domingo, 13 de outubro de 2024

REFLEXÃO MATINAL CXCIV: SOBRE O SENTIDO DA VIDA


(IMAGEM:"Pinterest")

Percebe-se, infelizmente, que “[...] perdeu-se o significado profundo de autenticidade. Assim, muita gente acha quase impossível, em nosso tempo, compreender que Sócrates, no preceito ‘conhece-te a ti mesmo’, insistia no mais difícil de todos os desafios. E julga também quase impossível compreender a que Kierkegaard se referia ao proclamar: ‘Aventurar-se, no sentido mais elevado, é precisamente tomar consciência de si mesmo...’ ” (MAY, 1990. p. 47)

Albert Camus e Franz Kafka apresentam duas visões filosóficas distintas sobre a existência. Camus, discute em sua obra “O mito de Sísifo” e outras obras, sua concepção da vida como sendo absurda, defendendo que não há sentido para a existência; ainda que que possamos encontrar propósito quando encararmos sua irracionalidade será coragem e revolta diante do absurdo. Para Kafka, a vida tem o aspecto de constante luta contra forças incompreensíveis e opressoras que fazem com que indivíduos sejam esmagados numa burocracia e acabem alienados. Para os dois, portanto, há uma tensão entre buscar sentido da vida num mundo definido e reconhecidamente caótico e a impotência humana diante da existência.

Em oposição aos dois há outros bem mais “otimistas” quando o assunto é “existencialismo”, “sentido da vida”; por exemplo: Viktor Frankl; Kierkegaard; Karl Jaspers; Rollo May, entre outros.

Assim, partindo dos autores das obras citadas acima e revisitando a obra de Tolstoi: "A morte de Ivan Ilitch" e as de Viktor Frankl sobre o "sentido da vida" anoto mais uma das boas, necessárias e fundamentais reflexões que faço sobre as consequências que devem ser pensadas por quem escreve; sobre a busca de sentido; “locus of control”, autocontrole e reeducação visando até os exercícios rotineiros na “cura das paixões”.

O homem procura sempre um significado para a sua vida. Ele está sempre movendo-se em busca de sentido de seu viver; em outras palavras, devemos considerar aquilo que chamo de ‘vontade de sentido’ como um interesse primário do homem [...]” (2005, p. 29) 

Quanto ao “sentido da vida”, por exemplo, a maneira peculiar com que Viktor E. Frankl (1905 – 1997), investigou a questão do "sentido" ultrapassa em grande medida, uma mera especulação; pelo contrário: é possível extrair de sua posição uma boa reflexão filosófica. Parte do problema expresso pelo “sentimento de vazio de sentido” que leva as pessoas a procurar o psicólogo e o psiquiatra; um “vazio existencial” e a “depressão”, há muito discutidas nas áreas de saúde, e que apresentam-se, cada vez mais como “doenças do século XXI”; ponto alto da investigação de Frankl em seu livro. O fato de o homem, na maioria das vezes, não saber o que quer deveria, segundo ele, servir para que tal ignorância a respeito de tal "sentido" fosse substituída por uma profunda reflexão sobre a Vida.

Da confusão nascia o sentimento de falta de sentido da vida. A compensação financeira ou, dentro de certos limites, a segurança social não basta. O homem não vive apenas de bem-estar material” (FRANKL, 2005, p. 23)

Ou seja, a discussão “terapêutica” de Frankl coloca o problema da “busca de sentido” como um tema de fundamental interesse humano, não somente como reflexão que aumente o sentido da existência mas como algo segundo o qual seria impossível viver sem. Buscar sentido em Viver constitui, portanto, para Frankl, a questão existencial primeira. Dado que é um sobrevivente de “campos de concentração” torna-se mais intenso o que ele pretende com a sua proposta: quase que num sentido kantiano de que viver é um dever. A busca pelo sentido, portanto, é imprescindível: viver bem.

Nesse texto faço uma reflexão em perspectivas diversas, como se vê facilmente e, considerando o em que devemos nos concentrar verdadeiramente quando a questão é o “sentido da Vida”. Aqui , os autores citados são o foco, mas há muitos outros nessa perspectiva.

Viktor Frankl e seu excelente critério para se pensar a saúde mental e suas reflexões sobre o "Sentido da vida" daí advindos. Não é justificável apontar fatos externos como o grande problema, uma reorientação na busca de sentido pessoal da Vida é fundamental.

