segunda-feira, 29 de junho de 2020

REVISTA "ESTUDOS KANTIANOS" - (UNESP - MARÍLIA)


Immanuel Kant
_____________________________________

Société d’Études Kantiennes de Langue Française (SEKLF)

"Appel à contributions permanent de la revue Estudos Kantianos"

La revue ESTUDOS KANTIANOS publie des articles, traductions et recensions qui se rapportent à la pensée kantienne. Modalités d’application…

domingo, 28 de junho de 2020

SCHNEEWIND: ENSAIOS SOBRE A FILOSOFIA MORAL DE KANT (II)

Recentemente, tive acesso à leitura desses ensaios de Jerôme B. Schneewind e entre eles um, específico, trata da relação de Kant com a filosofia moral pré-kantiana; interessou-me uma possível relação com os estoicos, apresentada por Schneewind num destes ensaios. Li e como prossegui com a leitura do tema e desse autor, acabei encontrando, acrescentei e terminei de ler mais dois de sua autoria; sempre focando as leituras dos ensaios em que ele dá maiores contribuições à filosofia e ética kantianas.

Essays on the History of Moral Philosophy

“Ensaio sobre a história da filosofia moral”: J. B. Schneewind apresenta uma seleção de seus ensaios publicados sobre ética, a história da ética e da psicologia moral, juntamente com uma nova peça que oferece uma autobiografia intelectual. O volume varia entre os séculos XVII, XVIII e XIX: inclui os primeiros conhecimentos morais e princípios morais anti-fundacionalistas de Schneewind, o clássico "Os infortúnios da virtude" e outros ensaios sobre a relação de Kant com a filosofia moral pré-crítica; também um longo artigo sobre "Os poderes ativos" e a própria interpretação de Schneewind da filosofia moral de Kant. Esses escritos fornecem excelentes introduções aos dois longos livros de Schneewind e os complementam de maneiras importantes.”

...

“Filosofia moral de Montaigne a Kant”: “Essa antologia contém trechos de trinta e dois importantes filósofos morais dos séculos XVII e XVIII. Incluindo uma introdução substancial e extensas bibliografias, a antologia facilita o estudo e o ensino da filosofia moral moderna em seu período formativo crucial. Assim como pensadores conhecidos como Hobbes, Hume e Kant, há trechos de uma ampla gama de filósofos nunca reunidos anteriormente em um texto, como Grotius, Pufendorf, Nicole, Clarke, Leibniz, Malebranche, Holbach e Paley. Originalmente publicada como uma edição de dois volumes em 1990, a antologia agora é reeditada com um novo prefácio pelo professor Schneewind, como uma antologia de um volume para servir como um companheirona compreensã da história de sucesso da ética moderna, The Invention of Autonomy . A antologia fornece muitas das fontes discutidas em A invenção da autonomia e, juntos, os dois volumes serão um recurso inestimável para o ensino da história da filosofia moral moderna.”

The Invention of Autonomy: A History of Modern Moral Philosophy (English Edition)

“A invenção da autonomia”: “Este livro notável é o estudo mais abrangente já escrito sobre a história da filosofia moral nos séculos XVII e XVIII. Seu objetivo é definir a ética ainda influente de Kant em seu contexto histórico, mostrando em detalhes quais eram as questões centrais da filosofia moral para ele e como ele chegou a suas próprias visões éticas distintas. O livro está organizado em quatro seções principais, cada uma explorando a filosofia moral, discutindo o trabalho de muitos filósofos influentes dos séculos XVII e XVIII. Em um epílogo, o autor discute a visão de Kant sobre sua própria historicidade e os objetivos da filosofia moral. Em seu alcance, em suas análises de muitos filósofos não discutidos em outros lugares e em revelar o sutil entrelaçamento do pensamento religioso e político com a filosofia moral, esse é um relato sem precedentes da evolução da ética de Kant.”

Sobre o autor:

J. B. Schneewind is Emeritus Professor of Philosophy at Johns Hopkins University. He has studied at Cornell and Princeton and has taught at Chicago, Yale, Princeton, Hunter, Stanford, Leicester, Halle, Helsinki, and Johns Hopkins. A member of the American Academy of Arts and Sciences, he has been Chair of the Board of the Americal Philosopical Association and was awarded a Quinn Prize for Distinguished Service.

("grifos" e "destaques" meus)

______.

SCHNEEWIND, Jerome B. Invention of autonomy: a history of Modern moral philosophy. Cambridge University Press, 1997.

 ______. Moral philosophy from Montaigne to Kant. Cambridge University Press, 2002.

 ______. Essays on the history of moral philosophy. New York: Oxford University Press, 2010.


sábado, 27 de junho de 2020

WEBINAR DO CFM: "BIOÉTICA EM TEMPOS DE COVID-19"

A imagem pode conter: 3 pessoas, texto
"Como agir numa situação de escassez de recursos do ponto de vista da ética médica? Justiça e equidade dos sistemas públicos de saúde e seus dilemas éticos. Esses serão os temas da segunda edição de Webinar do Conselho Federal de Medicina. Durante o encontro virtual, o professor e palestrante Rui Nunes tratará sobre questões bioéticas durante a pandemia de Covid-19.

