sábado, 25 de novembro de 2023

MEDITAÇÃO RETROSPECTIVA NOTURNA CLIII: "SOBRE DESEJOS. 'A RESPEITO DOS QUE DESEJAM SER ADMIRADOS' "

(IMAGEM: "Pinterest")

Hoje, acabei de ler um livro de Honoré de Balzac: A pele de Onagro” que me levou a repensar na reflexão que fiz abaixo, sobre “desejos” materiais infundados e o que Sêneca chama de “gloríola”.

Começando por uma frase no texto: "Querer nos queima e poder nos destrói".

Resumo do livro: “O jovem aristocrata Raphaël de Valentin está desesperado por ter fracassado na vida e no amor, e planeja o suicídio. Justo nesse momento, ele encontra um velho e estranho antiquário que o presenteia com uma milagrosa pele de onagro (espécie de jumento encontrado no Oriente), que confere ao dono poderes especiais, satisfazendo todos os seus desejos. Porém, sobre o maléfico talismã paira um misterioso feitiço, e, a cada desejo atendido, ele encolhe e encurta a vida do proprietário. O fim da pele de onagro é o fim da vida; o ônus pelo êxtase de todos os desejos realizados. Em meio à frivolidade da sociedade francesa dos anos 1830, Raphaël sucumbe aos prazeres mundanos, aos encantos da corte, ao conforto da fortuna e à magistral beleza da condessa Fedora, em detrimento da sincera e humilde Pauline. Ele, que sonhava em conquistar o mundo, descobre ao custo da própria existência que "Querer nos queima e Poder nos destrói". Publicado em 1831, A pele de onagro é um livro do início da carreira de Balzac. Um dos mais originais romances do autor – e o primeiro a se tornar best-seller –, introduz uma série de personagens que se eternizariam em outros títulos e antecipa tanto a literatura fantástica quanto o realismo fantástico do século XX.”

O que me levou a ler esse livro foi ter assistido um filme, adaptação desta obra de Balzac:

O filme: “La Peau de Chagrin”. Honoré de Balzac's novel. (Adaptação) 

Link:  https://www.youtube.com/watch?v=xZ0kBw7EV-g  

A referência do livro está abaixo...

A reflexão sobre desejos que o livro e o filme me fizeram fazer:

A inúmera quantidade e crescente diversificação das vãs competições revelam nossas fraquezas; dão forças e servem para inflar o “ego”. Definitivamente, nossos inimigos somos nós mesmos.

No entanto, sem o esforço da busca, interior, é impossível a alegria do encontro consigo mesmo. Ou, se vai ao interior, ou se investe em exterior; impossível trilhar dois caminhos ao mesmo tempo. (MARQUINHOS, 2018).

Ou, como disse Epicteto:

"Quem se concentra na busca das coisas exteriores mostra que as valoriza mais que os bens interiores (que são adquiridos através de reflexão e uma prática que esteja em conformidade com essa reflexão). Sendo assim, necessariamente deixará em segundo plano a busca pelos bens interiores.” (EPICTETO. trad. Aldo Dinucci)

É bastante significativo que a natureza, para poetas e pensadores em geral, muitas vezes seja reconhecida como lugar do “divino”. Para os estóicos, por exemplo, “viver de acordo com a natureza” deveria ser o maior objetivo a ser alcançado pelos seres humanos através do uso e disciplina da razão.

E o que é que a razão exige dele? A coisa mais fácil do mundo, – viver de acordo com sua própria natureza. Mas isso é transformado em uma tarefa difícil pela loucura geral da humanidade; nós impulsionamos um ao outro ao vício. E como pode um homem ser lembrado para a redenção, quando não tem ninguém para refreá-lo, e toda a humanidade para instigá-lo?” (Sêneca. XLI, 9)

Há quem ainda insista em defender um "conflito" entre "religião e filosofia". De tal forma que "religião" freqüentemente é mostrada como “fé cega”, até mesmo fanatismo. No entanto, o estoicismo de Sêneca e Epicteto alinhava reflexões nos dois campos, da “religião” e da “filosofia”, a partir do cerne da discussão daí advinda: a razão em harmonia com as leis naturais!

