quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

MEDITAÇÃO RETROSPECTIVA NOTURNA CLX: ANOTAÇÕES SOBRE "LIFE AND DEATH" E "FINITUDE"

 

Foi esta a Meditação retrospectiva noturna de hoje!

Mais uma vez reli um livro do Sêneca que teria influenciado, como se sabe, grandes pensadores, como Michel de Montaigne (1533-1592) nos Ensaios, obra em que reuniu uma grande quantidade de textos independentes entre si e com diversos temas.

Falando da natureza, da capacidade humana em refletir e até sobre a tristeza, a vaidade dos homens. Montaigne: um “humanista radical”?, um “precursor do Iluminismo”?

Aqui, volto a destacar um de seus textos dos Ensaios, no Livro I desta obra, em que afirma "Que filosofar é aprender a morrer", refletindo sobre a vida e a morte.

Assim, enquanto lembro este texto dos Ensaios, na verdade retorno à leitura de uma outre obra obra, uma coletânea de Cartas de Sêneca, selecionadas pela professora Renata Cazarini de Freitas (UFF), sobre “Edificar-se para a morte”. São dois autores, Sêneca e Montaigne, que viveram em épocas distantes; de minha parte nem sempre adoto a mesma reflexão ou conclusões sobre os temas, mas a tentativa aqui é a de refletir sobre um tema que não deve ser “tabu” para alguém que pretenda "filosofar".

Segue, portanto, a sugestão da obra (uma coletânea sobre o tema nas Cartas de Sêneca) que acabei de ler, agora pela manhã: “Edificar-se para a morte: das cartas morais a Lucílio”.

À esta obra, portanto, acrescento, de Susan James: “Life and death in Early Modern Philosophy” e algumas outras obras que tem me ajudado a pensar sobre o assunto. Algumas conclusões dos autores não são as mesmas a que chego ou prefiro, mas o tema e as reflexões são de extrema importância por aqui... E, a ele tenho me dedicado nos intervalos da pesquisa principal.

Sinopse da obra: “Este livro pretende transmitir a amplitude do interesse filosófico na vida e na morte durante o início do período moderno. Abrange debates em metafísica, ciências da vida (como agora as chamamos), epistemologia, filosofia da matemática, psicologia filosófica, filosofia da religião, filosofia da educação e ética. Ao mesmo tempo, pretende iluminar as relações entre os problemas explorados sob estes títulos. Grande parte do fascínio das primeiras discussões modernas sobre a vida e a morte reside na forma como compromissos aparentemente díspares se fundem em perspectivas estranhas e desconhecidas e desafiam alguns dos nossos pressupostos mais profundamente enraizados.

Nos últimos anos, tem havido uma onda de interesse no lugar das ciências da vida na filosofia natural moderna, e questões biológicas sobre a vida e a morte fazem parte do assunto discutido nestes capítulos. Mas Vida e Morte na Filosofia Moderna tem uma ambição adicional: ligar as preocupações predominantemente teóricas associadas ao estudo dos organismos ao aspecto prático da filosofia. Em vez de dar prioridade a temas que antecipam as preocupações da ciência moderna, o volume pretende lembrar-nos que a filosofia, tal como a entenderam os nossos primeiros predecessores modernos, tratava também de aprender a viver e a morrer – isto, acima de tudo, é por que a vida e a morte eram importantes para eles.

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This book sets out to convey the breadth of philosophical interest in life and death during the early modern period. It ranges over debates in metaphysics, the life sciences (as we now call them), epistemology, the philosophy of mathematics, philosophical psychology, the philosophy of religion, the philosophy of education, and ethics. At the same time, it aims to illuminate the relationships between the problems explored under these headings. Much of the fascination of early modern discussions of life and death lies in the way apparently disparate commitments merge into strange and unfamiliar outlooks, and challenge some of our most deeply rooted assumptions.

In recent years there has been a wave of interest in the place of the life sciences within early modern natural philosophy, and biological questions about life and death form part of the subject matter discussed in these chapters. But Life and Death in Early Modern Philosophy has a further ambition: to link the predominantly theoretical preoccupations associated with the study of organisms to the practical aspect of philosophy. Instead of giving priority to themes that anticipate the preoccupations of modern science, the volume aims to remind us that philosophy, as our early modern predecessors understood it, was also about learning how to live and how to die--this, above all, is why life and death mattered to them.

