Enquanto preparo um texto
estoico para publicação em breve, terminando o texto principal e desenho os
capítulos de pequeno livrinho sobre “cura das paixões”; apatheia” e “ataraxia”.
Esbocei hoje um texto em que estou analisando a “Docta Ignontia”; o “Conhece-te
a si mesmo” que será um pequeno artigo a ser direcionado a uma prestigiada
revista acadêmica.
Mas, antes de tudo
registrei aqui alguns fragmentos sobre “Razão” e “entendimento”, dispersos
em várias obras citadas e algumas da bibliografia, em grande ou pequena medida,
tratando destes elementos que, certamente, vou retomar mais à frente e
“sistematizar”.
“Porque a verdade ou a aparência não estão no objeto, na medida em que é intuído, mas no juízo sobre ele, na medida em que é pensado. Pode-se pois dizer que os sentidos não erram, não porque o seu juízo seja sempre certo, mas porque não ajuízam de modo algum. Eis porque só no juízo, ou seja, na relação do objeto com o nosso entendimento, se encontram tanto a verdade como o erro e, portanto, também a aparência, enquanto induz a este último. Num conhecimento, que concorde totalmente com as leis do entendimento, não há erro. Numa representação dos sentidos (porque não contém qualquer juízo) também não há erro. Nenhuma força da natureza pode, por si, afastar-se das suas próprias leis. KANT, Immanuel. A 293, 1994)
Ora, "Seria
infalível, se não fosse falseada pela má educação, pelo orgulho e pelo egoísmo.
O instinto não raciocina; a razão permite a escolha e dá ao homem o
livre-arbítrio. (2013a)”
Quanto ao seu uso como
como profilaxia, segundo Caio Musônius Rufus - Filósofo
estóico do primeiro século da “era cristã”. Nascido em Volsínios, na Etrúria.
Viveu entre 25 d.C. - 95 d.C.):
"Devemos viver como
médicos, tratando a nós mesmos com a razão, contra os males de não
usá-la".
Isso, tomado como caminho
a ser seguido, estaria em consonância com a busca estóica de tranquilidade
da alma, fundamentada na razão:
Sêneca, neste
sentido, no "De tranquillitate animi"; 14:2, escreve:
"Vtique animus ab
omnibus externis in se reuocandus est: sibi confidat, se gaudeat, sua
suspiciat, recedat quantum potest ab alienis et se sibi adplicet, damna non
sentiat, etiam aduersa benigne interpretetur".
"Seja como for, a
alma deve recolher‐se em si mesma, deixando todas as coisas externas: que ela
confie em si, se alegre consigo, estime o que é seu, se aparte o quanto pode do
que é alheio, e se dedique a si mesma; que ela não sinta as perdas e interprete
com benevolência até mesmo as coisas adversas".
Acrescento, tomando
como um texto inspirado para hoje.
"O que deve guiar o
verdadeiro amante da verdade é um amor desinteressado, por esse objetivo
venerado; é a vontade enérgica e constante de jamais parar, e separar
rigorosamente do joio a boa semente.
Quanto mais o homem se
possui e quanto mais é calmo e nobre, melhor saberá discernir os caminhos que o
conduzirão à verdade. Quanto mais ele é leviano, presunçoso ou apaixonado,
tanto mais corromperá com seu hálito impuro os frutos que colherá na árvore da
vida." (Revue. nov. 1863)
E, ainda bastante
oportuno, diante das evidências, retomo este trecho:
"Certa vez Musonius
doou mil sestércios a um charlatão que se pavoneava de ser filósofo. Quando
inúmeras pessoas vieram a Musonius alegando que aquele era um homem inútil e
perverso, incapaz de qualquer bem, Musonius sorriu gentilmente e respondeu:
'Então o que ele merece é
dinheiro'."
Portanto, não só defender
a razão, mas não perder tempo, e caminhar, pois:
"Não é papel do
filósofo multiplicar argumentos e demonstrações. Se um argumento claro e
consistente não basta, o problema está no ouvinte. Ao multiplicar as
demonstrações para quem se nega a aceitar o claro e sonoro perde-se grande
tempo, e se reconhece um tipo de teimosia que não deveria ser reconhecido".
E, para encerrar essa
coletânea de pequeno texto para reflexão do dia: “[...] e se o hábito
diz não, a razão diz sim." Revue, 1864)
______.
ARISTÓTELES. Ética
a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1987 (col. Os Pensadores).
______. Ethica
Nicomachea - III 9 - IV 15: As virtudes
morais. Trad. Marco Zingano. São Paulo: Odysseus Editora, 2019.
ARRIANO FLÁVIO. O Encheirídion. Edição
Bilíngue. Tradução do texto grego e notas Aldo Dinucci; Alfredo Julien. Textos
e notas de Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão. Universidade Federal de
Sergipe, 2012).
COELHO, Humberto
Schubert. Genealogia do Espírito. Brasília, DF: 2012.
______. Filosofia
perene: o modo espiritualista de pensar. São Paulo: Ed. Didier,
2014.
DESCARTES, René. As
paixões da alma. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
EPICTÉTE. Entretiens. Livre
I, II, III, IV. Trad. Joseph Souilhé. Paris: Les Belles Lettres, 1956.
______. Epictetus Discourses. Trad.
Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.
______. O Encheirídion de Epicteto. Trad.
Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2012. (Edição Bilíngue).
______. Testemunhos
e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS,
2008.
