sexta-feira, 1 de outubro de 2021

STOICON X: ESTOICISMO APLICADO À REALIDADE BRASILEIRA


Recentemente, já escrevi aqui, sobre um texto tratando deste tema, enviado e aceito para publicação. Em novembro, participo deste evento "Stoicon X 2021" com uma "comunicação", refletindo a partir do Estoicismo e alguns aspectos da CBT/TCC. 

Mesa 4.
______.
GT Epicteto - Anpof

Link do evento e Programação:

https://www.eventbrite.co.uk/e/stoicon-x-aracaju-2021-tickets-168936606939?fbclid=IwAR2oCBtHkjaIOXaSr0iBUCzEAbmR46ZXtceQLo7gxmmmZMmIVB5sSpKg3Z8

Todos os participantes (Vídeos):

https://aldodinucci.blogspot.com/2021/11/stoiconx-viva-vox-gt-epicteto.html?fbclid=IwAR0sh3D9cOEhXk_Vubp6_Cgpaa9YORwJajkH97oPmwW0t9wxrjDzd2ebw80


PROGRAMAÇÃO:

14:00 Donato Ferrara (Abertura)

 

MESA 1 (Moderação: Donato Ferrara)

14:15 Diogo da Luz: Estoicismo: no débito ou no crédito?

14:30 Donato Ferrara: A ação política de inspiração estoica e seus limites

14:45 Breno Lucano:Mulher maravilha 84: o estoicismo aplicado aos quadrinhos

15:00 João Leite Ribeiro: Retórica, a virtude esquecida

15:15 Seção de Perguntas

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MESA 2 (Moderação: Joelson Nascimento e Vilmar Prata)

15:30 Renato Pereira Diniz: O Sal da Terra

15:45 Danilo Pattuti: Prática estoica: exame e observação de si

16:00 Vilmar Prata: Os discursos falaciosos sobre o estoicismo na atualidade versus o estoicismo genuíno

16:15 Joelson Nascimento: Posso me chamar Estoico?

16:30 Ivan Biava: Nova Stoa - Propagando o bem em escala com um movimento social de Estoicismo

16:45 Seção de Perguntas

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MESA 3 (Moderação: )

17:00 Jean Tosetto: Estoicismo aplicado aos investimentos: controle emocional para lidar com os riscos inerentes da renda variável

17:15 Alexandre Pires: O estoicismo de Boécio e Justo Lípsio

17:30 Márcio Saraiva: A ética das virtudes: estoicismo e espiritismo

17:45 Rafael Rodrigues: O problema da Fortuna: estoicos e peripatéticos lidando com a pandemia

18:00 Seção de Perguntas

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MESA 4 (Moderação: Aldo Dinucci)

18:15 Luis Marcos Ferreira - Ansiedade em Epicteto: uma reflexão.

18:30 Kai Whiting: Estoicismo e liberdade de expressão

18:45 Taynam Bueno: Pensar sobre a morte

19:00 Aldo Dinucci: Reagindo ao assédio moral a partir de Epicteto e Stockdale

19:15 Seção de Perguntas e Encerramento.

CICLO DE CONFERÊNCIAS SOBRE A "CRÍTICA DA RAZÃO PURA"

 


"Mais um encontro do nosso ciclo de conferências sobre a Critica da Razão Pura de Immanuel Kant. No encontro de hoje vamos discutir "O impacto do idealismo Kantiano e os limites do idealismo transcendental", com a professora convidada Giorgia Cecchinato (UFMG).

domingo, 26 de setembro de 2021

"O LABIRINTO DAS PALAVRAS"


Publiquei esse cartaz de 2017, ainda em 2017, no Facebook, hoje após ter lido o livro, volto a pensar no assunto e adiciono aqui, também, para futuras reflexões. O filme, à época me fez pensar em algumas coisas bem "existenciais"! Claro, era só um filme. Mas, os temas sempre me prendem e me levam a novas e reiteradas reflexões acrescentando temas que extraio de outros livros.
 
