sábado, 9 de agosto de 2025

REFLEXÃO MATINAL CLXXIII: PROBLEMAS KANTIANOS E A "ORIGEM DO MAL"(II)

 

Há alguns anos, como tem sido uma constante, mantendo o foco das leituras atuais, a que tenho me dedicado, aqui acrescento outra obra sobre a qual acabei de ler uma resenha.

"[...] longe da posição de Kant está a visão secularista que trata a religião com desprezo, considerando-a como nada mais que uma relíquia do passado ou um deplorável refúgio para os ignorantes e supersticiosos" (A. W., 2009)

Prosseguindo os trabalhos com mais uma releitura,  na "tônica dominante" das leituras de hoje.

...

Die zentrale These lautet, dass Kants Theorie des radikalen Bösen mit seiner Konzeption der moralischen Freiheit als Autonomie vereinbar ist. Vorlesungsnachschriften und Baumgartens Vermögenspsychologie erweisen sich als wertvolle Interpretationshilfen. Die handlungstheoretischen Grundlagen von Kants Konzeption einer Freiheit zum Bösen und Irrationalen werden herausgearbeitet. Die freie Entscheidung für eine böse Handlung lässt sich als zurechenbarer Verzicht auf Autonomie auffassen. Im Anschluss an Baumgarten vertritt Kant einen fähigkeitsbasierten und graduell verstehbaren Freiheitsbegriff. Kants Freiheitstheorie baut unmittelbar auf Baumgartens »Psychologia empirica« auf. Kant geht wesentlich über Baumgarten hinaus und entwickelt eine facettenreiche und heute noch diskussionswürdige Position zur Willensfreiheit.

...

“A tese central é que a teoria kantiana do mal radical é compatível com sua concepção de liberdade moral como autonomia. Notas de aula e a psicologia da capacidade de Baumgarten demonstram ser valiosos auxílios à interpretação. Os fundamentos da teoria da ação da concepção kantiana da liberdade para cometer o mal e do irracional são elaborados. A livre decisão de cometer um ato maligno pode ser entendida como uma renúncia atribuível à autonomia. Seguindo Baumgarten, Kant defende um conceito de liberdade baseado na capacidade e gradualmente compreensível. A teoria kantiana da liberdade baseia-se diretamente na "Psychologia empirica" de Baumgarten. Kant vai significativamente além de Baumgarten e desenvolve uma posição multifacetada sobre o livre-arbítrio que ainda hoje é digna de discussão.

...

Link (Kant-Forschungen - Bd 36):

https://meiner-elibrary.de/book/1802/das-radikale-boumlse-und-die-freiheit-der-willkuumlr

...

Encerrando mais uma releitura atenta das “Lições sobre a doutrina filosófica da religião”, outra obra fundamental para o trabalho em andamento. 

O manuscrito estudantil das Lições sobre a doutrina filosófica da religião, ministradas muito provavelmente no semestre de inverno de 1783/1784, foi publicado pela primeira vez em 1817 por Karl Heinrich Ludwig Pölitz. Kant ministrou essas Lições tendo como base escritos metafísicos e teológicos que tinham sido publicados por influentes filósofos alemães de sua época. Mas, em suas Lições, Kant não apenas faz referência à posição desses filósofos. Ao contrário, ele também os comenta e os critica, fornecendo importantes indicações de sua perspectiva filosófica sobre problemas que estão localizados na interface entre teologia, religião, metafísica e filosofia moral. O leitor desses manuscritos adquire uma impressão bastante favorável do alto nível em que Kant e seus contemporâneos refletiram, por exemplo, sobre as, segundo ele, três possíveis provas especulativas da existência de Deus. As Lições sobre a doutrina filosófica da religião são indubitavelmente uma importante fonte para a nossa compreensão da filosofia crítica de Kant.

Acrescento hoje: "Mal y la gracia: la religión natural de Kant"

Kant publicou, em 1793, Religião dentro dos limites da simples razão , seu escrito mais importante sobre a filosofia da religião. Nesta obra ele explicou suas ideias sobre a "religião natural", a única doutrina religiosa em que a própria razão pode ser usada, sem apelar à autoridade da revelação. O método escolhido por Kant consiste em descobrir até que ponto os conteúdos dogmáticos do Cristianismo e os ensinamentos da Bíblia podem ser reconstruídos e assumidos pela razão autônoma.

Procedendo desta forma, Kant proporá dupletos racionais de muitos dos conteúdos da religião positiva sob exame. Durante muito tempo, a religião natural kantiana foi vista com suspeita pelos estudiosos da obra do grande pensador prussiano. Em particular, as objecções levantadas contra a sua teoria do mal radical e a sua concepção da graça tornaram consideravelmente difícil a recepção deste aspecto da filosofia kantiana.

O objetivo deste trabalho é mostrar a coerência interna da religião natural e seu enquadramento harmonioso no projeto crítico kantiano.

(Grifos e Destaques meus)

______.

 

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1987 (col. Os Pensadores).

______. Ethica Nicomachea - III 9 - IV 15: As virtudes morais. Trad. Marco Zingano. São Paulo: Odysseus Editora, 2019.

BICALHO, Vanessa Brun. Ciência e sabedoria de vida na filosofia transcendental de Kant à luz do estoicismo. Tese de Doutorado (Campus de Toledo). Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste, 2021.