Deus está perto de você, ele está com você, ele está dentro de você. É isso que quero dizer, Lucílio: um espírito santo mora dentro de nós, aquele que anota nossas boas e más ações e é nosso guardião. À medida que tratamos esse espírito, também somos tratados por ele. De fato, nenhum homem pode ser bom sem a ajuda de Deus.” (Sêneca. XLI, 1-2)

Na mesma carta, Sêneca, reforça isso no sentido de que basta que estejamos alinhados com a simplicidade da natureza, ela mesmo, nos fará perceber um certo ar de reverência "religiosa" na presença de um local em que é notado algo de "numinoso" e, comenta que a presença em lugares como bosques, cavernas, nascente de rios, fontes, entre outros, inspiram-nos essa tal “reverência religiosa”.

Se alguma vez você se deparou com um bosque cheio de árvores antigas que cresceram a uma altura incomum, fechando a visão do céu por um véu de ramos cheios e entrelaçados, então a imponência da floresta, a reclusão do lugar, e sua admiração com a espessa sombra ininterrupta no meio dos espaços abertos, irá provar-lhe a presença da deidade. Ou se uma caverna, feita pelo profundo desmoronamento das rochas, sustenta uma montanha em seu arco, um lugar não construído com as mãos, mas esvaziado em tais espaços por causas naturais, sua alma será profundamente comovida por uma certa intimação da existência de Deus.” (Sêneca. XLI, 3-4)

As recomendações de Sêneca, portanto, sugerem que o homem deve estar atento à natureza, viver segundo suas regras, simplicidade e ordem. Considerar esse tipo de vida como a mais verdadeira, desprendida do desejo de posses e desejos infundados. Ou seja, o melhor para nosso próprio bem é seguir a natureza e não desejar bens materiais, exteriores, que possam ser perdidos ou antes afastá-lo de uma vida simples.

Como também diria Epicteto:

Lembra então que, se pensares livres as coisas escravas por natureza e tuas as de outrem, tu te farás entraves, tu te afligirás, tu te inquietarás, censurarás tanto os deuses como os homens. Mas se pensares teu unicamente o que é teu, e o que é de outrem, como o é, de outrem, ninguém jamais te constrangerá, ninguém te fará obstáculos, não censurarás ninguém, nem acusarás quem quer que seja, de modo algum agirás constrangido, ninguém te causará dano, não terás inimigos, pois não serás persuadido em relação a nada nocivo. Então, almejando coisas de tamanha importância, lembra que é preciso que não te empenhes de modo comedido, mas que abandones completamente algumas coisas e, por ora, deixes outras para depois. Mas se quiseres aquelas coisas e também ter cargos e ser rico, talvez não obtenhas estas duas últimas, por também buscar as primeiras, e absolutamente não atingirás aquelas coisas por meio das quais unicamente resultam a liberdade e a felicidade” (Epicteto. I, 1-4)

E, assim como dito acima por Epicteto, o próprio Sêneca, numa descrição da razão, diria que é próprio da razão exigir de nós uma vida plena, simples e disciplinada, de acordo com a “leis naturais”, com a natureza, resultando em liberdade e felicidade.

Segundo eles, se a razão não segue estas leis, ela se envereda por trilhas viciosas que, com a desculpa de que viver é tarefa complexa, o homem, ao decidir-se por não segui-las torna, aí sim, a vida difícil. Quase que criando uma “segunda natureza” viciosa e indisciplinada.

Enfim, tanto em Epicteto quanto em Sêneca, uma vida simples e sem apegos infundados ao que nos seja exterior, é fundamental.

E, o livro e o filme também sugerem reflexões sobre o tema.

Voltando para a Oficina.

______.

BALZAC, Honré de. La Peau de Chagrin. Paris: Éditions Gallimard, 2006

______. A pele de onagro. Porto Alegre, RS: L&PM, 2008.

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

EPICTETO. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue).

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). O livro dos Espíritos. 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica) Trad. Guillon Ribeiro. Brasília, DF: Feb, 2013. (Q. 907-912: "paixões"; 893-906: “virtudes . “vícios” e 920-933: "felicidade")

LEBRUN, Gérard. O conceito de paixãoIn: NOVAES, Adauto (org.). Os sentidos da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 1987.

SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

 

terça-feira, 21 de novembro de 2023

MACHADO DE ASSIS NOS INTERVALOS (II)

 


Leitor frequente da obra de Machado de Assis, sempre tive muito interesse, exatamente por temas da "psiquiatria" no interior da obra machadiana. Tema que também estou estudando, há alguns anos, durante as pausas da pesquisa, na obra do médico escritor Anton Pavlovitch Tcheckov, autor que li muito, na adolescência, e agora estou relendo com atenção voltada a esse mesmo tema.