Sinopse: "É a história de um daqueles encontros improváveis ​​que podem mudar o rumo de uma vida: o encontro entre Germain, na casa dos cinquenta, quase analfabeto, e Margueritte, uma velhinha muito culta. Germain leva uma vida tranquila entre seus amigos, sua namorada Annette, instalado nos fundos do jardim de sua mãe. Ele nunca conheceu seu pai, sua mãe ficou grávida dele involuntariamente e o faz sentir isso. Seus amigos de bistrôs gostam dele, mas sempre riem dele.

No entanto, Germain, longe de ser um imbecil, é um filósofo sincero, um diamante bruto no qual ninguém jamais pensou em cortar facetas. Se sua cabeça permaneceu "pousada", é porque não foi cultivada. Um dia, ele encontrará Margueritte, que lerá em voz alta trechos de romances para ele. Germain vai descobrir a magia dos livros, dos quais ele se acreditava excluído para sempre. Mas Margueritte perde a vista, e pelo amor desta vovó travessa e atenciosa, ele chegará ao ponto de começar a ler para ela, em voz alta, quando ela não puder mais fazê-lo. É uma história sobre pessoas simples e reais, às vezes comoventes, engraçadas e muitas vezes muito engraçadas. Uma história terna, cheia de esperança, que prova que é sempre possível aprender e nunca é tarde para ser feliz."

(grifos e destaques meus)

Do livro, de Marie-Sabine Roger: “À quarante-cinq ans, Germain mène une vie de brute paisible, retrouvant ses amis au bistrot la journée et dormant le soir dans une caravane au fond du jardin de sa mère. Son autre distraction : compter les pigeons du parc. C’est là qu’il fait la connaissance de la très vieille mais très pétillante Margueritte, grande lectrice devant l’Éternel. Leur rencontre sous l’égide de la lecture bouscule doucement leur vie, et Germain découvrira peu à peu par les livres le monde qui l’entoure.,Racontant l’histoire d’une drôle d’amitié, ce roman rend hommage avec beaucoup d’humour et de tendresse au plaisir de la lecture.”

Link do Trailer (legendado): https://www.youtube.com/watch?v=hk6on8AmwVM

Link do Trailer (alemão): https://www.youtube.com/watch?v=mAbgEFVrKRk

______.

ROGER, Marie-Sabine. La tête en friche. J´'ai lu. 2012.

______. Das Labyrinth der Wörter.  dtv Verlagsgesellschaft, 2013.


SUGESTÕES DE LEITURA

CAMUS, Albert. A peste. Rio de janeiro, RJ, 2017.

DEFOE, Daniel. Um diário do ano da peste. São Paulo: Novo Século, 2021.

______. A journal of the plague year. Penguim Books, 2003.

KIEKEGAARD, S. A. O desespero humano: doença até a morte. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

______. O desespero humano: São Paulo: Ed. UNESP, 2010.

______. Do desespero silencioso ao elogio do amor desinteressado. (Org. Alvaro Valls). Escritos, 2004.

______. O conceito de angústia. 3. ed. Trad. Alvaro Valls. Petrópolis, RJ, Vozes, 2015.

MAY. Rollo. May, R., Angel, E., & Ellenberger, H. (Orgs.). Existencia: nueva dimension em psiquiatría y psicología. Madrid, Editorial Gredos, 1977.

May, R. (Org.). Psicologia existencial. Rio de Janeiro: Globo, 1980.

______. A descoberta do ser. São Paulo: Rocco, 1988.

______. O homem à procura de si mesmo. São Paulo: Ed. Círculo do livro, 1992.

______. Psicologia do dilema humano. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

PONTE, Carlos Roger Sales da; SOUSA, Hudsson Lima de. Reflexões críticas acerca da psicologia existencial de Rollo May. Rev. abordagem gestalt.,  Goiânia ,  v. 17, n. 1, p. 47-58, jun.  2011 .   Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672011000100008&lng=pt&nrm=iso>.acessos em  17  ago.  2019.

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

O SUPOSTO "CONFLITO CIÊNCIA X RELIGIÃO"

 

Recentemente, acrescentei, uma obra de Alvin Plantinga que até recentemente não conhecia: “Ciência, religião e naturalismo: onde está o conflito? (2018)”.

