sexta-feira, 29 de março de 2019

CONUPES JUIZ DE FORA - 2019.


"Cientistas são mais frequentemente recompensados - ao menos a curto prazo - pela sua lista de publicações. Mas publicar não é a meta da ciência, e sim apenas um meio através do qual a ciência aspira à verdade." (VanderWeele)
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"Investigando efeitos causais da religiosidade/espiritualidade sobre a saúde". Numa das palestras de Tyler VanderWeele, da Universidade de Harvard University, que também falou sobre "promotion of human flourishing" no Conupes - Juiz de Fora - 2019.
Outros pesquisadores estiveram presentes apresentando suas contribuições e pesquisas para as discussões.


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Para saber mais sobre "promotion of human flourishing":


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MINICURSOS: 30 de março de 2019


1.      "Curso básico em Pesquisa em Espiritualidade em Saúde"
(Alessandra Lucchetti, Luciano Vitorino, Pedrita Reis)

2.      "Curso avançado em Pesquisa em Espiritualidade em Saúde"
(Giancarlo Lucchetti, Mario Peres e Álvaro Avezum)

3.      “Pesquisa em Experiência Espiritual e Relação Mente-Cérebro”
(Alexander Moreira-Almeida, Marcelo Maroco, Alessandra Mainieri, Saulo Araújo e Humberto Coelho)

quarta-feira, 27 de março de 2019

REFLEXÃO MATINAL XXXI: EXERCÍCIOS DA ATENÇÃO

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Os chamados “exercícios” estão ligados ao que encontramos, em certa medida, com cuidado, na obra dos estoicos e de Epicteto: “exercício da consciência de si", como um “exercício da atenção” a si mesmo. Em “Diatribes. Livro IV. XII), o capítulo inteiro é sobre a atenção (prosoché- περί προσοχῆς).

O que um sábio, no sentido estoico busca fundamentalmente é: treinar sua habilidade até que se torne capaz de transformar, no dia a dia, cada acontecimento em alguma forma de Bem, obtendo proveito na própria formação.

Por princípio, em qualquer situação alcançar um nível de “prosoché” que o torne capaz de aprender a controlar os próprios desejos, evitando o que lhe causa desconforto.

Nesse sentido, sua ação estará sempre ligada a uma concepção de justiça e de Bem que o torna capaz de julgar os acontecimentos segundo uma noção de Verdade.

Tal sábio, com muito treino compreende que as coisas na vida acontecem como devem acontecer, e, sem revoltas, estará atento sempre a combater os próprios erros, exercitando sempre maneiras de evita-los. Ao agir, sempre o fará segundo a perspectiva de uma ordem na natureza universal.

Enfim, estará com exercício, treinos e muita atenção, aprendendo a orientar suas escolhas seguindo a natureza e os princípios, conforme podemos ler no Encheirídion 52.1,2.

Exercícios de atenção, para os estoicos, são as melhores ferramentas na tarefa transformação do ser e, necessário se se pretende viver seguindo algum dos ensinamentos de Epicteto.

“[52.1] Ὁ πρῶτος καὶ ἀναγκαιότατος τόπος ἐστὶν ἐν φιλοσοφίᾳ ὁ τῆς χρήσεως τῶν δογμάτων, οἷον τὸ μὴ ψεύδεσθαι· ὁ δεύτερος ὁ τῶν ἀποδείξεων, οἷον πόθεν ὅτι οὐ δεῖ ψεύδεσθαι· τρίτος ὁ αὐτῶν τούτων βεβαιωτικὸς καὶ διαρθρωτικός, οἷον πόθεν ὅτι τοῦτο ἀπόδειξις; τί γάρ ἐστιν ἀπόδειξις, τί ἀκολουθία, τί μάχη, τί ἀληθές, τί ψεῦδος; [52.2] οὐκοῦν ὁ μὲν τρίτος τόπος ἀναγκαῖος διὰ τὸν δεύτερον, ὁ δὲ δεύτερος διὰ τὸν πρῶτον· ὁ δὲ ἀναγκαιότατος καὶ ὅπου ἀναπαύεσθαι δεῖ, ὁ πρῶτος. ἡμεῖς δὲ ἔμπαλιν ποιοῦμεν· ἐν γὰρ τῷ τρίτῳ τόπῳ διατρίβομεν καὶ περὶ ἐκεῖνόν ἐστιν ἡμῖν ἡ πᾶσα σπουδή· τοῦ δὲ πρώτου παντελῶς ἀμελοῦμεν. τοιγαροῦν ψευδόμεθα μέν, πῶς δὲ ἀποδείκνυται ὅτι οὐ δεῖ ψεύδεσθαι, πρόχειρον ἔχομεν.”