Prossigo e acrescento, agora com essa obra anotada:

"Um tesouro machadiano.

Notas, biografia do autor, cronologia e panorama do Rio de Janeiro por Luís Augusto Fischer

CONTOS INCLUÍDOS:

  • A cartomante
  • Entre santos
  • Uns braços
  • Um homem célebre
  • A desejada das gentes
  • A causa secreta
  • Trio em lá menor
  • Adão e Eva
  • O enfermeiro
  • O diplomático
  • Mariana
  • Conto de escola
  • Um apólogo
  • Dona Paula
  • Viver!
  • O cônego ou metafísica do estilo

Se Machado de Assis (1839-1908) houvesse publicado apenas este volume, ainda assim seu nome deveria figurar entre os grandes escritores brasileiros de todos os tempos e entre os maiores contistas de seu tempo, em todo o Ocidente.

Publicados originalmente no jornal Gazeta de Notícias entre 1884 e 1891, os dezesseis contos de Várias histórias (volume lançado em 1896) atestam a combinação única machadiana de qualidade estética, pleno domínio da narrativa e da figura do narrador, profunda compreensão da natureza humana e da sociedade brasileira – além, é claro, de erudição e de um humor refinadíssimo inimitável.
A edição foi integralmente pensada para propiciar ao leitor o melhor mergulho na obra do Bruxo do Cosme Velho: além das notas, indispensáveis à leitura, você encontrará aqui também uma biografia do autor, uma cronologia, um texto sobre Machado contista, um completo panorama da vida no Rio de Janeiro da época, um mapa de ruas cariocas, além de análise interpretativa para cada um dos contos.
Inclui algumas das histórias curtas mais lidas e apreciadas do autor, como “A cartomante”, “A causa secreta”, “Um homem célebre” e “Conto de escola.”

______.

BARROS, Daniel Martins de. Machado de Assis: loucura e as leis. São Paulo: Brasiliense, 2010.

CORDÁS, Táki Athanássios; BARROS, Daniel Martins de; GONZALEZ, Michele Oliveira. Personagens ou pacientes? 2: mais clássicos da literatura mundial para refletir sobre a natureza humana. Porto Alegre, RS: Artmed, 2019.

LEITE NETO, A.; CECÍLIO, A. L.; JAHN, H. (Orgs.). Machado de Assis: obra completa em quatro volumes. LEITE NETO, A.; CECÍLIO, A. L.; JAHN, H. (Orgs.). 2.ed. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008. 4v.

MACHADO DE ASSIS. Todos os romances e contos consagrados de Machado de Assis. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira, 2016. ("Box" em três volumes).

______. Memorial de Aires. Porto Alegre, RS: L&PM, 2009.

______. Esaú e Jacó. Porto Alegre, RS: L&PM, 1998.

______. Várias histórias: Edição anotada, com biografia do Aator e panorama da vida cotidiana da época. Porto Alegre, RS: L&PM, 2023.

TCHÉCKOV Anton. Contos. Guerra N, Guerra F, tradutores. Lisboa: Relógio d’Água Editores; 2006. v. 6, p. 261-73.

______. A doctor’s visitIn: Coulehan J, editor. Tchékhov’s doctors: a collection of Tchékhov’s medical tales. Kent: Kent State University Press; 2003. p. 174-82.

______. Os males do tabaco. 2. ed. São Paulo: Ateliê, 2001.

terça-feira, 14 de novembro de 2023

REFLEXÃO MATINAL CLXI: A ASKESIS DO PROKOPTON

(IMAGEM: " O compasso estóico"- "Stoic compass". In: "Pinterest")

Passeia sozinho, conversa contigo mesmo" (EPICTETUS, Diatribes, III, 14, 1)

 .'.

“Todas as escolas denunciaram o perigo que corre o filósofo se imagina que seu discurso filosófico pode bastar-se a si mesmo, sem estar de acordo com a vida filosófica (...). Tradicionalmente, os que desenvolvem um discurso aparentemente filosófico, sem procurar pôr sua vida em relação com o seu discurso e sem que seu discurso emane de sua experiência e de sua vida, são denominados “sofistas” pelos filósofos (...)” (HADOT. 2014, p. 252).

