Primeiro, rotineiramente, aos estudos de sempre.
Segundo, para ser livre: "nada desejar" - exercício difícil - e seguir praticando a Moderação.
Disso tenho alcançado, "[...] primeiro, a resignação nas vicissitudes da vida." Habituando-me nos esforços em ver as coisas de "mais alto ", para onde quero caminhar, a vida terrena perde seus atrativos pueris, materialistas e com isso percebo que agindo assim "[...] o homem não se aflige tanto com as tribulações que a acompanham. Daí, mais coragem nas aflições, mais moderação nos desejos." (LE. Conclusão. VII. (edição francesa, s.d. dépôt légal 1985), depôt legal. 93. reimpressão (edição histórica), 2013).
LIÇÕES PARA HOJE:
Segundo os estóicos, se a razão não segue a "Lei natural", ela se perde no caminho dos vícios e, com a desculpa de que viver é tarefa complexa, o homem, decide-se por desvios improdutivos e não a seguindo, tornam, a vida difícil, infeliz e distante das Virtudes. Quase que, com tal afastamento, criam uma “segunda natureza”, resultado de vida viciosa e indisciplinada.
Tenho aprendido e prossigo com a “meditação andando” (Hanh, 2000) por trilhas da “filosofia prática” tanto em Epicteto quanto em Sêneca, que uma das tarefas práticas da filosofia dos antigos e dos estoicos, é a busca por cultivar uma vida simples e sem apegos infundados ao que esteja lá fora, no mundo externo. Já é natural e fundamental o desprendimento, sem desprezo do que nos seja útil ao aprendizado.
Aqui, acrescento um texto a que retomo e registrei nesta página, escrito por Aldo Dinucci e Antonio Tarquínio; um trecho da “Introdução ao Manual de Epicteto (2012)” referindo-se a Sócrates, no Eutidemo; um "Diálogo" platônico que, à época, tomei para meditação da noite e revisito hoje. O texto trata dos verdadeiros bens.
Diz o texto:
"No Eutidemo de Platão, Sócrates observa que os bens reconhecidos pelos mortais se transformam em males se administrados por imprudentes. Apresentarei o argumento de Sócrates no Eutidemo de um modo didático. Pensem, leitores, em uma lista de bens. Suponho que nela incluirão coisas como a riqueza, a saúde, o poder, um elevado status social, o prazer, a vida.
Mas considerem o seguinte: a riqueza na mão de um tolo se torna inútil ou destrutiva; e se pode ser má, não é em si mesma nem boa, nem má. A saúde também nem sempre é um bem, já que seu contrário, a doença, pode por vezes levar o homem a valorizar sua vida e tomar ciência de si mesmo. O poder já foi ocasião para a ruína e a destruição de muitos. Um elevado status social pode concorrer para tornar o homem arrogante e cercá-lo de falsos amigos. O prazer também nem sempre é um bem, pois há prazeres que escravizam e destroem os homens. Seu contrário, a dor, nem sempre é um mal, pois às vezes é um meio para se obter algo maior (como o atleta que se submete a um treinamento extenuante para melhorar seu desempenho). E a vida também não é em si mesma um bem ou um mal, pois há ocasiões em que a morte é opção melhor que a vida (como no caso de alguém que, para continuar vivendo, tem que trair seus princípios, sujeitar-se a indignidades, ou compactuar com crimes).” (Dinucci; Taquínio, 2012. p.7)
(os grifos e destaques são meus)
“Mantenha-se firme, mantenha-se Bem” (Sêneca)
Sugestão para aprofundamente da reflexão sobre o tema da "paixões"
Link com a exposição do professor Aldo Dinucci (UFS): "O Estoicismo e a cura das paixões" https://www.youtube.com/watch?v=lnxfnwMdVmg - 07 de julho de 2020.
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