“[52.1] O primeiro e mais necessário tópico da filosofia é o da aplicação dos princípios, por exemplo: “Não sustentar falsidades”. O segundo é o das demonstrações, por exemplo: “Por que é preciso não sustentar falsidades?” O terceiro é o que é próprio para confirmar e articular os anteriores, por exemplo: “Por que isso é uma demonstração? O que é uma demonstração? O que é uma consequência? O que é uma contradição? O que é o verdadeiro? O que é o falso?” [52.2] Portanto, o terceiro tópico é necessário em razão do segundo; e o segundo, em razão do primeiro – mas o primeiro é o mais necessário e onde é preciso se demorar. Porém, fazemos o contrário: pois no terceiro despendemos nosso tempo, e todo o nosso esforço é em relação a ele, mas do primeiro descuidamos por completo. Eis aí porque, por um lado, sustentamos falsidades e, por outro, temos à mão como se demonstra que não é apropriado sustentar falsidades.”[1]

Ora, pois, a atenção é o elemento para evitar que a razão se desvie no caminho das representações brutas. Ela servirá, se o indivíduo mantiver isso em mente, para ajudar a razão a reordena-las e redicioná-las na direção da autotransformação. E, principalmente nessa difícil caminhada, na consecução da aplicação dos princípios (Theoremata).

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DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford:
Clarendon, 2008.
______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

______. A filosofia como maneira de viver: entrevistas de Jeannie Carlier e Arnold I. Davidson. (Trad. Lara Christina de Malimpensa). São Paulo: É Realizações, 2016

______. Exercícios Espirituais e Filosofia Antiga. Trad. Flavio Fontenelle Loque e Loraine Oliveira. Prefácio de Davidson, Arnold. São Paulo: É Realizações, 2014.

SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

Para saber mais:
https://www.youtube.com/watch?v=QrT3vYlU7Rg



[1] Sempre utilizo as traduções de Epicteto, as que são feitas pelo prof. Aldo Dinucci.

segunda-feira, 25 de março de 2019

PARA NÃO PERDER TEMPO... E, CAMINHAR

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Brevíssima reflexão:
.’.
"Não é papel do filósofo multiplicar argumentos e demonstrações. Se um argumento claro e consistente não basta, o problema está no ouvinte. Ao multiplicar as demonstrações para quem se nega a aceitar o claro e sonoro perde-se grande tempo, e se reconhece um tipo de teimosia que não deveria ser reconhecido". 


______.
(Caio Musónio Rufo - Filósofo estóico do primeiro século da “era cristã”. Nascido em Volsínios, na Etrúria. Viveu entre 25 d.C. - 95 d.C.)

domingo, 24 de março de 2019

REFLEXÃO MATINAL XXX: "PROSOCHÉ": EXERCITANDO A CONSCIÊNCIA DE SI


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“Nem toda dificuldade e perigo é adequada para o treino, mas apenas aquela que é conducente ao sucesso em atingir o objeto de nosso esforço. E qual é o objeto de nosso esforço? Agir sem impedimento na escolha e na aversão. E o que isso significa? Nem falhar em conseguir o que desejamos, nem cair naquilo que queremos evitar” (EPICTETO. Diatribes. Livro III. XII.3-4)

Segundo os estóicos, não devemos deixar que a nossa felicidade dependa de coisas externas. Acontecimentos externos não estão sob nosso controle. A maneira como reagimos à adversidade é uma escolha nossa, e depende do nosso julgamento em relação aos eventos. Exercício e esforço nesta direção dão-nos uma poderosa base para o nosso comportamento, para qualificarmos nossos hábitos (ethos).

Na obra de Pierre Hadot, vimos aqui mesmo, nessa página, uma divisão do que ele denomina "exercícios estoicos" em os que servem ao desenvolvimento de uma consciência de si; que se direcionam a uma visão exata do mundo e da natureza e os que são orientados para um sentido de paz e tranquilidade interior; a imagem da “Inner Citadel caberia aqui.

Nas Diatribes do estóico Epicteto e também no seu Encheiridion estamos estudando como sua defesa de tais “exercícios” como esforço no bom uso das representações ganham relevância no aprendizado das virtudes.

“Pois quando uma vez você concebe um desejo por dinheiro, se a razão for aplicada para trazer a você para a concepção de um mal, tanto as paixões se acalmam quanto o princípio governante [razão] é restaurado à sua autoridade original.” (EPICTETO. Diatribes. Livro II. XVIII.8)

Somente somos prejudicados, por acontecimentos externos se acreditarmos que estes possam nos atingir. Devemos nos lembrar sempre do que é realmente um bem ou um mal para nós; sermos o próprio personagem das nossas ações.

