Recentemente, nas pausas,
tenho lido e relido algumas publicações de Frederick Campbell Crews.
Publicou ensaios, é crítico literário e professor emérito de Inglês na University
of California, Berkeley.
Meu interesse em sua obra
parte da fase em que Crews passou a estudar e criticar a obra de Freud. Analisa em seus escritos, o estilo, o método e a
relevância científica das suas propostas tendo participado, entre os anos 80 e
90 de debates conhecidos como "guerras de Freud."
O que me levou ao tema
foi meu interesse desde a graduação. À época ainda via como bons olhos o
assunto. Com a leitura de Karl R. Popper e sua crítica sobre o “critério de
demarcação” comecei a ver outros lados da mesma temática. Continuei e,
recentemente, como disse acima cheguei a Crews, Hansson e Catherine Meyer e demais autores, citados abaixo, que tem me ajudado bastante nestas leituras e releituras do tema que, desde à época são
constantes. Tenho descoberto e me surpreendido com as nos abordagens. Portanto, ddou prosseguimento...
E, tem mais:
“Esta obra procura
apresentar as histórias de pacientes de Freud que acabaram por receber
pseudônimos pelo psicanalista. Traz 31 destinos que por vezes se cruzam e que
acabaram por ensinar sobre a prática clínica de Freud. Como pano de fundo,
busca mostrar o mundo de Viena do fim do Império austro-húngaro.”
E, ainda, da edição em espanhol, em
e-book Kindle:
"Todo el mundo
conoce los personajes descritos por Freud en sus historiales clínicos:
"Elisabeth von R.", "Dora", el "Hombre de las
ratas", el "Hombre de los lobos". Pero, ¿se conoce a las
personas reales que se ocultaban detrás de estos famosos seudónimos: Ilona
Weiss, Bauer, Ernst Lanzer, Sergius Pankejeff?
Más en general, ¿qué se sabe de todos esos pacientes sobre los cuales
Freud nunca escribió nada, o muy poco: Pauline Silberstein (quien se suicidó
tirándose desde el edificio de su analista), Olga Hönig (la madre del
"pequeño Hans"), Elfriede Hirschfeld, el arquitecto Karl Mayreder,
Viktor von Dirsztay, la heredera lesbiana Margarethe Csonka, el psicótico Carl
Liebman, y muchos otros?
Mikkel Borch-Jacobsen
reconstruye aquí con precisión sus historias, a veces cómicas, a menudo
trágicas, siempre impactantes y conmovedoras.
No total, trinta e oito destinos que muitas
vezes se cruzam, trinta e oito retratos vívidos – de pacientes por vezes até
então desconhecidos – que nos ensinam mais sobre a prática clínica real de
Freud do que os seus próprios relatos de casos. No fundo, um mundo inteiro que
desapareceu diante de nós, o de Viena no final do Império Austro-Húngaro,
revive como uma última valsa."
E, ainda tem mais:
Link de uma entrevista com Frederick Crews:
https://youtu.be/Z7sfVEGY0Sk?si=se8lQfhUTbWlTMZ2
“Nesta entrevista o
ex-freudiano e crítico da psicanálise Frederick Crews discute diversos temas
sobre psicanálise com Clarice Ferreira. Relata sobre como foi sua trajetória do
freudianismo até a sua descrença na doutrina, sobre a queda da psicanálise nos
Estados Unidos, os escândalos dos casos clínicos de Freud que marcam a história
da psicoterapia e mais. Além disso, desmistifica ataques infundados às suas
obras que estão sendo disseminados por psicanalistas no Brasil, envolvendo a
discussão da batalha das memórias e a cientificidade da psicanálise
supostamente estar relacionada à traição que Freud cometeu com sua cunhada.
O
canal Psicolosofia é um canal de divulgação científica que produz conteúdos
sobre Psicologia Baseada em Evidências, filosofia científica/analítica e
metodologia científica.”
