próprias aptidões.

O desafio maior?

"Relativamente à dor: intolerável, mata; duradoura, suporta-se. O pensamento, se retoma firmeza, conserva a serenidade, e o raciocínio não sofre alteração. Quanto aos órgãos afetados pela dor, que se queixem, se puderem."

Empenhar-se, portanto, em bem direcionar as escolhas [Prohaíresis - προαίρεσις] jamais desviar-se para atividades que estejam fora de seu alcance, ou seja, estar atento à essas aptidões, focar nelas. E, de todas as formas, seguindo os preceitos:

[8] Não busques que os acontecimentos aconteçam como queres, mas quere que aconteçam como acontecem, e tua vida terá um curso sereno.

[9] A doença é entrave para o corpo, mas não para a escolha, se ela não quiser. Claudicar é entrave para as pernas, mas não para a escolha. Diz isso para cada uma das coisas que sucedem contigo, e descobrirás que o entrave é próprio de outra coisa e não teu.

E, acima de tudo, jamais esquecer que:

"Le domaine de la philosophie est de l'ordre de biens interieurs" (Épictète. D. I, XV : 1).



______.
DINUCCI, A. O Manual de Epicteto: aforismos da sabedoria estoica. São Cristóvão, EdiUFS, 2007. 


______. A. Epicteto: Testemunhos e Fragmentos. São Cristóvão, EdiUFS, 2008. Disponível em: http://www.archive.org/details/EpictetoTestemunhosEFragmentos 


sábado, 19 de outubro de 2019

SOMOS CORPO OU ALMA, SWINBURNE?



Despertou-me a atenção o título desse livro e, dado que tenho lido o tema há algum tempo, problema mente-corpo, no caso, acabo de inseri-lo nas leituras para o mais breve possível. Tema interessa-me. Espero que seja uma defesa, como o próprio autor se propõe, plausível e coerente com as minha expectativas. Sigo com a leitura!

É bastante notório que “muitos pensam que somos apenas máquinas complicadas, ou animais que são diferentes das máquinas apenas por estarmos conscientes. Em Somos corpos ou almas? Richard Swinburneem defesa da alma, apresenta novos argumentos filosóficos que são apoiados pela neurociência moderna. Quando os avanços científicos permitem aos neurocientistas transplantar uma parte do cérebro em um novo corpo, ele argumenta, por mais que possamos descobrir sobre sua atividade cerebral ou experiências conscientes, nunca saberemos se a pessoa resultante é a mesma de antes ou se alguém é inteiramente Novo. 
Swinburne argumenta, portanto, que somos almas imateriais sustentadas por nossos cérebros. Sensações, pensamentos e intenções são eventos conscientes em nossas almas que causam eventos em nossos cérebros. Embora os cientistas possam descobrir algumas das leis da natureza que determinam eventos conscientes e cerebrais, a alma de cada pessoa é uma coisa individual e é isso que nos torna quem somos."

(Grifos meus)

"Many think that we are just complicated machines, or animals that are different from machines only by being conscious. In Are We Bodies or Souls? Richard Swinburne comes to the defence of the soul and presents new philosophical arguments that are supported by modern neuroscience. When scientific advances enable neuroscientists to transplant a part of brain into a new body, he reasons, no matter how much we can find out about their brain activity or conscious experiences we will never know whether the resulting person is the same as before or somebody entirely new. Swinburne thus argues that we are immaterial souls sustained in existence by our brains. Sensations, thoughts, and intentions are conscious events in our souls that cause events in our brains. While scientists might discover some of the laws of nature that determine conscious events and brain events, each person's soul is an individual thing and this is what ultimately makes us who we are."

   


______.
SWINBURNE, Richard. Are We Bodies or Souls? Oxford University Press, 2019.
...
Sobre o Autor e algumas de suas obras:

"Richard Swinburne was Professor of the Philosophy of the Christian Religion at the University of Oxford from 1985 until 2002. Since then he has continued to lecture in many different countries. His published works include a trilogy on the philosophy of theism, the central title being The Existence of God, Second Edition (Oxford 2004), a tetralology of books on the meaning and justification of central Christian doctrines, and Mind, Brain, and Free Will (Oxford 2013). Faith and Reason, 1981 (new edition 2005). The Evolution of the Soul, 1986. 
He is a Fellow of the British Academy. 

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

XIVe CONGRÈS INTERNATIONAL DE LA SEKLF

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MEDITAÇÃO RETROSPECTIVA NOTURNA XX: O BEM DE SI PARA SI

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“[48.a] Ἰδιώτου στάσις καὶ χαρακτήρ· οὐδέποτε ἐξ ἑαυτοῦ προσδοκᾷ ὠφέλειαν ἢ βλάβην, ἀλλ' ἀπὸ τῶν ἔξω. φιλοσόφου στάσις καὶ χαρακτήρ· πᾶσαν ὠφέλειαν καὶ βλάβην ἐξ ἑαυτοῦ προσδοκᾷ.

[48.a] Postura e caráter do homem comum: jamais espera benefício ou dano de si mesmo, mas das coisas exteriores. Postura e caráter do filósofo: espera todo benefício e todo dano de si mesmo.”
______.