“Muito bem, então, se o julgamento do homem determina todas as coisas [no campo da ação], e se um homem tem maus julgamentos, qualquer que seja a causa será também a consequência.” .” (EPICTETO. Diatribes. Livro II. XVIII.8)

O que Epicteto e os estóicos propõem, então, é que sejamos gratos por qualquer pequena coisa que tenhamos e lembrarmos que há situações em que poderíamos estar piores do que a que estamos hoje. Devemos nos ocupar em transformar nossos dias em oportunidade de trabalho pessoal na busca por virtudes. O único dano real que podemos enfrentar será consequência de escolhermos mal, optarmos por algo que não esteja sob nosso controle. Portanto, a estratégia é compreendermos as coisas pelo que elas realmente são, construirmos nosso caráter nessa direção; único caminho verdadeiro, todo o resto são apenas apetrechos e decorações; grandes ilusões que não podem, definitivamente, enganar o mais importante juiz: nós mesmos.

Estejamos, portanto, atentos às palavras de Epicteto logo no inicio do Encheirídion:

“[1.1] Τῶν ὄντων τὰ μέν ἐστιν ἐφ' ἡμῖν, τὰ δὲ οὐκ ἐφ'  ἡμῖν. ἐφ' ἡμῖν μὲν ὑπόληψις, ὁρμή, ὄρεξις, ἔκκλισις καὶ ἑνὶ λόγῳ ὅσα ἡμέτερα ἔργα· οὐκ ἐφ' ἡμῖν δὲ τὸ σῶμα, ἡ κτῆσις, δόξαι, ἀρχαὶ καὶ ἑνὶ λόγῳ ὅσα οὐχ ἡμέτερα ἔργα. [1.2] καὶ  τὰ μὲν ἐφ' ἡμῖν ἐστι φύσει ἐλεύθερα, ἀκώλυτα, παραπόδιστα,  τὰ δὲ οὐκ ἐφ' ἡμῖν ἀσθενῆ, δοῦλα, κωλυτά, ἀλλότρια. [1.3] μέμνησο οὖν, ὅτι, ἐὰν τὰ φύσει δοῦλα ἐλεύθερα οἰηθῇς καὶ τὰ ἀλλότρια ἴδια, ἐμποδισθήσῃ, πενθήσεις, ταραχθήσῃ, μέμψῃ καὶ θεοὺς καὶ ἀνθρώπους, ἐὰν δὲ τὸ σὸν μόνον οἰηθῇς σὸν εἶναι, τὸ δὲ ἀλλότριον, ὥσπερ ἐστίν, ἀλλότριον,  οὐδείς σε ἀναγκάσει οὐδέποτε, οὐδείς σε κωλύσει, οὐ μέμψῃ  οὐδένα, οὐκ ἐγκαλέσεις τινί, ἄκων πράξεις οὐδὲ ἕν, οὐδείς σε βλάψει, ἐχθρὸν οὐχ ἕξεις, οὐδὲ γὰρ βλαβερόν τι πείσῃ. [1.4] τηλικούτων οὖν ἐφιέμενος μέμνησο, ὅτι οὐ δεῖ μετρίως   κεκινημένον ἅπτεσθαι αὐτῶν, ἀλλὰ τὰ μὲν ἀφιέναι παντελῶς, τὰ δ' ὑπερτίθεσθαι πρὸς τὸ παρόν. ἐὰν δὲ καὶ ταῦτ' ἐθέλῃς καὶ ἄρχειν καὶ πλουτεῖν, τυχὸν μὲν οὐδ' αὐτῶν τούτων τεύξῃ διὰ τὸ καὶ τῶν προτέρων ἐφίεσθαι, πάντως γε μὴν  ἐκείνων ἀποτεύξη, δι' ὧν μόνων ἐλευθερία καὶ εὐδαιμονία περιγίνεται. [1.5] εὐθὺς οὖν πάσῃ φαντασίᾳ τραχείᾳ μελέτα ἐπιλέγειν ὅτι ‘φαντασία εἶ καὶ οὐ πάντως τὸ φαινόμενον’.  ἔπειτα ἐξέταζε αὐτὴν καὶ δοκίμαζε τοῖς κανόσι τούτοις οἷς  ἔχεις, πρώτῳ δὲ τούτῳ καὶ μάλιστα, πότερον περὶ τὰ ἐφ' ἡμῖν  ἐστιν ἢ περὶ τὰ οὐκ ἐφ' ἡμῖν· κἂν περί τι τῶν οὐκ ἐφ' ἡμῖν  ᾖ, πρόχειρον ἔστω τὸ διότι ‘οὐδὲν πρὸς ἐμέ’.”

