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Em andamento
Apareceu nas
"lembranças" aqui; de uma reflexão que fiz em 2015 e decidi
acrescentar alguns elementos para novas reflexões. Uma visão pessoal, somente.
“Por mais que se justifique que o
escritor possa partilhar com o leitor seu senso de futilidade, é um
cinismo irresponsável proclamar o absurdo da existência. Se o escritor não
for capaz de imunizar o leitor contra o desespero, deveria ao menos abster-se
de inoculá-lo.” (FRANKL, 2005, p. 94)
Especialistas em críticas
(de preferência as que só denigrem, sem nem saber o que se passa); mestres em
apontar defeitos alheios... tremem quando o assunto é cuidarem de si mesmos.
Por isso, já há algum
tempo, cuido do verbo! Primeiro, reaprendendo a escrever; depois, se a isso me
atrevo, opto sempre por ser aprendiz de uma postura de buscador da serenidade. De nada valeria acrescentar inúmeros volumes em estudos se não fosse para destes extrair novas formas de
pensar, de viver; e, no fundo, alçar a novas formas de agir.
É nesse sentido, da
autorreflexão, o ocupar-me com os exercícios (aplicação dos princípios) na prática do que aprendo.
Recentemente, por
exemplo:
Reli, um texto de
Epicteto, sobre o fato de colocarmos em prática o que aprendemos
sobre nossos juízos de bem e mal. Diz ele, no cap. XVI, do seu "Entretiens". Livre II, (2002): “Que nous ne nous exerçons a faire
l'appication de nos jugements concernant les biens et les maux. (p. 62-68)
Destaquei do capítulo, os
elementos abaixo:
- "Procurar as nossas falhas"
- "Buscar em nós os remédios para as nossas inquietudes"
- "Retificar nossos juízos"
A isso tudo tenho juntado
reflexões, sobre como superar velhas concepções sobre o amor, a felicidade e
verdade.
Tenho aprendido, que o amor existe, a felicidade é possível e, como dizia
o Platão, no Górgias (473b): "a Verdade jamais é refutada".
Depois, ainda aprendendo, acrescento aqui, nessa reflexão, o fato de que a "Vida tem um Sentido (Frankl,
2005)."
E, não me restam dúvidas
de que se empreendendo esforços nessas buscas, serei melhor sucedido do que
ocupar-me com “defeitos alheios”. Ataco os meus!
.'.
Ademais, na base de
certas concepções que adotamos apressadamente está uma visão unilateral da
vida, materialista, calcada em “presentismos” sem uma transcendência elementar,
apesar de alguns dos autores (escolhidos, exatamente, por não defenderem uma “auto-ajuda” simplória) - são indicados
aqui, mesmo não defendendo algo de “transcendente”. E, todos reconhecem a
dificuldade da realização do que propõem como “cuidar de si”. Vale, no entanto,
acima de tudo, o que há de boa filosofia!
E, "é realmente curioso ver o materialismo falar incessantemente da necessidade de
elevar a dignidade do homem, quando se esforça para reduzi-lo a um pedaço de
carne que apodrece e desaparece sem deixar qualquer vestígio; de reivindicar
para si a liberdade como um direito natural, quando o transforma num mecanismo,
marchando como um boneco, sem responsabilidade por seus atos. (REVUE.
março de 1869)”
Portanto:
Que eu esteja atento à necessidade de que a antiga
recomendação socrática ainda tem importância fundamental; a este acrescentados
os demais autores aqui indicados. Só uma tentativa de trilhar o bom-senso e
vigiarmos a nós mesmos!
Mas, enfim: "Incorre em culpa o
homem por estudar os defeitos alheios?"
“Incorrerá
em grande culpa, se o fizer para os criticar e divulgar, porque será faltar com
a caridade. Se o fizer para sua instrução pessoal e para evitá-los em si
próprio, tal estudo poderá algumas vezes ser-lhe útil. Importa, porém, não
esquecer que a indulgência para com os defeitos de outrem é uma das virtudes
contidas na caridade. Antes de censurardes as imperfeições dos outros, vede se
de vós não poderão dizer o mesmo. Tratai, pois, de possuir as qualidades
opostas aos defeitos que criticais no vosso semelhante. Esse o meio de vos
tornardes superiores a ele. Se lhe censurais o ser avaro, sede generosos; se o
ser orgulhoso, sede humildes e modestos; se o ser áspero, sede brandos; se o
proceder com pequenez, sede grandes em todas as vossas ações."
A se buscar ...
...
EPICTÈTE. Entretiens. Trad. Joseph
Souilhé. Livre II. Paris: Les
Belles Lettres, 2002. - (cap. XVI. "Que nous ne nous exerçons a faire l'appication de nos jugements
concernant les biens et les maux." (p. 62-68)).
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