Para participar, basta preencher formulário de inscrição no site de eventos do CFM: 

quarta-feira, 24 de junho de 2020

REVISITANDO A LÓGICA DE KANT: REGRAS... LIMITES.

Cave of Heavenly Palace, Halong Bay, Vietnam

(IMAGEM: "Pinterest")

Tendo prosseguido com os estudos, ainda tentando escrever um pouco mais sobre a pesquisa, há sempre o necessário intervalo, uma pausa breve na oficina. E, além do muito apreço ao tema e muito à obra, voltei, pela manhã ao "Manual dos cursos de Lógica geral", de Kant. (já tinha escrito aqui, sobre essa obra em 17 julho de 2019). 

Parti, além da obra em si, de inestimável valor pessoal (considerando, de onde veio e a dedicatória, como destaquei, na primeira vez que a citei aqui); da afirmação de Kant sobre a “Lógica”, desde Aristóteles, não ter dado quase nenhum passo à frente nem para trás, dado que “o limite da Lógica acha-se determinado de maneira bem precisa, por ser ela uma ciência que expõe circunstanciadamente e prova de modo rigoroso unicamente as regras formais de todo o pensamento.” 

E, seria tal “limite”, a vantagem de seu sucesso como ciência. Claro é que tal afirmação já foi bastante contestada e embora me interesse muito, não vou me demorar sobre ela. Só vou começar a pensar a ideia de "limites" a partir da noção de "regras". Futuramente retorno à questão; após mais estudos e reflexões.

"Tudo na natureza (Natur), tanto no mundo inanimado quanto vivo, ocorre segundo regras (Regeln)embora nem sempre conheçamos essas regras de imediato - A água cai segundo as leis dos gravesm e o movimento da marcha entre os animais produz-se conforme regras. O peixe na água e o pássaro no ar movem-se segundo regras. A Natureza toda, em geral, nada mais é propriamente do que um nexo de fenômenos segundo regras e em parte alguma ocorrre ausência de Regras (Regellosigkeit). Quando pensamos tê-la encontrado, só podemos dizer que as regras nesse caso no são desconhecidas.

O exercício das nossas faculdades (Kräfte) também se faz segundo certas regras, que seguimos inicialmente, inconscientes delas, até que, mediante tentativas e um demorado uso de nossas faculdades, chegamos ao seu conhecimento, o que acaba nos colocando em tal familiaridade com elas que nos custa muita fadiga pensá-la in abstacto. Do mesmo modo a gramática geral (allgemeine Gramatik), por exemplo, é a forma (Form) de uma língua em geral. Mas falamos mesmo não conhecendo a gramática, e quem não a conhece e no entanto fala possui na verdade uma gramática e fala segundo regras de que não tem consciência, porém." (KANT, 2002, p. 25)

História Eclesiástica: os Primeiros Quatro Séculos da Igreja ...

(grifos e destaques, conforme aparecem no texto e alguns eu acrescentei, aqui)

E, mais:

De fundamental importância para compreensão da obra kantiana, uma excelente obra para, em  certa  medida, iniciar estudos sobre kantismo e uma introdução aos temas da Filosofia, inclusive traz um glossário com termos básicos para  auxílio na  leitura.
______.
KANT, Immanuel. Manual dos cursos de lógica geral. 2. ed. Trad. Fausto Castilho. Campinas/SP: Editora da Unicamp, 2002.

terça-feira, 23 de junho de 2020

AINDA PENSANDO NO PERÍODO "PRÉ-CRÍTICO" KANTIANO: METAFÍSICA

The Oxford Handbook of Leibniz (Oxford Handbooks) (English Edition) por [Maria Rosa Antognazza]

Prosseguindo com a pesquisa, passando por textos que, mesmo tratando de diversos temas mais distantes do principal e mais urgente, percebo aproximações e, por estarem, em certa medida, "na esteira" das discussões, de há alguns anos para cá, retorno e me fixo sempre nos clássicos. 

Aqui, sem sairmos das leituras tradicionais, retornei pela manhã, à discussão entre Leibniz e Locke, relendo Os Novos ensaios sobre o entendimento humanoque apresentam a teoria do conhecimento de Leibniz e sua crítica ao empirismo clássico de John Locke. Leio esse debate que se estabelece na obra de Leibniz sobre a obra de Locke sempre focado em elementos com os quais Immanuel Kant, se posiciona e discute desde o período pré-crítico até suas formulações do período Crítico.

Além das discussões sobre o conhecimento, uma outra questão a da origem do mal (bem resolvida, em mim) como não sendo de origem no “Criador”, mas no próprio homem, acabou me conduzindo para alguns outros autores como Wolff, Baumgartem; os moralistas ingleses, Hume; Berkeley, Hobbes e, agora mais atentamente, retomei a releitura dessa obra de Leibniz: The Oxford Handbook of Leibniz; um denso volume que parece me ajudar como um ponto de contato ao caráter interdisciplinar da ampla produção de leibniziana, nos vários domínios para os quais Leibniz contribuiu. Maria Rosa Antognazza reúne especialistas para a elaboração da obra e oferece uma imagem bem convincente sobre os empreendimentos de Leibniz. Enfim, prosseguindo!

______.

ANTOGNAZZA, Maria Rosa. The Oxford Handbook of Leibniz. Oxford University Press, 2018.

