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Blog criado para breves reflexões sobre: Filosofia, Metafísica; Ética, Bioética (Relações entre ciência, tecnologia e impactos éticos), Deontologia (Kant). Filosofia clássica alemã: herança kantiana. Ciência x Religião. Espiritualidade e saúde. “Problema mente-corpo" (Frontiers of the mind-brain). Memória. Subjetividade. História e Filosofia da Psicologia e da Biologia. Ênfase no estudo das obras de Immanuel Kant, Hegel, Epicteto, Kierkegaard, Schleiermacher, Jaspers; Habermas.
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018
ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE EM PSIQUIATRIA - WPA
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terça-feira, 27 de fevereiro de 2018
REFLEXÃO: O RECOLHIMENTO
Deveria ter sido, em bom tom "estóico", a reflexão matinal; deu-se à tarde, porém. A vida contemplativa deve conduzir-se em silêncio reflexivo. A luta por aperfeiçoamento é uma condição humana, que só pode ser buscada na temporalidade do pensamento próprio. O inefável, apontado por Sêneca, seus fundamentos, podem ser alcançados e apreendidos em partes, nos limites de cada um e de forma sempre fragmentada; no entanto, estes pequenos encontros dão-nos oportunidade à busca de si mesmo, a cada homem, do encontro com seu lugar no universo. São o caminhos na luta pela aquisição das virtudes.
POINCARÉ E O VALOR DA CIÊNCIA
Data do início do século sua preocupação específica com a divulgação da ciência, da qual resultou uma série de quatro livros de ensaios, logo traduzidos para todas as línguas e hoje alçados à condição de clássicos. Sobre sua importância, basta lembrar o que Abraham Pais, biógrafo de Einstein, escreveu: 'Antes de formular a teoria da relatividade, Einstein e seus amigos [da Akademie Olympia] fizeram muito mais do que passar os olhos pelos escritos de Poincaré. Solovine nos deixou uma lista detalhada dos livros que os membros da Akademie leram em conjunto. Destes, destacou um, e apenas um, 'A ciência e a hipótese', com o seguinte comentário: 'Poincaré nos impressionou profundamente e nos deixou sem respiração durante semanas e semanas'.
'O valor da ciência' desdobra e aperfeiçoa as ideias fundamentais esboçadas em 'A ciência e a hipótese'. Na primeira parte do livro, Poincaré discute a psicologia da invenção matemática, ressaltando a necessária interação da análise lógica e da intuição. Depois, num de seus ensaios precursores da teoria da relatividade, discute que convenções estão presentes na medida do tempo, demonstrando que não há simultaneidade absoluta. Passa em seguida para a noção de espaço, introduzindo o conceito de corte, questionando a tridimensionalidade e imaginando a possibilidade de uma quarta dimensão.
O quadro das ciências físicas ocupa a segunda parte do livro. Poincaré estuda o benefício recíproco da análise e da física e, em seguida, num capítulo dedicado à astronomia, dá uma imagem poderosa, encantadora e otimista de toda a ciência. Depois, em três ensaios concatenados, enfoca a física matemática, sua história, sua crise e seu futuro. Brilha então, com toda a força, o gênio visionário do autor. Ele chama atenção para as modificações trazidas por Lorentz, então recentes, nos conceitos de duração, distância e massa; antecipa que o estudo das raias dos espectros de emissão (efeito Zeeman) traria enormes surpresas teóricas; finalmente, anuncia duas inovações radicais, a seu ver necessárias: a substituição de diferenciais por leis estatísticas e o advento de uma nova mecânica, na qual, 'crescendo a inércia com a velocidade, a velocidade da luz se tornará um limite intransponível'."
São textos que me tiraram o fôlego quando os li, principalmente porque estamos lendo sobre a invenção do programa da nova física do século XX. (César Benjamin. Ed. Contraponto).”
(grifos e destaques meus)
sábado, 17 de fevereiro de 2018
RELENDO "PILARES DO TEMPO": SOBRE CIÊNCIA E RELIGIÃO
Stephen Jay Gould defende em seu livro “Pilares do tempo: ciência e
religião na plenitude da vida” a ideia de que ciência e religião pertencem
a diferentes enfoques de verdade, os MNI: magistérios
não-interferentes.