Hoje, revisitando e prosseguindo com estudos sobre o tema “ciência e religião”, durante as costumeiras pausas na oficina.

Como desde há muito tempo tem sido apresentado em termos de conflito entre as duas áreas e, como, de alguns anos para cá, tenho acompanhado as discussões em torno do assunto e já é bastante perceptível uma renovada ampliação do debate, com amplos avanços e esclarecimentos, sigo com as leituras e faço aqui as anotações após as leituras. 

Agora, estou lendo, recém lançado, este livro de Plantinga: “Conselhos aos filósofos cristãos”, considerando as especificidades das suas crenças cristãs e as diferenças com as crenças cristãs às quais sempre me filiei, é uma excelente reflexão para os tempos atuais.

Muita coisa boa sobre o tema tem surgido. Acrescentado em 30 de outubro de 2021:

"Uma das muitas e grandes contribuições de Alvin Plantinga à comunidade intelectual cristã tem sido certamente sua defesa do direito e responsabilidade de os acadêmicos cristãos desenvolverem e trabalharem, aberta e declaradamente, sua disciplina a partir de uma perspectiva cristã. Neste livreto, os ensaios de Plantinga levantam precisamente questões relacionadas à sua experiência como filósofo cristão e, portanto, às demandas e desafios apresentados tanto pelo trabalho filosófico em si quanto pela caminhada na fé cristã. Nesse sentido, o autor explora, em sua linguagem rigorosa porém límpida, quais são as possíveis relações entre a comunidade intelectual cristã (juntamente às universidades cristãs das diversas tradições confessionais) e o trabalho científico; de igual modo, expõe como as abordagens e práticas intelectuais dos cristãos diferem daquelas realizadas nos demais meios. As propostas do filósofo analítico, embora não se diluam em contemporizações, tampouco se reduzem a esquemas e simplificações apressadas; antes, primam pela necessidade do constante diálogo com o entorno intelectual, bem como da autocrítica e supervisão das próprias atividades de pesquisa porventura conduzidas pelo cristão. De igual modo, Plantinga oferece aqui “conselhos” reunidos de sua experiência pessoal e acadêmica a filósofos cristãos e que possivelmente servem, por extensão, a quaisquer outros pensadores teístas que buscam ou já mesmo ensaiaram uma integração de sua fé com seu trabalho filosófico. Traçando um breve histórico dos desafios anteriormente levantados pela corrente verificacionista, o autor passa a considerações de temas centrais da epistemologia da crença religiosa e da antropologia filosófica. Esses argumentos iniciais, conforme se verá, preparam sua posterior convocação pessoal e espiritual para que os cristãos envolvidos no trabalho acadêmico demonstrem maior liberdade, integridade e coragem cristãs em suas pesquisas e em sua jornada ou vida na universidade."

...

E, mais uma vez, revisitando e prosseguindo com estudos sobre o tema “ciência e religião”, durante as costumeiras pausas na oficina. Como desde há muito tempo tem sido apresentado em termos de conflito entre as duas áreas e, como, de alguns anos para cá, tenho acompanhado as discussões em torno do assunto e já é bastante perceptível uma renovada ampliação do debate, com amplos avanços e esclarecimentos, sigo com as leituras e faço aqui as anotações após as leituras. 

Autores como Ronald Numbers, que também já postei aqui e desde que li pela primeira vez sempre releio um ou outro de seus capítulos para reflexões; e faço esse registro por tratar-se, principalmente este que reli hoje pela manhã, de uma obra em que reuniu um grupo de pesquisadores sobre o tema que resultou no seu "Galileo goes to jail and other myths about science and religion" (2009). 

Tenho acrescentado outros a estas releituras, para continuidade nos estudos. Também reli o livro de John Hedley Brooke: "Science and religion: some historical perspectives (publicado em 1991, reimpresso em 2014)"; sobre o tema e em seguida também reli: “Science and religion: new historical perspectives" (2011) este que destaco aqui (na imagem). E, recentemente acrescentei: "Science anda Religion: are they compatible?" Um debate entre Alvin Plantinga Daniel C. Dennett.