“[1.1] Das coisas existentes, algumas são encargos nossos; outras não. São encargos nossos o juízo, o impulso, o desejo, a repulsa – em suma: tudo quanto seja ação nossa. Não são encargos nossos o corpo, as posses, a reputação, os cargos públicos – em suma: tudo quanto não seja ação nossa.  [1.2] Por natureza, as coisas que são encargos nossos são livres, desobstruídas, sem entraves. As que não são encargos nossos são débeis, escravas, obstruídas, de outrem. [1.3] Lembra então que, se pensares livres as coisas escravas por natureza e tuas as de outrem, tu te farás entraves, tu te afligirás, tu te inquietarás, censurarás tanto os deuses como os homens. Mas se pensares teu unicamente o que é teu, e o que é de outrem, como o é, de outrem, ninguém jamais te constrangerá, ninguém te fará obstáculos, não censurarás ninguém, nem acusarás quem quer que seja, de modo algum agirás constrangido, ninguém te causará dano, não terás inimigos, pois não serás persuadido em relação a nada nocivo. [1.4] Então, almejando coisas de tamanha importância, lembra que é preciso que não te empenhes de modo comedido, mas que abandones completamente algumas coisas e, por ora, deixes outras para depois. Mas se quiseres aquelas coisas e também ter cargos e ser rico, talvez não obtenhas estas duas últimas, por também buscar as primeiras, e absolutamente não atingirás aquelas coisas por meio das quais unicamente resultam a liberdade e a felicidade. [1.5] Então pratica dizer prontamente a toda representação bruta: ‘És representação e de modo algum <és> o que se afigura’. Em seguida, examina-a e testa-a com essas mesmas regras que possuis, em primeiro lugar e principalmente se é sobre coisas que são encargos nossos ou não. E caso esteja entre as coisas que não sejam encargos nossos, tem à mão que: ‘Nada é para mim’ ”. 

Fica bem claro que Epicteto propõe uma maneira de se compreender o processo de escolha ou assentimento de tal maneira que nossos julgamentos não nos dificulte o progresso moral. É até bem perceptível uma visão de filosofia, em Epicteto, como um treino constante para enfrentarmos as dificuldades que se nos apresente. Treinar os nossos julgamentos é fundamental.

“[...] se você tem uma febre da maneira certa, você desempenhará as coisas esperadas do homem que tem uma febre. O que significa ter a febre da maneira certa? Não culpar deus, ou homem, não ser esmagado pelo que acontece a você, esperar a morte bravamente, e da maneira certa, fazer o que é imposto sobre você.” (EPICTETO. Diatribes. Livro III.X.12-13

Tais “exercícios” exigem disciplina e são imprescindíveis para o indivíduo na busca da euroia, mas transformar-se em alguém que se disponha a treinar constantemente é o grande desafio para superação da teoria na direção dessa prática; é uma conquista que só virá com a persistência.

Os “exercícios” estão ligados ao que encontramos em Epicteto: “exercício da consciência de si", como um “exercício da atenção” a si mesmo. Em “Diatribes. Livro IV. XII), o capítulo inteiro é sobre a atenção (prosochéπερί προσοχῆς).

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DINUCCI, A.; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

EPICTETO. Entretiens. Livre I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: 
Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue)

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

EPICTETUS. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments; Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

KING, C. Musonius Rufus: Lectures and Sayings. CreateSpace Independent Publishing Platform, 2011.

LONG, Georg. Discourses of Epictetus, with Encheiridion and fragments. Londres: Georg Bell and sons, 1890.

LONG, A. A. How to be free. Princeton, New Jersey:  Princeton University Press, 2018.

______. Epictetus: a stoic and socratic guide to life. New York: Oxford University Press. 2007.

LUTZ, C. Musonius Rufus: the Roman Socrates. Yale Classical Studies 10 3-147, 1947.

PRITCHARD, M. “Philosophy for Children”. Stanford Encyclopedia of Philosophy, 2002. Acessado em 19 de agosto de 2016; fonte: http://plato.stanford.edu/entries/children/ .

SÉNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

sexta-feira, 22 de março de 2019

MEDITAÇÃO RETROSPECTIVA NOTURNA VI: A ORDEM RACIONAL DO UNIVERSO


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“A racionalidade e a mente clara permite viver em harmonia com esse logos

A ordem racional como pressuposto para fundamentação de uma prática no cuidado de si:

“Ou um mundo organizado, ou uma papa, um amontoado sem ordem. É possível, acaso, subsista alguma ordem em ti, mas desordem no universo, e isso quando tudo se acha tão combinado, tão fundido, tão solidário? (Marco Aurélio, 1973, livro IV, 27).”

As meditações abaixo fazem parte da obra “Meditações“, do imperador Marco Aurélio; Livro IV. Escritas em 167 d.C., Marco Aurélio (121-180), em 12 livros com máximas direcionadas a reflexões sobre o autoconhecimento; sobre crescimento pessoal.

24. “‘Ocupa-te de pouco’, diz ele, ‘para viveres satisfeito’  Não será melhor, afinal, ocupar-se do necessário e de tudo que a razão do vivente sociável por natureza decide e como o decide? Isso traz não só a satisfação do dever cumprido mas também a de ocupar-se de pouco. Se eliminarmos a maior parte de nossas palavras e ações, não farão falta, e nos sobrarão mais lazeres e sossego. Deves, por isso, de cada vez, lembrar a ti mesmo: Não será isto uma das coisas dispensáveis? Aliás, devemos eliminar não só os atos mas também os pensamentos desnecessários, pois assim tampouco os seguirão os atos que acarretam.”
...

