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Pausa na oficina, depois de ter estudado "Do ideal de sumo bem como um fundamento determinante do fim último da razão pura, 'segunda seção da Crítica da Razão pura'", aproveito para a reflexão matinal.
E, foi assim:
Uma reflexão sobre a “filosofia ética”
de Epicteto evidencia, desde o início uma preocupação: a filosofia entendida prática
interna para o “bem viver”. Lembrando que o tripé fundamental do estoicismo
são, a física, a ética e a lógica; tenho feito aqui uma leitura do tema sob o viés
de uma ética de si. Assim compreendida a Filosofia deve ocupar-se, em grande
medida, com o esforço no desenvolvimento de Virtudes, por uma vida virtuosa.
Como sempre tenho anotado aqui, um
dos pontos básicos nessa prática filosófica é, como refleti antes e várias
vezes aqui, ocuparmo-nos com o que está em nosso poder, que depende de nós (eph'hêmin e úk eph'hêmin). EPICTETO, Encheiródion, I, 1-2)
A isso acrescento aqui: “o que nos é permitido desejar” e o que “não nos é permitido desejar”, também de Epicteto e anotados por Arriano.
"Aquele que progride é
quem aprendeu dos filósofos que o desejo é pelas coisas boas e que a repulsa é
pelas coisas más; é o que aprendeu também que a serenidade e a privação de
sofrimento (tó euroyn kaí apathés) não advêm de outro modo ao homem senão
assegurando o desejo e evitando o repulsa [...] Como, portanto, concordamos ser
a virtude algo tal e buscamos e exibimos progresso em outras coisas? Qual a
obra da virtude? A serenidade (euróia)." (Epicteto. D. I, IV.)
A meta: com essas máximas tomadas como maneira de caminha em busca das virtudes, o propósito é alcançar a eudaimonia, chegar à euroia [εὐροίας]: serenidade, com a recomendação de Epicteto:
- apátheia (ἀπάθεια): ausência de paixões e
- ataraxía (ἀταραξία):imperturbabilidade da alma.
Um modo de levar em frente o projeto
tem sido, em meio a tudo isso, acrescentar a leitura que Hadot fez dessa
filosofia. Ora, o que ele denominou “exercício espirituais” tem possibilitado a
reflexão e uma “metodologia” para uma verdadeira transformação de si mesmo que
muitos estoicos e o próprio Epicteto viam como “conversão” por ser uma ética
profundamente vinculada a proairesis (προαίρεσις): escolhas.:
É nesse sentido, que prossigo esse
estudo em meio ao restante: aperfeiçoar a proairesis é aperfeiçoar a nossa capacidade
de escolha e como devemos bem viver.
Para Bem vivermos faz-se urgente,
portanto, uma disciplina centrada na atenção de si e o cultivo da razão.
______.
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