Foi neste sentido que voltei a este que acrescentei, também de Plantinga que até recentemente não conhecia: "Ciência, religião e naturalismo: onde está o conflito?"(2018).

Nesta obra Plantinga discute:                                             

A compatibilidade entre ciência e religião talvez seja um dos maiores debates da humanidade. Especialmente nas últimas duas décadas, vários livros foram escritos sobre o assunto, mas quase sem nenhum consenso. Diante desse cenário e a fim de responder à pergunta proposta no título deste livro, Alvin Plantinga analisou temas como evolução, psicologia evolucionista, exegese das Escrituras, estudo científico da religião, além dos argumentos de proeminentes filósofos ateus como Dan Dennett, Richard Dawkins e Philip Kitcher, os quais defendem que a evolução e a crença teísta não podem coexistir. O resultado é esta contribuição singular e há muito aguardada do principal filósofo contemporâneo da religião.”

Para saber mais:

 ______.

DENNETT, Daniel C. Science anda Religion: are they compatible? Oxford University Press (USA), 2010.  

DIXON, Thomas; CANTOR, Geoffrey; PUMFREY, Stephen. Science and religion: new historical perspectives, 2011.

DIXON, Thomas. Science and Religion: a very short introduction. Ouxford University Press, 2008.

HARRISON, Peter. The territories of science and religion. University of Chicago Press, 2015.

______. (Org.) The Cambridge companion to science and religion. Cambridge Universtity Press, 2010.

______. (Org.) Ciência e religião. São Paulo: Ideias e Letras, 2014.

LINDBERG, David C; NUMBERS, Ronald. When Science and Christianity Meet. University of Chicago Press; Edição: Reprint 1, 2008.

NUMBERS, Ronald L. Galileo Goes to Jail: and other myths about science and religion. Harvard University Press, 2009.

PLANTINGA, Alvin. Ciência, religião e naturalismo: onde está o conflito? Vida Nova, 2018.

______. Conselhos aos filósofos cristãos. Brasília, DF: Ed. Monergismo, 2021.

______. Deus, a liberdade e o mal. Vida Nova, 2012.

VAN INVAGEN, Perter. O problema do mal. Brasília, DF: UNB, 2018. 


CURSO: "CIÊNCIA RELIGIÃO ATRAVÉS DA HISTÓRIA"

Interessante, para abordagem do tema, desde que se esteja atento ao que realmente implicaram essas "complexas relações históricas entre ciência e religião". Há extensa bibliografia e discussões atualmente.


______.

DENNETT, Daniel C. Science anda Religion: are they compatible? Oxford University Press (USA), 2010.  

DIXON, Thomas; CANTOR, Geoffrey; PUMFREY, Stephen. Science and religion: new historical perspectives, 2011.

DIXON, Thomas. Science and Religion: a very short introduction. Ouxford University Press, 2008.

HARRISON, Peter. The territories of science and religion. University of Chicago Press, 2015.

______. (Org.) The Cambridge companion to science and religion. Cambridge Universtity Press, 2010.

______. (Org.) Ciência e religião. São Paulo: Ideias e Letras, 2014.

LINDBERG, David C; NUMBERS, Ronald. When Science and Christianity Meet. University of Chicago Press; Edição: Reprint 1, 2008.

NUMBERS, Ronald L. Galileo Goes to Jail: and other myths about science and religion. Harvard University Press, 2009.

PLANTINGA, Alvin. Ciência, religião e naturalismo: onde está o conflito? Vida Nova, 2018.

______. Deus, a liberdade e o mal. Vida Nova, 2012.

VAN INVAGEN, Perter. O problema do mal. Brasília, DF: UNB, 2018. 

sábado, 18 de setembro de 2021

A MÚSICA; O INEFÁVEL; A MENTE: REFLEXÕES

 

(IMAGEM: "Pinterest")

Enquanto não termino a "terrível" última revisão; ouço algumas partituras e releio alguns textos sobre o tema; sempre com foco em aspectos científicos das questões a que me dedico. Aprender sempre!