Platão teria dito na Carta VII, 340c-d que aqueles que se creem filósofos mas que não adotaram um estilo de vida filosófico são apenas pintados com um verniz exterior que tem por objetivo mascarar suas opiniões superficiais (doxa - δόξα).

Com isso se vê o que compreendiam os antigos por filosofia. Bem distante das meras exposições de teorias como nos tempos atuais, a filosofia, portanto, era tomada como modo vida. E, nesse sentido, como temos acompanhado aqui, entre as escolas helenísticas, faremos mais uma reflexão matinal aos modos do Estoicismo, com as leituras costumeiras, há algum tempo reunidas para esse fim.

“O filósofo vive assim num estado intermediário: não é sábio, mas não é não sábio. Ele está, pois, constantemente cindido, entre a vida não filosófica e a vida filosófica, entre o domínio do habitual e do cotidiano e o domínio da consciência e da lucidez. Na medida em que ela é pratica de exercícios espirituais, a vida filosófica é um desenraizamento da vida cotidiana: ela é uma conversão, uma mudança total de visão, de estilo de vida, de comportamento.” (Idem, Ibidem, 2014, p. 38)

Aqui, temos refletido sobre algumas passagens do que chegou até nós da obra de Epicteto, que será o caso, novamente nessa reflexão matinal. Para ele, a adaptação (conversão) a uma vida filosófica é tarefa de bastante complexidade, da do que esse caso, o Estoicismo exigia um conjunto de regras que resultariam num determinado tipo de conduta rigoroso. Como já escrevemos aqui, o que era proposto por Epicteto e que Hadot chamou de “exercícios espirituais” era de difícil adaptação aos que se iniciavam na caminhada. No entanto, são esses “exercícios” que possibilitam o desenvolvimento dos que que pretendiam prosseguir. Eram adotadas determinadas práticas na formação do indivíduo para que estivesse preparado para o enfrentamento das meras opiniões leigas no que se referisse ao que verdadeiramente buscavam os estoicos.

“Mas forçosamente serás levado de um lado a outro pelos leigos (idiótes). E então por que eles são mais fortes que vocês? Porque eles afirmam essas porcarias como suas opiniões enquanto vocês dizem lindezas da boca para fora. Por isso são coisas sem força, mortas; é de dar asco ouvir suas exortações e suas infortunadas virtudes proclamadas de cima a baixo. É assim que os leigos vencem, pois a opinião é forte, a opinião é invencível em tudo. Até que esses conceitos bonitos fiquem mais sólidos em vocês, por segurança, eu os aconselho a condescender com os leigos com precaução. Do contrário, a cada dia tuas anotações escolares se derreterão como cera no sol. Assim, leva os conceitos a alguma parte longe do sol enquanto são moles como a cera. Por isso os filósofos aconselham também a se afastar da pátria, porque os hábitos antigos distraem e não permitem que se comece outro hábito. É que não suportamos quando nos deparamos com pessoas que nos digam: “Veja, fulano agora filosofa, mas antes era assim e assim”. Por isso os médicos enviam para outras terras e outros ares os que padecem de uma grande doença, e fazem bem. Dessa forma, introduzam também vocês novos costumes, façam com que se solidifiquem os conceitos, exercitem-se neles” (EPICTETO. D. III, XVI, 6-13).

Interessante notar que o que Epicteto diz define muito bem o que ele proporá para seus alunos. Para ele, os iniciantes precisam buscar a preparação para enfrentarem a “opinião” do leigo que, segundo diz são mais obstinados na defesa de suas "opiniões" do que alguém que está se exercitando na busca por vida verdadeiramente filosófica (prokópton. A (ἄσκησις); a adoção de novos hábitos, portanto, é o primeiro passo para que não vacile diante do "ignorante" mais convicto de suas “opiniões”. O caminho do prokópton, portanto é (áskésis - ἄσκησις), o exercício para mudança de hábitos.

“Lembra que o propósito do desejo é obter o que se deseja, <e> o propósito da repulsa é não se deparar com o que se evita. Quem falha no desejo é não-afortunado. Quem se depara com o que evita é desafortunado. Caso, entre as coisas que são teus encargos, somente rejeites as contrárias à natureza, não te depararás com nenhuma coisa que evitas. Caso rejeites a doença, a morte ou a pobreza, serás desafortunado. [2.2] Então retira a repulsa de todas as coisas que não sejam encargos nossos e transfere-a para as coisas que, sendo encargos nossos, são contrárias à natureza. Por ora, suspende por completo o desejo, pois se desejares alguma das coisas que não sejam encargos nossos, necessariamente não serás afortunado. Das coisas que são encargos nossos, todas quantas seria belo desejar, nenhuma está ao teu alcance ainda. Assim, faz uso somente do impulso e do refreamento, sem excesso, com reserva e sem constrangimento.”   (EPICTETO, Encheirídion. II, 2012)

______.

ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012).