BUTLER, J; CLARKE, S; HUTCHESON, F; MANDEVILLE, B; SHAFTESBURY, L; WOLLASTON, W. Filosofia moral britânica: Textos do Século XVIII. Campinas, SP: Ed. Unicamp, 2014.

CUNHA, Bruno. A gênese da ética em Kant: o desenvolvimento moral pré-crítico em sua relação com a teodiceia. São Paulo: Editora LiberArs, 2017.

______. Lições sobre a doutrina filosófica da religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.

KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Guido A. de. São Paulo: Discurso editoria: Barcarola, 2009.

______. Textos pré-críticos. São Paulo: Editora Unesp, 2005.

______. Textos seletosPetrópolis, RJ: Vozes, 2008.

LEIBNIZ. G. W. Novos ensaios sobre o entendimento humano. Lisboa: Edições Colibri, 1993.

______. Ensaios de teodicéia. São Paulo: Estação Liberdade, 2013.

______; WOLFF, C; EULER, L.P; BUFFON, G.-L; LAMBERT, J. H; KANT, I. Espaço e pensamento: textos escolhidos. Organização de Márcio Suzuki (Org.). Tradução de Márcio Suzuki e Outros. São Paulo: Editora Clandestina, 2019. 286.

LOCKE, John. Ensaio sobre o entendimento humano. São Paulo: Martins Fontes, 2012. 

PHILONENKO, Alexis. L'Oeuvre de Kant: la philosophie critique. Tome I. J. Vrin, 1996. (col. Bibliothèque d'histoire de la philosophie)

RATEAU, Paul. Leibniz on the Problem of Evil, Oxford University Press, 2019.


sábado, 20 de junho de 2020

ESPIRITUALIDADE E SAÚDE MENTAL: ABP

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A espiritualidade atua como um importante fator de proteção e de prevenção das doenças mentais. Neste momento de pandemia, esse importante aspecto da vida pode auxiliar no cuidado com a saúde mental. ⠀
#ABPTV da próxima terça (23/06) debate o assunto, saiba mais em 
...
Link: 

PSICOPATOLOGIA: REFLEXÕES MULTIDISCIPLINARES




Tendo reservado, dessa semana, três manhãs de revisita a uma aula que apresentei há um ano atrás, bem longe daqui, em vista de este ano ela estar prestes a ser realizada novamente, revisitei os temas. Faço sempre assim, se desvio das pesquisas, volto sempre por onde já há trilha de caminhos já percorridos e nunca abandonados. Uma maneira de manter a delimitação dos poucos temas a que mais demoradamente me atenho.

Acostumado a ler Karl Jaspers, desde seu “Introdução ao pensamento filosófico”, e, sempre como "existencialista", ou como grande autor dos 2 volumes de Algemeine Psychopathologie a que tive acesso, inicialmente em português, e sempre os consulto, no original, à medida que vou aprendendo o idioma, sobre estes temas com qual sempre estou envolvido e estudando. 

Cheguei a esse filósofo, da mesma forma que cheguei a Hans Jonas; pelo interesse em temas da filosofia e da medicina. Entre os grandes do nosso tempo, poucos demonstraram tanto conhecimento nas duas áreas, conheciam tão bem os problemas relacionados à área médica tanto quanto da filosófica. Ainda continuo lendo autores que mantém este perfil, de trabalharem nas duas frentes; tendo já, aqui mesmo, nesta página, descrito entre os mais recente, algumas referências a Iván Izquierdo, sobre suas pesquisas sobre a Memória e sobre "Bases biológicas do transtornos mentais". Ou seja, como Karl Jaspers, Hans Jonas, tanto pela experiência direta quanto pelas reflexões sobre essa experiência ao longo da vida: eles eram médicos e importantes pensadores que conviveram entre filósofos e médicos.

Mais recentemente, também, nas pouquíssimas horas vagas, entre as leituras kantianas para a pesquisa; ainda na esteira do Jaspers, estou lendo o material de "psicopatologia" do Prof. Paulo Dalgalarrondo (médico). Muito material bom nas obras; inclusive, claro, com diálogos com filósofos também!

Enfim, bons motivos para enriquecer as pausas para os indispensáveis e ainda sofríveis exercícios de retorno ao violão. 

____

BARLOW, David H; DURAND, Mark; HOFMANN, Stefan G. Psicopatologia: uma abordagem integrada. 3. ed. Boston: Cengage Learning, 2021.

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 3. ed. – Porto Alegre, RS: Artmed, 2019.

______. Religião, psicopatologia e saúde mental. Porto Alegre, RS: Artmed, 2008.

IZQUIERDO, Ivan. A arte de esquecer: cérebro, memória e esquecimento. 2. ed.  Rio de Janeiro: Vieira & Lent, 2010.

______. Memória. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. 140 p.

______. KAPCZINSKI, Flávio; QUEVEDO, João; IZQUIERDO, Ivan. Bases biológicas dos transtornos psiquiátricos: uma abordagem translacional. 3. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2011.

JASPERS, Karl. Il medico nell'età della técnica. Con un saggio introduttivo di Umberto Galimberti. Milano: Raffaello Cortina Editore, 1991.