“45. Há sempre afinidade entre o que sucede e o que precede; não é como uma série de números separados, que têm apenas o cunho da necessidade, mas uma contextura lógica; assim como os seres estão dispostos numa ordem harmônica, os acontecimentos evidenciam não uma sucessão pura e simples, mas certa afinidade admirável.”

Pois que, também no que se refere a ordem do Universo:

“46. Lembra sempre o ensinamento de Heráclito: a morte da terra é mudar-se em água; a morte da água é mudar-se em ar; a do ar, mudar-se em fogo, e vice-versa. Lembra-te também daquele que esquece aonde o leva o caminho; recorda a passagem: ‘Divergem daquilo com que mais continuamente convivem, a razão que governa o universo; os fatos que deparam dia após dia parecem-lhes estranhos’; que ‘não devemos agir e falar como em sonho’ — que também então supomos agir e falar — ‘nem como os filhos. . . .  isto é, simplesmente, da maneira hereditária’".

Se a presunção te intentas seduzir:

“48. Pensa constantemente em quantos médicos morreram, depois de tantas vezes carregarem os sobrolhos à cabeceira dos enfermos ;quantos astrólogos, depois de predizerem a morte de outros como se obrassem maravilha; quantos filósofos, após manterem acirradas disputas inúmeras sobre a morte ou a imortalidade; quantos potentados, após mandarem executar a tantos; quantos tiranos, depois de abusarem com tremenda arrogância, como se fossem imortais, do poder de vida e de morte; quantas cidades inteiras, por assim dizer, morreram: Hélice, Pompéia, Herculano e outras inúmeras. Repassa, também, um por um, todos os teus conhecidos. Quem fez as exéquias deste, mais tarde o deitaram num esquife; assim com quem fez as dele. Tudo isso num breve lapso de tempo. Em suma, considera sempre as coisas humanas como efêmeras, desvaliosas; ontem, um pouco de muco, amanhã, múmia ou cinzas. Este átimo de tempo, vive-o segundo a natureza e acaba sem revolta, como cairia a azeitona madura abençoando a terra que a produziu e agradecendo à árvore que a gerou.

49. Ser como o promontório onde se quebram incessantemente as ondas; ele queda-se ereto e os estos da maré vêm morrer em seu redor. "Infeliz de mim, que tal me aconteceu!" Nada disso e sim: "Feliz de mim, porque, tendo-me isso acontecido, continuo a salvo do sofrimento, sem que me fira o presente nem me atemorize o futuro". O mesmo podia suceder a qualquer, mas nem todos o suportariam sem sofrimento. Então, por que será isto uma desgraça mais do que aquilo uma felicidade? Chamas, em suma, infortúnio humano o que não é um malogro da natureza humana? Consideras malogro da natureza do homem aquilo que não contraria os desígnios da sua natureza? Mas como? aprendeste quais os desígnios; esse acontecimento te impede acaso de ser justo, magnânimo, temperante, prudente, ponderado, leal, discreto, livre, etc., virtudes de cuja reunião colhe a natureza humana o que é seu? Não te esqueças daqui por diante de recorrer a este princípio em todos os fatos que acarretem sofrimento: isto não é uma desgraça, mas suportá-lo nobremente é uma felicidade.

E, o desencanto, se vier, não te entregues, persevere, pois:

50. Recurso vulgar, porém eficaz, para o menosprezo da morte é passar em revista os que se demoraram aferrados à vida. Que vantagem tiveram sobre quem morreu prematuramente? Afinal, nalgum lugar jazem Cadiciano, Fábio, Juliano, Lépido e pessoas como eles, que, após enterrarem muitos outros, foram por sua vez enterrados. Em suma, a distância é mínima e se vence através de quais percalços, com quais companheiros e com que corpo! Portanto, não dês importância a isso. Olha o abismo de tempo atrás de ti e o outro infinito à frente. Nessa ordem de coisas, qual a diferença entre o ser que vive três dias e o que vive três vezes a idade de Nestor?. Corre sempre ao caminho curto; o caminho curto é o da natureza; assim procederás em todos os atos e ditos da maneira mais sadia. Tal norma de vida livra-te de penas, de campanhas, do peso da administração e dos requintes.

______.

MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Livro IV; 24, 45, 46, 48, 49, 50)/

domingo, 17 de março de 2019

REFLEXÃO MATINAL XXIX: SIMPLIFICAR E REDIRECIONAR


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Uma brevíssima reflexão...