______. The Discourses
of Epictetus as reported by Arrian; fragments: Encheiridion. Trad.
Oldfather. Harvard: Loeb, 1928. https://www.loebclassics.com/
FOOT, Philippa. Natural
goodness. Clarendon Press, 2003.
______. Moral
dilemmas: and other topics in moral philosophy. Oxford University
Press, 2003)
______. Virtues
and Vices: and other essays in moral philosophy. OUP Oxford; Reprint,
2003). Informações sobre a a autora: https://pt.wikipedia.org/wiki/Philippa_Foot
FREUD, Sigmund. Inibição.
sintoma e angústia. São Paulo: Companhia das letras, 2014.
______. Inibição,
sintoma e medo. Porto Alegre, RS: L&PM, 2018.
______. Die
Träumdeutung. Hamburg: Nikol, 2011.
______. Interpretação
dos sonhos. Obras completas. vol 4. São Paulo: Companhia das Letras,
2019.
______. O
mal-estar na civilização. São Paulo: Penguin/Companhia das Letras, 2011.
GALENO. Aforismos. São
Paulo: E. Unifesp, 2010.
______. On the
passions and errors of the soul. Translated by Paul W . Harkins with
an introduction and interpretation by Walter Riese. Ohio State University
Press, 1963.
GAZOLLA,
Rachel. O ofício do filósofo estóico: o duplo registro
do discurso da Stoa, Loyola, São Paulo, 1999.
HADOT, Pierre. The
inner citadel: the meditations of Marcus Aurelius. London: Harvard
University Press, 2001.
JUNG, Carl Gustav. Civilização
em transição. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2011. (Obras completas,
Vol. 10/3).
______. Estudos
psiquiátricos. 6. ed. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2011. (Obras
completas, Vol. 1)
______. Psicologia
do inconsciente. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2011. (Obras completas,
Vol. 7/1).
______. O eu e o
inconsciente. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2011. (Obras completas,
Vol. 7/2.)
______. Estudos
experimentais. 6. ed. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2011. (Obras
completas, Vol. 2)
______. Psicogênese
das doenças mentais. 6.ed. Petrópolis/RJ: Editora Vozes, 2011. (Obras
completas, Vol. 3)
KANT, Immanuel. Observações
sobre o sentimento do belo e do sublime. Papirus, Campinas, 1993.
______. Lições de
ética. Trad. Bruno Cunha e Charles Feldhaus. São Paulo: Editora Unesp,
2018.
______. Crítica
da razão prática. Trad. Valério Rohden. São Paulo: Martins fontes,
2002.
______. Crítica
da razão pura. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 1994.
______. Fundamentação
da metafísica dos costumes. Trad. Guido Antônio de Almeida. São Paulo:
Discurso editorial, 2009.
______. Antropologia
de um ponto de vista pragmático. Tradução Clélia Aparecida Martins.
São Paulo: Iluminuras, 2006.
KARDEC, A. Le
Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985).
(O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro, ______. O livro
dos Espíritos. 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica). Brasília, DF:
Feb, 2013a. (Q. 74a “A razão”); Q. 907-912: "paixões"; 893-906: “virtudes e
vícios”e 920-933: "felicidade")
KING, C. Musonius
Rufus: lectures and sayings. Create Space Independent Publishing
Platform, 2011.
LEBRUN, Gérard. O
conceito de paixão. In: NOVAES, Adauto (org.). Os
sentidos da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 1987.
LUTZ, C. Musonius
Rufus: the Roman Socrates. Yale Classical Studies 10 3-147,
1947.
MACINTYRE,
Alasdair. Depois da virtude: um estudo sobre teoria moral.
Campinas, SP: Vide Editorial, 2021.
MARCO AURÉLIO. Meditações. São
Paulo: Abril Cultural, 1973. (Livro II. 1).
MASSI, C. D. As
leis naturais e a verdadeira felicidade. Curitiba: Kardec Books,
2020.
______. Espírito
e matéria: diálogos filosóficos sobre as causas
primeiras. Curitiba: Kardec Books, 2020.
NUSSBAUM, Martha C. A
fragilidade da bondade: fortuna e ética na tragédia e na
filosofia grega. São Paulo, Martins Fontes, 2009.
PLATÃO. Mênon. Trad.
Maura Iglésias. Rio de Janeiro: Ed. PUC-RIO; São Paulo: Ed. Loyola, 2001.
________. República
de Platão. Trad. J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 2012.
________. Górgias,
Eutidemo, Hípias Maior e Hípias Menor. Trad. Edson Bini.
Bauru, SP: EDIPRO, 2007.
________. Górgias,
Protágoras. 3. ed. Trad. Carlos Alberto Nunes. Edição bilíngue;
Belém, PA, 2021.
SÊNECA, Lúcio Aneu. Cartas
a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.
______. Edificar-se
para a morte: das cartas morais a Lucílio. Seleção, introdução,
tradução e notas de Reanata Cazarini de Freitas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.
____. Sobre a
clemência. Introdução, tradução e notas de Ingeborg Braren.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2013b.
____. Sobre a
ira. Sobre a tranquilidade da alma. Tradução, introdução e notas
de José Eduardo S. Lohner. São Paulo: Penguin Classics Companhia das Letras,
2014.
____. Moral Essays. Tradução de John W. Basore. Cambridge, EUA: Harvard University Press, 1985.
Nenhum comentário:
Postar um comentário