Li, em 2002, reli nos últimos dias.
Segundo Gould, a mera
observação do que se dá com eventos naturais é insuficiente para uma moral, uma
ética, observando os fenômenos por eles mesmos. Mas entrariam numa outra área,
outro MNI: magistério não interferente.
Um magistério que se ocupasse dessas
questões já existiria antes da ciência, e trataria das questões sobre moral,
valor e sentido da vida
Caberia portanto, na compreensão de Gould à áreas como a filosofia, a história, a literatura, entre outras, essa tarefa. E, à estas acrescentou a religião, presente nas sociedades humanas desde tempos imemoriais.
Nesse sentido, a obra de Gould reflete, basicamente sobre a tendência em se discutir esse tema a partir de uma dicotomia “ou isto/ou aquilo”, e adota-se os extremos, quase nunca o "meio termo" aristotélico.
Ora: com tão complexas questões em
jogo, ele admite que ciência e religião oferecem
respostas diversas.
Enfim, Gould, de família judia, recorre
às histórias de vida de Charles Darwin e Thomas H.
Huxley para, coerentemente, defender o princípio de não-interferência.
Mostra que, em momento algum, apesar de intensa dor, confundira ciência e religião.
Esse o ponto fundamental no seu livro:
a questão da pertinências das duas áreas no debate científico.
Lembro-me ainda das manhãs de domingo,
onde da banca de jornais trazia o jornal e num caderno especial (mais!), podia-se ler o debate entre Dawkins e Gould (bons
tempos).
E, com esse livro Gould, logo na abertura também trouxe a história do cético São Tomé,
apresentou-me a obra de Thomas Burnet que, à época, eu não conhecia; fala de Galileu Galilei x Maffeo Barberini (papa Urbano
VIII), apontando para a própria questão da encíclica papal Fides et
Ratio, publicada por João Paulo II.
Uma obra que me agradou tanto à época que precisei revisitá-la agora, visto que
os meus interesses não mudaram.
______.
BENTO XVI. Instrução Dignitas Personae: sobre algumas questões de Bioética. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2009.
DENNETT, Daniel C. Science and Religion: are they compatible? Oxford University Press (USA), 2010.
DIXON, Thomas; CANTOR,
Geoffrey; PUMFREY, Stephen. Science
and religion: new historical perspectives, 2011.
DIXON, Thomas. Science and Religion: a very short
introduction. Ouxford University Press, 2008.
GALILEU GALILEI. Ciência e fé: cartas de Galileu
sobre o acordo do sistema copernicano com a Bíblia. (Trad. Carlos Arthur
Ribeiro do Nascimento). 2. ed. São Paulo: Ed. Unesp, 2009.
HABERMAS, Jürgen. Dialética da secularização: sobre razão e religião. Aparecida, SP: Ideias & Letras, 2007.
HARRISON, Peter. The territories of science and religion. University
of Chicago Press, 2015.
______. (Org.) The Cambridge companion to science and
religion. Cambridge Universtity Press, 2010.
______. (Org.) Ciência e religião. São Paulo:
Ideias e Letras, 2014.
JOÃO PAULO II. Fides et ratio: sobre as relações entre fé e razão. 4. ed. São Paulo: Editora Paulus, 1998.
LINDBERG, David C;
NUMBERS, Ronald. When Science and
Christianity Meet. University of Chicago Press; Edição: Reprint 1,
2008.
NUMBERS, Ronald. Galileo goes to jail and other myths about
science and religion. Harvard University Press. 2009.
______. Terra plana, Galileu na prisão e outros
mitos sobre ciência e religião. Editora Thomas Nelson, 2020.
PLANTINGA, Alvin. Ciência, religião e naturalismo: onde
está o conflito? Vida Nova, 2018.
______. Deus, a liberdade e o mal. Vida
Nova, 2012.
VAN INVAGEN,
Perter. O problema do mal. Brasília,
DF: UNB, 2018.