BRUNNER, Jürgen. Das radikale Böse und die Freiheit der Willkür: Kants Theorie des Bösen und die Vorstufen bei Baumgarten. Hamburg: Felix Meiner Verlag, 2025.

BUTLER, J; CLARKE, S; HUTCHESON, F; MANDEVILLE, B; SHAFTESBURY, L; WOLLASTON, WFilosofia moral britânica: textos do século XVIII. Campinas, SP: Ed. Unicamp, 2014.

CÍCERO, M.T. 1988. De finibus bonorum et malorum / Über die Ziele des menschlichen Handelns. Edição e tradução: Olof Gigon. München/Zürich: Ártemis.

CUNHA, Bruno. A gênese da ética em Kant. São Paulo: Editora LiberArs, 2017.

DUPLÁ, Leonardo Rodriguez. Mal y la gracia: la religión natural de Kant. Barcelona: Herder; 2019.

KANT, Immanuel. Lições de ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Fedhaus. São Paulo: Editora Unesp, 2018.

______. Começo conjectural da história humana. São Paulo: Unesp, 2010. (p.80-81).

______. Ideia de uma história de um ponto de vista cosmopolita. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

______. A religião nos limites da simples razão. Edições 70, Lisboa, 1992.

______. A religião nos limites da simples razão. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2024.

______.Vorlesung über die philosophische EncyclopädieInKant gesalmmelte Schriften, XXIX, Berlin, Akademie, 1980, pp. 8 e 12).

______. Observações sobre o sentimento do belo e do sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. Tradução e estudo de Vinicius de Figueiredo. São Paulo: Editora Clandestina, 2018.

______. Observações sobre o sentimento do Belo e do Sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. (Trad. Vinícius Figueiredo). Campinas, SP: Ed. Papirus, 1993.

______. Observações sobre o sentimento do Belo e do Sublime; Ensaio sobre as doenças mentais. Lisboa: Edições 70, 2012.

______. Die Religion innerhalb der Grenzen der bloßen Vernunft. W. de Gruyter, 1968.

______. Fundamentação da metafísica dos costumes. Trad. Guido A. de. São Paulo: Discurso editoria: Barcarola, 2009.

______. A metafísica dos costumes. Trad. Clélia Aparecida Martins. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

______. Textos pré-críticos. São Paulo: Editora Unesp, 2005.

______. Textos seletos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008.

______. Investigação sobre a clareza dos princípios da teologia e da moral. Lisboa: Imprensa Casa da Moeda, 2007.

______. Lições de Ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Feldhaus. São Paulo: Unesp, 2018.

______. Lições sobre a Doutrina Filosófica da Religião. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis: Vozes/ São Francisco, 2019.

______. Lições de Metafísica. Trad. Bruno Cunha. Petrópolis: Vozes/São Francisco, 2021.

______. Crítica da razão pura. Tradução Valerio Rohden e Udo Moosburguer. Coleção Os Pensadores. São Paulo,Abril Cultural, 1983.

______. Dissertação de 1770. De mundi sensibilis ataque inteligibilis forma et princípio. Akademie-Ausgabe. Acerca da forma e dos princípios do mundo sensível e inteligível. Trad. apres. e notas de Leonel Ribeiro dos Santos. Lisboa: Imprensa Casa da Moeda. FCSH da Universidade de Lisboa, 1985.

______. Prolegômenos a qualquer metafísica futura que possa apresentar-se como ciência. Trad. José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Estação Liberdade, 2014)

______. Prolegômenos a toda metafísica futura. Lisboa: Edições 70, 1982.

______. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? InEstudos Kantianos, Marília, v. 8, n. 2, p. 179-189, Jul./Dez., 2020.

______. Crítica da razão prática. Tradução de Valério Rohden. São Paulo, Martins Fontes, 2002.

______. Sobre a Pedagogia. Tradução de Francisco Cock Fontenella. Piracicaba, SP: Editora Unimep, 1996.

______. Antropologia de um ponto de vista pragmático. Tradução Clélia Aparecida Martins. São Paulo: Iluminuras, 2006.

______. Sobre a Pedagogia. Petrópolis, RJ, Editora Vozes, 2021.

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). ______. O livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro, 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica). Brasília, DF: Feb, 2013. (Q. 893-919: "As virtude e os vícios”; “Paixões"; “Caracteres do homem de bem”; “Conhecimento de si mesmo” e 920-933: "Felicidade"; Q. 614-648: "Caracteres da Lei natural"; "Origem e conhecimento da Lei natural"; "O bem e o mal"; "Divisão da Lei natural").

SCHOPENHAUER, Arthur. Metafísica dos costumesSão Paulo: Editora Unesp, 2024.

______. Os dois problemas fundamentais da ética. Petrópolis, RJ: Vozes, 2024.

VUJOŠEVIĆ, Marijana. Kant on Self-Control. Cambridge University Press; 2024.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

REFLEXÃO MATINAL CC: VIRTUDES E REFLEXÕES KANTIANAS (III)

Lançamento:  Acrescentando um   terceiro livro sobre o tema Em 2024, concluí essas leituras. à época eram mais dois bons livros entre os exc...