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Link de um artigo sobre o postulado da imortalidade em Immanuel Kant:

“The Postulate of Immortality in the Critique of Practical Reason (and Beyond)” - Published online by Cambridge University Press:  26 January 2024:

https://www.cambridge.org/core/journals/kantian-review/article/postulate-of-immortality-in-the-critique-of-practical-reason-and-beyond/CF7872987124350371C24A98D7EAFA58?fbclid=IwAR3uZfFPnut2pB0iGM8RWuWGddHTRtkxNxn3dFnHTJ9iRGuZOcrnYKQZ2B4

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(Grifos Destaques meus)

______.

ABDALA, Almir. A morte em Heidegger. São Paulo: Paco Editorial, 2017.

DINUCCI, Aldo. A bela morte é o fim da bela vida de Sócrates. Aisthe, 1(2), 155-159, 2008. Disponível emhttps://revistas.ufrj.br/index.php/Aisthe/article/view/5172. Acesso em: 21 de fevereiro de 2024.

______; JULIEN, A. O Encheiridion de Epicteto. Coimbra: Imprensa de Coimbra, 2014.

______. Epictetus Discourses. Trad. Dobbin. Oxford: Clarendon, 2008.

______. Testemunhos e Fragmentos. Trad. Aldo Dinucci; Alfredo Julien. São Cristóvão: EdiUFS, 2008.

______. The Discourses of Epictetus as reported by Arrian; fragments: Encheiridion. Trad. Oldfather. Harvard: Loeb, 1928.  https://www.loebclassics.com/

______. Manual de estoicismo: a visão estóica do mundo. Campinas, SP: Editoa Auster, 2023.

DRASIN, Daniel. Uma nova ciência da vida após a morte: espaço, tempo e o código da consciência. Park Street Press, 2023.

FERRY, Luc. La vie heureuse: sagesses anciennes et spiritualité laïque. Paris: Editions L’Observatoire, 2022

______. A vida feliz: sabedorias antigas e espiritualidade laica. Petrópolis, RJ: Vozes Nobilis, 2023.

JAMES, Susan. Life and death in Early Modern Philosophy. Oxford University Press, USA, 2021.

KARDEC, A. Le Livre des Esprits. Paris, Dervy-Livres, s.d. (dépôt légal 1985). (O Livro dos Espíritos. Trad. Guillon Ribeiro, ______. O livro dos Espíritos. 93. ed. - 1. reimpressão (edição histórica). Brasília, DF: Feb, 2013.

KIEKEGAARD, S. A. O desespero humano: doença até a morte. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

MOREIRA-ALMEIDA, Alexander; COSTA, Marianna de Abreu; COELHO, Humberto Schubert. Ciencia da vida após a morte. Belo Horizonte, MG: Editora, 2023.

______.  Science of Life After Death. Springer Nature, 2023.

______. Die Wiessenschaft von Leben nach dem Tod. Springer Nature, 2024.

OLIVEIRA, Fernanda Lopes de. A tanatologia em Epicteto. Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2018.

PERINI, Carla Corradi; PESSINI, Leo. Bioética, humanização e fim de vida: novos olhares - Série Bioética Volume 8. Curitiba, PR: Editora CRV, 2018.

PIRATELI, Marcelo A. Diante da finitude: um estudo sobre a condição humana e a educação para a morte no pensamento de Sêneca. São Paulo: Dialéica, 2021.

SANTANA, Júlio César Batista; PESSINI, Leo; SÁ, Ana Cristina de. (Orgs.) Cuidados paliativos: uma reflexão bioética. Curitiba, PR, 2018.

SÊNECA, Lúcio Aneu. Cartas a Lucílio. 5. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbekian, 2014.

______. Edificar-se para a morte: das cartas morais a Lucílio. Seleção, introdução, tradução e notas de Reanata Cazarini de Freitas. Petrópolis, RJ: Vozes, 2016.

SIQUEIRA-BATISTA, R., SCHRAM, F. R. (2004). A filosofia de Platão e o debate bioético sobre o fim da vida: interseções no campo da Saúde Pública. Cad. Saúde Pública, 20(3), 855-865. Disponível em https://scielosp.org/article/csp/2004.v20n3/855-865/. Acesso em 21 de fevereiro de 2024.

TORRES, José Carlos Brum (Org.). Manual de ética: questões de ética teórica e aplicada. Petrópolis, RJ: Vozes; Caxias do sul: Universidade de Caxias do Sul: BNDES, 2014.

TUGENDHAT, Ernst. Lições sobre ética. 5. ed. revista. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.


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