Por mais que se justifique que o escritor possa partilhar com o leitor seu senso de futilidade, é um cinismo irresponsável proclamar o absurdo da existência. Se o escritor não for capaz de imunizar o leitor contra o desespero, deveria ao menos abster-se de inoculá-lo. (FRANKL, 2005, p. 94)"

E ademais, Allan Kardec, pensador francês do século XIX, também bastante citado aqui neste blog quando a questão é "autoconhecimento", sobre as consequências de se aventurar escrevendo ou apontando os “males” do ser humano ou da sociedade em geral, propõe como fundamental e urgente, uma reorientação na busca de sentido pessoal da Vida (LE 919). Fugindo de acusações que apontam para fora, a origem da nossa má saúde mental.

"[904] Incorrerá em culpa aquele que sonda as chagas da sociedade e as expõe em público?

Depende do sentimento que o mova. Se o escritor apenas visa produzir escândalo, não faz mais do que proporcionar a si mesmo um gozo pessoal, apresentando quadros que constituem antes mau do que bom exemplo. O Espírito aprecia isso, mas pode vir a ser punido por essa espécie de prazer que encontra em revelar o mal.”

a) — Como, em tal caso, julgar da pureza das intenções e da sinceridade do escritor?

Nem sempre há nisso utilidade. Se ele escrever boas coisas, aproveitai-as. Se proceder mal, é uma questão de consciência que lhe diz respeito, exclusivamente. Ademais, se o escritor tem empenho em provar a sua sinceridade, apoie o que disser nos exemplos que dê.”

Há sempre liberdade, mas:

"Liberdade ameaça degenerar em arbitrariedade se não for contrabalanceada pela responsabilidade” (FRANKL, 2005, p. 95)

Então, enquanto relia, numa das pausas na oficina, mais uma das obras de Viktor Frankl, anotei estas reflexões como exercícios a serem acrescidos a posteriores reflexões:

Por mais que se justifique que o escritor possa partilhar com o leitor seu senso de futilidade, é um cinismo irresponsável proclamar o absurdo da existência. Se o escritor não for capaz de imunizar o leitor contra o desespero, deveria ao menos abster-se de inoculá-lo.” (FRANKL, 2005, p. 94)

Um exemplo que ele apresenta:

A morte de Ivan Ilitch”, do Léon Tolstoy, em que um homem de sessenta anos descobre ter poucos dias de vida. Quando passa em revista sua vida e percebe quão vazia foi; o que faz? 

“Ivan Ilitch via que estava morrendo, e o desespero não o largava mais. Sabia, no fundo da alma, que estava morrendo, mas não só não se acostumara a isto, como simplesmente não o compreendia, não podia de modo algum compreendê-lo.

O exemplo do silogismo que ele aprendera na Lógica de Kiesewetter: Caio é um homem, os homens são mortais, logo Caio é mortal, parecera-lhe, durante toda a sua vida, correto somente em relação a Caio, mas de modo algum em relação a ele. Tratava-se de Caio-homem, um homem em geral, e neste caso era absolutamente justo; mas ele não era Caio, não era um homem em geral, sempre fora um ser completa e absolutamente distinto dos demais; ele era Vânia, com mamãe, com papai, com Mítia e Volódia, com os brinquedos, o cocheiro, a babá, depois com Kátienka, com todas as alegrias, tristezas e entusiasmos da infância, da juventude, da mocidade. Existiu porventura para Caio aquele cheiro da pequena bola de couro listada, de que Vânia gostara tanto?! Porventura Caio beijava daquela maneira a mão da mãe, acaso farfalhou para ele, daquela maneira, a seda das dobras do vestido da mãe? Fizera um dia tanto estardalhaço na Faculdade de Direito, por causa de uns pirojki? Estivera Caio assim apaixonado? E era capaz de conduzir assim uma sessão de tribunal?

E Caio é realmente mortal, e está certo que ele morra, mas quanto a mim, Vânia, Ivan Ilitch, com todos os meus sentimentos e ideias, aí o caso é bem outro. E não pode ser que eu tenha de morrer. Seria demasiadamente terrível.” (Tolstói, 2009)

Portanto, “[...] eleva-se acima de si mesmo, cresce para além de si e assim finalmente é capaz de retroativamente encher a própria vida com um sentido infinito.” (FRANKL, 2005, p. 95)

E, ainda hoje, também sobre um outro livro de Viktor E. Frankl propondo que se tenha um “para quê” à Liberdade, um sentido, como se vê abaixo na sinopse do livro:

“A análise existencial reformula, nas últimas décadas, todo o tratamento psicoterapêutico; na nova perspectiva em que visualiza o doente, o professor Viktor E. Frankl não pretende apenas libertá-lo de supostos "tabus" introjetados, mas fornecer à sua liberdade um "para quê", um sentido.