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018
"REGRAS PARA A VIDA" E "ARQUITETURA DA CRENÇA"
Portanto, para mim, um importante modo ampliar a reflexão em várias abordagens.
sábado, 10 de fevereiro de 2018
MANUAL DE RELIGIÃO E SAÚDE MENTAL: A RELAÇÃO ENTRE ESPIRITUALIDADE, RELIGIÃO, DOENÇAS E SAÚDE MENTAL.
“A religião tem sido uma
das forças mais poderosas ao longo da história humana. No entanto, as
profissões médicas e de saúde mental geralmente não reconheceram esse poder. Na
verdade, como demonstrado pelo Dr. Koenig e pelos seus colaboradores no “Manual
de Religião e Saúde Mental”, as ligações da espiritualidade e da religião com a
doença, a saúde e a saúde mental são inevitáveis. Em vez de continuarem a
evitar, os profissionais de saúde mental precisam de estar mais bem preparados
para fazerem o melhor uso destas ligações em benefício dos pacientes. Esta
tarefa (à qual este Manual se dirige) exige que a área procure formas de
transmitir adequadamente informações relevantes, válidas e úteis aos formandos
e profissionais e expandir a base científica nesta área. No que diz respeito à
educação e aos cuidados clínicos, é claro que a avaliação de questões
religiosas e espirituais deve tornar-se uma parte esperada da avaliação do
paciente em toda a medicina e especialmente nos cuidados de saúde mental, não
diferente da consideração da família do paciente. e contexto social, o exame do
estado mental e a elucidação das preferências do paciente para opções de
tratamento específicas. É importante ressaltar que os esforços para expandir a
compreensão do papel da espiritualidade e da religião nos cuidados de saúde
devem ser feitos dentro do contexto das abordagens existentes, sob um paradigma
"ambos-e" em vez de "um ou outro", com os profissionais
mantendo o respeito pelos seus crenças dos pacientes. Quando os indivíduos são
educados sobre técnicas e abordagens específicas, é fundamental que lhes sejam
fornecidas informações completas sobre a base de evidências (ou seja, os pontos
fortes e fracos da literatura existente, os bons e os maus impactos das
intervenções). Idealmente, no desenvolvimento de directrizes ou outras
ferramentas de ensino, as evidências específicas subjacentes às recomendações
devem ser delineadas com clareza. Em essência, é necessária uma abordagem
sistémica às questões educativas – desde o desenvolvimento curricular, aos
testes de modelos, até à educação médica continuada. Este Manual fornece um
recurso muito útil para atingir esses fins.
O Manual também
deixa claro que, embora haja um grande apoio à interligação entre religião,
espiritualidade e saúde, há necessidade de aprender muito mais sobre os
mecanismos subjacentes a estas ligações, bem como sobre os resultados das
intervenções para os seus objectivos. propósitos. Por causa disso, os esforços
devem ser direcionados tanto para melhorar a metodologia para o campo como para
expandir a sua infra-estrutura: para obter uma melhor compreensão do impacto e
da especificidade dos diferentes elementos da religiosidade; determinar melhor
os ingredientes activos das abordagens baseadas na religião; e desenvolver
estruturas para investigação sobre questões religiosas e espirituais no
contexto do desenvolvimento ao longo da vida, desde a infância e adolescência
até à idade adulta e à velhice. Em resumo, este livro não só chama a atenção
para as importantes conexões entre espiritualidade, religião, saúde e saúde
mental, mas também identifica áreas importantes para desenvolvimento futuro.
Koenig e os colaboradores do Manual deixaram bem claro que qualquer pessoa
envolvida na prestação de serviços de saúde e de cuidados de saúde mental, no
estudo ou avaliação de intervenções de saúde pública, ou na tentativa de
melhorar a qualidade e a satisfação dos pacientes nos sistemas de prestação de
cuidados de saúde, não pode ignorar a importância dessas questões.”