Aqui, ouvindo a "Chaconne em D, de J. S. Bach", algumas "Cantatas", seguindo pela obra Alfred Durr. Um pouquinho de Música Barroca para Oboé e, recentemente, após ter relido pela manhã "Alucinações musicais", cotejando, lembrei-me desta passagem na obra do Oliver Sacks:

"A música, única entre as artes, é completamente abstrata e profundamente emocional. Não tem poder de representar nada particular ou externo, mas tem um poder único de expressar estados ou sentimentos internos. A música pode perfurar o coração diretamente; não precisa de mediação. Não é preciso saber nada sobre Dido e Enéias para se comover com seu lamento por ele; quem já perdeu alguém sabe o que Dido está expressando. E há, finalmente, um paradoxo profundo e misterioso aqui, pois embora tal música faça a pessoa sentir dor e tristeza mais intensamente, ela traz consolo e consolo ao mesmo tempo."

Instigado, voltei a reler esse pequeno livro para uma pausa, um breve intervalo das leituras referentes à pesquisa, como sempre faço e principalmente, sobre estes temas.

______.

SACKS, Oliver. Alucinações musicais: relatos sobre a música e o cérbro, 2007.)

______. Musicophilia: Tales of Music and the Brain, 2016).

______. Um antropólogo em marte: sete histórias paradoxais. São Paulo: Companhia das letras, (edição de bolso), 2006.

______. O olhar da mente. São Paulo: Companhia das letras, 2010.

______. O rio da consciência. São Paulo: Companhia das Letras, 2017.

JANKÉLÉVITCH,  Vladimir. A música e o inefável. São Paulo: Editora Perspectiva, 2018.

______. La Musique et l'ineffable. Paris: Essais,  1961.

______. Die Musik und das Unaussprechliche. Suhrkamp Verlag, 2016.

sexta-feira, 17 de setembro de 2021

REFLEXÃO MATINAL XCII: "ESTAR NO MUNDO"

 

(IMAGEM: "Pinterest")

“Faça uma prática dizer a todas as impressões fortes: ‘Uma impressão é tudo o que você é’. Em seguida, teste e avalie com seus critérios, mas um principalmente: pergunte: ‘Isso é algo que está ou não está sob meu controle?’ E se não é uma das coisas que você controla, diga: ‘Então não é minha preocupação’. (EPICTETO. D. II, 18)

A recomendação é excelente! Portanto, cabe-nos concentrar a atenção no que está sob nosso controle, a Natureza cuida do que está longe do nosso poder.

Assim, pela vontade, podemos dedicar bom tempo exercitando o domínio das nossas opiniões, das paixões; como li, recentemente, sobre a piedade Epicteteana. Uma tonalidade de alta confiança é percebida também nesse texto do imperador-filósofo:

"Toma conta de mim e atira-me para onde quiseres — porque, seja onde for, conservarei a minha consciência tranquila, isto é, satisfeita, contanto que eu proceda em conformidade com a minha natureza de homem. Valeria a pena que, por tão pouco, a minha alma se considerasse infeliz, se tornasse inferior a si mesma, se rebaixasse, se apaixonasse, se deixasse abater, se inquietasse? E que encontrarás na vida a que mereça tanto?"

"[...] Portanto, se coisa alguma sucede a cada ser senão o que é ordinário e natural, por que motivo hás de indignar-te? Pois a natureza nada te deu que fosse insuportável."

APARANDO AS ARESTAS

E, enquanto faço uma pausa, preparo um cafezinho indispensável, reflito sobre esta passagem do grande Plotino:

"Recolhe-te em ti mesmo e observa. E se achas que ainda não és belo, faze o que faz o criador de uma estátua que deve ser bela. Ele corta aqui e ali, alisa acolá, torna uma linha mais leve, uma outra mais pura, até que na estátua surge um belo rosto. Faze o mesmo: corta o excesso, endireita o que está torto, leva luz ao que está sombrio, trabalha para fazer com que tudo resplandeça em beleza, e não cesses de cinzelar a tua estátua até que ela desprenda sobre ti o divino esplendor da virtude, até que vejas a bondade final estabelecida com firmeza no santuário sem mácula."

Por certo, se assim fosse, estaríamos mais ligados ao “estar no mundo sem ser do mundo”; num constante olhar para “dentro de si”. 