______. Der Arzt im technischen Zeitalter: Technik und Medizin. Arzt und Patient. Kritik der Psychotherapie. 2. ed. München: Piper, 1999.

______. Psicopatologia geral: psicologia compreensiva, explicativa e fenomenologia. São Paulo: Atheneu, 1979. (2 vols.)

______. Plato and Augustine. Edited by Hannah Arendt. Translated by Ralph Manheim. New York: Harvest Book, 1962.

______. Introdução ao pensamento filosófico. 16. ed. São Paulo: Cultirx, 1971.

JONAS, Hans. "Técnica, medicina e ética: sobre a prática do princípio responsabilidade". São Paulo: Paulus, 2013. (Ethos) 


KANT, Immanuel. Observações sobre o sentimento do belo e do sublime. Papirus, Campinas, 1993.

MORRISON, James. Entrevista inicial em saúde mental. Porto Alegre, RS: ARTMED, 2010.

OLIVEIRA, Sérgio Eduardo Silva de; TRENTINI, Clarissa Marceli. Avanços em psicopatologia: avaliação e diagnóstico baseados na CID-11. Porto Alegre, RS: ARTMED,  2023.

QUEVEDO, J. ; IZQUIERDO, I. (Orgs.). Neurobiologia dos transtornos psiquiátricos. Porto Alegre: Artmed, 2020. 388 p.


quinta-feira, 18 de junho de 2020

REFLEXÃO MATINAL XL: SE A RAZÃO PREVALECER

Livro, a chave do conhecimento.
(IMAGEM: "Pinterest")

“ Aquele que possui prudência é também contido, o que possui autocontenção também é inabalável, o inabalável é imperturbável, o imperturbável está livre da tristeza, o que está livre da tristeza é feliz. Portanto, o prudente é feliz, e a prudência é suficiente para constituir a vida feliz.” (SÉNECA*, 2014, Carta LXXXV : 2)

Como tenho anotado aqui, na verdade, para reflexão e aplicação a mim, e que acabo compartilhando.

Recordo que os estoicos adotam, a reflexão matinal, como uma preparação para o dia que surge e que aplica-se ao dia que se inicia e aos dias seguintes; por toda vida. 

O prokopton, ao levantar-se pela manhã, deverá ter sempre essa meta.

Também recomendam uma “meditação retrospectiva noturna” (bem próximo do que Agostinho de Hipona também recomendou).

O aspirante à sabedoria, deverá exercitar-se para ter sempre boas coisas em mente quando o dia começa; deve ocupar-se com os “tà eph’hēmîn”,  com os encargos  que sejam verdadeiramente seu dever pessoal . Começa, toda manhã, ao despertar, perguntando-se: o que, na verdade, deve ser o foco para alcançar a  Ἀταραξία – ataraxia: "imperturbabilidade de espírito"?

E, durante todo dia, todos os dias, a meta deverá ser uma disciplina interior.

Portanto, retornando ao tema, reli pela manhã sobre o assunto, reencontrando-me com a passagem das "Paixões da alma", de René Descartes:

“Mas, como a maioria de nossos desejos se estende a coisas que não dependem de nós nem todas de outrem, devemos exatamente distinguir nelas o que depende apenas de nós, a fim de estender nosso desejo tão-somente a isso; e quanto ao mais, embora devamos considerar sua ocorrência inteiramente fatal e imutável, a fim de que nosso desejo não se ocupe de modo algum com isso, não devemos deixar de considerar as razões que levam mais ou menos a esperá-la, a fim de que essas razões sirvam para regular nossas ações” (Paixões da alma, 1983. § 146).

Junto a essa de Descartes, duas outras citações, que reforçam, p\ra mim, a necessidade de reorientarmos nossa tarefa se pretendemos ser um Prokopton. Fundamental para a persistência no aprendizado. Vejamos:

“[...]

Novamente, não faz diferença a grandeza da paixão; não importa qual seu tamanho possa ser, não reconhece nenhuma obediência, e não dá boas-vindas ao conselho. Assim como nenhum animal, selvagem ou domesticado, obedece à razão, já que natureza os fez surdos ao conselho; assim as paixões não seguem nem escutam, por mais que sejam moderadas. Tigres e leões nunca adiam a sua selvageria; eles às vezes a moderam, e então, quando você está menos preparado, sua ferocidade adormecida é despertada para a loucura. Vícios nunca são domesticados.

Novamente, se a razão prevalecer, as paixões nem sequer começarão; mas se elas se encaminharem contra a vontade da razão, elas se manterão contra a vontade da razão. Pois é mais fácil detê-las no começo do que controlá-las quando ganham força. Este meio caminho (atenuação dos vícios, admitida pelos peripatéticos) é, portanto, enganoso e inútil; deve ser considerado como a declaração de que devemos ser moderadamente insanos ou moderadamente doentes.”

A se pensar!

______.

DESCARTES, René.  As paixões da alma. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

*SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014. (Carta LXXXV : 2, 8-9)

 



quarta-feira, 17 de junho de 2020

O "PROBLEMA XXX", ANGÚSTIA E A HISTÓRIA DA MELANCOLIA: POSSÍVEIS APROXIMAÇÕES

A partir da releitura do “Problema XXX” em Aristóteles (em 2018), estou estudando a tradição filosófica sobre esse problema, na tentativa de apreender a própria visão da época sobre o conceito de μέλαινα χολὴ e após exposição desse, qual seria a resposta de Aristóteles e uma possível evolução do conceito após suas reflexões. 