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018
MEMÓRIA: UMA SUTIL REFLEXÃO
Era uma vez um rei que chamava de seu todo poder e todos os tesouros da Terra, mas, apesar disso, não se sentia feliz e se tornava mais melancólico de ano a ano. Então, um dia, mandou chamar seu cozinheiro particular e lhe disse:
- Por muito tempo tens trabalhado para mim com fidelidade e me tens servido à mesa os pratos mais esplêndidos, e tenho por ti afeição. Porém, desejo agora uma última prova de teu talento.
Deves me fazer uma omelete de amoras tal qual saboreei há cinquenta anos, em minha mais tenra infância. Naquela época meu pai travava guerra contra seu perverso vizinho a oriente. Este acabou vencendo e tivemos de fugir. E fugimos, pois, noite e dia, meu pai e eu, até chegarmos a uma floresta escura. Nela vagamos e estávamos quase a morrer de fome e fadiga, quando, por fim, topamos com uma choupana. Aí morava uma vovozinha, que amigavelmente nos convidou a descansar, tendo ela própria, porém, ido se ocupar do fogão, e não muito tempo depois estava à nossa frente a omelete de amoras. Mal tinha levado à boca o primeiro bocado, senti-me maravilhosamente consolado, e uma nova esperança entrou em meu coração. Naqueles dias eu era muito criança e por muito tempo não tornei a pensar no benefício daquela comida deliciosa.
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018
REFLEXÃO MATINAL VIII
"A natureza dá-nos em abundância o que naturalmente necessitamos. A civilização do luxo é um desvio em relação à natureza: dia-a-dia cria novas necessidades, que aumentam de época para época; o engenho está a serviço dos vícios”.
Onde está a moderação?
“Desapareceu de entre nós a antiga moderação natural que limitava os desejos às necessidades; hoje, desejar apenas o essencial é dar provas de mesquinho provincianismo”
A filosofia de Sêneca, portanto, ganha aqui o sentido de medicamentum. Ou seja; um guia para aprimoramento do caráter puramente humano. A compreensão da natureza nos conduzirá à superação de temores e à compreensão do homem e do que está para além das suas limitações. Exercitemos, na busca pela moderação. A fuga do trivial.
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018
MELANCOLIA: O “PROBLEMA XXX” E A RELAÇÃO MENTE-CORPO
A partir da leitura do “Problema XXX” em Aristóteles, estou estudando a tradição filosófica do problema, na tentativa de apreender a própria visão da época sobre o conceito de μέλαινα χολὴ e após exposição desse, qual seria a resposta de Aristóteles, a evolução do conceito após suas reflexões.
Enfim, como eram tratadas as questões sobre o elemento orgânico e o mental naquele tempo e sua posterior discussão passando pela medicina medieval, os anos renascentistas, até chegar às várias formulações do DSM, (atualmente o DSM V) caracterizam meu enorme interesse pelo tema, mais especificamente, como parte de uma leitura que procura identificar ao longo da história, uma distinção entre “mente” e “corpo” ou uma relação entre os dois. Se há tal relação, e como se daria essa relação fez com que muito do que se escreveu na área médica desde a antiguidade estivesse sempre embasada na ideia de Ψυχή, ou de que haveria num determinado órgão do corpo, um lugar de acontecimento dos processos físicos que formariam a base das funções perceptivas e cognitivas.
O que se pode perceber até aqui, com as leituras é que, o problema ainda está em aberto. As soluções que se tem apresentado ainda não resolveram uma série de questões.
Meu interesse, naturalmente, é filosófico mas tenho acompanhado atentamente as discussões do ponto de vista dos avanços atuais, tanto na pesquisa médica, da Psiquiatria, sobre esta questão como nos avanços na área da Psicologia e na própria Filosofia. Algumas das leituras resultam breves apontamentos que anoto aqui.
______.
JUNG, C.G. Fundamentos de Psicologia Analítica. Petrópolis: Vozes, 2001, volume XVIII/1).