Por estar, já há algum tempo, nos intervalos das leituras mais sistemáticas, dedicando grande atenção ao estudo das obras dos estoicos e, aproveitando que o professor Aldo Dinucci lembrou, em sua página, que num dia como hoje, 17 de março de 180, falecia Marco Aurélio Antonino.
Anotei aqui esses trechos, sem uma escolha acurada. Por ser este o capítulo lido nesta manhã, tomei daí o critério para estes apontamentos. Em todos, é perceptível um foco na autocorreção, na reorientação do caráter.

“Não podes ler. Mas podes refrear os excessos; podes suplantar os prazeres e dores; podes alçar-te acima da gloríola; podes não te irritar com os insensíveis e ingratos e, de sobejo, zelar por eles.”
...

Quando deparas seja quem for, dize logo a ti mesmo: Que princípios sobre o bem e o mal segue esse homem?
Com efeito, se segue tais e tais princípios sobre o prazer, a dor, as causas desta ou daquele, bem como sobre a glória, a obscuridade, a morte e a vida, não acharei esquisito ou estranho que pratique determinados atos e lembrar-me-ei de que tem de proceder necessariamente assim.”
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“Lembra-te de que mudar de opinião e seguir a quem te corrige são igualmente atos livres, pois é atividade tua, desenvolvida de acordo com um impulso ou julgamento teu e naturalmente também de acordo com a tua inteligência.”
...
“Se depende de ti, por que o fazes? Se de outrem, a quem inculpas? Os átomos? Os deuses? Em ambos os casos, é insensatez. A ninguém deves culpar, pois, se podes, corrige-o, se a ele não podes, corrige ao menos o fato; se este tampouco, que adianta ainda queixares-te? Nada se deve fazer sem propósito.”

Um exercício bastante profícuo para iniciar e desenvolver ao longo de um dia como este e outros poucos que advirão.


______.
MARCO AURÉLIO. Meditações. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (Livro VIII. 8, 14, 16 e 17)


ROMANTISMO ALEMÃO: GOETHE



“Nascido na Alemanha em 1749, Johann Wolfgang von Goethe foi um autor, homem de estado, advogado e pensador versátil e muitíssimo respeitado. Viveu uma vida rica, viajou, foi relevante política e socialmente no seu tempo e escreveu - escreveu muito: poesia, prosa, memórias, ensaios, crítica literária e estética, tratados de Botânica e Anatomia. Deixou um acervo epistolar de mais de 10 000 documentos e cerca de 3000 desenhos e pinturas. Dono de uma personalidade singular e detentor dos meios financeiros e intelectuais para perseguir as suas curiosidades e paixões, Goethe nunca parou de aprender, de refletir sobre o mundo e de escrever. Nesta biografia pessoal e literária, João Barrento dá-nos a conhecer o Goethe íntimo e analisa as suas principais obras no contexto da sua personalidade e percurso de vida. Uma obra essencial, que vem preencher uma lacuna na produção crítica literária portuguesa.” (Grifos meus)

______.
Para saber mais sobre a obra:

sábado, 16 de março de 2019

MEDITAÇÃO RETROSPECTIVA NOTURNA V: A LEI

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Em meio a uma reflexão sobre Lei, obediência e resignação”, ocorreu-me lembrar esse texto... 

.’.

[17.1] Μέμνησο, ὅτι ὑποκριτὴς εἶ δράματος, οἵου ἂν θέλῃ ὁ διδάσκαλος· ἂν βραχύ, βραχέος· ἂν μακρόν, μακροῦ· ἂν πτωχὸν ὑποκρίνασθαί σε θέλῃ, ἵνα καὶ τοῦτον εὐφυῶς ὑποκρίνῃ ἂν χωλόν, ἂν ἄρχοντα, ἂν ἰδιώτην. σὸν γὰρ τοῦτ' ἔστι, τὸ δοθὲν πρόσωπον ὑποκρίνασθαι καλῶς· ἐκλέξασθαι δ' αὐτὸ ἄλλου.

"Lembra que és um ator de uma peça teatral, tal como o quer o autor <da peça>. Se ele a quiser breve, breve será. Se ele a quiser longa, longa será. Se ele quiser que interpretes o papel de mendigo, é para que interpretes esse papel com talento. <E, da mesma forma,> se <ele quiser que interpretes o papel> de coxo, de magistrado, de homem comum. Pois isto é teu: interpretar belamente o papel que te é dado – mas escolhê-lo, cabe a outro."