A isso, acrescentei, retomando leituras kierkegaardianas que fiz em 1992, de um autor que tenho lido com mais frequência também: Rollo May, no que ele apresenta de influência da obra de S. A. Kierkegaard, que despertou meu interesse para o “Conceito de angústia”, “Temor e tremor”, e a “Psicologia do dilema humano”. Só, mais recentemente, em 2019, tive acesso a outra obra: “As obras do amor”, inclusive acompanhando um grupo de pesquisas da Argentina sobre temas em Kierkegaard.

Hoje, prosseguindo, numa das pausas da pesquisa, li “História da Melancolia” (Cordás; Emílio, 2016).

A obra interessou-me à medida que me permitiu analisar o tema em relação ao que apontei acima, tanto sobre autores quanto sobre os temas. E, ela tem como objetivo o que está delineado na sinopse do livro:

“Doença, loucura, melancolia e depressão são palavras cujos significados e percepções são historicamente construídos e, portanto, mutáveis, refletindo e evidenciando formas de pensar.  Com linguagem acessível, mas sem deixar de lado a qualidade das informações e das reflexões propostas, os autores deste livro apresentam e analisam, a partir dos conhecimentos tanto da psiquiatria como da história, as ideias que influenciaram a compreensão da melancolia na civilização ocidental, da mitologia clássica até o DSM-5.” (a referência completa, seguirá abaixo).

O que pude perceber até aqui, com as leituras, é que o problema ainda está em aberto.

As soluções que se tem apresentado ainda não resolveram uma série de questões. 
O meu interesse, naturalmente, é filosófico, mas tenho acompanhado atentamente as discussões do ponto de vista dos avanços atuais, tanto na pesquisa médica, Nenriciências e da Psiquiatria, sobre esta questão quanto aos avanços na área da Psicologia e na própria Filosofia.

Algumas das leituras resultam breves apontamentos como estes que anoto aqui.

Voltemos ao trabalho!

______.

ARISTÓTELES. Obras Completas. - Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa. Lisboa: INCM - Imprensa Nacional-Casa da Moeda. Lisboa:  2005.

______. O homem de gênio e a melancolia. São Paulo: Nova Aguilar, 2009.

CODÁS, Táki Athanássios; EMÍLIO, Matheus Schumaker. História da melancolia. Proto Alegre, RS: Artmed, 2016.

KIERKEGAARD, S. A. O desespero humano: doença até a morte. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

______. O desespero humano: São Paulo: Ed. UNESP, 2010.

______. Do desespero silencioso ao elogio do amor desinteressado.(Org. Alvaro Valls). Escritos, 2004.

______As obras do amor. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

______. O conceito de angústia. 3. ed. Trad. Alvaro Valls. Petrópolis, RJ, Vozes, 2015.

MAY. Rollo. May, R., Angel, E., & Ellenberger, H. (Orgs.). Existencia: nueva dimension em psiquiatría y psicología. Madrid, Editorial Gredos, 1977.

______. (Org.). Psicologia existencial. Rio de Janeiro: Globo, 1980.

______. A descoberta do ser. São Paulo: Rocco, 1988.

______. O homem à procura de si mesmo. São Paulo: Ed. Círculo do livro, 1992.

______. Psicologia do dilema humano. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

PONTE, Carlos Roger Sales da; SOUSA, Hudsson Lima de. Reflexões críticas acerca da psicologia existencial de Rollo May. Rev. abordagem gestalt.,  Goiânia ,  v. 17, n. 1, p. 47-58, jun.  2011. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-68672011000100008&lng=pt&nrm=iso>.acessos em  17  ago.  2019.


terça-feira, 16 de junho de 2020

REFLEXÕES SOBRE A "RELIGIÃO MORAL DE KANT"

Como tem sido uma constante, mantendo o foco das leituras atuais, a que tenho me dedicado, aqui acrescento outra obra que acabei de ler, dando continuidade aos trabalhos. Trata-se de "Kant's moral religion", escrito por Allen Wood.

Como já escrevi, aqui na página; é sabido que "Kant era um epistemólogo, um filósofo da mente, um metafísico da experiência, um especialista em ética e um filósofo da religião. Mas tudo isso foi sustentado por sua fé religiosa", pontos que sempre me interessaram e compõem minhas leituras básicas.  Portanto, é nessa linha que acrescento mais esta obra, agora, mais especificamente, tratando dos temas da moral e religião em Kant.

O livro também, como outros que acrescentei aqui, tem como objetivo discutir temas bastante criticado por diversos autores.