BERGSON, Henri. Matéria e memória: ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. Trad. Paulo Neves. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. (Coleção tópicos)

______. Evolução criadora. São Paulo: Editora Unesp, 2010.

______. Ensaio sobre os dados imediatos da consciência. São Paulo: Edipro, 2020.

______. A energia espiritual. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2021.

______. Aulas de psicologia e de metafísica. WMF Martins Fontes. 2014.

BICALHO, Vanessa Brun. Ciência e sabedoria de vida na filosofia transcendental de Kant à luz do estoicismo. Tese de Doutorado (Campus de Toledo). Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, 2021.

DESCARTES, R. Oeuvres. Org. C. Adam e P. Tannery. Paris: Vrin, 1996. 11v. [indicadas no texto como Ad & Tan]

_______. Descartes: oeuvres et lettres. Org. André Bidoux. Paris: Gallimard, 1953. (Pléiade).

______. Discursos do Método; Meditações; Objeções e Respostas; As Paixões da Alma; Cartas. (Introdução de Gilles-Gaston Granger; prefácio e notas de Gerard Lebrun; Trad. de J. Guinsberg), Bento Prado J. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (Os Pensadores).

______. O mundo (ou Tratado da luz) e O Homem. Apêndices, tradução e notas: César Augusto Battisti, Marisa Carneiro de Oliveira Franco Donatelli. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2009.

DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

______. P. O que é filosofia antiga? Trad. Dion Davi Macedo. 6 ed. São Paulo:  Edições Loyola, 2014

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). ______. O livro dos Espíritos. 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica). Trad. Guillon Ribeiro, Brasília, DF: Feb, 2013. 

MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Livro II. 1)

PLATÓN. Carta VIIIn: Diálogos VII (Dudosos, Apócrifos, Cartas). Madrid: Gredos, 1992.

PRITCHARD, M. “Philosophy for Children”. Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2002. Acessado em 19 de agosto de 2016; Fonte: http://plato.stanford.edu/entries/children/ .

SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

domingo, 12 de novembro de 2023

REFLEXÃO MATINAL CLX: EXERCÍCIOS ESTOICOS E LEITURA DAS "AULAS DE PSICOLOGIA E METAFÍSICA"

Sempre com enfoque e foco na "relação mente e corpo"; nas questões metafísica e os temas sempre:

1. A obra toda, juntamente com "Matéria e memória" e "Energia espiritual" é importantíssima para os meus intentos, principalmente  a partir da página 325 até à página 450, e ainda que prosseguindo com as reflexões básicas que estão mantidas aqui, hoje estou acrescentando a releitua dessa excelente obra de Henri Bergson: "Aulas de psicologia e de metafísica":

“Bergson, o professor, é sistemático. A unidade constitui para ele a primeira exigência da mente. A possibilidade de uma unidade sistemática de nossos pensamentos é o primeiro critério da veracidade deles. Não há dúvida de que às vezes é preciso conjugar evidência racional e certeza moral. Mas esta ainda depende de uma unidade possível entre certas verdades e nossa personalidade inteira. Isso significa que haverá uma estreita relação entre a teoria da liberdade e a da verdade. Quando se considera a totalidade do ensino dispensado por Bergson entre 1883 e a primeira década do século XX, pode-se sem dificuldade distinguir um sistema, cuja presença se torna cada vez mais discreta, mas que nunca está ausente do plano de seu pensamento.”

______

2. E, mantendo os exercícios estoicos antes de prosseguirmos com as leituras:

"A essência da filosofia é o espírito de simplicidade. Quer encaremos o espírito filosófico nele mesmo ou em suas obras, quer comparemos a filosofia à ciência ou uma filosofia às demais filosofias, sempre verificamos que a complicação é superficial, a construção um acessório, a síntese uma aparência: filosofar é um ato simples" (BERGSON, 1911)

Como tem sido bastante produtivo, em termos existenciais, refletir sobre o que é possível identificar nos textos estoicos como "sabedoria prática". Há anos sigo com essas atividades...  Aqui somei a citação de Henri Bergson que para mim, em certa medida, aproxima-se da reflexão pretendida. Ali, onde no texto Epictetus trata de temas específicos de seu tempo, basta que substituamos por atividades hodiernas "similares" e que da mesma forma, nas conversas, devem ser evitados. Conversas frívolas são sempre dispensáveis.