Que sejam dias de muito trabalho e estudos, mesmo com dificuldades; em Paz!

______.

SUGESTÃO DE LEITURAS

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

EPICTETO. Entretiens. Livre I. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; Fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.

GAZOLLA, Rachel.  O ofício do filósofo estóico: o duplo registro do discurso da Stoa, Loyola, São Paulo, 1999.

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001. 

IRVINE, William B. A guide to the good life: the ancient art of Stoic joy. New York: Oxford University Press, 2009.

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). (O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro, ______. O livro dos Espíritos. 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica). Brasília, DF: Feb, 2013. ("As virtudes e os vícios": Q. 893-906).

KING, C. Musonius Rufus: Lectures and Sayings. CreateSpace Independent Publishing Platform, 2011.

LONG, Georg. Discourses of Epictetus, with Encheiridion and fragments. Londres: Georg Bell and sons, 1890.

LUTZ, C. Musonius Rufus, the Roman Socrates. Yale Classical Studies 10 3-147, 1947.

MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Livro VIII: 45, 46)

SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

XENOFONTE. Apologia de Sócrates. 5. ed. Trad. Líbero Rangel de Andrade. São Paulo: Nova Cultural, 1991. (p. 164-165). (Col. Os Pensadores)

quarta-feira, 15 de setembro de 2021

REFLEXÃO VESPERTINA I: AGIR COM MODERAÇÃO

 

(IMAGEM: "Pinterest")

reflexão vespertina de hoje; como de praxe, é mais um exercício fugindo da trivialidade, que instaura o domínio da superficialidade, destrói o sentimento de moderação e da busca do necessário, antes visto como normalidade.

A prática comum, desse modo, entre os estudos, tem sido a adoção sistemática, disciplinada, de exercícios que propiciam um distanciamento das agruras do cotidiano no firme propósito de buscar ou resgatar instantes de Paz. Nas passagens de filosofia, citadas aqui, a repetida tentativa de refletir sobre este esforço; esta busca constante pela moderação.

Pois que:     

"A natureza dá-nos em abundância o que naturalmente necessitamos. A civilização do luxo é um desvio em relação à natureza: dia-a-dia cria novas necessidades, que aumentam de época para época; o engenho está a serviço dos vícios”.

Onde está a moderação?

“Desapareceu de entre nós a antiga moderação natural que limitava os desejos às necessidades; hoje, desejar apenas o essencial é dar provas de mesquinho provincianismo”

É então que a filosofia de Sêneca e dos estoicos, portanto, ganha aqui, para tal reflexão, o sentido de medicamentum. Ou seja; um guia para aprimoramento do caráter puramente humano. A compreensão da natureza nos conduzirá à superação de temores e à compreensão do homem e do que está para além das suas limitações.

Exercitemo-nos, na busca pela moderação. A fuga do trivial.

A moderada normalidade é meta por aqui.

E,

Como resultando das muitas "meditações matinais" que tenho feito, surgiu a lembrança de que os estoicos propunham também “meditações vespertinas” e “meditações noturnas”, como já escrevi aqui, outras vezes.

E, não é novidade que, em geral, a filosofia é vista como um exercício inútil, reservado a desocupados que vivem isolados em suas torres de marfim. A considerar-se que a filosofia tem mesmo uma característica bastante voltada à reflexão teórica, abre-se imenso campo para que a vejam como inaplicável, portanto, dispensável.

Mas, como outros estoicos, o filósofo estoico Caio Musônio Rufo, chamado por alguns de “Sócrates romano”, tornou-se à sua época conhecido não só por sua coerência interna, ou seja, pela aproximação entre o que ensinava e o que vivenciava mas por ter ensinado outro grande estoico: Epicteto; sobre quem tenho dedicado alguns breves textos aqui, no Blog.