Portanto:

“Na Religião moral de KantAllen W. Wood argumenta que a doutrina da crença religiosa de Kant é consistente com seu melhor pensamento crítico e, de fato, que os "argumentos morais" - juntamente com a fé que justificam - são parte integrante da filosofia crítica de Kant. . Wood mostra que a perspectiva religiosa sensível de Kant sobre o mundo merece ser considerada uma das maiores de suas contribuições filosóficas. Ao apresentar sua interpretação de Kant, Wood fornece uma declaração clara do que o filósofo revela em seu raciocínio para crer em Deus e na imortalidade. Ele reexamina a concepção de volição moral de Kant e defende sua doutrina do "bem supremo." Discute o uso de Kant da fé moral como um critério racional para a religião em relação à fé eclesiástica, experiência religiosa e reivindicações à revelação divina. Finalmente, ele discute a idéia do filósofo de um mal radical na natureza do homem e desenvolve a teoria da graça divina de Kant, como é prenunciada em seu livro de 1793, Religião dentro dos limites da razão. Wood sustenta que os pensamentos de Kant sobre religião são uma ótima solução filosofal para problemas difíceis que devem ser enfrentados por todos e podem servir de guia em qualquer esforço para lidar racionalmente com questões religiosas.”

Enfim; lido e necessariamente, incluído nas reflexões, juntando-o aos outros já apontados aqui, entre os quais, alguns volto a inserir na bibliografia abaixo.

(grifos e destaques meus)

______.

CUNHA, Bruno. A gênese da ética em Kant. São Paulo: Editora LiberArs, 2017.

DICK, Corey. Early Modern German Philosophy (1690-1750). OUP. Oxford University Press, 2010.

KANT, Immanuel. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

______. Lições sobre a doutrina filosófica da religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.

______. A religião nos limites da simples razão. Edições 70, Lisboa, 1992.

KANTERIAN. Edward. Kant, God and Metaphysics: the secret thorn. Routledge, 2017.

 


sábado, 13 de junho de 2020

BEETHOVEN: ANGÚSTIA; VIDA, OBRA, ROMANTISMO E IDEALISMO ALEMÃES


Pausa na Oficina... 

Ludwig van Beethoven, mais vivo do que nunca. Presente em repertórios de  grandes orquestras em todo mundo. E, está completando 250 anos e sua obras tem sido executadas por grande solistas em sua homenagem; apesar dos tempos em que vivemos, segue sendo lembrado. 

Quanto a mim, ainda adolescente, estudante de música, tive um primeiro contato com partituras como "Pour Elise"; "Sonata ao luar", mas foi quando conheci a Quinta Sinfonia Nona Sinfonia que passei a buscar mais informações sobre a obra e o compositor. 

Reconhecido por muitos como um gênio da música. Também, nesse período, já antigo frequentador da Biblioteca municipal da cidade, encontrei um livro de Romain Rolland, que me levou, de uma vez por todas, a estudar mais a fundo a sua bibliografia e a história de sua obra, situando Beethoven em seu tempo, sua família, sua relação com outros músicos, com mecenas, com o público, até com mulheres, a saúde e os problemas com "audição". Um ser humano, como qualquer um de nós.

Nos anos 90, num programa de rádio, ouvi um programa inteiro sobre a obra beethoveniana, sua maneira "romântica" de dar título às partituras e o tema da "melancolia". Enfim, mais um elemento novo à época, mas que depois comecei a estudar também, e a primeira obra que destaco aqui apresenta um pouquinho de elementos desse aspecto da sua biografia. Trata-se de Beethoven: angústia e triunfo:

1. "Beethoven: angústia e triunfo"

"Gênio irascível; contemporâneo do 'Iluminismo alemão' e símbolo do 'Romantismo' europeu; colecionador de frustrações amorosas; vítima de uma surdez progressiva que se manifestou no auge da fama; criador de obras que desafiaram os limites de seu tempo, levaram ao desenvolvimento de instrumentos novos e seguem sendo o ponto alto de sua arte, Ludwig van Beethoven (1770-1827) personifica a formação de uma sensibilidade moderna na música.

Fruto de mais de uma década de trabalho, a biografia escrita por Jan Swafford alia rigor e entusiasmo ao oferecer um retrato detalhado da vida e da obra do compositor alemão. Ele mesmo um compositor renomado, Swafford comenta a evolução do trabalho de Beethoven em análises ao mesmo tempo eruditas e acessíveis, sem perder de vista o leitor leigo. Além da compreensão profunda do músico revolucionário, Swafford busca fontes até então pouco exploradas para retraçar a vida íntima do homem, desfazendo mitos persistentes e descobrindo novos detalhes sobre as principais influências formadoras do autor da Nona Sinfonia."

A outra obra, destaco aqui, agora, enquanto ouvia a Nona Sinfonia. Curioso sobre essa obra, além do fato de ele ter inserido a voz humana numa sinfonia e de ter musicado um poema de Schiller, foi ter descoberto que em sua "Fantasia coral, Op. 80", ele exercita o que será a Nona Sinfonia. 

Trata-se, portanto de "A nona sinfonia: a obra-prima de Beethoven e o mundo na época de sua criação".

2. "A Nona Sinfonia, símbolo de liberdade e alegria, chegou ao mundo em um momento de repressão popular. As dinastias do Bourbon, dos Habsburgo e dos Romanov recorriam a todos os meios para esmagar a agitação populista que se seguiu à Revolução Francesa e às guerras napoleônicas. O desvelar da obra de Beethoven foi em 7 de maio de 1824 e foi o evento artístico mais importante daquele ano.