Desfaz assim o determinismo em que incide boa parte da cultura atual, realçando a necessidade de cultivar a liberdade, o caráter e o senso de responsabilidade como partes integrantes da saúde psíquica; supera o pansexualismo de origem freudiana, salientando que o prazer – assim como o poder – não preenche o "vácuo existencial" do indivíduo; elucida, enfim, o papel do espírito na captação dos valores objetivos, na abertura para a transcendência, sem a qual qualquer equilíbrio psíquico se reduz a uma palavra vã.

Este livro, pois, expõe as bases da Logoterapia. As considerações profundas que encerra, a sua originalidade, e até o estilo ameno, ágil e comovente do autor, que toca as fibras mais finas da poesia e da dialética sem perder o rigor científico, tornam-no imprescindível não apenas para os psiquiatras, mas para todos os médicos, pastores de almas, educadores e estudantes de psicologia. Não à toa, Carl Rogers classificou-o como "uma das mais importantes contribuições à psicologia publicadas nos últimos cinquenta anos".

E, enfim, são só anotações em oposição à visaão de que a vida é um “absurdo” em que adoto que há sim um Sentido para a Vida, sem ser um “revoltado”.

(Grifos e destaques meus) 

______.

ARRIANO FLÁVIO. As Diatribes de Epicteto. Livro I. Tradução, introdução e comentário Aldo Dinucci. Universidade Federal de Sergipe. Série Autores Gregos e Latinos Coimbra, Imprensa da universidade de Coimbra, 2020.

BLÖSER, Claudia; STAHL, Titus (eds.). The moral psychology of hope. Rowman and Littlefield, 2020

CAMUS, Albert. O estrangeiro. 54. ed. Rio de Janeiro, RJ: Record, 1979.

_____. O homem revoltado. Rio de Janeiro, RJ: Best Bolso, 2017.

______. O mito de Sísifo. 26. ed. Rio de Janeiro, RJ: Record, 2018.

______. O estrangeiro. 54. ed. Rio de Janeiro, RJ: Record, 1979.

COELHO, Humberto Schubert. Genealogia do Espírito. Brasília, DF: 2012.

______. Filosofia perene: o modo espiritualista de pensar. São Paulo: Ed. Didier, 2014.

DEFOE, Daniel. Um diário do ano da peste. São Paulo: Novo Século, 2021.

______. A journal of the plague year. Penguim Books, 2003.

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

DINUCCI, A. Fragmentos menores de Caio Musônio Rufo; Gaius Musonius Rufus Fragmenta Minora. In: Trans/Form/Ação. vol.35 n.3 Marília, 2012.

______. Epictetus Discourses. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

______. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments: Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

DINUCCI, Aldo. Manual de estoicismo: uma visão estóica do mundo". São Paulo: Auster, 2023. 

______; TARQUÍNIO, Antonio. Introdução ao Manual de Epicteto. 3. ed, São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, 2012.

FRANKL, Viktor. Um sentido para a vida: psicoterapia e humanismo. Aparecida, SP: Ideias e letras, 2005.

______. Em busca de sentido. 25. ed. - São Leopoldo, RS: Sinodal; Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

______. O Sofrimento Humano: Fundamentos antropológicos da psicoterapia. Trad. Bocarro, Karleno e Bittencourt, Renato. Prefácio, Marino, Heloísa Reis. São Paulo: É Realizações, 2019.

______. The doctor and the soul: from psycotherapy to logotherapy. New york: Bantam Books, 1955.

______. Psycotherapy and existencialism: selected papers on logotherapy. New York: Simon and Schuster, 1970.

______. Angst und Zwang. Acta  Psychotherapeutica, I, 1953, pp. 111-120.

______. Teoria e terapia das neuroses: introdução à logoterapia e à análise existencial. São Paulo: É Realizações, 2016.

GALENO. On the passions and errors of the soul. Translated by Paul W . Harkins with an introduction and interpretation by Walter Riese. Ohio State University Press, 1963.

______. Aforismos. São Paulo: E. Unifesp, 2010.

GAZOLLA, Rachel.  O ofício do filósofo estóico: o duplo registro do discurso da Stoa, Loyola, São Paulo, 1999.

