domingo, 7 de agosto de 2022

A LEI , O IMPERATIVO CATEGÓRICO E ALGUNS DESDOBRAMENTOS

PROSSEGUINDO, RELENDO UMA PESQUISA SOBRE "AS ORIGENS DO INCONSCIENTE E DA PSIQUE MODERNA"

  1. Acrescentando “imperativo categórico” e “superego”. 
  2. A Lei. 
  3. Formulação da lei como imperativo categórico e outras perspectivas.

Li, reli e estudo juntamente com autores e pesquisadores listado abaixo, o livro, resultasdo da pesquisa de Matt Ffytche, em 2012, traduzido em 2014. Estou, numa das pausas de hoje, relendo alguns de seus capítulos, a partir de pontos de contato com as minhas pesquisas costumeiras. Guardo sempre dessas releituras a formação e adequação às pesquisas que, em certa medida, demonstram muitas vezes, as verdadeiras origens de determinados "conceitos", como é este o caso!

Acrescentei, mais recentemente, claro, tenho adotado há anos uma outra "visão de mundo" sobre sono e sonhos, e outros conceitos que aparecem nesse tipo de pesquisa e publicações, sempre lendo, relendo mas mantendo-me distante das costumeiras visões materialistas, (ue, mais não são que apenas mais uma outra "visão metafísica da realidade"). Fujo também de "visões" pessimistas ou céticas radicais.

Aqui destaco do que tenho lido e estudado atentamente, entre outros: "inconsciente", "superego", "alma", "psique", "imperativo categórico", "Lei moral".

“The unconscious, cornerstone of psychoanalysis, was a key twentieth-century concept and retains an enormous influence on psychological and cultural theory. Yet there is a surprising lack of investigation into its roots in the critical philosophy and Romantic psychology of the early nineteenth century, long before Freud. Why did the unconscious emerge as such a powerful idea? And why at that point? This interdisciplinary study traces the emergence of the unconscious through the work of philosopher Friedrich Schelling, examining his association with Romantic psychologists, anthropologists and theorists of nature. It sets out the beginnings of a neglected tradition of the unconscious psyche and proposes a compelling new argument: that the unconscious develops from the modern need to theorise individual independence. The book assesses the impact of this tradition on psychoanalysis itself, re-reading Freud's The Interpretation of Dreams in the light of broader post-Enlightenment attempts to theorise individuality.”

“Há muito tempo se reconhece que Freud não descobriu o inconsciente e que o conceito moderno se originou na filosofia e não na psicologia. Mas, até hoje, não existia uma pesquisa sobre suas raízes no início do século XIX. Por que o inconsciente surgiu como uma ideia tão poderosa? E por que naquele momento? Neste meticuloso trabalho interdisciplinar, o autor encontra novos caminhos ao investigar o surgimento do inconsciente por meio da obra do filósofo Friedrich Schelling, examinando sua associação com psicólogos românticos, antropólogos e teóricos da natureza. Ele esquematiza os primórdios de uma tradição negligenciada da psique inconsciente e avalia o impacto dessa tradição na própria psicanálise, reinterpretando o clássico A Interpretação dos Sonhos, de Freud.”

E, hoje 07 de agosto de 2022, iniciando e acrescentando esta obra citada abaixo nas referências “Kant a Freud: o imperativo categórico e o superego”, escrito por: Leyserée Adriene Fritsch Xavier, busco ampliar as reflexões para o artigo que já vai ganhando forma.


“SINOPSE

O imperativo categórico como expressão de uma lei moral objetiva e incondicionada foi formulado por Immanuel Kant no contexto de sua filosofia prática. Mais tarde, Sigmund Freud fez referência em sua obra ao imperativo kantiano, relacionando-o ao conceito psicanalítico de superego que então nascia, inserido na estrutura do aparelho psíquico junto ao ego e ao id. Porém, o tratamento dado ao conceito filosófico pela psicanálise destaca um aspecto destrutivo e sádico da lei, aspecto esse que na filosofia prática se enquadra no âmbito da heteronomia, distanciando-se, desta forma, da lei moral kantiana.

O objetivo deste trabalho é refletir sobre o sentido da apropriação do conceito kantiano de imperativo categórico na formulação do superego freudiano. Desta forma, pretende-se apontar para o deslizamento semântico que ocorre quando o imperativo categórico deixa de ter um sentido específico dentro de uma cadeia de significação e passa a se localizar fora dessa cadeia, tornando-se um significante isolado. Além de sair da dimensão consciente e racional para se localizar no plano inconsciente, o imperativo adquire um novo estatuto, isto é, o conceito passa do plano de uma lei que determina objetivamente a máxima moral para um ordenamento de gozo cego e destrutivo.
É importante ter em mente que se trata da instância psicanalítica e da fórmula imperativa, dois conceitos concebidos em diferentes âmbitos do saber, um pesquisando o inconsciente e o outro buscando a autonomia da razão. Quer dizer, residem em diferentes áreas semânticas com significados próprios e interpretações distintas. Estas distinções devem estar presentes todo o tempo ao estudioso, considerando que inconsciente e razão não são equivalentes, tendo cada qual seus próprios princípios de funcionamento.”

AUTOR

Leyserée Adriene Fritsch Xavier é Psicóloga, Mestre em Filosofia pela PUCPR; e Especialista em Psicologia Clínica – Abordagem Psicanalítica pela PUCPR, membro correspondente da Escola Brasileira de Psicanálise – Delegação Paraná.

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