Em "A Nona Sinfonia", o autor Harvey Sachs utiliza a obra-prima de Beethoven para falar sobre a política, a estética e o clima daquele período. A sinfonia – que serviu e ainda serve de modelo para gerações de artistas – é brilhantemente explorada neste livro, mostrando como a "Nona" trouxe para o primeiro plano o poder do indivíduo, ao mesmo tempo que celebrava o espírito coletivo da humanidade.".

Ou seja, sempre as temáticas mais constantes nas minhas leituras presentes nestas obras e autores que comentei aqui. 

E, apesar de estar mais envolvido com a temática do Idealismo Alemão, e, em certa medida,  com o romantismo alemão, acabei de acrescentar às outras, conforme dados abaixo, para ler nos intervalos da pesquisa principal, a obra de Lewis lockwood"Beethoven: the music and the life"

Na bibliografia, um conjunto de obras que tocam em algumas das questões aqui apontadas. Entre eles, este de Lewis Lockwood:

Lewis Lockwood esboça as turbulentas estruturas pessoais, históricas, políticas e culturais em que Beethoven trabalhou e examina seus efeitos em sua música. “O resultado é a mais rara das realizações, um trabalho profundamente humano de erudição que irá - ou pelo menos deveria - atrair especialistas e generalistas em igual medida” (Terry Teachout, Commentary). Finalista do Prêmio Pulitzer. "Lewis Lockwood escreveu uma biografia de Beethoven na qual as horas que Beethoven passou escrevendo música - isto é, seus métodos de trabalho, seu interesse por compositores contemporâneos e antigos, o desenvolvimento de suas intenções e ideais musicais, sua vida musical interior, em curto - foram devidamente integrados com os eventos externos de sua carreira. O livro é inestimável. " (Charles Rosen)


______.

BURKE, Edmund. Investigação filosófica sobre a origem de nossas ideias do sublime e da beleza. São Paulo: Edipro, 2016.

HENRICH, Dieter. The unity of reason: essays on Kant's philosophy. Trad. Jeffrey Edwards. Richard L. Velkely (editor). Library of Congress Cataloging-in-Publication Data. Oxford University Press, 1994.

______. Denken und Selbst: Vorlesungen über Subjektivität. Suhrkamp, 2016.

______. Between Kant and Hegel: lectures on german idealism. Harverd University Press: Cambridge, Massachusssets; London, England, 2008.

______. Grundlegung aus dem Ich: Untersuchungen zur Vorgeschichte des Idealismus. Tübingen – Jena 1790–1794. Suhrkamp Auflage, 2004.

______. Konstellationen: Probleme und Debatten am Ursprung der idealistischen Philosophie (1789-1795).  Klett-Cotta /J. G. Cotta'sche Buchhandlung Nachfolger, 1991.

KANT, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo. Trad. Valério Rohden e Antonio Marques. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

KIERKEGAARD. S. A. Œuvres Complètes. Tome XX. Index Terminologique. Principaux concepts de Kierkegaard par Gregor Malantschuk. Traduit du danois, adapté e complété par Else-marie Jacquet-Tisseau. Paris, Éditions de L’orante, 1986.

______. O conceito de angústia: uma simples reflexão psicológico-demonstrativa direcionada ao problema dogmático do pecado hereditário de Virgilius Haufniensis. Tradução e Posfácio Álvaro Luiz Montenegro Valls. 3. edição, Petrópolis, Vozes, 2015. (Vozes de bolso)

LOCKWOOD, Lewis. Beethoven: the musica and the life. W. W. Norton & Company, 2005.

______. Beethoven: a música e a vida. Conex, 2004.

SACHS, Harvey. A nona sinfonia: a obra-prima de Beethoven e o mundo na época de sua criação". Rio de Janeiro, RJ: José Olimpio, 2017.

SCHILLER, J. C. Friedrich. Cartas sobre a educação estética do homem. São Paulo: Iluminuras, 1995.

______. Kallias ou sobre a beleza: a correspondência entre Schiller e Körner (jan-fev. 1793. Trad. Ricardo Barbosa. Rio de Janeiro: J. Zahar Editores, 2002.

SWAFFORD, Jan. Beethoven: angústia e triunfo. Amarilys, 2017.

domingo, 7 de junho de 2020

MEDITAÇÃO RETROSPECTIVA NOTURNA XXXVI: OS VERDADEIROS BENS E A "LEI NATURAL"

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Segundo os estóicos, se a razão não segue a "Lei natural", ela se perde no caminho dos vícios e, com a desculpa de que viver é tarefa complexa, o homem, decide-se por desvios improdutivos e não a seguindo, tornam, a vida difícil, infeliz e distante das Virtudes. Quase que, com tal afastamento, criam uma “segunda natureza”, resultado de vida viciosa e indisciplinada.

Tenho aprendido e prossigo com a “meditação andando” (Hanh, 2000) por trilhas da “filosofia prática” tanto em Epicteto quanto em Sêneca, que uma das tarefas práticas da filosofia dos antigos e dos estoicos, é a busca por cultivar uma vida simples e sem apegos infundados ao que esteja lá fora, no mundo externo. Já é natural e fundamental o desprendimento, sem desprezo do que nos seja útil ao aprendizado.