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

______. A filosofia como maneira de viver: entrevistas de Jeannie Carlier e Arnold I. Davidson. (Trad. Lara Christina de Malimpensa). São Paulo: É Realizações, 2016.

______. Exercícios espirituais e filosofia antiga. Trad. Flávio Fontenelle Loque, Loraine Oliveira. São Paulo: É Realizações, Coleção Filosofia Atual, 2014.

HANH, Thich Nhat. Meditação andando: guia para a paz interior. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

______. Silêncio: o poder da quietude em um mundo barulhento. Rio de Janeiro, RJ: Harper Collins, 2018.

HUIZINGA, Johan. Nas sombras do amanhã: um diagnóstico da enfermidade espiritual de nosso tempo . - Trad. Sérgio Marinho, Goiânia-GO: Editora Caminhos, 2017.

INWOOD, Brad. Reading Seneca: stoic philosophy at Rome. Oxford, Reino Unido: Clarendon Press, 2005.

IRVINE, William B. A guide to the good life: the ancient art of Stoic joy. New York: Oxford University Press, 2009.

JASPERS, Karl. Il medico nell'età della técnica. Con un saggio introduttivo di Umberto Galimberti. Milano: Raffaello Cortina Editore, 1991.

______. Caminhos para a sabedoria: uma introdução à vida filosofica. Petrópolis, RJ: editora Vozes, 2022.

______. Der Arzt im technischen Zeitalter: Technik und Medizin. Arzt und Patient. Kritik der Psychotherapie. 2. ed. München: Piper, 1999.

______. Psicopatologia geral: psicologia compreensiva, explicativa e fenomenologia. São Paulo: Atheneu, 1979. (2 vols.)

______. Plato and Augustine. Edited by Hannah Arendt. Translated by Ralph Manheim. New York: Harvest Book, 1962.

______. Introdução ao pensamento filosófico. 16. ed. São Paulo: Cultirx, 1971.

KANT, Immanuel. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). ______. O livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro, 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica). Brasília, DF: Feb, 2013. (Q. 893-919: "As virtudes e os vícios”; “Paixões"; “Caracteres do homem de bem”; “Conhecimento de si mesmo” e 920-933: "Felicidade"; Q. 614-648: "Caracteres da Lei natural"; "Origem e conhecimento da Lei natural"; "O bem e o mal"; "Divisão da Lei natural").

KIERKEGAARD, S. A. O desespero humano: doença até a morte. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

______. O desespero humano: São Paulo: Ed. UNESP, 2010.

______. Do desespero silencioso ao elogio do amor desinteressado. (Org. Alvaro Valls). Escritos, 2004.

______. As obras do amor. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

______. O conceito de angústia. 3. ed. Trad. Alvaro Valls. Petrópolis, RJ, Vozes, 2015.

MAY, Rollo. (Org.). Psicologia existencial. Rio de Janeiro: Globo, 1980.

______. A descoberta do ser. São Paulo: Rocco, 1988.

______. O homem à procura de si mesmo. São Paulo: Ed. Círculo do livro, 1992.

______. Psicologia do dilema humano. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

TOLSTOY, Leon. A morte de Ivan Ilitch. Porto Alegre, RS: L&PM, 1997.

______. A morte de Ivan Ilitch. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ: Editora 34, 2009.

______. Oreino de Deus está em vós. São Pulo: Best Seller/Record, 2011. (edição de bolso)

terça-feira, 8 de outubro de 2024

REFLEXÃO VESPERTINA CLVI: IMMANUEL KANT E PSICOLOGIA RACIONAL (II)

Relendo um texto; estudando um tema e alguns autores de sempre...

Como tem acontecido de tempos para cá; aliás desde que iniciei os estudos da obra de Immanuel Kant, tenho reunido um conjunto de leituras sobre os principais temas que mais me interessam e que anoto aqui, nessa página, para mais fácil localização e retomada dos mesmos. Sempre mantendo o referencial básico para tais leituras, como é o caso aqui.

Recentemente, num dia como hoje, durante os estudos, tive acesso ao livro escrito por Katharina Kraus. Uma autora que estuda a obra de Immanuel Kant, que não conhecia e produziu essa obra focada numa abordagem da história da filosofia moderna, especialmente, na filosofia da mente e psicologia. Sua pesquisa atual diz respeito à concepção de autoconhecimento empírico de Kant, bem como à perspectiva da primeira pessoa, incluindo questões como seu status epistêmico especial, sua relação com a racionalidade e sua relevância para a psicologia científica. Além disso, ela também está interessada em filosofia da ciência, epistemologia e psicologia moral. Isso me fez ter interesse em acompanhar mais de perto essa produção. 