Ἐπικτήτου Ἐγχειρίδιον

“[33.1] Τάξον τινὰἤδη χαρακτῆρα σαυτῷκαὶτύπον, ὃν φυλάξεις ἐπίτε σεαυτοῦὢν καὶἀνθρώποις ἐντυγχάνων. [33.2] σιωπὴτὸπολὺἔστω ἢλαλείσθω τὰἀναγκαῖα καὶδι' ὀλίγων. σπανίως δέποτε καιροῦπαρακαλοῦντος ἐπὶτὸλέγειν τι ἥξομεν, ἀλλὰπερὶοὐδενὸς τῶν τυχόντων·μὴπερὶμονομαχιῶν, μὴπερὶἱπποδρομιῶν, μὴπερὶἀθλητῶν, μὴπερὶβρωμάτων ἢπομάτων, τῶν ἑκασταχοῦλεγομένων, μάλιστα δὲμὴπερὶἀνθρώπων ψέγονταἢἐπαινοῦνταἢσυγκρίνοντα. [33.3] ἂν μὲν οὖν οἷός τε ᾖς, μετάγαγε τοῦς σοῦς λόγους καὶτοὺς τῶν συνόντων ἐπὶτὸπροσῆκον. εἰδὲἐν ἀλλοφύλοις ἀποληφθεὶς τύχοις, σιώπα. [33.4] γέλως μὴπολὺς ἔστω μηδὲἐπὶπολλοῖς μηδὲἀνειμένος.”

“[33.1] Fixa, a partir de agora, um caráter e um padrão para ti próprio, que guardarás quando estiveres sozinho, ou quando te encontrares com outros. [33.2] Na maior parte do tempo, fica em silêncio, ou, com poucas palavras, fala o que é necessário. Raramente, quando a ocasião pedir, fala algo, mas não sobre coisa ordinária: nada sobre lutas de gladiadores, corridas de cavalos, nem sobre atletas, nem sobre comidas ou bebidas –assuntos falados por toda parte. Sobretudo não fales sobre os homens, recriminando-os, ou elogiando-os, ou comparando-os. [33.3] Então, se fores capaz, conduz a tua conversa e a dos que estão contigo para o que é conveniente. Porém, se te encontrares isolado em meio a estranhos, guarda silêncio. [33.4] Não rias muito, nem sobre muitas coisas, nem de modo descontrolado.”
_____.
(Ἐπικτήτου Ἐγχειρίδιον. O Encheirídion de Epicteto. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notasi; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012. 96p.)
______.

1. OBRAS GERAIS E DE HENRI BERGSON:

BERGSON, Henri. Matéria e memória: ensaio sobre a relação do corpo com o espírito. Trad. Paulo Neves. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. (Coleção tópicos)

______. Evolução criadora. São Paulo: Editora Unesp, 2010.

______. Ensaio sobre os dados imediatos da consciência. São Paulo: Edipro, 2020.

______. A energia espiritual. 2. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2021.

______. Aulas de psicologia e de metafísica. WMF Martins Fontes. 2014.

DESCARTES, R. Oeuvres. Org. C. Adam e P. Tannery. Paris: Vrin, 1996. 11v. [indicadas no texto como Ad & Tan]

_______. Descartes: oeuvres et lettres. Org. André Bidoux. Paris: Gallimard, 1953. (Pléiade).

______. Discursos do Método; Meditações; Objeções e Respostas; As Paixões da Alma; Cartas. (Introdução de Gilles-Gaston Granger; prefácio e notas de Gerard Lebrun; Trad. de J. Guinsberg), Bento Prado J. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983 (Os Pensadores).

______. O mundo (ou Tratado da luz) e O Homem. Apêndices, tradução e notas: César Augusto Battisti, Marisa Carneiro de Oliveira Franco Donatelli. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2009.

DUPRÉ, John. Process of life: essays in the philosophy of biology, Oxford University Press(UK); Reprint. 2014.