______.

(ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion de Epicteto. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012).

sexta-feira, 15 de março de 2019

REFLEXÃO MATINAL IV: "REGRAS PARA ORIENTAÇÃO DO ESPÍRITO"



REGRAS PARA ORIENTAÇÃO DO ESPÍRITO

Retornando aos poucos às atividades normais, ao intenso trabalho. Enquanto isso, retomei nos últimos dias leitura que desde a graduação, sempre revisito. É um grande clássico, e ler e reler os clássicos tenho tornado norma por aqui. Nenhum dos mesu interesses excluem os clássicos, indispensáveis

Basicamente, resumindo as doze Regras temos o seguinte:

  1. O objetivo dos nossos estudos deve ser a direção da nossa mente para que ela possa formar julgamentos sólidos e verdadeiros sobre quaisquer assuntos que surjam.
  2. Devemos nos ocupar apenas com aqueles objetos que nossos poderes intelectuais parecem competentes para conhecer de forma segura e indubitável.
  3. No que diz respeito a qualquer assunto que nos propomos investigar, devemos investigar não o que outras pessoas pensaram, ou o que nós mesmos conjecturamos, mas o que podemos perceber clara e manifestamente por intuição ou deduzir com certeza. Pois não há outra maneira de adquirir conhecimento.
  4. É necessário um método para descobrir a verdade.
  5. O método consiste inteiramente na ordem e disposição dos objetos para os quais nossa visão mental deve ser dirigida se quisermos descobrir alguma verdade. Cumpriremos isso exatamente se reduzirmos passo a passo as proposições complicadas e obscuras àquelas que são mais simples e, então, começando pela apreensão intuitiva de todas aquelas que são absolutamente simples, tentarmos ascender ao conhecimento de todas as outras por passos precisamente semelhantes.
  6. Para separar o que é bastante simples do que é complexo, e para organizar estas questões metodicamente, devemos, no caso de cada série em que deduzimos certos factos uns dos outros, notar qual dos factos é simples, e para marcar o intervalo, maior, menor ou igual, que separa todos os outros deste.
  7. Se quisermos que a nossa ciência seja completa, todas as questões que promovem o fim que temos em vista devem ser examinadas por um movimento de pensamento que seja contínuo e em nenhum lugar interrompido; devem também ser incluídos numa enumeração que seja ao mesmo tempo adequada e metódica.
  8. Se, nas questões a serem examinadas, chegarmos a um passo na série cuja compreensão não é suficientemente capaz de ter uma cognição intuitiva, devemos parar brevemente aí. Não devemos fazer nenhuma tentativa de examinar o que se segue; Assim nos pouparemos de trabalho supérfluo.
  9. everíamos dar toda a nossa atenção aos fatos mais insignificantes e mais facilmente dominados, e permanecer muito tempo contemplando-os até que estejamos acostumados a contemplar a verdade clara e distintamente.
  10. Para que possa adquirir sagacidade, a mente deve ser exercitada em prosseguir apenas aquelas questões cuja solução já foi encontrada por outros; e deveria percorrer de maneira sistemática até mesmo as invenções humanas mais insignificantes, embora devam ser preferidas aquelas em que a ordem é explicada ou implícita.
  11. Se, depois de termos reconhecido intuitivamente uma série de verdades simples, desejarmos extrair delas alguma inferência, será útil examiná-las num ato de pensamento contínuo e ininterrupto, para refletir sobre suas relações mútuas e compreender reunir distintamente um número dessas proposições, tanto quanto possível, ao mesmo tempo. Pois esta é uma forma de tornar o nosso conhecimento muito mais certo e de aumentar enormemente o poder da mente.
  12. Finalmente, devemos empregar todos os recursos da compreensão, da imaginação, dos sentidos e da memória, primeiro com o propósito de ter uma intuição distinta de proposições simples; em parte também para comparar as proposições.
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DESCARTES, René. Regras para orientação do espírito. São Paulo: Martins Fontes, 2012.

terça-feira, 12 de março de 2019

domingo, 10 de março de 2019

REFLEXÃO MATINAL XXVIII: DA APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS


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(IMAGEM: "Revista Usina")

Acrescento mais um pequeno texto aqui, seguindo em bom tom "estóico", com mais essa reflexão matinal. Como tem ocorrido após afastar-me de certas temáticas que não levaram a lugar nenhum desde que com elas havia me ocupado. Não tenho dúvidas, foi um desvio oportuno. Ter reconfigurado as reflexões em outro patamar tem sido “existencialmente” fundamental e altamente benéfico..
A vida, como em certa medida, tenho praticado, um pouco contemplativa, deve conduzir-se sob alguns pilares previamente pensados e, em silêncio reflexivo. São momentos em que a luta por aperfeiçoamento ganha contornos de avaliação, de exame constante da condição humana, que só pode ser buscada na temporalidade do pensamento próprio. O inefável, apontado por Sêneca e outros estoicos, a vida examinada como na recomendação de Sócrates; seus fundamentos, podem ser alcançados e apreendidos em partes, nos limites de cada um e de forma sempre fragmentada; no entanto, estes pequenos encontros dão-nos oportunidade à busca do si mesmo, do reencontro com seu lugar, seu “local of control”, tarefa de cada um no universo. Portanto, segue-se, uma reflexão sobre a "aplicação dos princípios", como "primeiro e mais necessário tópico em Filosofia"