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928. 

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

VIRTUDES ÉTICAS


Os capítulos desse livro, com certeza, fazem deste, um dos melhores livros que acabei de ler sobre a temática. Está entre os muitos que tive que ler para a redação dos trabalhos e sãos capítulos que examinam a "estrutura teórica da 'ética da virtude' e seu lugar na teoria moral contemporânea, bem como a história das abordagens da ética baseadas na virtude, o que torna essas abordagens distintas, no que elas podem dizer sobre questões práticas específicas."


Como disse, um dos melhores livros sobre a temática que acabei de ler. E, a este, do mesmo autor, outros já acrescentei para leituras futuras.

THE CAMBRIDGE COMPANION TO VIRTUE ETHICS

Virtue ethics has emerged from a rich history to become one of the fastest-growing fields in contemporary ethics. In this volume of newly commissioned essays, leading moral philosophers offer a comprehensive overview of virtue ethics. They examine the theoretical structure of virtue ethics and its place in contemporary moral theory, as well as the history of virtue-based approaches to ethics, what makes these approaches distinctive, what they can say about specific practical issues, and where we can expect them to go in the future. This Companion will be useful to students of virtue ethics and the history of ethics, and to others who want to understand how virtue ethics is changing the face of contemporary moral philosophy.”

Sobre o autor: Daniel C. Russell
Professor of Philosophy at the Center for the Philosophy of Freedom and the Department of Philosophy,University of Arizona, and the Percy Seymour Readerin Ancient History and Philosophy at Ormond College, University of Melbourne. He is the author of Plato on Pleasure and the Good Life (2005), Practical Intelligence and the Virtues (2009), and Happiness for Humans (2012).

(Grifos são meus)
______.
RUSSELL. Daniel C. The cambridge companion to virtue ethics. New York: Cambrige University Press, 2013.


ENSAIOS DE FILOSOFIA DA CIÊNCIA: DUHEM

Um clássico traduzido, lançado recentemente e que coloco entre os que, havendo condições gerais vou ler.
Lembro-me de um curso que fiz na USP há alguns anos, com o prof. Chiappin sobre o tema. 
Uma oportunidade para retornar ao tema e aprender um pouco mais sobre as contribuições filosóficas de Duhem. 

Nenhuma descrição de foto disponível.

______.
DUHEM, Pierre. Ensaios de filosofia da ciência. São Paulo: Studia & Scientia, 2019. (col. Filosofia Ciência e da Tecnologia)

"COMPANION" SOBRE TOMÁS DE AQUINO



Um desafio para as horas de intervalo da pesquisa principal:

"Convidamos o leitor a considerar os colaboradores deste Companion como dez guias especializados a elementos importantes e ao contexto intelectual do pensamento de Tomás. Além de discutir algumas das características mais relevantes do seu tópico específico, cada colaborador aponta muitas questões conexas e interessantes, que devem ser procuradas nas próprias obras de Tomás e elucidadas em artigos e livros selecionados a partir de uma vasta literatura secundária. Os dez colaboradores esperam ter oferecido um Companion sobre Tomás de Aquino suficiente para introduzi-lo a novos leitores, e mostrar a eles e a outros o caminho para um conhecimento mais amplo e uma avaliação mais profunda da sua filosofia."
______.
KRETZMANN, Norman; STUMP, Eleonore. Tomás de Aquino. São Paulo: Ideias & Letras, 2019.


domingo, 13 de outubro de 2019

CONGRESSO "REENCUENTRO CON KANT"



CALL FOR PAPERS:

“Se hace un llamamiento a la recepción de propuestas para todos los investigadores interesados en contribuir con una propuesta al Congreso Reencuentro con Kant: tradición y perspectivas contemporáneas. El texto deberá ir encabezado con un título así como un resumen que no exceda las 500 palabras. Asimismo, deberá explicitarse el eje temático en el que podría contextualizarse la temática de entre los siguientes: 
  1.  Aetas kantiana y neokantismo. 
  2. La recepción de la filosofía kantiana en la fenomenologia.
  3. La proyección kantiana en la filosofía política, la moral y el derecho contemporâneos.
  4. Epistemología y teoría de la ciencia en Kant.
  5. Kant y la estética contemporânea.
  6. Metafísica y conocimiento en Kant

La propuesta se enviará junto a un breve CV (máximo 300 palabras) a la dirección de correo electrónico:reencuentroconkant@gmail.com
La fecha límite para el envío de propuestas es el 30 de Diciembre de 2019. La aceptación será comunicada antes del 10 de Enero de 2020.
La propuesta tendrá una duración de 20 minutos y se reservarán 10 minutos para la discusión. Las lenguas oficiales del Congreso son el español, el alemán y el inglés.”


Link blog:
https://reencuentroconkant.wordpress.com/

O SUPOSTO "CONFLITO CIÊNCIA X RELIGIÃO" (II)

Recentemente, acrescentei, uma obra de  Alvin Plantinga  que até recentemente não conhecia: “ Ciência, religião e naturalismo:  onde está o ...