Aos estudos, portanto! Foi, com certeza, desde o primeiro contato muito proveitosa para a pesquisa mais esse texteo que agora releio alguns capítulos.

O livro:

KRAUS, Katharina. Kant on Self-Knowledge and Self-Formation. Cambridge University Press, 2020.

"Como um proeminente filósofo da Aufklärung , Kant - é sabido - convoca todos os humanos a formarem suas próprias opiniões, independentemente das restrições impostas a eles por outros. Dito isso, Kant enfoca a razão humana universal e pouco nos diz sobre o que nos torna pessoas individuais. Neste livro, Katharina T. Kraus explora a concepção especificamente kantiana de personalidade psicológica, explicando como, de acordo com Kant, passamos a nos conhecer como tais pessoas. Baseando-se nas obras críticas de Kant, bem como em seus Vorlesungen e Reflexionen, Kraus desenvolve a primeira concepção textualmente completa e sistematicamente coerente de nossa capacidade de fazer o que Kant chama de “experiência interna”. A concepção original de Kant de conhecimento e autoconstituição que ela propõe aborda questões atuais na filosofia da mente e será relevante para os debates filosóficos contemporâneos. Será do interesse de especialistas em história da filosofia, bem como de especialistas em filosofia da mente e psicologia.”

A autora: KATHARINA KRAUS

"Seus interesses de pesquisa estão centrados na história da filosofia moderna, especialmente Immanuel Kant, e na filosofia da mente e psicologia. Sua pesquisa atual diz respeito à concepção de autoconhecimento empírico de Kant, bem como à perspectiva da primeira pessoa, incluindo questões como seu status epistêmico especial, sua relação com a racionalidade e sua relevância para a psicologia científica. Além disso, ela também está interessada em filosofia da ciência, epistemologia e psicologia moral."

Para estudar mais:

https://philosophy.nd.edu/search/?as_sitesearch=philosophy.nd.edu&client=default_frontend&output=xml_no_dtd&site=default_collection&q=kraus&submit=Procurar

______.

ALLISON, Henry F. Kant`s Transcendental Idealism: an interpretation and defense. Yale University Press, 2004. ("Paralogismos", cap. 12).

______. O idealismo transcendental de Kant: interpretação e defesa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2024. ("Paralogismos", cap. 12.

AMERIKS, Karl. The Cambridge Companion to German Idealism. Cambridge University Press; 2. ed., 2017.

ARAUJO, S. F. O projeto de uma psicologia científica em Wilhelm Wundt: uma nova interpretação. Juiz de Fora: EDUFJF, 2010.

______. PEREIRA, Thiago Constâncio Ribeiro, STURM, Thomas (Eds.). The force of an idea: new essays on Christian Wolff's psychology. Springer, 2021)

______. O lugar de Christian Wolff na história da psicologia. Universitas Psychologica, 11(3), 1013-1024, 2012.

BLÖSER, Claudia; STAHL, Titus (eds.). The Moral Psychology of Hope. Rowman and Littlefield, 2020. 302pp.

CUNHA, Bruno. A gênese da ética em Kant. São Paulo: Editora LiberArs, 2017.

DAHLSTROM, Daniel O. Philosophical legacies: essays on the thought of Kant, Hegel, and their contemporaries. Catholic University of America Press, 2008.

______. Kant and his German Contemporaries: Volume 1, Logic, Mind, Epistemology, Science and Ethics. Cambridge University Press, 2018

DE BOER, Karin. Kant's reform of metaphysics: the Critique of pure reason Reconsidered. Cambridge University Press, 2020.

DYCK, Corey W. Kant and rational psychology. Oxford University Press, USA, 2014.

______.  Kant and his German Contemporaries: Volume 2, Aesthetics, History, Politics, and Religion. Cambridge University Press, 2018.

______. Early Modern German Philosophy (1690-1750). OUP. Oxford University Press, 2010.

KANT, Immanuel. A religião nos limites da simples razão. Edições 70, Lisboa, 1992. 

______.Vorlesung über die philosophische EncyclopädieInKant gesalmmelte Schriften, XXIX, Berlin, Akademie, 1980, pp. 8 e 12).

______. Observações sobre o sentimento do belo e do sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. Tradução e estudo de Vinicius de Figueiredo. São Paulo: Editora Clandestina, 2018.