Aqui, acrescento um texto a que retomo e registrei nesta página, escrito por Aldo Dinucci e Antonio Tarquínio; um trecho da “Introdução ao Manual de Epicteto (2012) referindo-se a Sócrates, no Eutidemo; um "Diálogo" platônico que, à época, tomei para meditação da noite e revisito hoje. O texto trata dos verdadeiros bens.

Diz o texto:

"No Eutidemo de Platão, Sócrates observa que os bens reconhecidos pelos mortais se transformam em males se administrados por imprudentes. Apresentarei o argumento de Sócrates no Eutidemo de um modo didático. Pensem, leitores, em uma lista de bens. Suponho que nela incluirão coisas como a riqueza, a saúde, o poder, um elevado status social, o prazer, a vida

Mas considerem o seguinte: a riqueza na mão de um tolo se torna inútil ou destrutiva; e se pode ser má, não é em si mesma nem boa, nem má. A saúde também nem sempre é um bem, já que seu contrário, a doença, pode por vezes levar o homem a valorizar sua vida e tomar ciência de si mesmo. O poder já foi ocasião para a ruína e a destruição de muitos. Um elevado status social pode concorrer para tornar o homem arrogante e cercá-lo de falsos amigos. O prazer também nem sempre é um bem, pois há prazeres que escravizam e destroem os homens. Seu contrário, a dor, nem sempre é um mal, pois às vezes é um meio para se obter algo maior (como o atleta que se submete a um treinamento extenuante para melhorar seu desempenho). E a vida também não é em si mesma um bem ou um mal, pois há ocasiões em que a morte é opção melhor que a vida (como no caso de alguém que, para continuar vivendo, tem que trair seus princípios, sujeitar-se a indignidades, ou compactuar com crimes).” (Dinucci; Taquínio, 2012. p.7)

(os grifos e destaques são meus)

“Mantenha-se firme, mantenha-se Bem” (Sêneca)

Sugestão para aprofundamente da reflexão sobre o tema da "paixões"

Link com a exposição do professor Aldo Dinucci (UFS): "O Estoicismo e a cura das paixões"  https://www.youtube.com/watch?v=lnxfnwMdVmg - 07 de julho de 2020.

__________.

ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion de Epicteto. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão, SE: Universidade Federal de Sergipe, 2012.

DINUCCI, Aldo; TAQUÍNIO, Antonio. Introdução ao manual de Epicteto. São Cristóvão, SE: Universidade Federal de Sergipe, 2012.

HANH, Thich Nhat. Meditação andando: um para a paz interior. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

MACHADO DE ASSIS NOS INTERVALOS (II)

Campanha resgata imagem de Machado de Assis como negro - Revista ...  The Posthumous Memoirs of Brás Cubas (English Edition) por [Joaquim Maria Machado de Assis, Dave Eggers, Flora Thomson-DeVeaux]

Nova tradução de "As Memórias póstumas de Brás Cubas” para o inglês, pela Penguin Classics, por Flora Thomson-DeVeux, que o traduziu como “The Posthumous Memoirs of Brás Cubas”. (cf. Imagem).

Ela escreveu também um artigo* “Lendo Machado através do espelho: estudo de caso da tradução das Memórias Póstumas”, publicado no nº 25 da MAEL, em que compara as três traduções anteriores do romance para o inglês, mostrando como as diferentes soluções permitem conhecer melhor a grandeza e a complexidade do texto de Machado de Assis.

* Link do Artigo escrito por Flora Thomson-DeVeux, no Scielo, (dez. 2018): https://www.scielo.br/pdf/mael/v11n25/1983-6821-mael-11-25-0096.pdf

Saiu também uma resenha sobre a nova tradução, publicada na New Yorker (por Dave Eggers, de 02 de junho de 2020, que assinou o Prólogo desta tradução da obra.

E, também um texto na Folha de São Paulo (Caderno “Ilustrada”, por Maurício Meireles, de 03 de junho de 2020).

ATUALIZANDO, sobre o grande lançamento. 

Saindo na mídia, na Revista ISTO É (17.06.2020), e a editora É Realizações destacou, conforme o link abaixo: 

https://www.erealizacoes.com.br/upload/noticia/download/414/machado-erealizacoes-istoe.pdf?fbclid=IwAR2Ym_yr9mah_pn1JCpHR3iUKB0SsciZShWmntUe_RlTNeIeS2q3YcXz_C0

 

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segunda-feira, 1 de junho de 2020

UMA DISCUSSÃO BIOÉTICA ATUAL

BIOÉTICA, DIREITO E MEDICINA - 9788520458563 - Livros na Amazon Brasil

"Em uma entrevista exclusiva, realizada pela jornalista Roxane Ré, do Jornal da USP no ArReinaldo Ayer de Oliveira, primeiro secretário da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB) abordou questões relacionadas aos Protocolos da Ética Médica em tempos de COVID-19"

Link: Jornal da USP no Ar


Link: Áudio

O entrevistado também é autor de: "Bioética, direito e medicina"...

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COHEN, Cláudio; OLIVEIRA, Reinaldo Ayer. Bioética, direito e medicina. São Paulo: Ed. Manole, 2019. 

O SUPOSTO "CONFLITO CIÊNCIA X RELIGIÃO" (II)

Recentemente, acrescentei, uma obra de  Alvin Plantinga  que até recentemente não conhecia: “ Ciência, religião e naturalismo:  onde está o ...