quinta-feira, 21 de novembro de 2019

REFLEXÃO MATINAL LXIV:"NÃO SE ESQUEÇA DE VIVER"

Classic Woodie
(IMAGEM: Pinterest")

Retornei, pela manhã, a uma reflexão de Pierre Hadot sobre a obra de Johan Wolfgang von Goethe na tradição dos “exercícios espirituais” ou prosseguindo, das últimas "reflexões matinais”, retornando sempre à aplicação do princípio estoico (“princípios filosóficos", em (51.1) e "princípios" e (52.1), no Encheirídion), como interpretou Hadot. Disso decorrem três práticas:
  1. concentrar-se com intensidade no presente,
  2. considerar as circunstâncias em conjunto.
  3. cultivar a esperança.
Grande personagem da literatura alemã, Johann Wolfgang von Goethe tem por parte de Pierre Hadot uma obra dedicada ao seu pensamento. Ainda, na perspectiva do que tenho estudado aqui das suas obras, o que continua me interessando são os "exercícios espirituais", que desenvolveu a partir dos estoicos. Tem sido objetos de leitura, portanto, as obras dos dois autores. Destaco da sinopse abaixo, o fundamental; o estudo que Hadot faz da expressão estoica “Memento mori” e que Goethe reinterpreta com seu “Memento vivere”.


Sobre a obra:
“Um dos eruditos mais respeitados das últimas décadas comenta a atitude filosófica da figura máxima da cultura alemã. Pierre Hadot, estudioso a quem cabe o mérito de haver redescoberto o aspecto vivencial da filosofia clássica (conforme exposto em A Filosofia como Maneira de Viver e Exercícios Espirituais e Filosofia Antiga), é autor também de comentários a pensadores modernos nos quais tal caráter é ainda perceptível. Os principais escritos desse gênero são Wittgenstein e os Limites da Linguagem e Não se Esqueça de Viver: Goethe e a tradição dos exercícios espirituais. Neste livro, o último que Hadot publicou em vida, o filósofo aborda – com o estilo profundo, elegante e agradável que sempre o acompanhou – três “exercícios espirituais” (ou seja, práticas de autodisciplina) que o literato alemão cultivou e que ilustram o seu lema, contrário ao Memento mori, “Não se esqueça do morrer”: Memento vivere, “Não se esqueça de viver”. As três práticas se reduzem a concentrar-se com intensidade no presente, considerar as circunstâncias em conjunto e cultivar a esperança. Além da investigação cuidadosa de como tais exercícios são sugeridos pela vida e pelos textos de Goethe [...]. Uma obra que faz valer o elogio que lhe viria a endereçar Luc Ferry: ‘Admirável’.”

(Grifos e destaques meus)

______.
ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion de Epicteto. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012.

CÍCERO. De Finibus Bonorum et Malorum. Trad. H. Rackham, Cambridge: Harvard University Press, 1914.

DESCARTES, René.  As paixões da alma. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

DINUCCI, Aldo. Introdução ao Manual de Epicteto. 3ª ed, São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, 2012.

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2012.

______; ______. A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

FERRY, Luc. Aprender a Viver: filosofia para os novos tempos. Trad. Véra Lucia dos Reis, Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.

HADOT, Pierre. Exercícios espirituais e filosofia antiga. Trad. Flávio Fontenelle Loque, Loraine Oliveira. São Paulo: É Realizações, Coleção Filosofia Atual, 2014.

______. Não se Esqueça de Viver: Goethe e a tradição dos exercícios espirituais. Malimpensa, [Lara Christina de], São Paulo: É Realizações, 2019.

__________. Elogio da Filosofia Antiga. Trad. Flávio Fontenelle Loque e Loraine Oliveira, São Paulo: Loyola, 2012.

__________. The Inner Citadel: The Meditations of Marcus Aurelius. Trad. Michael Case, Massachusetts: Harvard University Press, 1998. 

IRVINE, William B. A Guide to the Good Life: the ancient art of Stoic joy. New York: Oxford University Press, 2009.

KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1994.

LONG, A.A. A stoic and Socratic guide to life. New York: Oxford University Press, 2007.

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