______. Observações sobre o sentimento do Belo e do Sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. (Trad. Vinícius Figueiredo). Campinas, SP: Ed. Papirus, 1993.

______. Observações sobre o sentimento do Belo e do Sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. Lisboa: Edições 70, 2012.

______. Die Religion innerhalb der Grenzen der bloßen Vernunft. W. de Gruyter, 1968.

______. A religião nos limites da simples razão. Edições 70, Lisboa, 1992.

______. A religião nos limites da razão pura. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2024.

______. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Guido A. de. São Paulo: Discurso editoria: Barcarola, 2009.

______. Textos pré-críticos. São Paulo: Editora Unesp, 2005.

______. Textos seletos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

______. Investigação sobre a clareza dos princípios da teologia e da moral. Lisboa: Imprensa Casa da Moeda, 2007.

______. Lições de Ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Feldhaus. São Paulo: Unesp, 2018.

______. Lições sobre a Doutrina Filosófica da Religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis: Vozes/ São Francisco, 2019.

______. Lições de Metafísica. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis: Vozes/São Francisco, 2021.

______. Crítica da razão pura. Tradução Valerio Rohden e Udo Moosburguer. Coleção Os Pensadores. São Paulo,Abril Cultural, 1983.

______. Crítica da razão pura. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1994.

______. Crítica da razão pura. tradução e notas de Fernando Costa Mattos. 3.ed. Petrópolis, RJ: Vozes; Bragança Paulista, SP, 2013 (Col. Pensamento humano).

______. Dissertação de 1770. De mundi sensibilis ataque inteligibilis forma et princípio. Akademie-Ausgabe. Acerca da forma e dos princípios do mundo sensível e inteligível. Trad. apres. e notas de Leonel Ribeiro dos Santos. Lisboa: Imprensa Casa da Moeda. FCSH da Universidade de Lisboa, 1985.

______. Prolegômenos a qualquer metafísica futura que possa apresentar-se como ciência. Trad. José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Estação Liberdade, 2014)

______. Prolegômenos a toda metafísica futura. Lisboa: Edições 70, 1982.

______. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? InEstudos Kantianos, Marília, v. 8, n. 2, p. 179-189, Jul./Dez., 2020.

______. Crítica da razão prática. Tradução de Valério Rohden. São Paulo, Martins Fontes, 2002.

______. Kants Werke. Ed. Königlich Preussischen Akademie der Wissenschaften, Berlin, Georg Reimer, <Akademie Text-Ausgabe, Berlin,Walter de Gruyter & Co.>, vol. XIX, 1902 ss.

KANTERIAN. Edward. Kant, God and Metaphysics: the secret thorn. Routledge, 2017.

KRAUS, Katharina. Kant on Self-Knowledge and Self-Formation. Cambridge University Press, 2020.

WOLLF, C. Psychologia empirica. In: J. École (Hrsg.), Christian Wolff’s Gesammelte Werke, II. Abteilung [Christian Wolff‘s Collected Works, Section II] (Band 5). Hildesheim: Olms (Erstausgabe 1732), 1964.

______. Psychologia rationalis. In: J. École (Hg.), Christian Wolff’s Gesammelte Werke, II. Abteilung. [Christian Wolff‘s Collected Works, Section II] (Band 6). Hildesheim: Olms (Erstausgabe 1734), 1966.

______. Prolegomena to empirical and rational psychology. In: R. Richards (Ed.), Christian Wolff’s prolegomena to empirical and rational psychology: Translation and commentary. Proceedings of the American Philosophical Society, 124, 227-239, 1980.

______. Vernünftige Gedanken von Gott, der Welt und der Seele des Menschen, auch allen dingen überhauptIn: C. Corr (Hg.), Christian Wolff’s Gesammelte. Werke, I. Abteilung [Christian Wolff‘s Collected Works, Section I] (Band 2). Hildesheim: Olms (Erstausgabe 1720). Wolff, C. (2006). Einleitende Abhandlung über Philosophie im allgemeinen [Introductory essay on philosophy in general] (G. Gawlick und L. Kreimendahl, Übers. und Hgg.). Stuttgart/Bad Cannstatt: FrommannHolzboog (Erstausgabe 1728), 1983.