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018
GUIA DE PRINCÍPIOS DA PSICOLOGIA DE JAMES
Estou entre o leitores que tenho muito interesse no tema. E, aqui: um guia interessante escrito por David Leary sobre o princípios de psicologia de William James:
Ele também inclui dois apêndices úteis que descrevem as fontes de vários capítulos de James e indicar as coberturas paralelas de dois textos posteriores escritos por James, uma versão abreviada de seus Princípios e um primer psicológica para os professores. Esta é uma leitura essencial para quem quer entender este trabalho influente."
"The Routledge Guidebook to James’s Principles of Psychology"
sábado, 3 de fevereiro de 2018
REFLEXÃO MATINAL VII
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018
GILSON E O QUE É O BELO
______.
(GILSON, Etiéne. Introdução às artes do Belo. São Paulo: Ed. É Realizações, 2010)
"ESCUTAR O SILÊNCIO" SEGUNDO PETER BURKE
"São Paulo, Domingo, 19 de Setembro de 1999 –
Caderno +mais "
Em outras palavras, a questão do silêncio não é só uma questão de certas pessoas ou de certos povos que recusam fazer discursos longos. Igualmente importante é a existência de diferenças culturais consideráveis quanto ao que se poderia chamar de "tolerância" com o silêncio das outras pessoas, diferenças no tempo que o silêncio pode durar até tornar incômoda a situação.
Vamos voltar às leis da conversação -quem diz o quê, para quem, quando e onde- e traduzir essas leis do silêncio. Quem exatamente deve ficar calado, segundo esses escritores? Em primeiro lugar, as crianças na presença de adultos. Essa idéia de que as crianças devem ser vistas, mas não ouvidas, não foi uma invenção dos vitorianos. É muito mais velha.
Esses livros italianos expressam o que se pode chamar de "cultura da desconfiança", em que as outras pessoas, pelo menos fora da família, são consideradas hostis por suposição -ou no mínimo prontas para aproveitar qualquer fraqueza. O silêncio era um escudo. Esse "silêncio da discrição" recomendado aos homens adultos contrasta com o silêncio de submissão esperado das mulheres e das crianças.
O silêncio da resistência mais geral, que os sicilianos chamam de "omertà" (hombridade), tem sido uma grande força na sua história em particular. O silêncio é também uma forma de resolução de conflitos. No caso da Itália de hoje, um sociólogo sugeriu que os conflitos menores são associados ao barulho, enquanto as brigas mais sérias são resolvidas em ou pelo silêncio. Se as pessoas gritarem quando você encostar no carro delas, não fique com medo. Só quando elas ficam caladas há motivo de preocupação, porque as ações podem vir em lugar das palavras.
Na Itália do século 16, os livros de conselhos frequentemente recomendavam aos leitores falarem pouco sobre a política, especialmente às pessoas desconhecidas, para não as ofender. A cultura da desconfiança também era a cultura em que ambos, o ofender e o ofender-se, eram extremamente fáceis -e muitos adultos habitualmente carregavam um punhal ou pelo menos uma faca. O punhal pode não estar mais na moda, mas a tradição do silêncio político continua. Perguntar a um desconhecido sobre o partido político que ele apóia é considerado descortês. Na verdade, até pouco tempo atrás a palavra "máfia" não se ouvia na Sicília, ao menos em público, até que o tabu foi propositalmente quebrado pelo prefeito de Palermo.
Peter Burke é
historiador inglês, autor de "A Arte da Conversação" e "História
Social da Linguagem" (Ed. da Unesp). Tradução de Polina Vasiliev.
O SUPOSTO "CONFLITO CIÊNCIA X RELIGIÃO" (II)
Recentemente, acrescentei, uma obra de Alvin Plantinga que até recentemente não conhecia: “ Ciência, religião e naturalismo: onde está o ...
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Retomando os estudos, com novos inícios, superações. Estudando hoje, durante um excelente curso em andamento , conforme o link que acresc...
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REFLEXÃO MATINAL CLXII: UMA INTERPRETAÇÃO KANTIANA DA MORAL CRISTÃ EM "CONFRONTO" COM ÉTICAS ANTIGASDado o percurso que iniciei há alguns anos, hoje estudando as referências básicas para as pesquisas aqui acrescentei esse artigo às obras qu...