______. Everything flows: towards a processual philosophy of biology. OUP Oxford; Illustrated edição, 2018.

______. The metaphysics of biology. Cambridge University Press, 2021.

HULL, David l; RUSE, Michael. The Cambridge companion to the philosophy of biology. Cambridge Univers
ity Press, 2007.

JANKÉLÉVITCH, V. Der Tod. Berlim, 2017.

KANT, Immanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Guido A. de. São Paulo: Discurso editoria: Barcarola, 2009.

______. Textos seletos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

______. Textos pré-críticos. São Paulo: Editora Unesp, 2005.

______. Crítica da razão pura. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1994.

______. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

______. O único argumento possível para uma demonstração da existência de Deus. Lisboa: INCM, 2004.

______. Dissertação de 1770. De mundi sensibilis ataque inteligibilis forma et princípio. Akademie-Ausgabe. Acerca da forma e dos princípios do mundo sensível e inteligível. Trad. apres. e notas de Leonel Ribeiro dos Santos. Lisboa: Imprensa Casa da Moeda. FCSH da Universidade de Lisboa, 1985.

______. Prolegômenos a qualquer metafísica que possa apresentar-se como ciência. Trad. José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: estação Liberdade, 2014.

______. Prolegômenos a toda metafísica futura. Lisboa: Edições 70, 1982.

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). ______. O livro dos Espíritos. 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica). Trad. Guillon Ribeiro, Brasília, DF: Feb, 2013. 

KELLY, Eduard F; CRABTREE, Adam; MARSHALL, Paul. (Editores). Beyond physicalism: toward reconciliation of science and spirituality. Rowman & Littlefield Publishers, 2015. (636 p.)

______; KELLY, Emily Williams; Crabtree, Adam.  Irreducible Mind: Toward a Psychology for the 21st Century . Rowman & Littlefield Publishers, 2009. (1151 p.)

ROCHAMONTE, Catarina. Bergson entre Filosofia e Espiritualidade. São Paulo Edições Loyola, 2023.

SCHMUCKER, Josef. Die ontotheologie des vorkritischen Kant: Kantstudien-erganzungshefte. Berlim: Walter De Gruyter, 1980. Reprint, 2013.

SCHNEEWIND, Jeromé. Obligation and virtue: an overwien of Kant's moral philosophy. The Cambridge Companio to Kant. United Kingdom. Cambridge University Press, 1992.

______. Aristotle, Kant and the stoics: rethinnking happiness and duty. Cambridge University Press; Edição: Reprint, 1998.

______. A invenção da autonomia: uma história da filosofia moral moderna. São Leopoldo: Unisinos, 2001.


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2. OBRAS SOBRE ESTOICISMO

ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012).

BICALHO, Vanessa Brun. Ciência e sabedoria de vida na filosofia transcendental de Kant à luz do estoicismo. Tese de Doutorado (Campus de Toledo). Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, 2021.

CUNHA, Bruno. A gênese da ética em Kant. São Paulo: Editora LiberArs, 2017.

______. Lições sobre a doutrina filosófica da religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Vozes, 2019.

DINUCCI, Aldo. Manual de estoicismo: uma visão estóica do mundo. São Paulo: Auster, 2023. 

______; TARQUÍNIO, Antonio. Introdução ao Manual de Epicteto. 3. ed, São Cristóvão: Universidade Federal de Sergipe, 2012.

______; JULIEN, Alfredo. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

______; JULIEN, A. (Org.) Epicteto: fragmentos e testemunhos. Tradução dos fragmentos gregos e notas Aldo Dinucci e Alfredo Julien. Textos de Aldo Dinucci, Alfredo Julien e Fábio Duarte Joly. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2008.

EPICTÉTE. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue).

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

______. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments: Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

GALENO. Aforismos. São Paulo: E. Unifesp, 2010.

______. On the passions and errors of the soul. Translated by Paul W . Harkins with an introduction and interpretation by Walter Riese. Ohio State University Press, 1963.

GAZOLLA, Rachel.  O ofício do filósofo estóico: o duplo registro do discurso da Stoa, Loyola, São Paulo, 1999.

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

UM TEMA EM VÁRIAS ABORDAGENS, PERSPECTIVAS E TRADIÇÕES

O tema, aqui tratado por uma Rabina, numa perspectiva judaica já um dos que tenho estudado há alguns anos, inclusive no " estoicismo &q...