Parasaber mais sobre estas discussões:
- Audiotexto
de "Definindo ciência e pseudociência", de Sven Ove Hansson Psicolosofia https://mail.google.com/mail/u/0/?tab=rm&ogbl#inbox?projector=1
- Exposição sobre "Formal models in epistemology", de Sve Ove Hansson.
: https://www.youtube.com/watch?v=JQxMiO8SQIY - Simpósio sobre "Filosofia da Pseudociência", de Sve Ove Hansson: https://www.youtube.com/watch?v=BHA1Rr6qgBQ
- Psicanálise
NÃO funciona? Por que é uma PSEUDOCIÊNCIA? | Clarice Ferreira. https://www.youtube.com/live/IUCfBwceUck
- Hansson, Sven Ove. Definindo pseudociência e ciência. Trad. Clarice Medeiros Ferreira. In: Crítica na Rede. https://criticanarede.com/pseudociencia.html
- Audiotexto de "Definindo ciência e pseudociência", de Sven Ove Hansson. In: Psicolosofia: https://www.youtube.com/watch?v=E-RGXbyCP-Q&t=115s
- Acrescentando hoje, dia 14.09.2024: CAPONNETTO, Mario; ABUD Jordán; ALONSO, Ernesto. O que é a Psicologia? Sobre o estatuto epistemológico da psicologia. Rio de Janeiro, RJ, Centro Dom Bosco, 2024.
"O que é a Psicologia? À medida que o processo da Ciência Moderna foi reduzindo toda experiência a mera experiência sensível e mensurável e fazendo da ciência fundada nesta experiência reduzida o único modelo válido de conhecimento científico, a separação wolffiana foi avançando até consumar-se no século XIX, quando a ruptura se tornou definitiva. A psicologia empírica de Wolff passou a chamar-se, simplesmente, a partir dos fisiólogos e dos filósofos oitocentistas, psicologia científica, de todo independente da psychologia metaphysica e a ela alheia." ("O que é psicologia?", pag. 45.)“Quando se observa o campo da Psicologia atual, é impossível evitar um certo desalento. Com efeito, se – como é próprio e inseparável do rigor científico – nos perguntamos sobre o objeto material e formal da Psicologia, sobre seu método, seus limites epistêmicos e seu caráter como ciência (se é ciência prática ou especulativa, se corresponde às chamadas “ciências da natureza” ou se na verdade há de ser considerada uma das chamadas “humanidades” etc.), não encontraremos uma resposta unívoca, ou, melhor dizendo, não encontraremos sequer uma resposta medianamente satisfatória. Encontraremos, pelo contrário, uma multiplicidade de enfoques, de correntes, tendências e orientações diversas e contrapostas. É impossível, portanto, reduzir a alguma forma de unidade formal tamanha dispersão. Não obstante, a ciência exige, por sua própria natureza de conhecimento certo, uma unidade formal de seu objeto sob a qual reunir e subsumir a pluralidade de seus aspectos e conteúdo.
Atentos a essa situação problemática da Psicologia atual, os autores do presente trabalho procuram superar as dificuldades que dela se derivam, valendo-se dos princípios e fundamentos da sempre vigente e fecunda Ciência da alma, como elaborada pela tradição filosófica, sobretudo pela brilhante síntese de Santo Tomás de Aquino."
“Estamos vivendo um período de grande confusão nas ciências e humanidades. A Psicologia tem se tornado cada vez mais subjetiva e confusa. A crescente dispersão de correntes, teorias e métodos não só fragmentou seu conhecimento, como também obscureceu o que um dia foi sua principal finalidade: compreender a alma humana. [...] somos convidados a mergulhar em uma profunda reflexão, por meio de uma análise histórica detalhada, que passa pelos fundamentos da Ciência da Alma na Antiguidade e na Escolástica Medieval, até às contribuições da Psicologia moderna e contemporânea.”