Aqui, mais uma vez, vou destacar que nas minhas leituras cada vez mais frequentes sobre estoicismo, que o mais notório princípio para prática dessa filosofia é o conjunto de "exercícios práticos". Ora, visto que os objetivos estoicos estão sempre ajustados de forma a dar mais valor à ação do que às palavras, a maneira de agir de cada indivíduo que pretenda ser um estoico é priorizada devido ao fato de que verdadeiramente a ação mostra como uma pessoa realmente é. Daí a incessante busca, realizando tais "exercícios práticos" no cotidiano para alcançar o sempre almejado princípio da eustatheia (tranquilidade) e desenvolver a euthymia (crença em si). E, como, também, já anotei aqui nessa página, mais de uma vez, nunca é demais reforçar e refazer o caminho no sentido de dar continuidade às reflexões pessoais, procurando juntar teoria prática, uma das maneiras estoicas de se posicionar em oposição àqueles que julgam a filosofia como inútil. A referência estoica é Sócrates.

Então, nesta meditação vespertina de hoje, reflito e proponho:

“(a) As coisas não inquietam os homens, mas as opiniões sobre as coisas. Por exemplo: a morte nada tem de terrível, ou também a Sócrates teria se afigurado assim, mas é a opinião a respeito da morte — de que ela é terrível — que é terrível! Então, quando se nos apresentarem entraves, ou nos inquietarmos, ou nos afligirmos, jamais consideraremos outra coisa a causa senão nós mesmos — isto é: as nossas próprias opiniões.

(b) É ação de quem não se educou acusar os outros pelas coisas que ele próprio faz erroneamente. De quem começou a se educar, acusar a si próprio. De quem já se educou, não acusar os outros nem a si próprio.”

Acrescento:

(c) Outra recomendação de Musônio Rufo valorizava a "moderação", ou sōphrosúnē (σωφροσύνη - em grego antigo). A sōphrosúnē consiste em abrandar suas emoções; não comer demais, ser frugal e comportar-se com certo equilíbrio e gravitas. A moderação está profundamente relacionada com estabelecimento de médias nas atividades práticas pessoais. E, no que se refere especificamente às emoçõesMusônio Rufo afirma, por exemplo, que:

“Palavras de aconselhamento e admoestação oferecidas quando as emoções de uma pessoa estão em seu ponto mais alto e transbordante pouco ou nada adiantam. [Fragmento nº 36]”

Portanto, como um método para exercício dessas recomendações, segue a indicação abaixo:

“O método a que Musônio Rufo se refere pode ser a prática estoica da meditação retrospectiva noturna, a qual envolve a reflexão sobre o que você fez de bom ou de ruim em cada dia e a imaginação sobre o modo de melhorar sua conduta dali por diante. 

À mesa do jantar ou à hora de dormir, converse com seu filho sobre como foi o dia para vocês dois, discutindo o que deu certo e o que deu errado. Vocês perderam alguma oportunidade de fazer algo positivo pelo seu crescimento enquanto pessoas? Útil tanto para os filhos como para os pais é refletir sobre sua própria conduta, fazer comentários sobre suas falhas pessoais e revirar o cérebro em busca de soluções que visem ao aprimoramento de si. Sabedoria não é algo que se adquira do dia para a noite: estamos sempre nos empenhando na direção dela.”

método de Musônio Rufo apresentado acima como "meditação vespertina",  é uma proposta de reflexão sobre o que fizemos de bom ou ruim ao longo de cada dia e o estabelecimento ou reforço de "metas" a serem vencidas para a melhora da conduta a partir de cada novo dia que vai terminando.

Isso já aparece nas atribuições necessárias ao "προκόπτον –prokopton”, tanto na "meditação retrospectiva noturna", quanto nas "reflexões matinais"

Ademais, como fiz aqui, nunca é dispensável reforçar e prosseguir nos termos expostos em que nos colocaremos em uníssono o que dizemos e o que fazemos. Moderação e equilíbrio dos polos.

(Grifos e destaques meus)

______.

SUGESTÃO DE LEITURAS

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

EPICTETO. Entretiens. Livre I. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; Fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001. 

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JORNADA ESTUDANDO KARDEC NO INTERIOR DE SÃO PAULO - IDEAK

Jornada Estudando Kardec no Interior de São Paulo . Cosme Massi compartilha seus mais de 30 anos de experiência em estudos sobre Allan Karde...