______. 1679-1754. Psicologia empírica: prefácio e prolegômenos. Tradução de Márcio Suzuki. São Paulo: Editora Clandestina, 2018. 

domingo, 6 de outubro de 2024

REFLEXÃO VESPERTINA CLV : "SÊNECA: A TEODICEIA DO UNIVERSO INTERIOR"

Lançamento recente (lendo.. estudando):

Na esteira de uma reflexão sobre a Teodicéia, sobre Sêneca, sobre o “período pré-crítico” kantiano cheguei a essa nova publicação indicada pelo prof. Aldo Dinucci.

A mim, como a questão do mal (bem resolvida) não tem origem no “Criador” acabou me conduzindo para alguns autores como Wolff, Baumgartem; os moralistas ingleses, Hume; Berkeley, Spinosa, Hobbes, Locke, Kant e, agora mais atentamente, retomei a releitura dessa obra de Leibniz sobre essa questão. E, a questão discutida aqui, por Leibniz que passo a analisar a partir de Sêneca também é exatamente:

"Sêneca identifica a filosofia como sabedoria devida às coisas humanas e divinas; no entanto, uma e outra em posse do homem uno e espiritual. Logo, pode dizer-se que sua filosofia possui traços prometeicos, uma vez que o homem deveria entregar a si mesmo uma luz cujo fogo já ardia no seu interior, só bastando encontrá-lo aí para conquistá-lo e dele fazer seu próprio e maior lumiar. Eis por que razão a filosofia de Sêneca foi aqui considerada como uma teodiceia — no espírito da epígrafe do estoico Marco Manílio que Leibniz entendeu por bem selecionar para os seus Ensaios de Teodiceia: “Que tem de estranho que os homens possam conhecer o mundo; têm o mundo neles mesmos, e cada um deles é, à maneira de uma imagem pequena, uma cópia de Deus?” — , mas não uma que fosse cósmica ou universal, senão interior e individual; não devida a um ser divino e absoluto, mas ao homem absoluto, ainda que mortal. O ser humano, nesse sentido, é um universo que protagoniza uma teodiceia em si, pela qual o bem que comporta deverá debelar, pelo seu saber-se, o mal que é menos que si, reconduzindo-se à sua harmonia e perfeição.

(Grifos e Destaques são meus)

______.

AMARAL, Ronaldo. Sêneca: A teodiceia do universo interior. Porto Alegre, RS: Casa Letras, 2024.

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sexta-feira, 4 de outubro de 2024

REFLEXÃO VESPERTINA CLIV: IMMANUEL KANT E PSICOLOGIA RACIONAL


Em andamento... a desenvolver...

É amplamente conhecido que Kant estudou a questão da "psicologia racional" no capítulo dos Paralogismos de sua Crítica da Razão Pura (1781/1787; A341–405/B399–432).

Kant descreveu a psicologia racional como “uma ciência ... construída sobre a única proposição eu penso” (A342/B400), uma ciência que Kant considerou deficiente, de modo que “toda a psicologia racional desmorona... e nada resta, exceto estudar nossa alma seguindo a diretriz da experiência” (A382).

Aqui, sigo acrescentando Bibliografias e Estudando a Kritik der Reinen Vernunft, em: "Do propósito da dialética natural da razão humana". Refletindo sobre uma possível filosofia crítica da mente de Immanuel Kant (1724-1804) na crítica da razão pura, destacando, entre outros (A 684) -  (B 712).

Antes, estudando também "Kant e a psicologia racional". Neste texto:  “Corey W. Dyck apresenta um novo relato da crítica de Kant à investigação racional da alma em sua monumental Crítica da Razão Pura, à luz de seu contexto alemão do século XVIII. Ao caracterizar a psicologia racional que é o alvo de Kant no capítulo Paralogismos da Razão Pura da Crítica, os comentaristas normalmente se referem apenas a uma abordagem e a um relato da alma encontrados principalmente no pensamento de Descartes e Leibniz. Mas Dyck argumenta que fazer isso é ignorar a psicologia racional distinta desenvolvida por Christian Wolff, que enfatizou a fundação empírica de qualquer cognição racional da alma e que foi amplamente influente entre os filósofos alemães do século XVIII, incluindo Kant. Neste livro, Dyck revela como a concepção recebida do objetivo e dos resultados dos Paralogismos de Kant deve ser revisada à luz de uma compreensão adequada da psicologia racional que é o alvo mais próximo do ataque de Kant. Em particular, ele argumenta que a crítica de Kant depende da exposição da base ilusória das alegações do psicólogo racional, na medida em que ele cai na aparência da alma como sendo dada na experiência interna. Além disso, Dyck demonstra que uma luz significativa pode ser lançada sobre a discussão de Kant sobre a substancialidade, simplicidade, personalidade e existência da alma ao considerar os Paralogismos neste contexto histórico.