Grifos e Destaques são meus.
______.
ALLERS, Rudolf. O que há
de errado com Freud? Rio de Janeiro, RJ: Editora CDB, 2023.
BAARS, B. J. The
cognitive revolution in psychology. The Guilford Press, 1986.
BORCH-JACOBSEN, Mikkel; SHAMDASANI,
Sonu. The Freud files: an inquiry into the history of
psychoanalysis. Cambridge University Press, 2012.
BORSCH-JACOBSEN, Mikkel. Os pacientes de Freud: destinos. Lisboa: Edições Texto & Grafia, 2012.
CAPONNETTO, Mario; ABUD Jordán; ALONSO, Ernesto. O que é a Psicologia? Sobre o estatuto epistemológico da psicologia. Rio de Janeiro, RJ, Centro Dom Bosco, 2024.
CHALMERS, D. (1996). The conscious mind: in
search of a fundamental Theory. Oxford University Press.
CREWS, Frederick. (Ed.). Unauthorized Freud: doubters confront a legend. New
York: Penguin, 1999.
______.
Freud: The making of an Illusion. New York: Metropolitan Books/Henry
Holt & Company, 2017.
______. Out of my
System: psychoanalysis, ideology, and critical method. Oxford
University Pres, 1975.
______. O
gênio da retórica. In: Folha de São Paulo (Caderno Mais+). São
Paulo, domingo, 22 de outubro de 2000. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs2210200012.htm.
Acesso em: 25 de fevereiro de 2022.
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e
semiologia dos transtornos mentais. 3. ed. – Porto Alegre, RS: Artmed,
2019.
______. Religião, psicopatologia e saúde
mental. Porto Alegre, RS: Artmed, 2008.
DALRYMPLE, Theodore. Evasivas admiráveis: como
a psicologia subverte a moralidade. São Paulo: Ed. É Realizações, 2017.
FERMÉ, Eduardo; HANSSON, Sven Ove. Belief
Change: introduction and overview. Springer, 2018.
______. Vetenskap
och ovetenskap, Stockholm: Tiden, 1983.
______. “Defining Pseudoscience”, Philosophia
Naturalis, 33: 169–176. 1996.
______. “Falsificationism Falsified”, Foundations
of Science, 11: 275–286, 2006.
______. “Values in Pure and Applied
Science”, Foundations of Science, 12: 257–268, 2007.
______. “Philosophy in the Defence of
Science”, Theoria, 77(1): 101–103, 2011.
______. “Defining pseudoscience and
science”, pp. 61–77 in Pigliucci and Boudry (eds.), 2013.
______. Philosophy of
pseudoscience: reconsidering the demarcation problem. University
of Chicago Press; Illustrated edição, 2013.
______. Descriptor revision: belief
change through direct choice. Springer; Softcover reprint of the original,
2018)
GALLAGHER, S. (2005). How
the Body Shapes the Mind. Oxford University Press.
IZQUIERDO, Ivan. A arte de esquecer: cérebro, memória e esquecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Vieira & Lent, 2010.
______. Memória. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. 140 p.FFYTCHE, Matt. The foundation of the unconscious: Schelling, Freud and the birth of the modern psyche. Cambridge University Press, 2011.
JUNG. Carl Gustav. Freud e a
psicanálise. 6. ed. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2011. (Obras completas,
Vol. 4)
______. Psicologia do inconsciente. 22.
ed. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2011. (Obras completas, Vol. 7/1).
______. O eu e seu inconsciente. 27.
ed. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2011. (Obras completas, Vol. 7/2).
KANT, Immanuel. Crítica da razão
pura. 3, ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1994.
KUHN, Thomas S. “Logic of
Discovery or Psychology of Research?”, pp. 798–819 In P.A.
Schilpp, The Philosophy of Karl Popper, The Library of Living
Philosophers, vol xiv, book ii. La Salle: Open Court, !974.