“[52.1] Ὁ πρῶτος καὶ ἀναγκαιότατος τόπος ἐστὶν ἐν φιλοσοφίᾳ ὁ τῆς χρήσεως τῶν δογμάτων, οἷον τὸ μὴ ψεύδεσθαι· ὁ δεύτερος ὁ τῶν ἀποδείξεων, οἷον πόθεν ὅτι οὐ δεῖ ψεύδεσθαι· τρίτος ὁ αὐτῶν τούτων βεβαιωτικὸς καὶ διαρθρωτικός, οἷον πόθεν ὅτι τοῦτο ἀπόδειξις; τί γάρ ἐστιν ἀπόδειξις, τί ἀκολουθία, τί μάχη, τί ἀληθές, τί ψεῦδος; [52.2] οὐκοῦν ὁ μὲν τρίτος τόπος ἀναγκαῖος διὰ τὸν δεύτερον, ὁ δὲ δεύτερος διὰ τὸν πρῶτον· ὁ δὲ ἀναγκαιότατος καὶ ὅπου ἀναπαύεσθαι δεῖ, ὁ πρῶτος. ἡμεῖς δὲ ἔμπαλιν ποιοῦμεν· ἐν γὰρ τῷ τρίτῳ τόπῳ διατρίβομεν καὶ περὶ ἐκεῖνόν ἐστιν ἡμῖν ἡ πᾶσα σπουδή· τοῦ δὲ πρώτου παντελῶς ἀμελοῦμεν. τοιγαροῦν ψευδόμεθα μέν, πῶς δὲ ἀποδείκνυται ὅτι οὐ δεῖ ψεύδεσθαι, πρόχειρον ἔχομεν.”

Tradução:

“[52.1] O primeiro e mais necessário tópico da filosofia é o da aplicação dos princípios, por exemplo: “Não sustentar falsidades”. O segundo é o das demonstrações, por exemplo: “Por que é preciso não sustentar falsidades?” O terceiro é o que é próprio para confirmar e articular os anteriores, por exemplo: “Por que isso é uma demonstração? O que é uma demonstração? O que é uma consequência? O que é uma contradição? O que é o verdadeiro? O que é o falso?” [52.2] Portanto, o terceiro tópico é necessário em razão do segundo; e o segundo, em razão do primeiro – mas o primeiro é o mais necessário e onde é preciso se demorar. Porém, fazemos o contrário: pois no terceiro despendemos nosso tempo, e todo o nosso esforço é em relação a ele, mas do primeiro descuidamos por completo. Eis aí porque, por um lado, sustentamos falsidades e, por outro, temos à mão como se demonstra que não é apropriado sustentar falsidades.”

São os caminhos na luta pela aquisição das virtudes, para os quais o caminho escolhido aqui, pelo autor dessa página, é o da Filosofia.
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BIBLIOGRAFIA SEMPRE CONSULTADA


ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion de Epicteto. Edição Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de Sergipe, 2012).

EPICTETO. Entretiens. Livre I. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.

______. Epictetus Discourses. Book I. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. O Encheirídion de Epicteto. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue).

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

______. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments: Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

GAZOLLA, Rachel.  O ofício do filósofo estóico: o duplo registro do discurso da Stoa, Loyola, São Paulo, 1999.

HADOT, Pierre. The inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard University Press, 2001.

HANH, Thich Nhat. Meditação andando: guia para a paz interior. 21. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.


KANT’S PSYCHOLOGISM




É um Lançamento, ainda distante das possibilidades para o momento. A temática, no entanto, me sugere ficar atento para uma possível leitura futura:

"This book presents an interpretation of Kant’s Critique of Pure Reason as a priori psychologism. It groups Kant’s philosophy together with those of the British empiricists ― Locke, Berkeley, and Hume ― in a single line of psychologistic succession and offers a clear explanation of how Kant’s psychologism differs from psychology and idealism. The book reconciles Kant’s philosophy with subsequent developments in science and mathematics, including post-Fregean mathematical logic, non-Euclidean geometry, and both relativity and quantum theory. It also relates Kant’s psychologism to Wittgenstein’s later conception of language. Finally, the author reveals the ways in which Kant’s philosophy dovetails with contemporary scientific theorizing about the natural phenomenon of consciousness and its place in nature. This book will be of interest to Kant scholars and historians of philosophy working on the British empiricists.”

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WAXMAN, Wayne. A Guide to Kant’s Psychologism: via Locke, Berkeley, Hume, and Wittgenstein. Londres: Routledge, 2019.


Sobre o Autor


"Wayne Waxman is the author of Kant’s Anatomy of the Intelligent Mind, Kant and the Empiricists, Hume’s Theory of Consciousness, and Kant’s Model of the Mind. He is retired and lives in New Zealand."

KANTS 300. GEBURTSTAG

Immanuel Kant Via "Zoom"