...

“Corey W. Dyck presents a new account of Kant's criticism of the rational investigation of the soul in his monumental Critique of Pure Reason, in light of its eighteenth-century German context. When characterizing the rational psychology that is Kant's target in the Paralogisms of Pure Reason chapter of the Critique commentators typically only refer to an approach to, and an account of, the soul found principally in the thought of Descartes and Leibniz. But Dyck argues that to do so is to overlook the distinctive rational psychology developed by Christian Wolff, which emphasized the empirical foundation of any rational cognition of the soul, and which was widely influential among eighteenth-century German philosophers, including Kant. In this book, Dyck reveals how the received conception of the aim and results of Kant's Paralogisms must be revised in light of a proper understanding of the rational psychology that is the most proximate target of Kant's attack. In particular, he contends that Kant's criticism hinges upon exposing the illusory basis of the rational psychologist's claims inasmuch as he falls prey to the appearance of the soul as being given in inner experience. Moreover, Dyck demonstrates that significant light can be shed on Kant's discussion of the soul's substantiality, simplicity, personality, and existence by considering the Paralogisms in this historical context.

______.

Assim, uma possível filosofia crítica da mente de Immanuel Kant (1724-1804) na crítica da razão pura, destacando, entre outros - (A 684) -  (B 712)

A 683 B 711

Esta simplicidade da substância, etc., deveria ser apenas o esquema deste princípio regulador, e não se supõe que seja o fundamento real das propriedades da alma. Estas, com efeito, também podem apoiar-se em fundamentos totalmente diferentes, que de modo algum conhecemos. Do mesmo modo não poderíamos verdadeiramente conhecer a alma em si própria, mediante esses predicados adotados, mesmo pretendendo dar--lhes, em relação a ela, valor absoluto, porque constituem uma simples idéia que não se pode representar in concreto. De uma tal idéia psicológica só pode advir benefício, se tivermos o cuidado de não lhe dar mais valor que o de uma simples idéia, isto é, de uma idéia apenas relativa ao uso sistemático da razão com vista aos fenômenos da nossa alma. Pois que aí não interferem, na explicação do que pertence unicamente ao sentido interno, nenhumas leis empíricas de fenômenos corporais, que são de diferente espécie; não se admitem aí quaisquer hipóteses levianas de geração, destruição e palingênese das almas, etc., sendo pura a consideração desse objeto do sentido interno e sem mistura de propriedades heterogêneas; além disso, a pesquisa da razão tende, tanto quanto possível, I a referir a um princípio único os A 684 B 712 fundamentos explicativos deste sujeito, o que melhor alcança através deste esquema, como se ele fosse um ser real, e até só e unicamente por seu intermédio. A idéia psicológica não pode também ter outro significado que não seja o de esquema de um conceito regulador; pois ainda que só quiséssemos indagar se a alma não será em si de natureza espiritual, esta interrogação seria destituída de sentido. Com efeito, mediante tal conceito, não excluo apenas a natureza corpórea, mas toda a natureza em geral, isto é, todos os predicados de qualquer experiência possível e, por conseguinte, todas as condições para pensar um objeto para tal conceito, ou seja, tudo o que afinal me permite dizer que tal conceito tem um sentido.

A segunda idéia reguladora da razão simplesmente especulativa é o conceito do mundo em geral; pois a natureza é, em verdade, o único objeto dado, em relação ao qual a razão carece de princípios reguladores. Esta natureza é dupla: a natureza pensante ou a natureza corpórea. Porém, para pensar esta última, quanto à sua possibilidade interna, isto é, para determinar a aplicação das categorias a esta natureza, não precisamos de nenhuma idéia, ou seja, de nenhuma representação que ultrapasse a experiência, que nem seria aliás possível em relação a essa natureza, porque nela somos guiados pela intuição sensível e não sucede aqui como no conceito psicológico fundamental (o eu) que contém a priori uma certa forma de pensamento, ou seja, a própria unidade do pensamento.” (Trecho extraído da edição portuguesa da Calouste Gulbekian. Cotejando com original e outras traduções para atualização em breve...).

 

______.

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REFLEXÃO MATINAL CXCIV: SOBRE O SENTIDO DA VIDA

(IMAGEM:"Pinterest") Percebe-se, infelizmente, que “[...] perdeu-se o significado profundo de autenticidade. Assim, muita gente ac...