LAKATOS, Imre. “Falsification and the
Methodology of Research program”, pp 91–197 In Imre Lakatos and Alan
Musgrave (eds.) Criticism and the Growth of Knowledge. Cambridge:
Cambridge University Press, 1970.
______. “Popper on Demarcation and
Induction”, pp. 241–273 In P.A. Schilpp, The Philosophy of Karl
Popper, The Library of Living Philosophers, vol xiv, book i. La Salle: Open
Court, 1974a.
______. “Science and pseudoscience”, Conceptus,
8: 5–9, 1974b.
______. “Science and pseudoscience”, pp.
114–121 in S Brown et al. (eds.) Conceptions of Inquiry: A
Reader London: Methuen, 1981.
LAUDAN, Larry. “The demise of the
demarcation problem”, pp. 111–127 in R.S. Cohan and L. Laudan
(eds.), Physics, Philosophy, and Psychoanalysis, Dordrecht: Reidel 1983.
______. O progresso e deus problemas: rumo a uma teoria do crescimento científico. São Paulo: Ed. Unesp, 2012.
LUDWIG, K. The
mind–body problem: an overview. In: S. P. Stich; & T. A
warfield Ted A. The blackwell guide to philosophy of mind (pp. 1-46).
Blackwell Publishing, 2003.
MEYER, Catherine; MIKKEL Borch-Jacobsen. [et al.]. O livro negro da psicanálise. Viver e pensar melhor sem Freud. 5.ed. Trad. de Simone Perelson
e Beatriz Medina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.
NICOLÉLIS, Miguel. O verdadeiro criador de tudo: Como o cérebro humano esculpiu o universo como nós o conhecemos. São Paulo: Editora Crítica, 2020.
______. Muito além do nosso eu. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
POPPER, Karl. Lógica da pesquisa
científica. São Paulo: Edusp, 1993.
______. Conjecturas e refutações. Trad.
Bath S. Brasília: UB, 1972.
______. Os dois problemas
fundamentais da teoria do conhecimento. São Paulo: Editora Unesp,
2013.
______. O conhecimento e o
problema mente-corpo. Lisboa: Edições 70, 2009.
______; ECCLES, J. C. O cérebro e
o pensamento. Campinas, SP: Papirus; Brasília, DF: Ed. Universidade
de Brasília, 1992.
______. O conhecimento objetivo. Belo Horizonte,
MG: Itatiaia, 1999.
______. O eu e seu cérebro. Campinas,
SP: Papirus; Brasília, DF: Ed. Universidade de Brasília, 1995.
FREUD, Sigmund. Interpretação do sonhos. Obras
completas. vol 4. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
FACKENHEIM,
Emil. The God within: Kant, Schelling, and Historicity.
University of Toronto Press, 1996.
RUSSEL Bertrand. Os problemas da filosofia. Lisboa: Edições 70, 2008.
SANDLER, Paulo Cesar. As origens da psicanálise na obra de Kant: a apreensão da realidade. Rio de janeiro: Imago, 2000. (Vol. III)
______. Raízes psicanalíticas no Iluminismo. Rio de janeiro: Imago, 2000. (Vol. I)
______. Os primórdios do movimento romântico e a psicanálise. Rio de janeiro: Imago, 2000. (Vol. II)
SCHELLING, F. W. J. Investigações
Filosóficas sobre a essência da liberdade humana: e os assuntos com
ela relacionados. Edições 70, 2018.
SEARLE, J. (1992). The rediscovery of mind: representation
and mind. Bradford Book.
SCRUTON, Roger. Freud e fraude. In: Contra a corrente. Lisboa: Edições 70, 2022. (pp. 154-156)
XAVIER, Leiserée Adriene Fritsch. Kant a Freud: o imperativo categórico e o superego. José Ernani de Carvalho Pacheco (editor). Curitiba, PR: Editora Juruá, 2009.